sábado, 28 de agosto de 2021

Arte Brasileira

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


  A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.

Texto: Ferreira Gullar

Arte: Gildásio Jardim

Fonte: Arte Brasileira

Mesa de Glosas

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Mesa de Glosas em Natal - RN, 12 de dezembro de 2019
Mote: Na mesa não tem ninguém / Que me supere glosando.

Glosadores: Zé Adalberto, Aldaci de França, Alexandre Morais, Antônio Lisboa, Ivanildo Vila Nova, Marcos Teixeira e Antônio Germano

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Ademar Rafael - Crônicas de Bem Viver

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

   CARIDADE

Ademar Rafael

   De acordo com algumas passagens bíblicas é entendida como “amor”, em virtude da tradução do grego que a descreve como “amor incondicional”. Olhada por este prisma é catalogada como uma das virtudes teologais, ao se juntar a fé e a esperança. Originalmente “Fé, esperança e amor.”

   Nesta reflexão que pretendo com minhas leitoras e meus leitores gostaria de deslocar esta virtude para o campo da vida prática, sem deixar de reconhecer sua vinculação com lógicas religiosas citadas no parágrafo inicial.

   Entre os sinônimos de ‘caridade’ encontramos ‘piedade’, neste caso compreendido como “Compaixão pelo sofrimento de uma outra pessoa; misericórdia…”. Sem o intuito de criar polêmicas ou distorcer os significados das palavras, prefiro não considerar como ‘pena’. Ter ‘caridade’ para este cronista é se importar com o outro sem transformá-lo em vítima.

  Permitam-me caminhar na direção que para fazermos ‘caridade’ na essência do gesto é dar ao outro o que ele necessita sem caracterizar uma simples ajuda, um apoio transitório ou desencargo de consciência. O beneficiário do ato de ‘caridade’ precisa sentir-se abraçado, acolhido e principalmente percebido como um irmão.

  A prática da ‘caridade’ deve ser precedida de ação espontânea, nascida no nosso interior, direcionada sob o olhar do compartilhamento. Quando o ato é gerado pela força do altruísmo os efeitos para quem pratica e quem recebe são diferentes dos casos em que não passa de uma ajuda provocada por campanhas ou pelo politicamente correto.

  Os que escolhem o anonimato ao praticarem gestos caridosos merecem aplausos. Mas, quando a misericórdia, com as limitações humanas, estão presentes também avalio como atitude louvável. Quem concorda?

Publicada originalmente no Blog do Finfa 

Josildo Sá - Live Latada nas Bodegas

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


    Tá tudo dito aí no cartaz, mas não custa nada dizer que vai prestar. Josildo é original que só ele, acertou de muito no Samba de Latada e agora a ideia do Latada nas Bodegas é mais uma arretada de boa.

  Vale muito a pena assistir. E custa pouco colaborar também, né?

    E pra dá o gostinho, assiste logo esse vídeo aí:



agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Pedra da Maravilha

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


Colaboração Miguel Góes

   O Sertão da Paraíba é um grande laboratório de Geografia. Os afloramentos de rocha da região testemunham processos diferenciados de erosão, deposição e sedimentação, configurando sistemas ambientais únicos.

   Em Belém do Brejo do Cruz, por exemplo, temos a Pedra da Maravilha, com sua formação curiosa: um grande matação se equilibra sobre outros dois fragmentos de rocha há milhares de anos, com bastante estabilidade.

  Provavelmente, os processos de formação deste afloramentos ocorreram durante climas distintos: a porção esférica corresponde a períodos secos e quentes, propiciando o processo de esfoliação esferoidal na rocha devido às dilatações dos seus minerais durante o calor do dia, e a contração dos mesmos durante a noite fria, causando o processo de acebolamento ou arredondamento.

   Já a parte imediatamente abaixo da esfera condiz a períodos chuvosos, nos quais ocorrem processos de dissolução da rocha devido ao contato com a água. Passando tal período chuvoso, os tempos atuais voltam a ser secos, mas agora com menos intensidade, provocando, nas rochas, o formato assimétrico.

   Os afloramentos rochosos do nosso Sertão são, portanto, uma máquina do tempo que nos transporta pelo tempo geológico, auxiliando a compreender os processos que ocorreram em nosso planeta.

     Foto: @ronildotxarles

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Maciel Melo - Crônicas de um Caboco Sonhador

agosto 28, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

As sobras do monturo


  Sua casa era uma taperazinha lá no minúsculo da vida. O telhado de flandres coloridos, as paredes de papelão, portas e janelas de pedaços de madeiras de demolição; tudo era resíduos do lixo da luxúria dos grande centros urbanos. 

     O bairro era apenas um ponto vermelho no mapa que indicava as regiões periculosas da cidade. Não tinha luz, não tinha praça, não tinha nada.

  Hora de brincar. Mas cadê o brinquedo? Não tinha brinquedos, então inventava suas próprias brincadeiras.

  Havia um monturo que tirava a beleza daquilo que pela lei natural das coisas, deveria ser um lugar onde se mora gente. Mas era lá que encontrava, nas sobras dos meninos ricos, restos de brinquedos, que amarrava num cordão e saía puxando pelo terreiro. Fazia seus próprios carrinhos de lata no quintal de casa, embaixo de uma latada a qual dizia ser sua oficina. Ali, além de consertar sonhos, tornava reais suas fantasias. Prego, martelo, cola, borrachas, pedaços de madeira e imaginação eram suas matérias-primas. As rodas dos carrinhos eram feitas do solado de sandálias de borracha; as molas, de pedaços de chapinhas de aço, a carroceria era de flandre e os bancos, pedacinhos de tábuas cuidadosamente lixados e forrados com retalhos de pano, que apanhava nas portas das costureiras. O volante, o para-choques, as lanternas e os acessórios eram todos reciclados das sobras do monturo. E entre as peripécias de sua meninice, ia procurando a felicidade que poderia estar escondida na fartura dos entulhos de quem não sabia o que é nunca ter tido nada. 

    Sente vergonha do próprio endereço; mora numa viela da vida, numa comunidade onde os urubus se misturam com almas famintas disputando restos de comida para não morrerem à míngua, e a empresa de água cobrando a taxa de esgoto. Está entre Deus e o Diabo, emparedado; por um lado, ratos de porão; por outro, os guabirus de gabinetes, se esbaldando em suas arrogâncias e brincando de poder. O caos chegou ao apogeu. A lama criou anticorpos, a merda germinou suas larvas nos becos periféricos da miséria. Transformaram-se em monstros, e agora não há exército capaz de combatê-los. 

 Adolesceu, virou rapaz. A liberdade é  uma estrada estranha, lúdica, cheia de dúvidas, ladeada por anjos e demônios que se digladiam para indicar o atalho a ser seguido. No ringue deles, seu destino. Mas os anjos sempre ganham a luta. As orações de sua mãe são fortes; foi benzido por uma rezadeira na hora do parto, e carrega no pescoço um patuá pendurado num rosário de contas para se blindar do preconceito, do descaso, das tentações do mal e não se deixar iludir pelo brilho do pó branco que rege as leis da contravenção.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

O Pajeú vai despejar em João Pessoa

agosto 27, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

   Na próxima quarta-feira, dia 01 de setembro, a poesia e música do Sertão do Pajeú pernambucano vão despejar na capital paraibana. É a gravação de duas edições do programa Cantos & Contos, produzido pela TV Correio, afiliada da Rede Record.

  Vão se apresentar Alexandre Morais e Lindomar Souza, Genailson e Nego Adelmo e Marquinhos da Serrinha. Os programas são exibidos nas manhãs de domingo e vão ser exibidos ainda no mês de setembro.

   As gravações, no entanto, já são um atrativo. Acontecem no Bara e Restaurante Bessa Grill, aberto ao público e aos clientes. É casa cheia.

  Pra ter uma ideia do que vai ser, assiste aí um pouco do trabalho dessa turma:


Alexandre Morais e Lindomar Souza


Marquinhos da Serrinha

agosto 27, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Três sonetos de Carlos Pena Filho

agosto 27, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Soneto do Desmantelo Azul 

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
 

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
 

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
 

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

 

A Solidão e Sua Porta
(A Francisco Brennand)

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
 

Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
 

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
 

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
 

Testamento do Homem Cansado 

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: Ele era assim…
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.
 

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.
 

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,
 

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

agosto 27, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Ronaldo Correia de Brito

agosto 27, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Um olhar apaixonado sobre o Recife

Ronaldo Correia de Brito

   Deve-se chegar ao Recife pelos ares, voando de ultraleve. Assim podemos enxergá-lo inteiro em meio ao oceano, aos rios Capibaribe e Beberibe, às marés e aos mangues. Vemos cada pedaço de terra firme cercado de águas salobras, formando ilhas que se chamam Santo Antônio, Leite, Boa Vista, Retiro… Unindo-as como as costuras de uma saia, as pontes compõem um cenário suspenso, dão a impressão de que a cidade flutua e foge ao destino de afogar-se no Atlântico. A nenhum viajante, porém, o Recife se entrega imediatamente. Seu melhor encanto consiste em deixar-se conquistar aos poucos. É uma cidade que prefere namorados sentimentais a admiradores imediatos, pois não é fácil de amar, como observou o sociólogo Gilberto Freyre.


   No começo, o Recife era apenas uma ilha estreita, brotada entre águas de rio e oceano, onde pescadores e navegantes se arranchavam. Mais à frente dessa terra “metade roubada ao mar, metade à imaginação”*1, protegendo-a e criando um porto natural, os arrecifes de corais que os árabes diziam ár-raçif se estendem iguais a um caminho pavimentado. Deles veio o nome da cidade, o masculino Recife, e o porto em torno do qual tudo prosperou. Por ele entraram colonizadores portugueses, piratas franceses, invasores holandeses e parceiros comerciais ingleses. O Recife pareceu familiar aos flamengos, quando conquistaram Pernambuco em 1630, tendo à frente o conde Maurício de Nassau. Durante 24 anos, até que os holandeses fossem expulsos, transformou-se na Mauritzstad dos Armadores das Índias Ocidentais, a cidade Maurícia. Nesse curto tempo, se abriu ao comércio, ficou cosmopolita, falava vários idiomas da Europa e de outros lugares do mundo, ganhou prédios, pontes e saneamento, conheceu a liberdade de culto, recebeu judeus que fundaram a primeira sinagoga das Américas e viviam fora de guetos ou judiarias.

   A lembrança boêmia do bairro portuário do Recife, ou Recife Antigo, prevaleceu sobre o presente. Bares e edifícios no estilo eclético abrigaram furtivos marinheiros. Os idiomas do mundo se misturavam ao sotaque de mulheres e estivadores, ao som de pianos e vitrolas. O lugar onde tudo começou foi batizado Marco Zero. Ali, a cidade celebra suas festas. Partindo-se dele e atravessando uma faixa d’água, chega-se a um parque de esculturas, conjunto de obras em cerâmica e bronze do artista Francisco Brennand, sobre arrecifes de corais. Ao longo dessa esplanada, sereias metade pássaro alçam voo ao infinito.

   Olhe para trás, não receie transformar-se em estátua de sal como na história bíblica. O Recife é quente – mesmo com a brisa que sopra –, a maresia cheira forte e recobre nossa pele de água e sal. Há som ao redor, barulho de vozes, motores e buzinas, orquestras e tambores. Caminhe, suba ao último andar do Paço Alfândega. Do terraço, contemple por cima do rio mar o Grande Hotel, onde se hospedou Albert Camus na década de 50. Febril, ele comparou a cidade a Florença. Outros acharam que fosse uma Veneza Americana ou Sevilha sem praça de touros. Nunca soube se Camus provou da nossa culinária, a cartola preparada com banana, queijo de manteiga, açúcar e canela. Nem se entrou no Teatro de Santa Isabel, ou no Palácio do Campo das Princesas, com jardins tropicais concebidos por Burle Marx.

  Recife é vário, criou-se na mistura de povos, de índios, negros e brancos. Nos arredores, encontramos sua mais forte expressão: a cultura popular. Propalam a raça morena, porém a harmonia racial é relativa. Depois de revoluções libertárias, o Recife continua desigual. Mas os poetas nunca deixam de amá-lo. Caminham de madrugada para escutar os próprios passos e sentir a brisa marinha, que varre fortalezas e canhões, acariciando seus cabelos. Escutam os sinos, que batem no alto das torres, testemunharem as horas, marcando esperanças e temores.
   E quando a noite desce sobre as pontes e os rios, sobre ruas e edifícios em ruínas, descobrem um Recife habitado por fantasmas de heróis anônimos, dormindo e sonhando ao som de triste melodia.

Publicado originalmente em https://www.ronaldocorreiadebrito.com.br/site2/2021/08/um-olhar-apaixonado-sobre-o-recife/

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Maciel Melo mandou dizer...

agosto 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Ói eu aqui, voltando pra refazer o meu começo. Já comprei cordas novas pro violão, cera de carnaúba e flanela pra polir meus instrumentos e lustrar a autoestima.
Ufa! Já tava quase cansando de tanto não fazer nada. Se bem que fazer nada não é tão ruim assim, mas quando esse não fazer nada é opcional. Não fazer nada por obrigação cansa muito mais do que fazer alguma coisa.
Mas graças a Deus estou voltando; o matulão cheio, “a cabeça aberta, a saúde perfeita e tudo no lugar” como disse o poeta Acioly Neto. Só falta uma coisa pra me completar: a presença de vocês.
Então gente, olhe aí a dica:
Dia 27 deste mês bora fazer alguma coisa? Estamos eu e Renato Teixeira em Santa Cruz do Capibaribe - PE. Sexta- feira. Perca não!

Hu! Manos - Um filme de 45 segundos

agosto 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

A partir da atividade de seis profissionais comuns que precisam ocultar o rosto para trabalhar, o filme questiona o distanciamento das relações interpessoais, o anonimato e a mecanização do cotidiano contemporâneo. E mostra que, apesar do tempo, ou da falta dele, há pessoas por trás de tudo.

Créditos no final do vídeo.

Francisca Araújo - Salve, Poesia!

agosto 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


  Francisca Araújo, essa mesma aí de cima, muito bem fotografada em seu natural cenário rural de Iguaracy - PE, é poetisa que escreve, recita, improvisa e poetisa o redor. Com estilo marcante, é das que aumenta o público admirador a cada exposição.
    E se isso já era uma constatação fácil para os conterrâneos pernambucanos, agora também é para o Brasil. Pelo menos para o lindo, atento e autêntico Brasil poético.
   A menina achou de apresentar sua arte em um concurso nacional e, como de costume, brilhou. Nós pajeuzeir@s comemoramos muito, é claro. Mas (cá entre nós) com aquela sensação de: eu já sabia.
   Salve, Poesia! Salve, Francisca Araújo!
   E eis o poema 2° lugar no IV Concurso Nacional de Poesias "A Poesia em Cada Ser" 2021, organizado pela Casa de Cultura Euclides da Cunha, de São José do Rio Pardo, SP.

Insônia

Madrugada que chega lenta e triste,
Como podes saber de tanto assim?!
Tu escoras meu choro, mas existe
Uma dor a tombar dentro de mim...

Por que não trazes quem há tempo insiste
Em morar no sorriso que dei fim,
Se por mero descuido tu não viste
Que não sei cochilar, só é tão ruim...

Vês! Enquanto meu pranto não desperta
Já não posso deixar a porta aberta
Pra ver outra ilusão aparecer.

Eu prefiro que partas sem demora,
Mas se não desejares ir agora
Eu, ao menos, preciso adormecer.

agosto 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Pernambuco perde José Costa Leite, Patrimônio Vivo do Estado, aos 94 anos

agosto 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Costa Leite - Foto: Jaqueline Silva/SecultPE

Diário de Pernambuco

 Na manhã desta terça-feira (24), o cordelista, poeta e xilogravurista José Costa Leite faleceu aos 94 anos. O paraibano radicado em Condado, na Zona da Mata, desde os 11 anos era um dos patrimônios vivos do estado. Ele faleceu em casa, de causas naturais, ao lado da família. 

   José Costa Leite deu seus primeiros passos na literatura de cordel no final dos anos 1940, levando seu trabalhos para serem declamados e vendidos nas feiras. No final da mesma década, também começou a trabalhar com a xilogravura, para poder criar capas para seus folhetos. 
   Entre eles, estão títulos como O Rapaz que Virou BodeA Peleja de Costa Leite e Eduardo e Alzira. Até os 20 anos, chegou a trabalhar na agricultura e no comércio, entre corte de cana, plantação de inhame e trabalhos nas feiras. Aprendeu a ler a partir do contato com outros poetas
 Em 1959, produz seu primeiro almanaque, batizado de Calendário Brasileiro. Já na década de 1970, grava 3 LPs com suas poesias no Conservatório Pernambuco de Música. Tinha afeição por histórias de aventuras e discussões, criando uma série de pelejas. Sua obra se espalhou pelo estado e pelo Nordeste. Ele foi eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2006.
   Autoridades lamentaram a perda do artista pernambucano. "A cultura popular perde muito com a morte de José Costa Leite. Foi um dos primeiros mestres a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2006, e permaneceu atuante no seu oficío de contar histórias. Mostrou, com a simplicidade e delicadeza da literatura de cordel, a sua forma de ver o mundo", declarou Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe.
   O Secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, também deu uma declaração sobre a importância e o legado do xilogravurista e cordelista. “Uma genialidade pautada na simplicidade. José Costa Leite segue, para nós, um patrimônio vivo, nao só na grande obra que nos ofereceu, também na sua capacidade exemplar de ler o mundo, com bom humor, criticidade e um olhar singular e universal. Perdemos um grande mestre, cuja admirável arte sempre nos ajudou a pensar o mundo. Que seja compromisso nosso honrar esse legado, valorizando a cultura, o nordeste e a resistência do nosso povo”, afirmou Mello.

Publicado originalmente em https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2021/08/pernambuco-perde-jose-costa-leite-patrimonio-vivo-do-estado-aos-94-a.html

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Teixeira ganha canal de TV

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 



   A cidade de Texeira, no sertão da Paraíba, ganhou a ONT TV. Como o nome sugere, é um canal de televisão, com programação diversificada e foco na cena regional.

  Um dos programas do canal é o Movimento Cultural, apresentado por Thadeu Filmagens. E quem participou da primeira edição do programa foi a dupla Adelmo Aguiar e Denilson Nunes.

 Abaixo, uma palhinha da apresentação dos poetas de Tuperatema - PE. A canção é Só Deus é capaz e a autoria é de Adelmo Aguiar.



agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Alexandre Morais - Crônicas em Retalhos

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 Benvindo

Arte: Edgley Brito


Não importa se o evento é político, social, esportivo, cultural ou qualquer outro de distinto nome. Não importa se fechado-fechadíssimo ou se aberto-escancarado. Não importa se festo ou funesto. Benvindo não se importa. Ele tá lá. E não só tá, como faz questão de mostrar-se lá.

Dos antigos álbuns, com retratos impressos, às novas galerias digitais, é fácil-facílimo ver-se Benvindo. Não nos arquivos da própria família. Mas nos achados de várias, se não todas, famílias da cidade. Nos achados de altas autoridades e de todos os escalões desautorizados também.

Benvindo é do tipo arroz de festa, pulga de cós, papagaio de pirata e caatinga de imbigo, se é que não deu pra entender ainda. Talvez no impulso do nome que a santa mãe lhe deu, o danado se acha necessário. Ou aceito por melhor dizer.

Gasta o que não tem para andar vestido e calçado ao melhor modo do lugar onde vai. É mestre nas artes cênicas e cínicas de rir e chorar conforme a precisão e ainda fala sobre qualquer assunto com doutoral desenvoltura. Nunca esperou um convite nem se fez de rogado pela falta de nenhum deles.

Outro dia se meteu numa reunião de prefeitos como se fora um. Deu boas vindas aos de fora como se fosse o da casa e não se importou com os foras levados do de casa. Não discursou alto no soante microfone, mas soou baixo aos tantos ouvidos forçadamente emprestados. Ao final, claro, foi o mais presente entre todos os registros fotográficos, além, claro de novo, das dúzias de autorretratos produzidos.

Conta-se que no passado foi realmente bem vindo em muitos momentos. Os feitos da adolescência e da juvenescência demonstravam uma sapiência desconexa com os de mesma idade. Ali, sim, havia convites. E reconvites e treconvites. E tudo era lindo. Indo e vindo, tudo era lindo. E Benvindo se dava bem indo e vindo.

Mas o tempo que passa fez Benvindo se passar. E como se passa. Passa o tempo se passando. Mesmo sendo passado pra trás se sente bem por trás de qualquer cena. E acena. Acena pra um e pra todos sem nem se importar se os acenos são devolvidos.

E assim segue sempre estando e se achando. A Benvindo não importa ser bem vindo. Importa sentir-se bem. Mesmo que a mal dos outros.

Pesquisador encontra 7 músicas inéditas de Belchior em arquivos da ditadura militar

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Belchior/Foto: Gustavo Pellizon


 Um jornalista e pesquisador musical descobriu, recentemente, sete músicas inéditas do cantor e compositor cearense Belchior. Segundo Renato Vieira, as canções aparecem no acervo digitalizado do Arquivo Nacional. As letras foram enviadas entre 1971 e 1979 à Divisão de Censura de Diversões Públicas, órgão criado pela ditadura militar para analisar produções artísticas. 

   "Fim do Mundo", "Baião de Dois Vinte e Dois", "Alazão", "Adivinha'', "Outras Constelações", "Bip... Bip..." e "Posto em Sossego", algumas compostas em parceria com os colegas Fagner e Fausto Nilo, são as músicas localizadas pela busca meticulosa do pesquisador.

   Vieira afirma que não encontrou as canções em registros fonográficos. Isso significa que as músicas podem ter sido cantadas, musicadas eventualmente, ou até terem sido gravadas de maneira caseira, mas nunca foram lançadas no mercado. 

"Alazão", parceria de Belchior com Fagner e Fausto Nilo / Foto: Arquivo Nacional


   Nenhuma delas foi censurada, como aconteceu com outras letras que o pesquisador também garimpou. Contudo, nenhuma delas foi gravada pelo cearense. Não se sabe, porém, se algum parceiro do músico guarda demos que nunca viram a luz do dia.

   GRAVADORAS

 O jornalista diz ainda não saber os motivos para as composições não terem sido lançadas, mas faz algumas apostas. "Acho que foram questões com as gravadoras. 'Adivinha', por exemplo, foi enviada pela Copacabana em 1971, e ele ficou pouco tempo por lá. Entre esse ano e 1972, que é quando foram submetidas a maior parte dessas músicas, ele só fez uma gravação. Pode ter sido a dificuldade natural do início de sua carreira", explica. 

  No mesmo ano em que enviou a letra de "Adivinha" para análise, Belchior venceu um festival universitário com a canção "Na Hora do Almoço", esta sim gravada em seu compacto de estreia.

  Ainda faltariam cinco anos, no entanto, para sua consagração com "Alucinação", disco conhecido por guardar sucessos como "Como Nossos Pais", "Velha Roupa Colorida" e "Apenas um Rapaz Latino-Americano".

Outra canção composta por Belchior, Fausto e Fagner / Foto: Arquivo Nacional

   MEMÓRIA

 Pesquisador da obra do músico desde 2013, Vieira já reeditou 11 discos do cearense. O jornalista diz que está sempre em busca desses elos perdidos. "Como o Belchior não tem um acervo organizado, meu desejo é ir juntando os caquinhos porque é importante resgatar essa memória de alguém tão importante para a música brasileira", conta.

  Na contramão dos debates sobre o lançamento de obras póstumas, Vieira diz acreditar que essas canções foram aprovadas pelo músico. "Como foram mandadas para a avaliação da censura, são letras que ele considerava lançar na sua própria voz ou na de outros intérpretes", explica.

  O jornalista diz que, por enquanto, não planeja fazer nada com a descoberta. "Só quero que as pessoas saibam que esse material existe, a gente pesquisa para isso. E sempre há algo a se descobrir sobre o Belchior", diz.

 Chris Fuscaldo, que é jornalista e coautora de "Viver É Melhor Que Sonhar", livro que mapeia os últimos anos de Belchior desaparecido, diz não ter identificado, num primeiro momento, que essas letras tenham sido lançadas pelo músico.

Copiado de https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/pesquisador-encontra-7-musicas-ineditas-de-belchior-em-arquivos-da-ditadura-militar-1.3126378

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Duke/O Tempo

Paulo Rafael se eterniza como o grande guitarrista que eletrificou o som de Alceu Valença com a pegada do rock

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Paulo Rafael também deixa legado como integrante da banda Ave Sangria — Foto: Pércio Leandro Siqueira / Divulgação


Por Mauro Ferreira/G1


OBITUÁRIO – É difícil imaginar o som arretado de Alceu Valença sem a eletricidade de guitarra de Paulo Ramiro Rafael Pereira (11 de julho de 1955 – 23 de agosto de 2021).

   Conhecido no meio artístico como Paulo Rafael, o instrumentista e produtor musical fomentou a cena de rock psicodélico no Recife (PE) na primeira metade da década de 1970 – como integrante da banda Ave Sangria – e chegou a esboçar discografia individual a partir de 1992, ano em que editou o álbum solo Orange, ao qual se seguiram Vagalume em 1995 e, mais recentemente, Alado em 2010.

   Nascido em Caruaru (PE), mas profissionalizado como músico no Recife (PE), Paulo Rafael contribuiu decisivamente para dar forma ao som do cantor, compositor e músico pernambucano, nascido em São Bento do Una (PE), no mesmo estado de Pernambuco em que Rafael veio ao mundo.

   Em parceria iniciada há 46 anos no festival Abertura (TV Globo, 1975), no qual Alceu apresentou a música autoral Vou danado pra catende, Paulo Rafael injetou a eletricidade do rock no som de Alceu Valença.


A matéria-prima desse som eram os gêneros musicais do Nordeste como o maracatu e o frevo, muitos assimilados por Alceu e Rafael na infância, vivida por ambos em contato com os ritmos e cantadores do sertão pernambucano. Mas, à essa matéria-prima, Alceu adicionou a pegada do rock, e certamente jamais teria feito a mistura dar tão certo e soar tão explosiva sem a guitarra de Paulo Rafael.

 É impossível, por exemplo, dissociar a música Anunciação (1983) – gravada pelo cantor no álbum Anjo avesso (1983) – do toque da guitarra de Paulo Rafael, marcante já na introdução da gravação original feita há 38 anos.

   Além da guitarra, Paulo Rafael também tocou viola e violão nos discos de Alceu. Além dos dois álbuns de estúdio da banda Ave Sangria (o emblemático Ave Sangria de 1974 e o recente Vendavais, editado em 2019), a discografia de Paulo Rafael inclui álbum dividido com Zé da Flauta, Caruá (1976), e um álbum ainda inédito gravado com o conterrâneo Alceu Valença, a quem estará eternamente ligado na memória musical brasileira.


Publicado originalmente em https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2021/08/23/paulo-rafael-se-eterniza-como-o-grande-guitarrista-que-eletrificou-o-som-de-alceu-valenca-com-a-pegada-do-rock.ghtml

TV Pernambuco lança novo site com programação ao vivo

agosto 23, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


   A TV Pernambuco dá um  salto tecnológico, permitindo que a programação da tv pública pernambucana chegue às casas dos telespectadores, em qualquer lugar do mundo. Isso será possível com o lançamento do novo site (http://tvpe.tv/), nesta segunda-feira (23), às 9h, pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lucas Ramos e pelo diretor-presidente da emissora, Ivan Júnior, com conteúdos exclusivos e streaming da programação exibida.  

  Entre as novidades do novo site, também está a sessão de colunas de vídeos, com especialistas falando sobre Esportes, Saúde e Bem Estar, Tecnologia e Produção Rural. Na semana de estreia será possível conferir vídeos de Vera Magalhães, (infectologista), José Patriota (Presidente da Amupe), Léo Medrado (comentarista esportivo) e Lucas Ramos (Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação).

   "O novo site da TV Pernambuco é mais que uma nova plataforma de conteúdo. É uma ferramenta estratégica de difusão de conhecimentos, de valorização da cultura pernambucana e de mais acesso ao jornalismo feito com qualidade e comprometido com a verdade”, destaca Lucas Ramos. Ele ressalta que Pernambuco inteiro estará a um clique da população.

  “A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação sempre esteve empenhada no processo de idealização e construção dessa nova ferramenta. Esse desenvolvimento foi compartilhado com a equipe técnica de programadores, que se dedicaram por mais de dois meses na construção desse novo veículo de comunicação pública", comemora o secretário.  

  O diretor-presidente, Iva Júnior, acrescenta que o processo de transmídia na comunicação social é irreversível, e as emissoras de TV, rádio e veículos de jornalismo impresso precisam contemplar as novas plataformas para ter viabilidade e eficiência. “O novo site da TV Pernambuco terá missão ainda mais ampla de levar o conteúdo próprio, com nossa identidade, aos pernambucanos, principalmente, aos municípios ainda sem o sinal da TVPE, aos brasileiros e para todo o mundo”, afirma Iva Júnior.  

  Incremento - Com o novo site, se redesenha também mais uma ferramenta de acesso ao Educa-PE, programa com as aulas da rede pública estadual de ensino, transmitido pela TV Pernambuco, de segunda a sexta, desde o início da pandemia.
O projeto do tvpe.tv é assinado pelo designer Tiago Costa, diretor de Conteúdos Digitais da TV PE.

  Todo o conteúdo foi organizado com o apoio da equipe da casa, como as jornalistas Débora Laryne e Moema França. “A difusão da TVPE nas redes representa o caminho da instantaneidade, versatilidade, mobilidade, interatividade e flexibilidade, chegando assim à população pernambucana independente dos dispositivos utilizados”, aponta Tiago.

sábado, 21 de agosto de 2021

agosto 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Sonetos (de) encantados

agosto 20, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Fanatismo - Florbela Espanca


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...”

No misterioso livro do teu ser
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler



Versos íntimos - Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Soneto da fidelidade - Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.