quarta-feira, 9 de julho de 2025

Padre Frederico Bezerra Maciel: uma genealogia de arte e cultura

julho 09, 2025 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

 

De Tomás de Aquino Maciel a Pe. Frederico Maciel 

Transcrição: Alexsandro Acioly (Pesquisador e Historiador)


 

Pe. Frederico Bezerra Maciel

TOMÁS DE AQUINO REGO MACIEL DE ALMEIDA – Filho do segundo matrimônio de Matias Soares de Almeida com uma moça da família “REGO MACIEL”.

       O maestro era conhecido com o nome de Tomás de Aquino de Almeida Maciel, nascido no Brejo da Madre de Deus, como os demais irmãos, aliás. Rapaz feito, Tomás de Aquino, em 1883 deixa Brejo da Madre de Deus para radicar-se em Pesqueira, ele casa naquele mesmo ano com a prima Nazinha, isto é, FRANCISCA CAROLINA ALVES REGO MACIEL, filha de TOMÁS DO REGO MACIEL, e descendente do Português JOSÉ DO RÊGO MACIEL, o qual, instalado no Brejo da Madre de Deus desde fins do século XVIII, ali constituiu família tornando-se fazendeiro, comerciante e político.

        Em Pesqueira, Tomás de Aquino, apesar de estabelecer-se com uma das maiores lojas de tecidos da praça, rende-se compositor musical e exímio violinista, voltando-se com muita desenvoltura para a sua vocação artística, achando que mais vale um gosto do que quatro vintens e tornando-se regente e co-fundador da primeira banda musical de Pesqueira, sociedade de gente pura e culta, artistas natos, amadores todos eles, a qual tinha o título de A Criancinha, através de cujas audições seus integrantes legavam à posteridade bela lição no mundo dos sons e dos acordes musicais.

    Além de regente, Tomás de Aquino, A Criancinha, apresentava outros músicos extraordinários, como o clarinetista FREDERICO DO REGO MACIEL, o bombardinista ANTONINHO MACIEL, o solista JOSÉ AFONSO DE OLIVEIRA MELO, FORTUNATO MACIEL, ANTONIO TORÉ, ODILON FALCÃO, etc.

TOMÁS DE AQUINO

    Além de musicista raro, Tomás de Aquino era escritor de fina sensibilidade, tendo deixado obra impressa, em dois volumes, a qual trouxe o significante título de “Neurose Artes…” e hoje em dia constitui raridade bibliográfica.

    Do casal Tomás de Aquino de Almeida Maciel – Francisca Carolina do Rego Maciel houve 09 filhos

N1 – JOSÉ DE ALMEIDA MACIEL (Cazuzinha Maciel) - Pesqueirense de 1884, historiador, comerciante desde 1912, tenente da Guarda Nacional desde 1905, professor municipal (1905-1908), conselheiro municipal (1917-1919), substituto do Juiz Seccional (1924), sub-prefeito no exercício do cargo de prefeito (9/1926 – 4/1927), presidente do conselho municipal (1929-1930), membro do conselho municipal de geografia (1938), presidente da câmara municipal (1947), redator especializado do semanário “A Voz de Pesqueira” (desde rapazola até o falecimento em idade já muito avançada), casado com FLORINDA ANTUNES DE ALMEIDA, de tradicional família de Alagoinha.

N2 – ORESTES DE ALMEIDA MACIEL (1885-1949) - Jornalista na mocidade, comerciante em Poção (onde lhe nasceria o filho FREDERICO BEZERRA MACIEL, Padre), e depois em Pesqueira. Casado com ADELAIDE BEZERRA CAVALCANTI, de tradicional família de Poção.

N3 – GLICÉRIO DE ALMEIDA MACIEL

N4 – ELPÍDIO DE ALMEIDA MACIEL

N5 – DAGMAR DE ALMEIDA MACIEL (Dadé ou Dustan Maciel) - Solteirão, artista desde a segunda década do século XX, produtor do filme DANÇA, AMOR E VENTURA de 1929, fundador, com Edson Chagas, da Liberdade Filme, ator principal de ESTE SÃO PAULO MARAVILHOSO, filme da PALA, produzido por Vertavar Paladian, com direção de Yervant Mekitarian, D. Cimourian, autor do livro “Neurose do Amor aos 40”, cidadão carioca desde 1961.

N6 – ADELMA DE ALMEIDA MACIEL

N7 – SYLVIA DE ALMEIDA MACIEL

N8 – GEORGINA DE ALMEIDA MACIEL

N9 – EDITE DE ALMEIDA MACIEL

Pe. FREDERICO BEZERRA MACIEL 

        Dentre os netos de TOMÁS DE AQUINO, destaca-se o Pe. Frederico, filho de Orestes e poçãoense de nascimento, homem culto e viajado, ordenado pelo seminário de Olinda em 1942, vigário de diversas paróquias sertanejas, agricultor, desenhista, professor de letras, autor de um extraordinário estudo sociológico sobre o cangaceirismo no Brasil, livro de 5 volumes, contendo a mais completa biografia tecida até hoje em torno de Lampião, obra de alto valor, a qual, infelizmente permanece inédita.

Era bisneto de MATIAS SOARES DE ALMEIDA.

*Todo o texto foi mantido com a sua escrita original. 

FONTE:

NOTAS TOMADAS DE NELSON BARBALHO - CABOCLOS DO URUBÁ

OFICINAS GRAFICAS DA COMPANHIA EDITORA DE PBCO - RECIFE 1977

 

terça-feira, 1 de julho de 2025

A lenda faz sentido? A origem de Afogados da Ingazeira sob análise do historiador Alexsandro Acioly

julho 01, 2025 Por Alexandre Morais Sem comentários

Diocese do Senhor Bom Jesus dos Remédios, Padroeiro de Afogados da Ingazeira-PE


Publicado originalmente no blog Corujão do Pepeu   

   Segundo alguns escritos, a cidade de Afogados da Ingazeira tem o seu início a partir da fazenda “Barra da Passagem”, pertencente ao Sr. Manoel Francisco da Silva. Mas, através de pesquisas feitas em documentos datados do século XVIII, a denominação “Afogados” já existia.

  Separando a lenda da história, é fato que a denominação “Afogados” é bem anterior ao século XIX, assim como outras localidades que hoje pertencem ou que já pertenceram à cidade de Afogados da Ingazeira, como, por exemplo, Brotas, Leitão, Santiago, Santo Antônio, Santa Rosa, Leitão, Varas etc. Todas essas eram denominadas fazendas, como consta no documento abaixo.



  Retomando a lenda (não foi encontrado nenhum dado concreto relacionado ao casal que teria se afogado por estas paragens), é provável, sim, que algum fato relacionado a um afogamento tenha ocorrido. No entanto, tal fato ocorreu bem antes do que se imagina, pois encontra-se registrado em um documento relacionado a um crime ocorrido na “Fazenda das Varas”, em 17 de agosto de 1759, no qual duas das testemunhas eram moradoras do “Sítio dos Afogados e Fazenda das Brotas”. A segunda corresponde ao atual bairro Brotas.

  Seguindo o rumo da história, iremos encontrar, mais adiante, sendo mais preciso, em 2 de dezembro de 1834 , outra informação importante sobre Afogados da Ingazeira. Trata-se de um sumário de crime ocorrido na Fazenda São Tiago, onde todas as testemunhas foram ouvidas no lugar “dos Affogados” pelo então Juiz de Paz, Manoel Ferreira da Silva. Vale registrar, neste documento, que “Affogados”, nessa época, era distrito da Colônia, atual Sítio Colônia, distrito de Carnaíba, estado de Pernambuco.



  Como citei no início do texto, em alguns escritos, Afogados se origina a partir da fazenda Barra da Passagem; em outros, da fazenda Misericórdia. Mas um dos patrimônios mais importantes para o desenvolvimento da “Villa dos Afogados” foi a doação das terras para a construção da capela dedicada ao Senhor Bom Jesus dos Remédios, em 30 de setembro de 1847 doação esta feita pelo casal Antônio José Lopes e D. Maria Josefa da Conceição, moradores do “Sítio dos Affogados”.



  Por fim, chegamos à década de 1870, década de total relevância na história de Afogados da Ingazeira. É nesta década que a povoação de Afogados da Ingazeira foi elevada à categoria de vila pela Lei Provincial nº 1.403, em 12 de maio de 1879. Três anos depois, em 5 de junho de 1883, vem a revogação da Lei nº 1.403, pela Lei nº 1.761, por meio da qual a povoação é rebaixada à categoria de vila, sendo a sede da comarca e da freguesia transferida para a da Ingazeira. No ano seguinte, em 28 de junho de 1884, através da Lei nº 1.827, a lei anterior é revogada, e Afogados da Ingazeira volta a sediar a vila, a freguesia e a comarca.

  Por fim, vem a Lei nº 991, de 1º de julho de 1909, que concedeu a categoria de cidade a várias vilas — sendo Afogados da Ingazeira uma dessas, passando, assim, a denominar-se definitivamente como cidade. Aliás, uma das mais belas do Pajeú e, consequentemente, de todo o interior pernambucano.

  Essas últimas informações me foram repassadas pelo pesquisador e membro do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú), Saulo de Társio Duarte.

ALEXSANDRO ACIOLY possui Licenciatura em História – FASP (Faculdade do Sertão do Pajeú) Especialização em Arte-Educação – SENAC/SP.