
quinta-feira, 29 de março de 2012
Poetas do Pajeú derramam poesia na terra do maracatu
Pela primeira vez, a tradicional mesa de glosa do
Sertão do Pajeú reuniu poetas da região em Nazaré da Mata e emocionou
público do Festival Pernambuco Nação Cultural
"Trouxe umbu do pomar
de João Paraibano
pra Mestre Salustiano
saber do gosto de lá.
Vim pra plateia escutar
o canto do Pajeú
para que Mestre Salu
nos faça aqui companhia,
vim derramar poesia
no chão dos maracatus"
(Caio Menezes)
Como quem se esforça pra fazer bonito em casa alheia, como quem entra pedindo licença pra contar um pouco da história de seu lugar, o grupo de poetas do Sertão do Pajeú que visitou Nazaré da Mata nesta terça-feira, fez da Mesa de Glosas uma das ações mais emocionantes do Festival Pernambuco Nação Cultural até aqui.
De improviso e sob os olhares atentos do público que lotou o auditório da Universidade de Pernambuco, Alexandre Morais, Genildo Azevedo, Caio Menezes, George Alves, Zé Adalberto, Dudu Morais e Adiel Luna encheram o lugar com um tipo de beleza rara, aquela que a gente sente quando vê assim, bem de perto, o processo criativo de um artista popular.
Mais que um mediador da bela disputa, ou peleja da palavra, o também poeta Dedé Monteiro tratou logo de explicar como funcionaria a Mesa de Glosas: "A gente apresenta um mote aos participantes da mesa, na verdade são dois versos que cada poeta tem que incluir em sua estrofe rimada e feita de improviso". Informações úteis para Ana Rosa, que como muitos ali, nunca haviam assistido a uma "luta pela poesia" naquele formato, como definiu a estudante de Letras.
Com tradicionais elementos do imaginário sertanejo ou que ressaltavam a riqueza da cultura pernambucana, os motes foram surgindo. Entre eles, versos que lembraram o legado para a poesia popular deixado por João Batista de Siqueira, o poeta Cancão, de São José do Egito. "Uma das nossas motivações para realizarmos este momento aqui em Nazaré da Mata foi também levar a todas as regiões o nome e a poesia deste importante poeta que, se estivesse vivo, faria cem anos em 2012", comentou Wellington de Melo, coordenador de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado. Na ocasião, Wellington anunciou um calendário de outras ações em homenagem ao "pássaro-poeta", como a Aula Recitativa sobre a obra de Cancão que acontece na próxima sexta (30/03), às 15h, também na UPE de Nazaré da Mata.
Confira algumas glosas surgidas do encontro desta terça-feira, 27/03:
Em itálico estão os motes sugeridos aos poetas.
George Alves
Cancão glosava bonito,
feliz de quem o conheceu.
Foi gênio enquanto viveu,
faleceu pra virar mito.
De São José do Egito,
voou para a imensidão
Onde não tem alçapão,
baladeira e espinho.
Na terra é difícil um ninho,
mas no céu tem de Cancão.
Adiel Luna (convidado de São Lourenço da Mata)
Para descrever Cancão
o poeta se retorce,
mas por mais que se esforce,
todo esforço é em vão.
Cancão é imensidão,
é o sabor da água fria,
a força da ventania
e nessa mesa dileta,
no peito nu do poeta,
Cancão se faz poesia.
Alexandre Morais
A missão é bem pesada
nessa mesa se dispor
E a culpa é desse senhor
da cabeça esbranquiçada.
Dedé, velho camarada
está entre os meus gurus,
pra poesia é Jesus
e um Deus para quem cria,
vim derramar poesia
no chão dos maracatus.
Genildo Santana
A minha terra natal
é um estado soberano.
Foi aqui que Ariano
fez soneto armorial.
Que Ascêncio foi genial,
que deu estrela a Cancão.
E de tanta inspiração
vocês são o resultado.
Pernambuco é o estado
mais cultural dessa nação.
Zé Adalberto
Improvisar não é ruim,
mas é bom que a gente diga
que dá frio na barriga,
pois sempre começa assim.
Eu vim lá de Itapetim
pedindo força a Jesus
pra que ele me dê luz
e assim minha mente cria.
Vim derramar poesia
no chão dos maracatus.
Dudu Morais
Não foi criado em gaiola,
nem era branco com preto,
mas Cancão fez do soneto
seu caderno de escola.
Também cantou de viola,
mas não seguiu profissão.
O gracejo e o baião
inventou o do passarinho
Na terra é difícil um ninho,
mas no céu tem de Cancão
Mesa de Glosas
Para Genildo Santos, um dos organizadores do projeto no município, a "iniciativa é também uma forma de manter aceso o interesse dos tabirenses pela poesia, pra que as novas gerações também tomem gosto pela rima e não deixem essa marca tão característica da nossa região acabar".
Mais programação
As atividades de Literatura no Festival Pernambuco Nação Cultural da Mata Norte que estão concentradas em Nazaré da Mata seguem até a próxima sexta-feira.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Feira Nacional de Artesanato
Estão
abertas as inscrições para a XXIII FEIRA NACIONAL DE ARTESANATO, que
acontece em Belo Horizonte no Expominas, de 04 a 09 de dezembro de 2012,
uma realização Centro Cape, Mãos de Minas e Sesi-Fiemg.
Com 180.000 visitantes, 1.200 stands, vendas de mais de R$ 50 milhões, a feira é considerada o maior evento do gênero da América Latina.
Neste
ano, o projeto comprador apoiado pela APEX, estará viabilizando a vinda
de 25 compradores internacionais, que se juntarão aos 8.000 lojistas
que todos os anos vem à feira.
Adquira logo o seu stand, pagando assim um valor com desconto e podendo quita-lo em 9 prestações fixas.
Preço promocional até 31 de março: R$ 365,00 m2, com montagem básica.
Maiores informações:
Email: fna1@centrocape.org.br
Pensando o Feminino
Dias
07, 08 e 09 de março, o Espaço Pasárgada em parceria com a
Coordenadoria de Audiovisual, realizam a Mostra CinePasárgada "Pensando o
Feminino".
O cinema, assim
como as demais expressões artísticas, sempre flertou com o universo feminino. Nas
imagens que apresentam personagens mulheres encontra-se um encantamento e ao
mesmo tempo uma espécie de epifania, pois há outros mundos que são
representados diante das singularidades femininas. Assim, cada imagem da Mostra
CinePasárgada "Pensando o Feminino" traduz um verbo: amar, lutar, negociar, romper, vencer, resistir,
realizar... Somadas, representam a multiplicidade das habilidades femininas
que constantemente ressignificam a sua própria existência e atende às demandas
contemporâneas, políticas, mostrando-se muitas vezes na vanguarda do tempo ao
revelar ao mundo percepções e sentimentos novos.
Acompanhe a programação em:
Serviço
Mostra CinePasárgada - Pensando o feminino
Dias
7, 8 e 9 de março de 2012
Horário:
19h às 21h30
Capacidade:
50 lugares
Local:
Espaço Pasárgada
Rua
da União, 263, Boa Vista. F. 3184-3165
Entrada
gratuitadomingo, 15 de janeiro de 2012
Glosando na estrada
Dia 06 passado, a caminho de Tuparetama para participarmos da 12ª edição do Balaio Cultural, o poeta tabirense Eniel Alves apresentou este mote e eu fiz estes versos:
Quando o vaqueiro mudou-se
Para a casa do Senhor,
A hora do sol se por
Ficou feia, acinzentou-se.
O nó da corda afrouxou-se,
Ficou manso o marroeiro
E o cachorro companheiro
Junto da cova morreu
E o cavalo entristeceu
Com saudade do vaqueiro.
O rei da dor no seu trono
Não respeita bicho bruto,
Faz cavalo vestir luto
Com saudade do seu dono.
Vaqueiro, pobre colono,
Não deixa nada ao herdeiro,
Que seu cavalo primeiro
Lhe serviu, mas não foi seu
E o cavalo entristeceu
Com saudade do vaqueiro.
Imagem: http://cartuntivismo.blogspot.com/2010/08/carrocas.html
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Moendo a cana e o verso
Dia desses o amigo Batatinha convidou para inaugurarmos um tradicional engenho de madeira construído no Sítio Curral Velho ds Pedros, aqui em Afogados da Ingazeira. Como a idéia e o convite eram irrecusáveis, mesmo numa quarta-feira pela manhã, lá fomos eu, o poeta Diomedes Mariano, o blogueiro Mário Martins e o comerciante Geraldo Umbelino.
Acontece que o engenho não estava pronto ainda e seu César Azevedo, proprietário construtor do bendito, fez de tudo para tomarmos um copo de garapa. Na falta de burros mais burros, eu e Diomedes giramos a almanjarra, enquanto seu César, Batatinha e Geraldo passavam a cana na moenda e aparavam a garapa embaixo. Mário foi escalado pra rir da gente e bater as fotos.
Por lá, na ida e na vinda, saíram outros versos, mas deixo esse aí:
Seu César teve a idéia
De fazer a grande obra
E agora cana não sobra
Nem vai lhe faltar platéia.
A abelha faz a colméia,
Tirando da natureza.
E seu César, com destreza,
Também tira da natura
Pra ver cana e rapadura
Adoçando a nossa mesa.
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Seu César e sua obra |
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Diomedes Mariano girando e fazendo verso |
![]() |
E eu fazendo o inverso |
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Mário Quintana
Colaboração: Aristeu Bezerra
Afogados recebe Oficina de Capacitação para o Funcultura
Técnicos da Fundarpe estarão em Afogados da Ingazeira na próxima
segunda-feira, dia 16, para apontar caminhos para captação de recursos
para promoção e fomento de nossa cultura. Uma oficina de capacitação
acontece a partir das 14 horas, no auditório do Centro Tecnológico. As
nscrições são livres, gratuitas e podem ser feitas na abertura do evento.
O Funcultura é a maior fonte de finaciamento para eventos e produtos culturais no Estado. O programa é amplo: literatura, música, dança, teatro..., mas para concorrer é preciso estar atento aos editais e elaborar bons projetos. Eis uma boa oportunidade para os agentes culturais da região.
Serviço:
O que: Oficina de Capacitação para o Funcultura
Quando: Segunda-feira, 16/01/12
Onde: Auditório do Centro Tecnológico de Afogados da Ingazeira
Acesso: livre e gratuito
O Funcultura é a maior fonte de finaciamento para eventos e produtos culturais no Estado. O programa é amplo: literatura, música, dança, teatro..., mas para concorrer é preciso estar atento aos editais e elaborar bons projetos. Eis uma boa oportunidade para os agentes culturais da região.
Serviço:
O que: Oficina de Capacitação para o Funcultura
Quando: Segunda-feira, 16/01/12
Onde: Auditório do Centro Tecnológico de Afogados da Ingazeira
Acesso: livre e gratuito
Foto: http://www.ufrpe.br/aci/pagina.php?idConteudo=15
Viva a sociedade alternativa
Abri meu recital, ontem, no I Voluntariado Jovem de Afogados da Ingazeira, com esta décima:
O tempo, que é arbitrário,
Me carrega a juventude,
Mas mantem minha atitude
E meu sonho igualitário.
Um programa voluntário
Faz parte da minha festa;
Porque a vida só presta
Para quem a todo custo
Faz o mundo ser mais justo
Co' atitudes como esta.
Parabéns para a turma aí de cima. É a prática daquele lema que eu gosto: Fazer é a melhor maneira de dizer.
Foto: Cláudio Gomes
A Inconveniência de Ter Coragem
De hoje (11) até o dia 29 será
realizado o Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE). Em sua 18ª edição o
festival está agendado para acontecer nos palcos do Recife, Olinda,
Caruaru.
Dentre os selecionados se apresenta no próximo sábado (14), às 16h, na Praça do Carmo (Olinda) o espetáculo A Inconveniência de Ter Coragem, de Ariano Suassuna, pelo Centro de Criação Galpão das Artes / Pontinho de Cultura (Limoeiro/PE), filiado à Artepe.
Como numa opereta de rua ao som de
cocos e emboladas, na qual os atores, além de investirem na estética
mamulengueira, tocam instrumentos musicais, a cena apresenta as
presepadas do malando Benedito, negro esperto que, tentando conquistar
sua amada Marieta, é capaz até de desmoralizar dois valentões da
pequena cidade de Taperoá.
É conferir tudo isso e um pouco mais ao lado de Mano de Baé e o seu pandeiro que vem lá de Tracunhaém.
SERVIÇO
Espetáculo: A INCONVENIÊNCIA DE TER CORAGEM
Texto: Ariano Suassuna
Dia: 14 de janeiro de 2012 (sábado), às 16 horas.
Local: Praça do Carmo (Olinda)
Acesso gratuito. Classificação livre.
Comédia em 40 minutos
Encenação e Produção executiva:
Fábio André
Fone: (81) 9739-6207
E-mail: fabioandre.limoeiro@hotmail.
Blog: http://
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Coisas fora de moda...
Colaboração: Deodoro Carvalho
Se
não estivesse tão fora de moda, eu iria falar de "Amor”. Daquele amor
sincero, olhos nos olhos, frio no coração, aquela dorzinha gostosa de
ter muito medo de perder tudo... Daqueles momentos que só quem já amou
um dia conhece bem... Daquela vontade de repartir, de conquistar todas
as coisas, mas não para retê-las no egoísmo material da posse, mas para
doá-las, no sentimento nobre de amar...
Se
não estivesse tão fora de moda, eu iria falar em "Sinceridade"... Sabe
aquele negócio antigo de fidelidade, respeito mútuo e aquelas outras
coisas que deixaram de ter valor… Aquela sensação que embriaga mais que
a bebida, que é ter numa só pessoa, a soma de tudo que, às vezes,
procuramos em muitas...
A
admiração pelas virtudes e a aceitação dos defeitos, mas, sobretudo, o
respeito pela individualidade, que até julgamos nos pertencer, mas que
cada um tem o direito de possuir... Se não estivesse tão fora de moda,
eu iria falar em "Amizade”. Na amizade sincera que deve existir entre
duas pessoas que se querem bem...
O
apoio, o interesse, a solidariedade de um pelas coisas do outro, e
vice-versa. A união além dos sentimentos, a dedicação de compreender,
para depois gostar... Se não estivesse tão fora de moda, eu iria falar
em "Família”. Sim... “Família”... Essa instituição que, ultimamente,
vive à beira da falência, sofrendo contínuas e violentas agressões: pai, mãe, irmãos, filhos, casamento, lar...
Família…,
aquele bem maior de ter uma comunidade unida pelos laços sanguíneos e
protegidas pelas bênçãos divinas… Um canto de paz no mundo, o aconchego
da morada, a fonte de descanso e a renovação das energias, realização
da mais sublime missão humana de sequenciar a obra do Criador... E
depois eu iria, até quem sabe, falar sobre algo como... a "Felicidade"…
Mas
é uma pena que a felicidade, como tudo mais, há muito tempo, já esteja
tão fora de moda e tenha dado seu lugar aos modismos da civilização…
Ainda assim, desejo que sua vida seja repleta dessas questões tão fora de moda e que, sem dúvida, fazem a diferença!!!
Serra Talhada sediará o 3º Congresso de Teatro da Artepe
Ao completar nove anos de intensas atividades nas artes cênicas, a Associação de Realizadores de Teatro de Pernambuco (Artepe) realizará o seu terceiro congresso, no período de 6 a 8 de janeiro de 2012, no Museu do Cangaço, localizado em Serra Talhada, conhecida como a "Capital do Xaxado", encravada no sertão pernambucano do Pajeú.
O evento enfocará,
prioritariamente, a elaboração do Plano Trianual de Trabalho - PTT e a
eleição da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal para o triênio
2012/2014, de acordo com o Estatuto (Art. 18 e 19) e o Regimento
Interno (Art. 6º e 7º) da Artepe.
O 3º Congresso de Teatro da Artepe versará sobre Cultura e Economia Criativa - Caminhos para Sustentabilidade, cuja palestra será proferida pela Profª Cláudia Leitão, titular da Secretaria da Economia Criativa, do Ministério da Cultura, na abertura solene (6), às 20 horas.
"Artepe, seguir em frente na construção de boas relações"
Diretoria Executiva
Gestão 2009/2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Poeta Chico Pedrosa confirma presença no 4º Pajeú em Poesia
E eis que recebo dois felizes telefonemas de poetas extraordinários confirmando presença em nosso 4º Pajeú em Poesia: poetas Chico Pedrosa e Zezé da Loteria. Chico é mais que conhecido e por ter participado das três edições anteriores do projeto disse que não perdia esse de jeito nenhum. E o poeta Zezé da Loteria é um dos gênios de Itapetim, autor do poema Eu e o gato, trabalho este que já me rendeu bastante aplausos por declamá-lo.
A festa tá ficando maior ainda. Veja o time que já garantiu presença: Dedé Monteiro, João Paraibano, Sebastião Dias, Neide Nascimento, Dudu Morais
e Grupo Pé de Parede, Felipe Júnior, Edierck José, Alessandro Palmeira,
Andréia Miron, Artemis, Danilo Gonçalves, Edezel Pereira, Elenilda
Amaral, Welington Rocha, Esdras Galvão, Genildo Santana, Gonga Monteiro, Lúcio Luiz, Paulo Monteiro, Verônica Sobral, Zé Adalberto, Zé de
Mariano, Eniel Alves, Ânderson e Zezé da Loteria.
Por Dió, pela poesia, por nossa identidade cultural, conto com você também.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Totonha
Marcelino Freire
Capim sabe ler? Escrever? Já viu cachorro letrado, científico? Já viu juízo de valor? Em quê? Não quero aprender, dispenso.
Deixa pra gente que é moço. Gente que tem ainda vontade de doutorar. De falar bonito. De salvar vida de pobre. O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico. Tô bem. Já viu fogo ir atrás de sílaba?
O governo me dê o dinheiro da feira. O dente o presidente. E o vale-doce e o vale-lingüiça. Quero ser bem ignorante. Aprender com o vento, ta me entendendo? Demente como um mosquito. Na bosta ali, da cabrita. Que ninguém respeita mais a bosta do que eu. A química.
Tem coisa mais bonita? A geografia do rio mesmo seco, mesmo esculhambado? O risco da poeira? O pó da água? Hein? O que eu vou fazer com essa cartilha? Número?
Só para o prefeito dizer que valeu a pena o esforço? Tem esforço mais esforço que o meu esforço? Todo dia, há tanto tempo, nesse esquecimento. Acordando com o sol. Tem melhor bê-á-bá? Assoletrar se a chuva vem? Se não vem?
Morrer, já sei. Comer, também. De vez em quando, ir atrás de preá, caruá. Roer osso de tatu. Adivinhar quando a coceira é só uma coceira, não uma doença. Tenha santa paciência!
Será que eu preciso mesmo garranchear meu nome? Desenhar só pra mocinha aí ficar contente? Dona professora, que valia tem o meu nome numa folha de papel, me diga honestamente. Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente. Quem está atrás do nome não conta?
No papel, sou menos ninguém do que aqui, no Vale do Jequitinhonha. Pelo menos aqui todo mundo me conhece. Grita, apelida. Vem me chamar de Totonha. Quase não mudo de roupa, quase não mudo de lugar. Sou sempre a mesma pessoa. Que voa.
Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior. Deus que me ensinou. Só quero que me deixem sozinha. Eu e minha língua, sim, que só passarinho entende, entende?
Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber o que assinou. Eu é que não vou baixar minha cabeça para escrever.
Ah, não vou.
Colaboração: Aristeu Bezerra
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Uns versos de Welington Rocha
Saudade sem medida
que mesmo presente eu sinto doer
um sentimento a me corroer
sabendo que vem a triste partida
nas idas e vindas que tem minha vida
eu tenho teu cheiro guardado na mente
que tem na distancia um ingrediente
ferindo meu ser quando estou só
na minha garganta chega sinto um nó
contando os minutos pra te ver somente
Meu belo sertão de coisas tão puras
lugar de meus sonhos e realidade
onde muito valor tem a liberdade
moldando na gente nossas estruturas
fazendo de nós pessoas maduras
talhando na alma valores só nossos
passando por cima até dos destroços
da seca da fome e do sofrimento
vencendo o descaso e o esquecimento
das mão de teu povo é que vem teu reforços
Estando em teu ceio me sinto feliz
porque é aqui que tenho alegria
cada sentimento que tenho procria
e mais uma vez o caminho refiz
a minha alegria em te ver condiz
com cada minuto ausente daqui
pois tenho a certeza que estando aqui
controlo a saudade que mora comigo
é minha lembrança, também meu castigo
qual cama de pregos que usa um faqui.
Declaro por ti todo amor que tenho
meu lugar sagrado e fonte de paz
de tu me esquecer não serei capaz
és o meu futuro, na mente eu desenho
e essa jornada que hora me empenho
é pra retornar e te agradecer
por te me ensinado a fortalecer
o elo que liga passado e presente
e um dia quem sabe assim DE REPENTE
eu serei mais um te vendo crescer.
Coisas da boa idade
1. Os seqüestradores não se interessam mais por você.
2. De um grupo de reféns, provavelmente será um dos primeiros a ser libertado.
3. As coisas que você comprar agora não chegarão a ficar velhas.
4. Você pode viver sem sexo, mas não sem os óculos.
5. Você pára de tentar manter a barriga encolhida, não importa quem entre na sala.
6. A sua visão não vai piorar muito mais.
7. O seu investimento em planos de saúde finalmente começa a valer a pena.
8. Seus segredos passam a estar bem guardados com seus amigos, porque eles os esquecem.
9. 'Uma noite e tanto', significa que você não teve que se levantar para fazer xixi.
10. Você é avisado para ir devagar pelo médico e não pelo policial.
2. De um grupo de reféns, provavelmente será um dos primeiros a ser libertado.
3. As coisas que você comprar agora não chegarão a ficar velhas.
4. Você pode viver sem sexo, mas não sem os óculos.
5. Você pára de tentar manter a barriga encolhida, não importa quem entre na sala.
6. A sua visão não vai piorar muito mais.
7. O seu investimento em planos de saúde finalmente começa a valer a pena.
8. Seus segredos passam a estar bem guardados com seus amigos, porque eles os esquecem.
9. 'Uma noite e tanto', significa que você não teve que se levantar para fazer xixi.
10. Você é avisado para ir devagar pelo médico e não pelo policial.
Colaboração: Danizete Siqueira
Coisas da boa idade 2
Um casal de velhinhos está deitado na cama. A esposa não está satisfeita com a distância que há entre eles e lembra:
- Quando éramos jovens, você costumava segurar a minha mão na cama.
Ele hesita e, depois de um breve momento, estica o braço e segura a mão dela.
Ela não se dá por satisfeita:
- Quando éramos jovens, você costumava ficar bem pertinho de mim.
Uma hesitação mais prolongada agora e, finalmente, resmungando um pouco, ele vira o corpo com dificuldade e se aconchega perto dela da melhor maneira possível.
Ela ainda insatisfeita:
- Quando éramos jovens, você costumava morder minha orelha...
Ele dá um longo suspiro, joga a coberta de lado e sai da cama.
Ela se sente ofendida e grita:
- Aonde você vai?
- Buscar a dentadura, véia chata!!!
- Quando éramos jovens, você costumava segurar a minha mão na cama.
Ele hesita e, depois de um breve momento, estica o braço e segura a mão dela.
Ela não se dá por satisfeita:
- Quando éramos jovens, você costumava ficar bem pertinho de mim.
Uma hesitação mais prolongada agora e, finalmente, resmungando um pouco, ele vira o corpo com dificuldade e se aconchega perto dela da melhor maneira possível.
Ela ainda insatisfeita:
- Quando éramos jovens, você costumava morder minha orelha...
Ele dá um longo suspiro, joga a coberta de lado e sai da cama.
Ela se sente ofendida e grita:
- Aonde você vai?
- Buscar a dentadura, véia chata!!!
Colaboração: Aristeu Bezerra