terça-feira, 28 de março de 2023

Maciel Melo - Crônicas de um Cantador

março 28, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários

 O lado de dentro do espelho

Do lado de fora do espelho, a essência de uma linda mulher que nem se diz santa, nem tampouco meretriz. Do lado de dentro, o reflexo de um olhar frágil juntando os fragmentos do que sobrou de quase quarenta anos vividos entre o real e a fantasia.
Juntando os cacos espalhados pelo tempo, remendando os retalhos dos frustrados sentimentos que ainda lhe restam; está ali, prostrada diante do espelho betumando as brechas das rugas prematuras que o destino descuidadosamente fez em sua face. Mas nada que lhe tire a singeleza e nem o brilho de sua sensualidade. As curvas, definidamente bem talhadas, fizeram meus olhos deslisar na sinuosidade do seu corpo e viajar na velocidade do primeiro pensamento que me veio à mente naquele instante.
Uma música suave, quase inaudível, um cheiro de perfume pelo ar, e duas taças sobre uma mesinha na cabeceira da cama, dão à entender que um bom vinho está pra ser aberto a qualquer momento. Nada como um bom vinho para assanhar a libido e atiçar a ternura entre dois lados opostos, porém, atraídos pelo magnetismo de um momento de prazer.
Aos poucos vão-se aninhando os pensamentos sob a melodia de um trompete que, pela digitação dos dedos aparenta ser de Miles Davis, ou Chat Backer, talvez. Não tenho certeza, afinal, isso é uma ficção baseada em um sonho que tive em uma noite de verão; mas se não for, não tem importância; a essa altura, já estávamos nus, balbuciando palavras obscenas e sussurrando coisas que até mesmo Deus duvida. E vão-se amiudando as diferenças no estender da madrugada, na bagunça dos lençóis, no ranger da cama, e no efeito do vinho que faz o mundo rodar, a gente adolescer, se agarrar e se espremer, até sair a última gota do sumo suado de uma noite inebriante cheia de tudo, pra se contar a miúdo, pra cometer absurdos e se perder nas entrelinhas da loucura e da razão.
Aí eu acordei, e quando dei fé, já era domingo!
Bom final de semana pra todos.

terça-feira, 21 de março de 2023

terça-feira, 14 de março de 2023

domingo, 12 de março de 2023

'O Auto da Compadecida 2': novo filme é anunciado 23 anos depois

março 12, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários


Do Portal Terra

    O Auto da Compadecida, filme lançado em 2000, baseado na obra de Ariano Suassuna (1927-2014), vai ganhar uma continuação. O anúncio foi feito pela dupla de protagonistas, Selton Mello e Matheus Nachtergaele, no Instagram (arte acima). A estreia está prevista para 2024, ainda sem dia e mês definidos.

   Guel Arraes e Flávia Lacerda serão os diretores. A produção fica por conta da Conspiração e H2O Films."Pedimos licença a Ariano Suassuna para dar continuidade à história desta grande amizade", afirmou Arraes.

   Selton Mello também falou sobre o projeto: "É uma emoção gigante, que nunca imaginei reviver! Nosso time é de craques, faremos o Auto da Compadecida 2 à altura da grandeza do nosso filme do peito e celebrando a memória de Ariano Suassuna". A dupla de protagonistas celebrou: "João Grilo e Chicó, 25 anos depois, juntos mais uma vez".

Copiado de: https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/filmes/o-auto-da-compadecida-2-novo-filme-e-anunciado-23-anos-depois,5c4a6f7f786a292629664597c0f32dcaoiu3roav.html

sexta-feira, 10 de março de 2023

CPDOc-Pajeú retoma os trabalhos de digitalização dos livros da Paróquia de Flores - PE

março 10, 2023 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

 

Pesquisadores do CPDoc-Pajeú retomam projeto de digitalização dos livros antigos da Paróquia de Flores-PE

 

        Pesquisadores do Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú (CPDoc-Pajeú) estiveram mais uma vez na cidade de Flores (PE) dando continuidade, junto à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, ao projeto criado por eles para catalogação, higienização e digitalização dos antigos livros de Batismo, Óbito, Casamento e outros.
    O projeto começou no final de 2020, tendo sido interrompido devido à pandemia de Covid19. Essa semana ele foi retomado e muita coisa foi adiantada. Foram digitalizados mais três livros de Casamento, os três primeiros livros, precisamente.
    “O primeiro livro de Casamento data de 1853 e é um livro cuja importância é enorme para o nosso pajeú, visto que grande parte da história das nossas famílias estão registradas lá”, contou o presidente do CPDoc-Pajeú, o Sociólogo e Escritor Hesdras Sérvulo Souto de Siqueira Campos Farias.
    Contando com a enorme gentileza do Padre Aldo Guedes, Pároco de Flores, e do apoio e orientação do querido Dom Egídio Bisol, Bispo Diocesano, a equipe de pesquisadores teve acesso amplo ao material que consta na Igreja Matriz da cidade.
    Preocupado com a preservação da memória eclesiástica e da história do nosso pajeú, Dom Egídio Bisol sugeriu aos pesquisadores do CPDoc-Pajeú que esse trabalho realizado em Flores também fosse feito em algumas paróquias que possuam livros antigos cujo estado físico requer bastante cuidado. De imediato os pesquisadores aceitaram a ideia.
    É muito importante salientar que todo o trabalho realizado pelo CPDOc-Pajeú é gratuito, uma vez que eles são uma entidade sem fins lucrativos.
    Estiverem nessa mais recente jornada em Flores, o historiador afogadense Alexsandro Acioly Silva, o historiador e professor tuparetamense Felipe Pedro Leite Aragão e o estudante e mais novo pesquisador do CPDoc, o jovem tabirense Kauã Silva Ferreira.
    Os livros que outrora foram digitalizados já foram entregues na Paróquia para formação de um banco de dados digitais, que atualmente já conta com nove livros digitais. Em breve os pesquisadores voltarão a Flores para conclusão do trabalho.
    A Freguesia de Flores de Pajeú, seu antigo nome, foi criada no século XVIII, precisamente em 11 de setembro de 1783, sendo a primeira freguesia criada no interior de Pernambuco.







 

Fonte: https://maispajeu.com.br


O frade que foi comido por um tubarão

março 10, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários


   Não são de agora nem remontam aos anos 90 as ocorrências com tubarões na Região Metropolitana do Recife. Esta semana o G1 PE catou uma matéria do Diário de Pernambuco de 11 de outubro de 1947 (imagem acima). No dia anterior um frade carmelita havia sido puxado para o fundo do mar, pela manhã, e o corpo aparecido, à noite, devorado do tórax para baixo.

   Tratava-se do Frei Serafim Oliveira de Melo, de 27 anos. O local, coincidentemente, foi a área da Igrejinha de Piedade, em Jaboatão, onde ocorreram os dois casos mais recentes.

   Serafim tomava banho de mar com outros três freis, de nomes Bartolomeu, André e Terésio. Já levados a sair do mar por conta da maré alta, os três religiosos foram surpreendidos pelos gritos de socorro e brusco desaparecimento de Serafim.

   Após mergulhos e ajudas de pescadores com lances de redes, viram um grande animal aparecer e rapidamente sumir nas águas. Foi o bastante para desistirem do socorro.

   Era por volta de meio dia e meia. Às 19h a parte restante do corpo do frade emergiu.

   À época não houve precisão, mas todas as características levaram o caso a ser classificado como ataque de tubarão. Há 76 anos.


Histórico

   Oficialmente as ocorrências com tubarões em Pernambuco só são identificadas a partir de 1992. De lá pra cá são 77 ocorrências  com 26 mortes.

   Do total, 15 incidentes ocorreram na área da Igrejinha de Piedade. Foi lá o primeiro registro oficial, o do banhista Ubiratan Martins Gomes, que foi à óbito.

quarta-feira, 8 de março de 2023

março 08, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Alexandre Morais - 100 linhas de Sertão

março 08, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Versos: Alexandre Morais

Arte: Edgley Brito

Cancão acuando cobra
E a bicha engolindo um sapo
E o bicho inflamando o papo
Pra ver se o tamanho dobra
Urubu comendo a sobra
De um cassaco esgoelado
Que o guará deixou de lado
Quando se viu satisfeito
Eis o retrato perfeito
Do sertão que eu fui criado

Um boi ruminando deita
Por cima do pasto frio
Chega a baba faz pavio
Quando o bicho se deleita
Um anu no lombo aceita
Nem liga pro beliscão
Que longe da precisão
Quem bem passa, mal não trata
Quando o verde veste a mata
Meu sertão é mais sertão

É difícil quem retrate
Uma noite assim tranquila
Um grilo longe sibila
E um cachorro longe late
Isso é ouro em quilate
Que Deus nos deu de presente
Fez o ouro reluzente
E o sertão que não reluz
Mas é o que mais seduz
E o que mais enrica a gente

Aprendi c’um certo João
Paraibano e poeta
Que o relampo é o profeta
Que anuncia o trovão
Que a semente racha o chão
Para a planta germinar
E sabiá ao cantar
Avisa que o ano presta
O trovão prepara a festa
Pra Asa Branca voltar
 
Quando chega a invernada
O nevoeiro aparece
E o relampo risca um “S”
Na tela da madrugada
Mas nessa seca danada
O “S” é o do sofrimento
Com mais o “T” do tormento
Judiando os animais
Se a seca demorar mais
Eu vendo até meu jumento
 
Um boi que saiu da canga
Inda com marca no lombo
Entre tropicão e tombo
Busca refúgio na manga
Com a mutuca se zanga
Lembra a vara que o furou
Depois lambe onde ficou
A ferida do ferrão
E o caçote lambe o chão
Da cacimba que secou
 
Nessa paisagem da gente
O suor é companheiro
Do trabalhador roceiro
Quando o sol grita: presente
Mas o sertanejo é crente
Ora para Deus agir
Só basta a reza subir
Pra água se derramar
Só Deus faz o céu chorar
Pro sertanejo sorrir
 
O ano tem dozes meses
Uns de chuva outros de estio
Quando chove canta o rio
Mas isto são poucas vezes
Sofrem os homens, as reses
Mas chuva que molha o chão
Espanta logo o carão
E acorda os sabiás
O sertão só dorme em paz
Quando ouve a voz do trovão
 
Minha casa é bem modesta
Mas cabe minha família
Faço da mata a mobília
E de jardim a floresta
Terreiro é salão de festa
A cancela é o portão
E existir uma mansão
Melhor que esta eu duvido
Além do lar que eu resido
Minha casa é o sertão
 
Quem pensa que é só tristeza
Falta de chuva e quentura
Nunca provou da fartura
Que é feita a nossa mesa
Pela própria natureza
Quem é daqui sabe dar
Um jeito de transformar
A boa vontade em pão
Quem fala mal do sertão
Não conhece o meu lugar
 
Eu enxergo a poesia
No sol que se deita rubro
Num fim de tarde de outubro
Ao som da Ave Maria
Miro ele todo dia
Chega o olho lacrimeja
Como quem sonha ou deseja
Fazer o que Deus tem feito
Deus tatuou no meu peito
A paisagem sertaneja
 
Deus fala à minha pessoa
No ranger d’uma braúna
No cantar d’uma craúna
No gralhar da cracatoa
No sapo, que na lagoa
Depois da noite parida
Corteja a lua nascida
Refletida na represa
Quem protege a natureza
Defende a base da vida

sexta-feira, 3 de março de 2023

março 03, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Podcast A Voz da Poesia chega com à segunda temporada

março 03, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários


    O Podcast “A Voz da Poesia” veio cheio de arte e cultura em sua segunda temporada que trouxe convidados e convidadas pra lá de especiais espalhados em seis episódios. 

  A poetisa Isabelly Moreira, apresentadora e diretora do Podcast, conversou com o escritor Bráulio Tavares, a escritora Cida Pedrosa, a artista Luna Vitrolira, o músico e compositor Rodrigo Sestrem, o poeta pajeuzeiro Pe. Luisinho e o pesquisador Anildomá Willams.

   “Assim como foi na primeira temporada, a segunda temporada também chega com conversas descontraídas sobre a poética, os processos criativos e várias outras pautas que pude desenvolver com esses amigos e amigas que tanto admiro. Gosto de dizer que quem chegar por aqui, vai poder ouvir uma prosa de calçada, como temos no interior. O intuito aqui é papear e, claro, espalhar poesia!” Afirma Isabelly que já está empenhada no seu próximo projeto de oficinas.

   Cada Episódio do Podcast é lançado toda quarta-feira, a partir das 19h, no canal do YouTube: 

https://www.youtube.com/c/VamosEspalharPoesia 

   O Podcast também chegará em breve às plataformas de streaming e a algumas programações de Rádios. Para acompanhar esses e outros detalhes das ações da poetisa, vocês podem acessar as redes sociais: 

https://instagram.com/isabelly_moreiraa?igshid=YmMyMTA2M2Y= 

https://www.facebook.com/isabelly.moreira.52 

quinta-feira, 2 de março de 2023

Antonio Marinho é o Diretor de Cultura Popular do Brasil

março 02, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários

Poeta Antonio Marinho, recitando no Pajeú em Poesia. Afogados da Ingazeira-PE, 2015. Imagens de Thadeu Filmagens.

   Agora é oficial. Ele anunciou em janeiro, na Festa de Louro, que havia sido convidado para assumir a diretoria de Cultura Popular do Ministério da Cultura. Arrumados os tempos e os papéis, a nomeação saiu. O pajeuzeiro de São José do Egito, Antonio Marinho, é o novo Diretor Nacional de Cultura Popular.

   O papel do cargo é bem conhecido dele: dar força e visibilidade às manifestações culturais tradicionais e populares do Brasil. Como poeta, cantor, pesquisador, produtor, divulgador e outros tantas aRtividades, Marinho é, como se diz, feito para a missão que recebe.

   "Isso não é um troféu, medalha ou premiação. É um serviço, que me alegra muito e que vale para todo o Pajeú e para todas as culturas de raiz. Estou muito feliz com as confianças da ministra Margareth Menezes e do Presidente Lula", disse.

2ª Mostra Mulher de Cinema divulga programação completa

março 02, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários


   A segunda edição da Mostra Mulher de Cinema – MMC acontecerá de 6 a 10 de março, em Afogados da Ingazeira, na Comunidade da Varzinha, Comunidade da Queimada Grande e no Cine São José, sertão do Pajeú.

   Durante a mostra serão exibidas produções dirigidas e/ou codirigidas por mulheres e pessoas não binárias, visando fortalecer a visibilidade e o debate sobre a participação das mulheres no cinema nacional. A programação gratuita da 2ª Mostra Mulher de Cinema conta também com atividades formativas para todas as idades.

   Entre os 35 filmes que integram a programação, está o curta-metragem ‘Lilith’, da realizadora afogadense Nayane Nayse.  Produzido e realizado em 2021, a obra narra relações familiares utilizando-se de imagens de arquivo e cenários de Afogados da Ingazeira e será exibido pela primeira vez no Cine São José.

   “Nesta edição também vamos experimentar um programa de gênero suspense/terror que esperamos agradar especialmente os jovens da cidade. Além disso, teremos uma programação de filmes para crianças, pessoas com deficiência e exibições na rua pensadas para fortalecer os alertas de violência e de valorização das mulheres”, explica a curadora Bruna Tavares.


   Compondo as atividades formativas, a mostra conta com a Oficina Rápida de Cinema Ligeiro, ministrada por Eva Jofilsan, que acontecerá na Comunidade da Varzinha e na sede de Afogados da Ingazeira, durante os dias do evento.

  A ideia é que os filmes produzidos na oficina sejam apresentados ao público no último dia de exibições no Cine São José. Também compõe a programação os encontros “Narrativas Originárias”, com Narriman Kauane, integrante do coletivo Thul’sê Audiovisual Fulni-ô, e “Representação das Mulheres no Audiovisual”, com Anna Andrade, produtora e distribuidora da Tarrafa Produtora e Distribuidora de Impacto Social. Os encontros acontecerão em escolas da cidade visando a  oportunidade dos jovens discutirem e conhecerem mais sobre a realização audiovisual.

   Em 2023 estamos mais ousadas, experimentando um novo formato para as nossas exibições e nos aproximando do público da cidade, teremos atividades em duas comunidades rurais, abrindo espaços para discussões importantes sobre as mulheres em nossa sociedade”. Estamos muito felizes em retomar a 2ª MMC em Afogados da Ingazeira, com novas parcerias, formatos de exibição e especialmente pelo reencontro com o Cine São José.” Explica Rafaela de Albuquerque, produtora da Mostra.


   A 2ª MMC é uma realização da Pajeú Filmes, com apoio da Diretoria da Mulher de Afogados da Ingazeira e da Secretaria de Educação de Afogados da Ingazeira. Incentivo do Funcultura / Fundarpe / Secretaria de Cultura / Governo de Pernambuco.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA 2ª MOSTRA MULHER DE CINEMA:

06/03 (Segunda-feira)

8h – Oficina Rápida de Cinema Ligeiro (Eva Jofilsan) – Comunidade da Varzinha

19h – Exibição do Programa 1 Esperança (55’) – Comunidade da Queimada Grande

SEED (SP, 2021, 2’), de Flávia Rabachim e Fabrício Rabachim

De todos os lugares, o mundo (PE, 2020, 5’), de Lia Leticia

Nem todas as manhãs são iguais (PB, 2022, 18’), de Fabi Melo

Miragem (PB, 2022, 15’), de Bruna Guido

Grão (RJ, 2020, 15’), de Adriana Miranda

07/03 (Terça-feira)

8h – Oficina Rápida de Cinema Ligeiro (Eva Jofilsan) – Comunidade da Varzinha

10h – Bate-papo: ‘O papel do cinema no interior’ – com Bruna Tavares – Escola Mª Giselda Simões

19h – Exibição do Programa 2 Sobre Viver (53’) -Comunidade da Varzinha

Eternidade (PE, 2021, 3’), de Lara Salsa

Volume (SP, 2022, 11’), de Adriana Paulini Leão

Céu (PB, 2022, 15’), de Valtyennya Pires

Barreiras Invisíveis (SP, 2021, 9’), de Pryka Almeida

Mãe Solo (BA, 2022, 15’), de Camila de Mo

08/03 (Quarta-feira)

8h – Oficina Rápida de Cinema Ligeiro (Eva Jofilsan) – Auditório da Secretaria de Assistência Social

8h – Exibição do Programa Acessível – Aprender e Construir  (47’) – Cine São José

Shazen (SP, 2021, 2’), de Maiara Araújo

Hospital de brinquedos (CE, 2022, 13’), de Georgina Castro  (Libras)

Quero ser Helena (CE, 2020, 11’), de Sunslly Marques (LSE)

Ave Maria (RJ, 2022, 15’), de Pê Moreira (LSE/ Libras/AD)

Viver Distrai (PE, 2021, 6’), de Ayla de Oliveira (LSE)

10h – Bate-papo: ‘A representação da mulher no cinema’ – com Anna Andrade – Escola Cônego João Leite

15h – Exibição do Programa 3 – Minha História (67’) – Cine São José

TonTon dente de leão (SP, 2021, 2’), de Ariédhine Carvalho

Sobre elas (SP, 2022, 14’), de Bruna Arcangelo, SP

Quero ser Helena (CE, 2020, 11’), de Sunslly Marques

Bonita (SP, 2021, 25’), de Mariana França

Lilith (PE, 2022, 15’), de Nayane Nayse

09/03 (Quinta-feira)

8h – Oficina Rápida de Cinema Ligeiro (Eva Jofilsan) – Auditório da Secretaria de Assistência Social

8h – Exibição do Programa Infantil – Sonhos de Criança (42’) – Cine São José

SEED (SP, 2021, 2’), de Flávia Rabachim e Fabrício Rabachim

Shazen (SP, 2021, 2’), de Maiara Araújo

Aninha em: a magia do sonho (PE, 2021, 7’), de Maria Luciana Rodrigues de Oliveira

Hospital de brinquedos (CE, 2022, 13’), de Georgina Castro

O Templo do Rei (SP, 2021, 5’), de Verônica Cabral

Rua Dinorá (CE, 2022, 15’), de Natália Maia e Samuel Brasileiro

10h – Bate-papo: Narrativas originárias – com Narriman Kauane – EREM Monsenhor Antônio de Pádua Santos

15h – Exibição do Programa 4 – Dia a Dia (62’) – Cine São José

Ela vem buscar os meus dentes (SP, 2022, 2’), de Patricia Felix Wagner

Crimes holandeses (PE, 2022, 22’), de Maria Clara Almeida

O último aviso (PE, 2021, 14’), de Éryka Vasconcelos

Cabiluda (PE, 2022, 20’), de aColleto, Dera Santos

A lenda do seca mão (CE, 2022, 4’), de Laura Cavaignac

10/03 (Sexta-feira)

8h – Exibição do Programa Infantil – Sonhos de Criança (42’) – Cine São José

SEED (SP, 2021, 2’), de Flávia Rabachim e Fabrício Rabachim

Shazen (SP, 2021, 2’), de Maiara Araújo

Aninha em: a magia do sonho (PE, 2021, 7’), de Maria Luciana Rodrigues de Oliveira

Hospital de brinquedos (CE, 2022, 13’), de Georgina Castro

O Templo do Rei (SP, 2021, 5’), de Verônica Cabral

Rua Dinorá (CE, 2022, 15’), de Natália Maia e Samuel Brasileiro

15h – Exibição do Programa 5 – Sobre Amar (58’) – Cine São José

Amor não vai embora (SP, 2022, 3’), de Beatriz Iwata

Último domingo (RJ, 2022, 17’), de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão

Ave Maria (RJ, 2022, 15’), de Pê Moreira

Avisa se voltar (SP, 2022, 17’), de Jota Carmo

Viver Distrai (PE, 2021, 6’), de Ayla de Oliveira

Exibição dos filmes- resultados da Oficina Rápida de Cinema Ligeiro – Cine São José

quarta-feira, 1 de março de 2023

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A lição do sono do rio

fevereiro 27, 2023 Por Alexsandro Acioly Sem comentários





 

A lição do sono do rio

    Contam os canoeiros do São Francisco que o rio, na hora grande da meia-noite, dorme dois minutos. É a hora em que a vida se assossega e o mundo se recolhe: as cachoeiras interrompem a queda, a correnteza cessa e Paulo Afonso silencia. 

    Os ribeirinhos aprendem que não se deve acordar o rio durante o sono

    Nos dois minutos de sono do rio, os peixes se aquietam, as cobras perdem a peçonha e a mãe d´água se levanta para pentear os cabelos nas canoas. Os afogados saem do fundo das águas em direção às estrelas. O sono do rio não deve ser interrompido, sob pena de endoidecer quem despertou as águas. 

    Matuto a respeito do que os ribeirinhos ensinam sobre o descanso do rio e concluo que vez por outra é mesmo necessário adormecer no tempo e sossegar como as águas.

    O ritmo da nossa sociedade – marcado pelo fascínio das máquinas, o ruído dos motores, a precisão dos relógios, a velocidade das informações simultâneas e a procura feérica da felicidade – acelera a vida e desencanta o tempo. Por isso é preciso, vez por outra, adormecer feito o rio ao abandono das horas, se aluar em águas paradas e abandonar os desatinos da felicidade.

    O sono do São Francisco, o desapego dos peixes e o silêncio das cachoeiras me fazem crer que a expectativa da felicidade, da forma como a sociedade de consumo lida com ela, é das coisas mais brutais que existem.

      Parece paradoxal, mas a expectativa da felicidade é uma fonte poderosa de angústias e desassossegos. 

   Que os caboclos do Brasil me iluminem para que eu respeite o sono do rio, o repouso dos peixes e o voo dos afogados. Que o país imaginado, e em mim recolhido, me ensine a viver na síncopa, no drible, na dobra do tambor, na oração dos romeiros, na dança lenta de Oxalufã, nas delicadezas do Reizado, nas rodas de cirandas, nas oferendas do Divino, na suavidade dos sons bonitos e na imponência calada das gameleiras.

     Nosso mundo, de tão virtual, anda meio desvirtuado – e eu quero cada vez mais ter o tempo de adormecer o rio, aquietar os peixes, sossegar as cachoeiras e me encantar com a Uiara a envaidecer canoas.


Luiz Antonio Simas, Pedrinhas miudinhas: 2012

Ilustração: Betânia Zacarias

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

No bar todo mundo é igual: Reginaldo Rossi e suas centenas de casos de amor

fevereiro 24, 2023 Por Alexandre Morais Sem comentários

The Silver Jets Créditos: Reprodução/Globo

Por Matheus Bomfim e Silva / IMMuB

    Reginaldo Rodrigues dos Santos, nascido no dia 14 de fevereiro de 1943 no Recife, conhecido nacionalmente como Reginaldo Rossi, famoso por diversas canções românticas taxados por muitos de brega, como “A raposa e as uvas”, “Leviana”, “Em plena lua de mel”, “As quatro estações”, a lista é grande, contudo, seu maior sucesso é “Garçom”, e isso pode ser explicado pelo próprio Rossi:

   “Minhas músicas tocam no iPod do desembargador e no radinho de pilha do porteiro porque, independentemente da classe social, todo mundo sofre por amor e gosta de ouvir canções românticas. Quando um homem leva um chifre, o diploma cai da parede”

   Reginaldo vem de uma família de classe média, foi estudante de Engenharia Civil e dava aulas de reforço de matemática. Assim como diversos jovens, também foi influenciado pelos Beatles, iniciou sua carreira musical em 1964, com o grupo The Silver Jets.

   “A gente sentia que estava para o Nordeste como os Beatles estavam para o mundo”, Reginaldo Rossi sobre o grupo.

Primeiro LP solo de Rossi, lançado em 1966 pela Chantecler

   Aqui já se tem algo importante sobre a carreira de Rossi, nem sempre ele foi o “Rei do Brega”, ele começou no rock, fez parte da onda da Jovem Guarda.

   Uma das músicas desse disco se chama “O pão” com uma sonoridade e letra típica do amor bobo da Jovem Guarda:

“Olha, nunca mais eu quero saber de você
Pois imenso amor que eu lhe dediquei
Você não ligou e nem se quer notou
Olha, você maltratou meu pobre coração
Fez uma bolinha e jogou no chão
E a chorar deixou e sem dizer adeus[...]”

   Em 1972, já pela CBS, Rossi lança o LP “Nos teus braços”, e nesse disco tem um clássico de seu repertório, Mon amour, meu bem, femme:

“E nada existe em você
Que eu não ame
Sou metade sem você
Mon amour, meu bem, ma femme[...]”

   Em 1976, Rossi lança uma canção que também é digna de nota, “Um romance que ninguém leu”:

“E só por mim, eu vou lutar
Se vou! Aham!
Pois, pra você eu vou provar
Que eu não sou
Uma roupa que se estragou
Uma chuva que não molhou
A semente que não nasceu
Uma fonte que já secou
Um perfume que não cheirou
Um romance que ninguém leu”

   Em 1980, pela Jangada/ EMI-Odeon, lançou o LP “A volta” e justamente  a faixa “Volta”, composição de Rossi e Dom Pixote, fez bastante sucesso na época.

“Volta, vem me ver aqui chorando
Vem ver eu me matando
Vem depressa, vem me amar
Volta que eu estou ficando louco
Morrendo pouco a pouco
Por não poder te abraçar”

   A partir da década de 1980 se percebe que as canções de Reginaldo Rossi vão tornando a forma com que ele é conhecido hoje, as letras não era mais sobre “brotos” como na Jovem Guarda, aquela temática ingênua do “iê-iê-iê” e ficando mais carregadas em sentimentalismo e mais melodrama. Isso pode ser notado na canção “Meu fracasso”, composição do próprio Rossi, lançada em 1981, no LP “Cheio de Amor”:

“Me dê um pouco de atenção
Quero abrir meu coração
E lhe contar do meu fracasso
Amo demais uma mulher
Que agora diz que não me quer
Que sente amor em outros braços
Mas, ela pode ter desejo
Suspirar com outros beijos
Ter prazer em outros braços
Mas, amor, sei ela não tem
Amar como eu ninguém
Eis aí o meu fracasso
Me dê um pouco de atenção
Quero abrir meu coração
E lhe contar do meu fracasso”

   Veja como a letra não é grande, o verso principal é bastante repetido, quem escutar vai perceber isso, contudo, essa forma “simples” ajuda a grudar nos ouvidos e o povo gosta de músicas fáceis de lembrar, basta lembrar de clássicos como “Eu não sou cachorro, não” e “Tortura de amor”, de Waldick, que possuem a mesma base, a mesma estrofe repetida, sem diversos versos . Ou até mesmo “Cadê você?” de Odair José, regravada pela dupla Leandro e Leonardo.

   O documentário “Reginaldo Rossi, meu grande amor” mostra que Reginaldo Rossi tinha consciência do estilo de composição que seria popular, ele se mostra bastante entendido de teoria musical e como fazer canções para o gosto popular.

   Contudo, o maior sucesso de Rossi não segue estritamente essa regra de poucos versos, mas a temática era extremamente popular, pois, como o próprio já disse, todo mundo já sofreu por amor. Em 1987, é lançado o LP “Teu melhor amigo”, disco que incluía a faixa “Garçom”, porém, diferente do que se pode imaginar, a canção não foi sucesso nacional naquele momento, somente no nordeste, região onde até hoje Reginaldo Rossi é bastante querido e lembrado.

“Garçom
Aqui, nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor”

   Em 1995 foi lançado um clipe da canção e a partir disso ela dominou o país. E foi na década de 1990 que se iniciou a criar essa imagem de “Rei do Brega”, termo este que nem o próprio Reginaldo gostava, pois tinha consciência da carga pejorativa dele. Lembrando que na década de 1970 era usado o termo cafona, para artistas como Waldick Soriano, Odair José, Nelson Ned, Paulo Sérgio, etc. A partir da década de 1980 o termo brega começou a ser usado. Mas como ele viu que não tinha escapatório, além da mídia, o próprio povo abraçou o “brega”, ele aceitou o personagem do rei do brega.

“O brega é a linguagem do povo. Não tem essa de ‘data vênia’, ‘metamorfose do meu ego’, ‘infraestrutura do meu ser’ e coisa e tal.” Reginaldo Rossi

   Reginaldo Rossi tem um admirador bastante famoso, Julio Iglesias, que não precisa de apresentações. Em 1991, o cantor espanhol estava em Pernambuco e quis conhecer Rossi, elogiou sua voz, dizendo que o recifense cantava melhor que ele. 

Julio Iglesias e Reginaldo Rossi em hotel no Litoral Sul pernambucano. (Foto: Fernando Gusmãoo/DP/D.A Press) Créditos: Diário de Pernambuco

    Em 1997, Rossi grava o disco “Última canção”, é a primeira faixa, uma regravação da clássica canção eternizada na voz do cantor capixaba Paulo Sérgio, assim Rossi, de maneira consciente ou não, afirma e endossa a importância e o legado de Paulo Sérgio, acusado de ser uma cópia barata de Roberto Carlos e de cafona mas que foi extremamente famoso no gosto popular. No mesmo disco Rossi gravou também “Se meu amor não chegar”,  sucesso na voz do também chamado de brega, Carlos André.

“Não posso mais, eu confesso
Confesso que vou chorar
Hoje quebro essa mesa
Se meu amor não chegar”

   Reginaldo Rossi também era apaixonado pela sua cidade natal, Recife, demonstrando essa paixão em mais de uma música, como em “Recife” presente no disco “A volta”, já citado neste texto.

“Existem muito mais coisas bonitas em Recife
Além das praias e do Sol
Existe toda uma cultura
Que ferve com o frevo
E que se cala e estremece
Sob o som dos Maracatus de Baque virado”

   E Recife até hoje retribui o amor, a capital instituiu o brega como patrimônio cultural imaterial. Além disso, no centro de Recife existe uma estátua em homenagem a Reginaldo Rossi.

Arnaldo Sete/DP, Diário de Pernambuco

   Reginaldo Rossi faleceu em 2013, em decorrência de um câncer no pulmão. Se não fosse por isso, estaria completando 80 anos dia 14 de fevereiro agora em 2023. Depois de 10 anos sua obra continua presente no imaginário popular, encantando diversas gerações, pois, repetindo o que já foi dito anteriormente, todo mundo sofre por amor, a identificação com seu repertório é imediata. Brega mesmo é ter vergonha de mostrar os sentimentos.

“Quando você foi embora
Os dias pra mim foram tristes demais
Nunca pensei que você
Fizesse a falta que agora me faz”

Transcrito de https://immub.org/noticias/no-bar-todo-mundo-e-igual-reginaldo-rossi-e-suas-centenas-de-casos-de-amor