
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Vai poeta! Vai como um passarinho
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
BARRIGA É BARRIGA...
Botei logo a arte dos dois pra não ficar devendo a ninguém. Pra quem tá com dificuldade de reconhecer, eu ajudo: o cabeção é o Arnaldo Jabour, que escreveu a idéia aí embaixo, e o outro, com cara de senador, é o Chico Anísio, que teve a idéia aí embaixo. Eu achei que não podia esconder de quem não a leu ainda. Vê que arretado:
Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais.Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna: a tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos? Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como pai da preguiça. Passava 4/5 do dia deitado numa rede, bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.
Conclusão: esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde... E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!!
Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!!
Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro e é GORDA!!!
O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!
VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!!
Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!
E nunca se esqueçam: 'Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal!
Flores murchas
Criancinhas andarilhas
Anjos em cães transformados
Fetos da pobreza, filhas
De loucos desajustados
Oriundos das entranhas
De mães sem almas, estranhas
Nunca vistas na cidade
Que em recantos escuros
Pecam gerando os frutos
Germes da sociedade
Filhos do morro e do mangue
Intrusos desde meninos
Por terem no corpo o sangue
Dos ancestrais peregrinos
Que na miséria viveram
Desiludidos encheram
De revolta o peito aflito
Morreram como indigentes
Deixando pros descendentes
Seu infortúnio maldito
São frutos de pais nefandos
Células da carne odierna
Subalternos dos desmandos
De quem a pátria governa
De nós mesmo que não temos
Compostura e elegemos
Governos irresponsáveis
Que sem pena de ninguém
Fazem dos homens de bem
Loucos irrecuperáveis
Dos seres sem competência
Rosas sem seivas, expulsas
Dos jardins da inocência
Companheiras da penúria
Machucadas pela fúria
Do vendaval criminoso
Bonecas vestindo trapos
Rasgadas pelos sopapos
Do destino impiedoso
Jovens que tem como escolas
Palavrões do banditismo
Por alimento, as esmolas
Do sujo capitalismo
Por morada, a noite escura
Por leito, a calçada dura
Por conselheiro, ninguém
E por carrasco, o imprevisto
Por defensor, Jesus Cristo
Porque foi mártir também
Dos apriscos sociais
Até serem metralhadas
No covil dos marginais
Depois de mortas no chão
Nem flores murchas terão
Cobrindo as carnes geladas
Mas terão pousadas novas
Como inquilino das covas
Darão descanso às calçadas
Se correr ainda pega!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Funcultura e Cine Mais Cultura
CAPACITAÇÕES FUNCULTURA
PETROLINA - dias 24, 25 e 26/09, no Centro de Convenções Senador Nilo Coelho
TRIUNFO - dia: 25/09, no Cine Teatro Guarany
CARUARU - dia 30/09, na Associação Comercial e Industrial de Caruaru
Todas nos horários de 9h às 12h e 14 às 17h
-------------------------------------------
CAPACITAÇÕES CINE MAIS CULTURA
TRIUNFO - dia 24/09, das 14h às 17h, no Cine Teatro Guarany
Pra saber mais acessem: http://www.triunfob.blogspot.com/ e www.fundarpe.pe.gov.br
Churrascaria Casa de Taipa



Mais coisa boa
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Zé Marcolino gostou demais

Belezas da minha terra
Quem não conhece belezas,
Venha ver no meu sertão.
Um carro de boi cheirando
-----------------------------------
Um triângulo com três pedras
-----------------------------------
Uma noite enluarada
-----------------------------------
Acordar ouvindo o canto
-----------------------------------
Aqui a serra estremece
Santa mesa de glosa
Não lembro do que fazia
Banquetes da poesia
Em São José também choveu
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
O ébrio
A gramática no cordel
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Quem sabe de quem é?
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Emídio de Miranda
Escultura rotunda da irrisão
Para quem o viver mais limpo e reto
Consiste em ser avaro e ter balcão;
Tú que resumes todo o teu afeto
No dinheiro - o metal da sedução,
Pelo qual negocias abjeto,
Tua esposa, teu lar, teu coração;
Escutas ó ignorantaço, o que te digo:
Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um pachá,
Pode comprar qualquer burguês cretino,
Mas a lyra de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Eu fui

A prata é de Zé
O jovem
Até os dez eu queria
Logo quinze completar
Nos vinte fiz despertar
O senso da honraria
Hoje vejo cada dia
Como graça recebida
Valorizo cada ida
Pois a volta é um supor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
O maduro
Um novo quadro se pinta
Dizendo ao bom ouvinte
Quarenta não são dois vinte
Sessenta não são dois trinta
Não sei quem compôs a tinta
Da obra da despedida
Mas sinto os pincéis da lida
Negrejando sem clamor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
O velho
As orelhas tão crescendo
A vista ficando curta
O juízo de quem surta
E o sexo é só querendo
Aí pego percebendo
Tô na reta da descida
Que é mais curta que a subida
E a carga é só de dor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
Na volta
Pajeú
Pajeú, teu cenário me encanta
Desde a voz do vaqueiro aboiador
Ao verão que desbota a cor da planta
E a abelha que bebe o mel da flor
Do refúgio da caça que se espanta
No chiado dos pés do caçador
E a romântica canção que o rio canta
Na passagem do ano chovedor
Quando a chuva das nuvens inunda as grotas
O volume da água banha Brotas
E onde a curva do rio forma um U
Nasce um pé de esperança no teu povo
Tudo indica que Cristo quando novo
Aprendeu a caminhar no Pajeú
Antonio já tava com um copo meado de uísque. Deu um tapa na mesa e virou o restim.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
PITO DO INQUILINO - Rolando Boldrin
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Nem burro, nem idiota
"É por isso que eu não me meto a escrever poesia. Sobretudo a chamada 'poesia moderna'. Sou perfeccionista, gosto de fazer tudo bem feito. E eu jamais conseguiria compor uma obra-prima perfeita como esta, de um poeta carioca, que li hoje pela manhã na internet. Vejam só:
máscara densa do universo vomitando.
O texto, mas não a energia que o pensou,
interrogando a simultaneidade absoluta.
domingo, 30 de agosto de 2009
Não esquecem o Senado
01) Um grande presidente brasileiro foi Castelo _________
( ) Roxo ( ) Preto ( ) Branco ( ) Rosa choque ( ) Amarelo
02) Um líder chinês muito conhecido chamava-se Mao-Tsé______
( ) Tang ( ) Teng ( ) Ting ( ) Tong ( ) Tung
03) A principal avenida de Belo Horizonte chama-se Afonso_______
( ) Pelo ( ) Pentelho ( ) Penugem ( ) Pena ( ) Cabelo
04) O maior rio do Brasil chama-se Ama_________
( ) boates ( ) zonas ( ) cabarés ( ) relinho ( ) ciante
05) Quem descobriu a rota marítima para as Índias foi __________
( ) Volta Redonda ( ) Fluminense ( ) Flamengo ( ) Botafogo ( ) Vasco da Gama
06) A América foi descoberta por Cristóvão Co_______
( ) maminha ( ) picanha ( ) alcatra ( ) lombo ( ) carne do sol
07) Grande Bandeirante foi Borba _______
( ) Lebre ( ) Zebra ( ) Gato ( ) Veado ( ) Vaca
08) Quem escreveu ao Rei de Portugal sobre o descobrimento do Brasil foi Pero Vaz de ______
( ) Anda ( ) Para ( ) Corre ( ) Dispara ( ) Caminha
09) Um famoso ministro de Portugal foi o Marquês de _________
( ) Galinheiro ( ) Puteiro ( ) Curral ( ) Pombal ( ) Chiqueiro
10) D. Pedro popularizou-se quando __________
( ) eliminou a concorrência ( ) decretou sua falência ( ) saturou a paciência ( ) proclamou a independência ( ) liberou a flatulência
11) Pedro Alvares Cabral _____________
( ) inventou o fuzil ( ) engoliu o cantil ( ) descobriu o Brasil ( ) foi pra puta que pariu ( ) tropeçou mas não caiu
12) Foi no dia 13 de maio que a Princesa Isabel____________
( ) aumentou a tanajura ( ) botou água na fervura ( ) engoliu a dentadura ( ) segurou a coisa dura ( ) aboliu a escravatura
13) Um grande ator brasileiro é Francisco Cu______
( ) sujo ( ) de ferro ( ) oco ( ) largo ( ) apertado
14) O autor de Menino do Engenho foi José Lins do ______
( ) Fiofó ( ) Cu ( ) Rego ( ) Furico ( ) Forevis
15) O mártir da independência foi Tira___________
( ) gosto ( ) cabaço ( ) que está doendo ( ) dentes ( ) e põe de novo
16) D. Pedro I. às margens do Rio Ipiranga, gritou____________
( ) Hortência vorte! ( ) Eu dou por esporte! ( ) Como dói, prefiro a morte! ( ) Independência ou morte! ( ) Maria, endureceu! Que sorte!
Colaboração de Lucílio Valério.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Memórias do cangaço


Me enganei com minha noiva

Quando sortêro eu vivia
Era o maior aperrêi
Devido eu ser muito fêi
As moça num me quiria
Quando prum forró eu ia
Cum quarqué colega meu
Eles confiava neu
Ia bebê e dançá
No fim da festa arengá
E quem ia preso era eu
Prumode arranjar namoro
Eu toda vida fui mole
Cantei samba, puxei fole
Usei um cabelo loro
A boca cheia de oro
Chega briava de dia
Quando prum forró eu ia
Cherava feito uma rosa
Mas quando eu caçava prosa
As moça num me quiria
Eu dizia – É catimbó
Que arguém butô e num sai
Mamãe casou com papai
Vovô casou com vovó
Inté meu mano Chicó
Munto mais fêi do que eu
Namorou, casou, viveu
Cum duas muié, inté
Só eu num acho muié
Que quêra se esfregar neu?
Um dia Deus descuidou-se
E o satanás se esqueceu
Que Vicença oiou pra eu
Cum zoião de bico doce
O nosso amô misturô-se
Cuma feijão cum arroz
Se abufelemo nós dois
Num amô tão violento
Que maiquemo o casamento
Pra quatro dia dispois
No dia de se amarrá
Se arrumou eu e ela
Dei de garra na mão dela
Fui pra igreja casá
Cheguei nos pés do artá
Recebi a santa bença
Jurei num tê desavença
Entre eu e minha esposa
O padre dixe umas cousa
Eu eu fui vivê mais Vicença
Cheguei im casa mais ela
Fui logo mi agazaiando
Que mermo eu ia pensando
De drumi com a costela
Vicença fez uma novela
Pru dentro da camarinha
Quebrou uns troço que tinha
Me ameaçou na bala
Findou drumindo na sala
E eu me lasquei na cunzinha
Da vida eu perdi o gosto
Pruquê Vicença fez isso
De manhã fui pro sirviço
Mas pra morrê de disgosto
Cheguei im casa o sol posto
Vicença me arrecebeu
Inté um café freveu
Botou pra nós dois ceá
Mas quando foi se deitá
Nem sequer oiou pra eu
De Deus eu perdi a crença
De nome chamei uns trinta
Botei a faca na cinta
Fui cunversá com Vicença
Vicença deu a doença
Quando eu falei im amô
E preguntô – O sinhô
Pensa qui eu sou o quê
Só me casei cum você
Pra lhe fazê um favor
Bati cum ela no chão
Puxei a lapa de faca
Cortei-lhe o cós da casaca
E o elastro do calção
Vicença tinha razão
De num querê bem a eu
Num era cum nojo deu
E nem pruquê fosse séra
Sabe Vicença quem era?
Era macho qui nem eu
Eu munto me arrependi
Pruquê me casei cum ela
Falei logo cum o pai dela
E de manhã devorvi
Grande desgosto senti
Que quage murria, inté
Home em traje de muié
Tem munto de mundo afora
Só caso com ôta agora
Sabendo logo quem é
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
O Valor da Vírgula
Agora experimente colocar a vírgula nessa frase:
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Se for homem, certamente colocou a vírgula depois de TEM.
Esta peça compôs a campanha publicitária pelo centenário da Associação Brasileira de Imprensa, a qual teve com lema: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Umas coisa dizida por Jessier Quirino

terça-feira, 18 de agosto de 2009
A última dessa sessão sobre Pinto

Sobre outros cantadores, disse:
Com Saturnino Mandu
Eu não pude me sair
O velho meuteu-me a peia
Deu até o nó cair
Sobre Antonio Marinho: bom baião, boa toada, mas comigo ele encontrou tampa pro tabaqueiro.
Sobre Dimas Batista: nesse eu bati como quem bate em massa pra pão de ló.
Rogaciano Leite: um monstro.
Sobre quem foram os maiores cantadores: foi o sogro e foi o genro (AntonioMarinho e Lourival Batista). Mas não deixou de graça:
Já apanhei de Marinho
Porém foi só uma vez
Aqui mesmo em Umburana
No ano de vinte e seis
Mas agora dou no genro
Desconto o que o sogro fez
Sobre Jó Patriota: do meu tamanho mesmo só Marinho e Louro, o resto foi do tamanho desse aí.
Sobre João Furiba: nunca teve medo de apanhar.
E profetizou:
Quando os velhos morrerem
Os que ficam cantam bem
Duda passou de Marinho
Por mim não passa ninguém
Vou ficar para semente
Pra séculos sem fim, amém
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Há 22 anos, morria Carlos Drummond de Andrade
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente.
domingo, 16 de agosto de 2009
Quem quer ser um lápis?

- O que você está escrevendo, mamãe? É importante?
A mãe parou e comentou:
- É sim, filho! No entanto, mais importante que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis e não viu nada de especial.
- Mas o que tem de diferente neste lápis?
- Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
- Primeira: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe alguém maior que você, uma Mão que guia seus passos. Esta Mão nós chamamos de Deus.
- Segunda: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
- Terceira: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.
- Quarta: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está por dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
- Quinta: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços e procure ser consciente de cada ação.
sábado, 15 de agosto de 2009
Primeiro Ato – O Corpo
Segundo Ato – O Pinho
Terceiro Ato – O Fato
Quinto Ato – A Petição
O instrumento do "crime" que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.
Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores.
O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão
Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas finas e sonoras.
Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.
Sexto Ato – A Sentença
Para que eu não guarde
Remorso no coração
Ordeno que devolvam
A seu dono, o violão.
Em outra, a sentença tem forma de soneto:
Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte à rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.
Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
As Quatro Velas

A terceira sussurra, já sem cor:
Foi a vez da ESPERANÇA, a quarta vela: