segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Quando o rei do samba foi impedido de sambar

fevereiro 28, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


Em 1976, a polícia invadiu o Ensaio da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira que ocorria na rua Visconde de Niterói, no Rio de Janeiro. Mestre Cartola, um dos fundadores da agremiação, sentou no asfalto para protestar e lamentar mais uma operação policial contra o Carnaval Carioca. Na época, apesar da festa já aquecer a economia da cidade, o Samba era considerado pelas forças policiais como bagunça.

Antes da construção do Sambódromo, os ensaios e desfiles ocorriam nas ruas do Rio, e a reunião das escolas eram constantemente interrompidas pela Justiça, Polícia e Ministério Público. Uma das principais alegações era que os ensaios e desfiles geravam um ambiente promíscuo e fértil para uso de drogas, sexualização e incentivo ao jogo do bicho.
A imagem emblemática foi capturada por por Eurico Dantas e virou símbolo da resistência do samba contra o sistema.

Texto - Joel Paviotti / Facebook Iconografia da História

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Música afogadense espalhada pelo mundo

fevereiro 03, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


   As redes sociais ajudam, mas não é só por elas que a canção Eu bem que disse tá ganhando o mundo. É por qualidade mesmo. A música tá caindo no gosto de todo mundo que escuta.

  No estilo xote, a canção tem raiz pajeuzeira e já ganhou espaço pela própria junção dos autores. A letra nasceu em Afogados da Ingazeira - PE, autoria de Alexandre Morais e Alexsandro Acioly, que são naturais e moram na cidade. A música é de Nem, afogadense radicado em São Paulo, e de Agenorzinho, um pajeuzeiro radicado nos Estados Unidos.

  A letra foi, a música veio e agora tá indo pra todo canto. E taí pra tu ouvir e dizer se num é verdade esse rasga seda que o Cultura e Coisa e Tal tá fazendo.

   E tem mais! Aprenda e cante. Oh a letra aqui:

Eu bem que disse
 
Eu bem que disse
Que a gente sem a gente
Não ia dá certo
Que essa história de distância
Ia trazer pra perto
A certeza que o certo
Era se acertar
 
Eu bem que disse
Que nós dois sem um dos dois
Iam restar dois zeros
E se tu tá me querendo
Do tanto que eu quero
Me espere que eu te espero
Pra gente se amar
 
Pois fica assim
Se a saudade se chegar
Pegue carona nela
Ou então mande um recado
Espere na janela
Que eu vou daqui voando
Pra te encontrar

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Genildo Santana - Um dia a gente morre

fevereiro 02, 2022 Por Alexandre Morais 1 comentário


 Versos de Genildo Santana (foto) em tema de Lara Sayão


Perde-se a vida ao se ter
Uma vida só de queixa,
Quando um dia a gente deixa
De, nessa vida, viver.
Entre viver e morrer
Há uma grande distinção,
Tem muita gente que não
Tá vivendo, pois só corre,
UM DIA A GENTE MORRE
MAS EM TODOS OUTROS, NÃO!
A vida é um caso sério,
Tenho plena consciência
Que a nossa existência
É realmente um mistério,
Sem querer ser deletério,
Vida envolve Paixão,
Poesia, música, canção,
Farra, festa, samba, porre!
UM DIA A GENTE MORRE
MAS EM TODOS OUTROS, NÃO!
Viver com intensidade
As paixões, o amor ao mundo,
Transformar cada segundo
Em uma eternidade,
A vida envolve saudade
De tempos que longe vão,
Guardados no coração
E a saudade nos socorre,
UM DIA A GENTE MORRE
MAS EM TODOS OUTROS, NÃO!
Tem gente que continua,
Que goste ou que não goste,
Vivendo tal qual um poste
Só que andando na rua,
A vida se perpetua
Em nossa viva explosão
De Amor e de Paixão
Pra quem a eles recorre,
UM DIA A GENTE MORRE
MAS EM TODOS OUTROS, NÃO!
Vida boa tem que tá
Com Potência e Energia,
Estamos certos que um dia
A morte nos vencerá,
Mas até chegarmos lá,
Vamos viver com Paixão,
Pois sem ela é tudo em vão
E a vida de nós escorre
UM DIA A GENTE MORRE
MAS EM TODOS OUTROS, NÃO!

fevereiro 02, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Homem da Meia-Noite comemora 90 anos pelas redes sociais

fevereiro 02, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Do Diário de Pernambuco

   O Homem da Meia Noite, o maior símbolo do carnaval de Olinda, completa 90 anos nesta quarta-feira (2). Com o anúncio do cancelamento do carnaval de rua no começo de janeiro, o gigante comemora seu aniversário pelas redes sociais. O clube convidou os apaixonados pelo calunga a vestirem a camisa e demonstrarem sua paixão na internet. Além do movimento on-line, o Espaço Afetivo em homenagem ao gigante está funcionando no Shopping Patteo, em Olinda, e presenteia os primeiros 90 visitantes com um mini bolo de rolo. A ação se repetirá na sede social da agremiação na sexta-feira (4). 

   A diretoria do Clube de Alegorias e Críticas anunciou, em novembro do ano passado, o tema “Ferver!!” em comemoração ao aniversário do gigante. Na ocasião, o cantor Almir Rouche, o Maestro Spok e a professora e passista Adriana do Frevo, foram homenageados pela edição comemorativa. Também recebem as homenagens o grupo “Guerreiros do Passo” e o Paço do Frevo, no Recife, por resguardar o valor histórico do ritmo. 

   Nas redes sociais, o presidente do Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho, parabenizou o gigante, em vídeo divulgado hoje (2). "São 90 anos de história e emoção. Salve, todos os anos, aqueles que construíram essa história. Salve esse povo apaixonado, esse povo que fez o gigante ser cada dia mais gigante. Salve a sua história, salve o seu misticismo. Salve a sua coragem de tomar decisões importantes. Salve ao nosso gigante. Parabéns, não é todo dia que completamos 90 anos. O gigante eterno em nossos corações. Parabéns, Homem da Meia-Noite!”.

Conteúdo completo em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2022/02/homem-da-meia-noite-comemora-90-anos-pelas-redes-sociais.html

As Severinas na TV Asa Branca

fevereiro 02, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

As Severinas são a atração do Som & Sotaque desta sexta-feira, 04/02. O quadro é levado ao ar no ABTV 1ª edição, o jornal do meio-dia da TV Asa Branca, afiliada da Rede Globo.

Apresentada pelo cantor Benil, a atração também é lançada no canal Globoplay. Alguém tem dúvida que vai ser muito Cultura e Coisa e Tal esse programa?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Maciel Melo - Crônicas de um Cantador

fevereiro 01, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

A gota d’água que não cabia mais no pote

Eu tava aqui, cá com meus botões, procurando assunto, e me lembrei de uma situação que me aconteceu há um tempo atrás, quando fui convidado quase que obrigatoriamente, a testemunhar em uma audiência de conciliação. Mas logo eu? Enfim, como era amigo dos dois lados, tive que usar de muita artimanha para neutralizar a minha presença, e sair de boa. Mas enquanto não se dava o veredito, eu fiquei ali sem jeito, observando cada gesto de cada um, e me dei conta de que eu também já havia estado ali na mesma posição deles. Pois bem, peguei um papel e comecei descrever aquilo:
Cabisbaixos, frente a frente, olho por olho, dente por dente.
Os olhares distantes, já não brilham mais. A íris boia no globo ocular, vasculhando os quatro cantos da sala, evitando mirar na direção um do outro.
Um incômodo infame agoniza a alma, e a inquietude das mãos que não param de bulir nos objetos sobre à mesa: Um martelo de madeira, uma sineta, um calhamaço de provas, e um silêncio feito faca rasgando a carne por dentro. Já não há mais ilusão.
As paredes brancas como a neve, abrem os ouvidos para mais uma audiência. É apenas mais uma, mas mesmo assim põem os tímpanos à disposição dos argumentos da defesa.
Não existe réus, por enquanto. Apenas o queixume recheado de dúvidas e suposições. Mas toda queixa tem os dois lados da moeda, e é exatamente pela falta da moeda que surge um terceiro lado: o lado invisível, o lado vazio, o lado obscuro, o lado que se tem, e só foi posto à mesa porque o lado de fora resolveu invadir o lado de dentro; aí, já é invasão de privacidade. Aí o peito estoura, o sangue desunera, a cabeça explode, o juízo acelera, e não há cabresto que esbarre um orgulho ferido vindo a galope, num terreno íngreme, sem freio e desembestado.
É o fim, é o medo, é o ponto final, é o degredo, é a gota d’água que não cabia mais no pote.

Maciel Melo

Raimundo Carrero: “A literatura é um grito de dor”

fevereiro 01, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


Da Revista Algo Mais   

Cinco anos após ter sido acometido por um AVC, depois de dois anos de pandemia e completando 75 anos em 2022, Raimundo Carrero segue produzindo e respirando literatura. A escrita e a leitura estão na sua rotina na sala de sua casa. Vários livros nas mesinhas ao lado da poltrona onde ele mergulha no seu universo ficcional, ao lado de quadros e lembranças da sua longa carreira. Com uma caminhada profissional assumindo os papéis de jornalista, professor, gestor público, autor de peças, contos e romances, ele retoma nos próximos dias a sua oficina de literatura, que é reconhecida nacionalmente. Foi nesse período de preparação dos encontros literários e da produção de um novo livro que ele conversou com Rafael Dantas sobre o momento cultural do País, sua trajetória e os planos que ainda fazem seus olhos brilhar. Entusiasmo, aliás, foi a palavra que ele, que é vencedor de alguns dos maiores prêmios da literatura brasileira, mais repetiu ao longo deste bate-papo sobre sua carreira, sobre o momento atual da literatura e sobre o projeto do que poderá ser seu último livro.

No início da entrevista, entregamos para Carrero uma reprodução da sua primeira reportagem, de 24 de dezembro de 1969, no Diario de Pernambuco.

Você lembra da sua primeira matéria assinada no Diario de Pernambuco?

De cabeça é difícil.

A primeira reportagem assinada foi essa aqui.

Rapaz, onde é que você arrumou isso? Isso é muito importante para mim. Foi esta matéria que me fez entrar no Diario de Pernambuco. Dezembro de 1969. Eu estava estagiando. Você está me causando uma emoção incrível agora. Evaldo Costa (diretor do Arquivo Público de Pernambuco) lutou para localizar isso e não conseguiu.

Quando você pensou em começar a escrever?

Um dia eu decidi ser escritor. Eu já escrevia, mas decidi ser escritor. Quando eu era ainda adolescente, pensei: vou escrever contos. Mas o que é um conto? Fui na Companhia Editora Nacional, era a maior do Recife na época, na Rua Imperatriz. E me venderam Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles. Eu comprei, fui para casa, comecei a ler, me entusiasmar e aquilo foi muito bom. Então, eu sempre fui muito ousado, quando comecei a ler mais e escrever.

Como foi o seu começo no jornalismo?

Um dia pensei: eu preciso trabalhar. Aí eu fiz um concurso na Companhia Brasileira de Vidros, era uma vaga especializada para contador e eu fui reprovado. Na ansiedade de entrar no mercado de trabalho, descobri que o Banorte periodicamente realizava uns concursos para atrair funcionários para o banco. Eu fiz e passei, mas no psicotécnico terminei reprovado. Na prova oral, a moça disse: “o senhor não tem espírito nenhum para bancário. Se o senhor quiser tentar, eu aprovo e o senhor entra. Mas…” Eu respondi que não queria um emprego para o resto da vida, mas para entrar no mercado de trabalho. Ela me disse para procurar outra coisa, deixou em aberto e perguntou: “Vá tentar a sua área de atividade. Qual é a sua área de atividade?”. Eu disse que gostava de escrever. Ela disse para eu procurar Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho… Daí comecei a achar que poderia ser jornalista.

Como foram os primeiros passos no jornalismo?

Eu me candidatei ao estágio no Jornal do Commercio. Era um estágio até bem-feito. Mas o JC estava entrando na primeira grande crise financeira da empresa e quase quebrou. Ainda assim, fiquei uns três meses. Quando terminou o período, estava aprovado, mas não tinha emprego. Desci a escada e fui ao Diario de Pernambuco. Também disseram que não tinha estágio. Mas mesmo assim, todos os dias eu ia para lá e ficava de meio-dia até umas 3 da tarde, conversando, ouvindo, sabendo como se fazia o jornal. E o Dr. Antônio Camelo chamou o chefe de reportagem, Ivancil Constantino, e mandou me dar uma pauta. Comecei a entrar em crise porque não conseguia trabalho, fazer estágio, nem escrever. Só publicavam umas coisinhas, bobagens. Eu pensei que estava ficando velho e não tinha feito nada, mas só tinha 20 anos. Mas na minha cabeça já era muito. Então apareceu a Santinha, em Alagoa Nova, uma criança que dizia que estava vendo Nossa Senhora.

Como de candidato a estagiário você mergulhou nessa história?

Na época, o Diário da Noite, que fazia umas matérias espetaculares, disse na manchete: Fanáticos sequestram a Santinha de Alagoa Nova. Aí o jornal começou a entrar em crise: vamos mandar alguém. Começou a ouvir os repórteres e ninguém quis. Daí me convidaram: “Você quer ir acompanhar essa história da santa? Não paga nada, não. Mas você abre o caminho”. Quando cheguei lá disseram que a Santinha não falava com ninguém. Fui na feira, comprei uma boneca bem grande e levei para ela. O jornal achou isso extraordinário. E foi manchete. Passei uma semana lá, uma semana fazendo matérias. A partir daí, eu já estava contratado, comecei a ser jornalista do Diário de Pernambuco. Cheguei no jornal em junho de 1969. E eu aproveitava e escrevia críticas literárias. Eu lia muito, na época, lia excessivamente para um rapaz que não tinha uma formação acadêmica, eu escrevia quatro a cinco artigos por semana.

Geralmente as pessoas falam com o Carreiro escritor. Mas antes de falarmos de literatura, quem foi o Carrero jornalista?

O Diario de Pernambuco se entusiasmava muito comigo porque apresentei uma massa de trabalho grande. Tinha uma disposição para o trabalho imensa, o que é uma coisa natural na minha vida. Eu sou entusiasmado e trabalhador. Não tinha nenhuma experiência de redação jornalística. Eu comprava na banca o Jornal do Brasil e a Última Hora, que eram os melhores jornais da época, acordava cedo no domingo, colocava os dois jornais na mesa e ia treinar. Ler o jornal, copiar o que eles faziam e criar como seria a minha redação. O jornal me pedia para fazer reportagens do dia a dia, o que se chama hoje Vida Urbana. Até que comecei a cobrir os setores de trânsito e telecomunicação. Isso em 1970.

Às vezes o jornal não tinha carro nem dinheiro para táxi. Eu ia andando e para mim não se constituía em nenhum problema me deslocar do Diario de Pernambuco para qualquer local a pé. Depois me chamaram para a editoria de polícia e fiz coberturas imensas. Eu deitava e rolava. Era uma época de censura, mas ela atingia mais questões políticas, não a área policial. Depois fui transformado em editor de cidades. Era o Vida Urbana. Ao lado disso, eu publicava semanalmente alguns artigos literários. Naquela época o jornal dava toda importância à literatura. Toda semana tinha um caderno literário com 12 páginas. Ao lado do escritor, nasceu também o jornalista. Depois fui chefe de redação e secretário noturno. Nenhuma dificuldade me impedia de trabalhar.

No final deste ano você chegará aos 75 anos, enfrentando uma pandemia e cinco anos após passar por um episódio de AVC. Como é a sua rotina hoje e o que você está produzindo?

Eu trabalho todos os dias. Agora mesmo aposentado, depois do AVC, trabalho todos os dias. Depois do AVC já escrevi cinco livros, não consigo parar hora nenhuma. Aqui eu sento (Carrero se arruma na poltrona perto da janela, pega o notebook que ele trabalha no colo), e vou escrever. Aqui (aponta para uma pilha de livros ao lado) tem meus livros quando preciso fazer alguma consulta. Também não deixei de fazer oficinas, que é uma coisa que faço com maior prazer.

Como você avalia o momento atual da literatura pernambucana e brasileira?

Eu acho muito boa. Em certos aspectos até melhor que em outros momentos. Jovens, pobres, sem eira nem beira que escrevem, têm acesso às editoras, publicam. São esses escritores que precisamos. Esses são importantes porque trazem a dor do País na sua intimidade. A intimidade da dor, não só a dor. Costumo dizer aos meus alunos, não escreva sobre a dor, mas o sentimento da dor. Viemos de uma educação em que tudo é feio. Se é bonito é porque tem muita riqueza. A literatura é vista como uma coisa de fascínio e não é. Você tem que optar entre a beleza e a crítica social. A crítica social é mais importante que a beleza.

Nos últimos anos, as suas obras mexeram com temas muito atuais da sociedade brasileira, como em Estão matando os meninos. Quais os temas que mais o incomodam atualmente e que estão mergulhados na sua escrita?

Primeiro a miséria e o tratamento que nós damos à miséria. Não tem sentido que para perseguir os bandidos os miseráveis tenham que morrer. Por que houve troca de tiro com a polícia e o menino morreu? Quando s e mata um operário, está matando a produção do País. Além do ser humano, está causando um prejuízo muito sério ao País. Escrevi esse livro (Estão matando os meninos) porque estava vendo a TV, sentado para descansar meia hora, daqui a pouco aparece um pai chorando, uma mãe chorando, uma família destruída por conta de uma bala. Nunca vi bala perdida pra gostar tanto de menino! Entrou na casa do pai. O menino estava lá atrás estudando. Teve um idiota que disse que a literatura era o sorriso da sociedade. Eu digo agora em A luta verbal (livro que ainda está em edição) que a literatura é um grito de dor. Quando um livro é escrito, a população inteira entra em erupção. É um vulcão. Se o livro não é um vulcão não serve para ser livro. Se um livro não coloca diante do leitor as dores, o sofrimento, a angústia do País não serve para nada.

Conteúdo reproduzido de: https://revista.algomais.com/entrevistas/a-literatura-e-um-grito-de-dor

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Marcos Passos - Homenagem a Cancão, o gênio inocente

janeiro 25, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


    João Batista de Siqueira, mais conhecido como Cancão (São José do Egito/PE, 12 de maio de 1912 — 5 de julho de 1982) foi um poeta brasileiro.

Em 1950, deixou de participar de cantorias de viola e dedicou-se apenas à poesia escrita. Sua obra já foi classificada pelos críticos como uma versão popular à poesia de poetas românticos como Castro Alves, Fagundes Varela ou Casimiro de Abreu.

Frequentou a escola por pouco tempo e foi, também, oficial de Justiça em sua cidade, onde morreu. Livros publicados "Meu Lugarejo” "Musa Sertaneja" "Flores do Pajeú" Folhetos de Cordel "Fenômeno da Noite" "Mundo das Trevas" "Só Deus é Quem Tem Poder" Homenagem
Ao “Deus da Poesia”, João Batista de Siqueira, no instigante mote do poeta Paulo Passos: Foi dos vates o mais iluminado Que pisou nossa plaga sertaneja Que vibrou com a chuva benfazeja Que deixou nosso bosque mais cerrado Que mostrou, com seu tom mais inspirado A corneta afinada do carão Sabiá, rouxinol e azulão Solfejando a canção da gentileza Cada rima em favor da natureza Refletiu a grandeza de Cancão. Pelas trilhas dos versos divinais Percorreu mata rude, serrania Através do poder da poesia Transcendeu os poetas geniais Cachoeiras de rimas imortais Inundaram baixada e grotilhão Pirilampos voando n’amplidão Foram lumes da sua realeza Cada rima em favor da natureza Refletiu a grandeza de Cancão. O azul do serrote mais distante Cada flor, cada rama, cada galho Cada brisa fagueira, cada orvalho Cada estrela reinando, cintilante Cada foco de luz mais radiante Espalhando, na terra, o seu clarão Inspirou nosso gênio do sertão Que versou para nós tanta beleza Cada rima em favor da natureza Refletiu a grandeza de Cancão.
Marcos Passos

domingo, 23 de janeiro de 2022

O Sertão e as fotos de Claudio Gomes

janeiro 23, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

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Por Caroline Faria / InfoEscola

   A origem da palavra “sertão” é controvertida. Alguns afirmam ser derivada de um vocábulo de origem angolana: “muceltão”, que quereria dizer “lugar interior”, “terra entre terras”, “local distante do mar”. O vocábulo angolano teria sido alterado para “celtão” e depois “certão” até adquirir a forma atual “sertão”.

   Outra versão, mais aceita, atribui a palavra “sertão” ao étimo latino “desertanu”, utilizado para designar regiões interioranas, longe do litoral porém não necessariamente de clima árido e que teria sido modificado para “desertão” e depois, apenas “sertão”.

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   Seja qual for sua origem, a verdade é que a palavra “sertão” pode adquirir significados bastante distintos, porém é sempre empregada para designar locais pouco habitados ou onde predominam costumes antigos em contraposição às regiões desenvolvidas.

   No período colonial brasileiro, “sertão” era freqüentemente empregado para designar as terras ainda não exploradas do interior do país, pouco habitadas, de difícil aceso e, por isso, pouco desenvolvidas. Com o tempo, e a colonização de grande parte dos “sertões”, a definição mais comum ficou atrelada às regiões que compõem o semi-árido brasileiro, mas também são chamados de “sertão” os interiores de Mato Grosso, Goiás, e até mesmo do Amazonas no sentido de regiões pouco povoadas.

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   De qualquer forma, a palavra “sertão” está intimamente relacionada com a história e a identidade social e cultural, principalmente das regiões nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais.

   Isso se deve, em grande parte, aos trabalhos de escritores como Guimarães Rosa (“Grande Sertão: Veredas”), Euclides da Cunha (“Os Sertões”), Graciliano Ramos (“Vidas Secas”) e Afonso Arinos (“Os Jagunços” e “Pelo Sertão”), que tiveram no sertão nordestino e mineiro o cenário ideal de seus contos, contribuindo para criar no imaginário popular um conceito um tanto quanto romantizado da vida e do homem do sertão.

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Texto copiado de https://www.infoescola.com/geografia/sertao/

sábado, 22 de janeiro de 2022

A chegada de Ariano Suassuna no céu

janeiro 22, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


Poema: A Chegada de Suassuna no Céu

Autores: Klévisson Viana e Bule-Bule

Declamação de Rolando Boldrin - Programa Sr Brasil - TV Cultura

Concursos 'Novos Escritores' e 'Jovens Leitores' estão com inscrições abertas

janeiro 22, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

Livros Da Folha de Pernambuco

   Promovidos pela Biblioteca Blanche Knopf, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj),  os concursos 'Literário para Novos Escritores' e de 'Redação para Jovens Leitores/Escritores', estão com inscrições abertas até 14 de fevereiro.

   Os concursos têm o mesmo objetivo de incentivar a escrita literária, além de interlaçar gerações. Para quem deseja participar devem preencher um formulário - anexado no edital- e enviar  para o e-mail bibli@fundaj.gov.br.

Sobre os concursos

   Os interessados precisam cumprir algumas exigências para se inscrever. Para o Novos Escritores, os participantes devem ter entre 18 e 25 anos, morar no Nordeste e não ter publicado obras  (edital aqui). Cada um deverá enviar uma história - com tema livre-, onde será avaliada. Serão selecionados 25 textos para publicação. A disputa valerá prêmios. O top três levaraão um valor de  R$ 2 mil a R$ 6 mil. 

   Já o de Redação para Jovens Leitores/Escritores é voltado para estudantes de até 15 anos, que cursam o Ensino Fundamental II em escolas públicas da Região Metropolitana do Recife (edital aqui). Os participantes deverão entregar uma redação de até duas páginas com o tema “A leitura e a escrita na minha vida”. O processo de seleção será o mesmo que o 'Novos Escritores', Sendo que o valor do prêmio é de R$ 1 mil e R$ 3 mil.

   Os 25 vencedores de cada concurso também terão os textos publicados em uma coletânea com o selo da Editora Massangana.

Serviço

Concursos Novos Escritores e Jovens Leitores/Escritores

Inscrições até 14 de fevereiro pelo e-mail bibli@fundaj.gov.br 
Formulário anexado nos editais

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Texto para Elza - Chico Buarque de Holanda

janeiro 21, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 



“Se acaso você chegasse a um bairro residencial de Roma e desse com uma pelada de meninos brasileiros no meio da rua, não teria dúvida: ali morava Elza Soares com Garrincha, mais uma penca de filhos e afilhados trazidos do Rio em 1969. Aplaudida de pé no Teatro Sistina, dias mais tarde Elza alugou um apartamento na cidade e foi ficando, ficando e ficando.


Se acaso você chegasse ao Teatro Record em 1968 e fosse apresentado a Elza Soares, ficaria mudo. E ficaria besta quando ela soltasse uma gargalhada e cantasse assim: “Elza desatinou, viu”.


Se acaso você chegasse a Londres em 1999 e visse Elza Soares entrar no Royal Albert Hall em cadeira de rodas, não acreditaria que ela pudesse subir ao palco. Subiu e sambou “de maillot apertadíssimo e semi-transparente”, nas palavras de um jornalista português.


Se acaso você chegasse ao Canecão em 2002 e visse Elza Soares cantar que a carne mais barata do mercado é a carne negra, ficaria arrepiado. Tanto quanto anos antes, ao ouvi-la em Língua com Caetano.

Se acaso você chegasse a uma estação de metrô em Paris e ouvisse alguém às suas costas cantar Elza desatinou, pensaria que estava sonhando. Mas era Elza Soares nos anos 80, apresentando seu jovem manager e os novos olhos cor de esmeralda.


Se acaso você chegasse a 1959 e ouvisse no rádio aquela voz cantando Se acaso você chegasse, saberia que nunca houve nem haverá no mundo uma mulher como Elza Soares”.


Desenho: Genin, artista Itabirano.


Post: Maurício Azanha/ Chico até o fim

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Alexandre Morais - Belezas do campo

janeiro 19, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


    Versos feitos a partir de fotos de alunos de escolas da zona rural para o Projeto Belezas do Campo, realizado pela Secretaria de Educação de Afogados da Ingazeira - 2020.

Ronaldo Correia de Brito - O tesouro inesgotável da tradição oral

janeiro 19, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

    Tudo me impressionou na visita ligeira ao meu sertão, mas nada foi mais tocante do que constatar a permanência da tradição oral, a força e a convicção com que as pessoas narram histórias, principalmente as próprias histórias.

   O escritor argentino Jorge Luis Borges sentia-se atraído pela ideia “de que todos os eventos ocorridos no universo, por ínfimos que sejam, concorrem necessariamente para os demais eventos que lhe sucedem”. Segundo essa concepção, para que tenham surgido obras como as de Shakespeare, Dante e Tolstói foi preciso a contribuição de milhares e milhares de narradores de menor relevância ou anônimos, laborando de modo ininterrupto em todas as latitudes do nosso planeta, construindo rios comunicantes de saberes.

   Sem esses narradores filósofos, que o roteirista de cinema e escritor francês Jean-Claude Carrière sabiamente chama de “mentirosos”, faltaria alicerce para o edifício da cultura ocidental e oriental, em que brilham no andar mais elevado, lá no topo, os gênios da humanidade. 

  Ao longo de 25 anos, o escritor francês Jean-Claude Carrière ouviu, leu, selecionou e por fim recontou histórias do mundo inteiro, num primeiro volume intitulado O Círculo dos Mentirosos, em que defendeu num magnífico ensaio todas as justificativas para ter se dedicado a essa tarefa, os motivos porque deixou de lado os mitos, os relatos fantásticos e as fábulas morais, preferindo  “histórias elaboradas, frutos de reflexão, feitas para ajudar a viver, eventualmente a morrer, concebidas e contadas em sociedades organizadas e consolidadas, que se acreditam duráveis e, por assim dizer, civilizadas”. Noutros dez anos de pesquisa e escuta ele aprontou um segundo volume.

  Ao falar sobre as narrativas do livro como bens que povos roubam de outros, Carrière toca na relação de culturas dominantes e dominadas. A história do homem é uma sucessão de guerras e rapinagens. Inglaterra, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos, para citar apenas esses conquistadores expansionistas, se apoderaram de tesouros das civilizações egípcia, indiana, chinesa, grega e árabe, atulhando seus museus com o que melhor produziram esses povos.

 Refiro-me aos bens perecíveis, que desaparecem com o fogo, os maremotos e as guerras: pinturas, esculturas, cerâmicas, joias, tapeçarias, sarcófagos, palácios e templos. A apropriação feita por Carrière é de um saber transmitido de forma oral ou escrita, principalmente através de livros, que podem ser reproduzidos infinitamente.

 Carrière não guarda o que adquiriu e colecionou numa vida de estudos, pesquisas e coletas. Trabalha para nos transmitir esse legado, com sua voz narrativa e escrita própria. E o faz de maneira respeitosa, considerando que “A beleza de uma história vem quase sempre de certa obscuridade”. Põe um foco de luz sobre as histórias de todos os tempos, sem tirar-lhes o encantamento e o mistério.

Mesa de Glosas - Brejinho-PE 2017

janeiro 19, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


Mote: A minha infância passou / Tão rápida que nem notei. Glosadores: Alexandre Morais, Zé Adalberto, Henrique Brandão, Gislândio Araújo e Genildo Santana. Imagens: Bernardo Ferreira - Bisaco do Doido.

De compositor da Jovem Guarda à sambista: 80 anos de Luiz Ayrão

janeiro 19, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários


Por Matheus Bomfim e Silva / IMMuB

   Luiz Kedi Ayrão, mais conhecido simplesmente como Luiz Ayrão, nasceu em 19 de janeiro de 1942, na cidade do Rio de Janeiro. Nasceu em uma família humilde, do bairro Lins de Vasconcelos, teve que trabalhar como engraxate na infância, contudo, conseguiu estudar e se formou em Direito, em uma universidade particular. Trabalhava de manhã e estudava a noite, não é de hoje que “apenas” estudar é um luxo para poucos no nosso país desigual. Por causa do seu contato com o ambiente universitário, Luiz Ayrão vai fazer canções conscientemente políticas. Em decorrência disso, em 1977, teve duas composições barradas pela Censura do Regime Militar, o samba “Treze anos” e o choro “Meu caro amigo Chico”, que era uma resposta ao sucesso de Chico Buarque “Meu caro amigo”, lançado em 1976:

Amigo Chico, recebi a sua carta
E talvez eu já não parta
Como estava planejando
Você me diz que a coisa aí tá preta
E na pá e na picareta a gente acaba segurando

  Como Paulo Cesar de Araújo mostra em seu livro “Eu não sou cachorro, não”, a canção foi vetada por causa do alvoroço que o nome Chico Buarque causava na época, o argumento para o veto aqueles versos demonstravam “um comportamento político que se constitui numa depreciação e num protesto às normas governamentais vigentes”.

  Não vamos esquecer do samba "Treze anos", também existe uma explicação para seu veto. Como foi dito anteriormente, a canção foi feita em 1977, e devemos lembrar que neste ano estava sendo comemorado os 13 anos do golpe de 1964, que para os militares era tratado como uma revolução. No dia 1 de abril de 1977, o então presidente, Ernesto Geisel, outorgou o chamado “Pacote de Abril”, que incluía algumas leis e o fechamento do Congresso. E foi nesse clima que Luiz Ayrão compôs o samba Treze anos:

Treze anos eu te aturo
Eu não aguento mais
Não há Cristo que suporte
Eu não suporto mais
Treze anos me seguro
E agora não dá mais
Se treze é minha sorte
Vai, me deixa em paz

  Para os censores a mensagem subversiva era evidente, então, a canção foi censurada. Entretanto, Luiz resolveu alterar o nome da música para “O divórcio”, que era um tema em voga na época, basta lembrar que foi nesse ano que o senador Nelson Carneiro conseguiu aprovar a lei do divórcio, até então era algo impossível no nosso sistema, o máximo que se tinha era o “desquite”. A letra foi enviada para um órgão diferente do anterior, por causa do título o novo censor não viu nenhum problema e a canção foi liberada, e a palavra divórcio não está em nenhuma linha da música:

Um dia eu perco a timidez
E falo sério
E faço as minhas leis
Com meu critério
Eu vou para o xadrez ou cemitério
Mas findo de uma vez
Com seu império

  Apesar dessa vitória do nosso querido sambista, o ministro do Exército da época, o general Fernando Belfort Bethlem ouviu a canção e não gostou, boatos dizem que ele adentrou em um prédio da Polícia Federal e soltou os cachorros nos ali presentes. De qualquer forma, essa história nos mostra que não foi apenas a aclamada “MPB”, de Chico e Caetano, como outros, que fez críticas diretas ao regime militar, cantores mais populares como Luiz Ayrão e Odair José também tiveram seus momentos de “subversivos”.

  Antes de encerrar, é interessante pontuar que apesar de Luiz Ayrão hoje ser reconhecido como sambista ele começou como compositor, na década de 1960, para a Jovem Guarda, em 1963 Roberto Carlos gravou sua canção “Só por amor”:

Só por amor eu vivo assim
Só por alguém que não gosta de mim
Mas não faz mal, ela um dia há de ver
Como é grande este meu amor

  E em 1973 o mesmo Roberto Carlos fez sucesso com outra composição do carioca, dessa vez a canção “Ciúme de você". Em 1974, Luiz Ayrão lançou seu primeiro LP e fez sucesso com a música “No silêncio da madrugada”, e como bem sabemos, não parou por aí, não à toa este texto está sendo feito para homenagear seu aniversário e sua vasta obra. Que as próximas gerações tenham contato com sua obra, como foi contado no texto, foi um compositor bastante importante na história da nossa música.

Transcrito de https://immub.org/noticias/colunista/matheus-bonfim-silva

Curso oferece qualificação para técnicos de som da cultura popular

janeiro 19, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Renato Barros e Diogo Lopes, ambos produtores fonográficos - Foto: Diogo Lopes/Divulgação


Da Folha de Pernambuco

   Até sexta-feira (21), o curso “Do terreiro para o mundo”, recebe inscrições para qualificação de técnicos de som integrantes da cultura popular. O curso tem certificado de participação e acontecerá no Espaço Cultural Casarão, na Boa Vista, entre os dias 25 de janeiro a 4 de fevereiro. 

   As inscrições devem ser feitas através do formulário Google. Para se inscrever é preciso cumprir algumas exigências: ser técnico de som maior de 18 anos e possuir experiência comprovada em eventos culturais.  

   São 25 vagas, dos quais 20 alunos vão receber uma bolsa com valor de R$ 5 mil, para ajudar na renda e diminuir os impactos da atual pandemia no ramo cultural. Serão nove encontros, e os alunos terão acesso à tecnologia e aos equipamentos de som.

   Entre os assuntos a serem abordados na oficina estão os sistemas de som, técnicas avançadas de microfonação de instrumentos, técnicas de mixagem.

   “... Pretendemos equilibrar a balança da indústria cultural, minimizando as assimetrias de poder e a concentração do conhecimento técnico e oferecendo aos integrantes de grupos de cultura popular tradicional a oportunidade de especialização técnica”, diz Diogo Lopes, músico, produtor fonográfico e pesquisador na área de tecnologia e cultura popular, coordenador do curso ao lado de Renato Barros, produtor fonográfico e técnico de som.  

Serviço 

Curso “Do terreiro para o mundo: aperfeiçoamento para técnicos da cultura popular” 

Inscrições abertas até 21 de janeiro pelo formulário Google 

Aulas: 25 de janeiro a 4 de fevereiro, das 14h às 18h (nos dias de semana) 
Onde: No Espaço Cultural Casarão, Boa Vista, Recife

sábado, 15 de janeiro de 2022

Thiago de Mello - Para os que virão

janeiro 15, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários

 Thiago de Mello morre aos 95 anos | Cotidiano | A Crítica | Amazônia -  Amazonas - Manaus

Para os que virão
Thiago de Mello (1926/2022)

Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
— muito mais sofridamente —
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

Pra assistir e cantar

janeiro 15, 2022 Por Alexandre Morais Sem comentários
Sentado à beira do caminho
Roberto Carlos e Erasmo Carlos 
 
Eu não posso mais ficar aqui
A esperar
Que um dia de repente você volte
para mim
 
Vejo caminhões e carros apressados
A passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho
Que não tem mais fim
 
Meu olhar se perde na poeira
Dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você
Ainda existe
 
Esse sol que queima no meu rosto 
Um resto de esperança
De ao menos ver de perto seu olhar
Que eu trago na lembrança
 
Preciso acabar
Logo com isso
Preciso lembrar
Que eu existo
Que eu existo
Que eu existo
 
Vem a chuva molha o meu rosto
E então eu choro tanto
Minhas lágrimas
E os pingos dessa chuva
Se confundem com o meu pranto
 
Olho pra mim mesmo me procuro
E não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança
Na beira de uma estrada
 
Preciso acabar
Logo com isso
Preciso lembrar
Que eu existo
Que eu existo
Que eu existo
 
Carros, caminhões, poeira, estrada
Tudo, tudo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu
Estou morrendo lentamente
 
Só você não vê que eu não posso mais
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira
Por você
Sentado à beira do caminho
 
Preciso acabar
Logo com isso
Preciso lembrar
Que eu existo
Que eu existo
Que eu existo