Nestes dias de isolamento, às vezes, nos pegamos perguntando que dia é
hoje. Os dias tem parecido iguais. Temos nos mantido (pelos menos os
conscientes) retrancados. Acuados pelo medo do Novo Coronavírus e em
respeito aos que realmente sabem o que dizem.
De sábado pra domingo, no entanto, um fato grave, muito grave,
gravíssimo (salve, salve Graciliano Ramos, nordestino das Alagoas) mexeu
com a gente que se sente gente. Um cidadão que conquistou espaço na
mídia (nada seletiva), que se acha humorista (este é um direito que não
podemos tirar-lhe) e usa da democrática internet para se promover aos
olhos e ouvidos dos que fazem parte de nossa massa (salve, salve Zé
Ramalho, nordestino da Paraíba), testou positivo. Testou positivo para
um vírus mais antigo, mais resistente e mais devastador que o tal
corona.
De sábado pra domingo, Murilo Couto (um nortista do Pará, pasmem) com
o jeito, a cara e o traje do preconceito, do desrespeito, da
desumanidade, da desinformação, da arrogância, da inconsciência, da
inconsequência e da covardia (estava sozinho, sem interlocutores),
achando fazer graça, espirrou (ou cuspiu) na cara de Assisão.
De sábado pra domingo (falando apenas neste assunto), nada novo aconteceu. Se repetiu.
De sábado pra domingo (falando apenas neste assunto), nada novo aconteceu. Se repetiu.
Mas, de sábado pra domingo, Assisão ficou muito mais “ão”. O rei do
forró ficou mais representaç“ão” do Brasil de baixo: “in”, “re” e “dis”
criminado por ser real, natural e moral. A cusparada do cretino saiu da
boca da elite de cima e pegou na cara da elite de baixo (essa, sim,
fazendo jus ao termo). A elite humana de todas as raças, gêneros e
espacialidades sentiu-se atingida em sua essência.
Claro, de sábado pra domingo, houve reaç“ão”.
E aí o dito cujo, mais sujo do que cujo (salve, salve Dias Gomes,
nordestino da Bahia), apareceu pedindo desculpas. Desculpas sem verdade é
verdade. Apareceu com a mesma cara, jeito e (ul)traje que julga serem
engraçados. Por assim dizer, um desgraçado mesmo.
E nós? Nós crescemos. Ficamos mais aumentativos. Ativos. Vivos.
Ficamos mais “ão”. Como o nosso grande, muito grande, grandessíssimo Assisão.
E assim seremos e reagiremos. Sempre.
Sou gente, sou arte, sou Assisão. Se mexeu com ele, mexeu comigo também.
Alexandre Morais (nordestino de Pernambuco, com um orgulho da mulesta dos cachorro), Poeta e jornalista