terça-feira, 30 de novembro de 2021

Alexandre Morais - A quem interessar possa

novembro 30, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários
 

Arte: Edierck José
Poema: Alexandre Morais

A quem interessar possa
 
Não, não queira me calar
Psiu vá dar pra sua tia
Ou para seus seguidores
Esses da cara de lia
Pois comigo a merda talha
Ninguém vai botar cangalha
No lombo da poesia
 
De quem faz que não enxerga
Quem o que é bom dispensa
E de quem só tem ouvidos
Pra opinião torta, pensa
De quem só joga pro povo
Adorando baba ovo
Eu tô longe, dê licença
 
Vou pro meio dos poetas
Onde vinga a coerência
Onde dá-se o verdadeiro
Grito da independência
Onde a vista não se turva
Que poeta não se curva
Para a falta de decência
 
Eu vou encher os salões
Eu vou gritar pelas ruas
Eu vou tentar preencher
As mentes que vagam nuas
De ti não terei saudades
Porque as minhas verdades
São diferentes das tuas
 
Fique lá com seu poder
Dê sopapo, dê porrada
Quem quiser que baixe as calça
Pra sofrer, levar lapada
Que tem gente que se rende
Que tem gente que se vende
Mas não me entrego por nada

Se rodeie de quem quiser
Aceitar sua ditadura
É fácil achar quem aceite
Ser um filho da censura
Posso perder a disputa
Mas não me rendo na luta
Que eu sou filho é da cultura
 
E isto não é orgulho
Nem tampouco vaidade
É apenas o registro
Da minha identidade
No aperto tem quem se cague
Mas não há nada que pague
Pela minha liberdade
 
Fique lá, que eu fico cá
Pode negar-me os jornais
Negue os rádios e TVs
Revistas e tudo mais
Prossiga no seu fascínio
Mas não verás o domínio
Calando meus ideais
 
E por mais que te mantenhas
Só disposto a encher fossa
Trabalharei na cultura
Como um caboclo na roça
Só combatendo os perversos
E oferecendo estes versos
A quem interessar possa

Pra cantar junto com Renato Teixeira e Almir Sater

novembro 30, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


A flor que a gente assopra
(Almir Sater e Renato Teixeira)

Não sei tirar você do meu pensamento
Em qualquer lugar, a qualquer momento
Você chegando vem

Não sei tirar você do meu pensamento
Em qualquer lugar, a qualquer momento
Você chegando vem

Vem como um passarinho que fez um ninho
Em meu peito e agora não tem mais jeito
É ele que acende o meu coração

Vem como aquela flor que a gente assopra
E flutua mui delicadamente
E deixa contente o meu coração

Não sei tirar você do meu pensamento
Em qualquer lugar, a qualquer momento
Você chegando vem

Não sei tirar você do meu pensamento
Em qualquer lugar, a qualquer momento
Você chegando vem

Vem como um passarinho que fez um ninho
Em meu peito e agora não tem mais jeito
É ele que acende o meu coração

Vem como aquela flor que a gente assopra
E flutua mui delicadamente
E deixa contente o meu coração

Vem como aquela flor que a gente assopra
E flutua mui delicadamente
E deixa contente o meu coração

Vem como um passarinho que fez um ninho
Em meu peito e agora não tem mais jeito
É ele que acende o meu coração

Não sei tirar você do meu pensamento
Em qualquer lugar, a qualquer momento
Você chegando vem

Mostra SerTão Musical começa nesta quinta em Triunfo

novembro 30, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


Do Blog do Nill Júnior

   Dias de estímulo à produção autoral, de valorização do sertão pernambucano e fortalecimento das manifestações culturais da região. É com esses objetivos que a Fábrica de Criação Popular do Sesc Triunfo vai promover a Mostra SerTão Musical, entre os dias 2 e 4 de dezembro.

  Com programação gratuita e sem classificação etária, a quinta edição da Mostra será realizada no Theatro Cinema Guarany, na Praça Carolino Campos, em Triunfo. Diariamente, duas atrações vão se apresentar ao público, sempre às 19h e 20h. Quem abre o projeto é o músico Joelis Bezerra, da cidade, seguido do cantor e compositor Neto Sales, de Surubim.

  Nos demais dias, subirão ao palco Ednardo Dali (São José do Egito) e Toinho de Triunfo (Triunfo), no dia 3, e Rafael Tavares Quarteto (Salgueiro) e Rai di Serra (Serra Talhada), no sábado (4). Durante a atividade no teatro, o uso de máscara é obrigatório, assim como respeito ao distanciamento e capacidade do lugar.

Serviço:

Mostra Ser Tão Musical

Data: de 2 a 4/12, das 19h às 21h

Local: Theatro Cinema Guarany

Entrada: gratuita

Informações: (87) 3846.1341

Programação:

Quinta-feira (02/12): 19h – Joelis Beserra (Triunfo) | 20h – Neto Sales (Surubim)

Sexta-feira (03/12): 19h – Ednardo Dali (São José do Egito) | 20h – Toinho de Triunfo (Triunfo)

Sábado (04/12): 19h – Rafael Tavares Quarteto (Salgueiro) | 20h – Rai di Serra (Serra Talhada)

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

novembro 26, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Ademar Rafael - Crônicas de Bem Viver

novembro 26, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 PAULO FREIRE, CEM ANOS

Ademar Rafael

   Por entender que pessoas que não enxergam a servidão como uma deformação da sociedade são as mesmas que não se esforçam para absorver ideias libertárias este texto não pretende entrar nesse debate, busca jogar luz na obra do educador pernambucano Paulo Reglus Neves Freire, que tanto lutou em defesa da justiça social no mundo.

   As teorias do grande pensador e defensor de libertação pela educação, são estudadas e utilizadas em diversas partes do mundo. No Brasil por motivos ideológicos são contestadas. Faz parte do nosso jeito de ser. Este fenômeno é histórico e alcança outros que se aventuraram na defesa da liberdade ou a inclusão social. As críticas que Paulo Freire fez no tocante a utilização da educação convencional, baseada em conceito para ele não adequados, e os métodos por ele propostos são utilizados como ponto de discórdia. Descaracterizar e contestar os fundamentos do educador é prática comum de diversos gestores da nossa falida educação de massa.

   Apresento a seguir estrofes feitas para cordel coletivo alusivo ao centenário de Paulo Freire:

Paulo Freire antológico
Quando o ensino mudou
E em Angicos testou
Seu projeto pedagógico
Trazendo formato lógico
Popular, funcional
Ganhou fama mundial
Por que era inovador
PAULO FREIRE FOI DOUTOR
DA JUSTIÇA SOCIAL


Condenou com veemência
A Educação bancária
Com ideia libertária
Defendeu com coerência
O conceito de docência
Com caráter universal
Do filho do industrial
Ao filho do lavrador
PAULO FREIRE FOI DOUTOR
DA JUSTIÇA SOCIAL


Sua tese cristalina
No mundo é respeitada
No Brasil é criticada
Por olhar a campesina
Secretário de Erundina
Em São Paulo, capital
E o Cortella genial
Foi dele o sucessor
PAULO FREIRE FOI DOUTOR
DA JUSTIÇA SOCIAL


No que nos deixou escrito
Tratou de libertação
Pedagogia, opressão
Medo, ousadia e conflito
Também falou de atrito
De mudança, capital
Libertação cultural
Dando a leitura valor
PAULO FREIRE FOI DOUTOR
DA JUSTIÇA SOCIAL

   É legítimo discordar das minhas ponderações, ignorar a importância do educador talvez não o seja.

Almir Sater – 65 anos: qual o som do Pantanal?

novembro 26, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 Por Carlos Gregório dos Santos Gianelli / IMMuB

   Um lugar não é feito somente daquilo que o compõe visualmente, como a paisagem – seja ela natural, coberta de montanhas, planícies ou vales; seja ela alterada pelo ser humano, com casas, edifícios, lojas e fábricas. Um lugar também é feito de experiências sensoriais que podemos perceber dele, mesmo nunca tendo estado lá fisicamente. Conseguimos transportar-nos ou perceber lugares nos quais nunca estivemos provando da culinária daquele local, visualizando-o por meio de fotografias e filmagens, sentindo o perfume de alguma planta. No entanto, talvez uma das experiências mais poderosas que se possa ter para realizar esse transporte fictício seja através da sonoridade. Mesmo que esta seja inventada ou imaginada, os lugares têm sons que o compõe e a organização e a representação desses sons no formato musical são uma tarefa que poucos conseguem fazer. Luiz Gonzaga sintetizou, em sua sanfona e no formato de trio para a apresentação de suas canções, um lugar no formato da experiência sonora: o sertão nordestino. Nesse mesmo lugar, mais focado na sonoridade da sanfona em si, outro grande exemplo é Dominguinhos. Cada nota escolhida, cada acorde encaixado, cada melodia composta parece ajudar a compor, enquanto experiência sonora, o que enxergaríamos de cor, profundidade, linha do horizonte, relevo, clima, fauna e flora do nordeste brasileiro.

   De maneira semelhante, Almir Sater tem contribuição fundamental na música brasileira no âmbito da possibilidade de transmutar a experiência visual do Pantanal em suas composições ao longo de seus 65 anos de vida. Seja em suas composições instrumentais, seja nas canções, o violeiro de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foi o que melhor sintetizou, no som, o que poderíamos enxergar. As grandes planícies inundadas da região pantaneira parecem percorrer a viola de Almir Sater em suas composições instrumentais que valorizam, por exemplo, o ressoar da viola caipira. Esse mesmo ressoar entrega, como experiência sonora, a paisagem aberta e ampla que se enxergaria estando no Pantanal. É quase como se o som não tivesse uma barreira física que o limitasse, fazendo ressoar e ecoar por muito tempo nas longas planícies das fazendas. Mesmo tendo nascido na cidade, Almir Sater sempre se interessou, quando criança, pela paisagem e pelo modo de vida dos peões pantaneiros. No entanto, foi quando se mudou para o Rio de Janeiro, para cursar a faculdade de Direito, que o ressoar da viola caipira – tocado por uma dupla mineira no Largo do Machado, no centro da capital carioca – o despertou para o instrumento e para todo o universo sonoro carregado com ele. Antes dessa experiência modificadora, ouvia o som da viola nos programas irradiados logo de madrugada no início do dia: “Esse som sempre me fascinou. É um sentimento, uma tara e eu nunca soube por quê. É a minha sina”, relatou o violeiro. Vale lembrar que, no período da infância de Sater, Campo Grande não era a capital que é hoje. A cidade ainda era rodeada por muitas fazendas, sendo que o artista frequentava a de seus tios. Logo, essa percepção do garoto urbano, mas fascinado pelo modo de vida rural, será a base do que constituirá sonoramente toda a sua carreira. 

   Depois da experiência no Largo do Machado, Almir Sater comprou uma viola caipira, trancou o curso de Direito e voltou para Campo Grande. Lá, criou um grupo que pesquisava música caipira e latino-americana. Em 1978, integrando a dupla Lupe e Lampião (Sater era Lupe), alcançou o quarto lugar no Festival Sertanejo da Record. Já morando em São Paulo, fez parte ainda do grupo Lírio Selvagem, juntamente a Tetê Espíndola, sua conterrânea. Nessa etapa de sua carreira, antes de conseguir gravar um disco, integrou também o grupo Vozes e Violas. 

   Em 1981, Almir Sater gravou seu primeiro disco pela Continental, intitulado “Estradeiro”. Foi nos estúdios da gravadora que teve a oportunidade de conhecer mais de perto aquele que era uma de suas referências na viola caipira: Tião Carreiro. Apesar de serem de estilos diferentes, as possibilidades sonoras demonstradas por Carreiro em seus pagodes e a habilidade do ponteio da viola sempre foram uma referência no horizonte da carreira de Almir Sater. Tanto que, já neste primeiro trabalho, encerra com a faixa “No quintal de casa”, uma composição instrumental de Almir Sater com a participação de Tião Carreiro na viola. Já no segundo álbum, “Doma”, de 1982, é estabelecida a parceria com Renato Teixeira, que viria a dar bons frutos no futuro próximo. É deste trabalho a canção “Peão”, de autoria dos dois, escolhida para abrir o disco e que teve sucesso garantido ao integrar a trilha sonora da novela “Fera Radical”, da Rede Globo. Em 1985, Almir Sater volta seus olhos novamente para o Pantanal na busca por decodificar o lugar musicalmente e lança o documentário “Comitiva Esperança - Uma viagem ao interior do Pantanal”. Neste filme, de Wagner de Carvalho, o violeiro percorreu – acompanhado dos músicos Paulo Simões e Zé Gomes, do fotógrafo Raimundo Alves Filho e do jornalista e pesquisador Zuza Homem de Mello –, entre novembro de 1983 e fevereiro de 1984, as estradas de Paiaguás, Nhecolândia, Piquiri, São Lourenço e Abobral, parando em pequenas comunidades e registrando o seu modo de vida, buscando pontos em comum com a sonoridade forjada pelo violeiro. Quase que em uma operação etnomusicológica, Almir Sater visou, neste projeto, a compreender de perto como vivia a comunidade pantaneira, buscando inspiração para o que poderia resultar em algum registro musical daquele espaço e de seu modo de vida. Algumas pistas da percepção do violeiro podem ser ouvidas em seu primeiro álbum instrumental, lançado em 1985, intitulado “Instrumental”, resultado da viagem empreendida para o documentário. 

   No ano seguinte, em 1986, o violeiro faz uma incursão ao pop oitentista, permeado de guitarras e teclados, no álbum “Cria”, que traz novas parcerias com Renato Teixeira nas faixas “Missões Naturais” e “Trem de Lata”. A sonoridade deste álbum difere completamente do que vinha sido construído até então na carreira do violeiro. Talvez, por isso, no trabalho seguinte, “Rasta Bonito”, gravado e lançado em 1989, Almir Sater retome a sonoridade mais rural dos trabalhos iniciais, promovendo a fusão de suas influências regionais brasileiras com a sonoridade rural dos Estados Unidos. O disco, gravado em Nashville (EUA), consolida a parceria com Renato Teixeira, sendo a dupla responsável por cinco das dez canções do disco. Além dessas, há uma parceria com compositores locais, “Homeless Souls”; uma composição instrumental, intitulada “Capim Azul” (uma possível brincadeira com o gênero bluegrass estadunidense, homenageado na composição que junta elementos violeiros e do gênero rural norte-americano); as regravações de “Tristeza do Jeca” e “Tennesse Waltz”; e, de autoria de Tavinho Moura e Márcio Borges, “Cruzada”, encerrando o álbum. Das cinco composições assinadas por Sater e Teixeira, uma delas tornar-se-ia um clássico obrigatório no repertório do violeiro – “Um Violeiro Toca” entoa o refrão: “Tudo é sertão, tudo é paixão, se o violeiro toca / A viola, o violeiro e o amor se tocam”. A canção teria sua divulgação facilitada com a estreia de Almir Sater em novelas, ao estrelar “Pantanal”, escrita por Benedito Ruy Barbosa e transmitida pela Manchete em 1990. No mesmo ano, a parceria com Renato Teixeira atingiu seu auge na composição que talvez seja o maior clássico da dupla: “Tocando em frente” arrematou o Prêmio Sharp de composição, sendo a primeira gravação feita por Maria Bethânia para o álbum “25 anos”. Neste mesmo ano, Almir Sater ainda levaria mais dois prêmios Sharp como melhor solista e composição instrumental com a música “Moura”, presente no álbum “Instrumental II”. 

   Aclamado pela crítica e com a sua imagem amplamente divulgada em rede nacional com o sucesso da novela, a carreira de Almir Sater teve uma explosão no início da década de 1990, tendo o artista realizado dezenas de shows pelo Brasil. Atestando o sucesso atingido, protagonizou, logo no ano seguinte, em 1991, a novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, também pela Rede Manchete. O violeiro fez o papel do misterioso peão Zé Trovão. Cinco anos depois, voltaria a atuar na novela “O Rei do Gado”, de autoria de Benedito Ruy Barbosa. Sater interpretou Pirilampo, integrante de uma dupla caipira com Sérgio Reis, que fazia o papel de Saracura. A resposta do público para a dupla “Pirilampo e Saracura” foi grande a ponto de lançarem uma trilha sonora especial, “Volume II”, somente com gravações da dupla fictícia, com participações de João Paulo e Daniel e Chrystian e Ralf com Agnaldo Rayol. Almir Sater ainda lançou, em 1997, o disco “Caminhos me levem”, antes de ficar nove anos sem lançar um álbum de estúdio. O retorno ocorreu em 2006, com o disco “7 sinais”, no qual retoma fortemente a parceria com Paulo Simões, assinando com ele sete das dez canções. No mesmo trabalho, há duas parcerias com o velho conhecido Renato Teixeira e uma composição solo. 

   A discografia do violeiro do Pantanal ganhou, nos últimos anos, mais dois álbuns de estúdio, reafirmando a parceria com Teixeira. “AR”, lançado em 2015, teve, como proposta, apresentar um trabalho de inéditas, celebrando a parceria da dupla de décadas. Gravado parte no Brasil e parte em Nashville, nos Estados Unidos, o álbum conta com dez composições inéditas, cuja sonoridade vagueia entre o folk e o country, além do evidente sotaque caipira presente nas composições de dois artistas urbanos que se dedicaram a lançar seu olhar sobre o rural. A recepção do trabalho foi excelente e arrebataram o prêmio de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras no 17º Grammy Latino. O último álbum lançado por Almir Sater, “+AR”, em 2018, continua a mesma toada premiada do trabalho anterior.

   Sobre a sonoridade da viola especificamente, além da já citada influência de Tião Carreiro na lida com o instrumento, outra referência importante para Sater foi Renato Andrade. Dele, percebeu a possibilidade de afinar a viola caipira no modo “rio-abaixo”, no qual, no lugar de utilizar o bordão em ré, abaixa para dó. Na percepção de Sater, isso daria a sensação de um som mais amplo, aberto. Sendo um estudioso do instrumento, lançou mão de várias afinações, tendo, como principais, a chamada cebolão, em suas variações ré maior ou mi menor; e, como marca registrada e invenção sua, a afinação em dó maior. Diferentes afinações para um instrumento difícil de tocar e aprender (ainda mais na época em que Almir Sater começou – hoje, existe uma infinidade de cursos presenciais e on-line espalhados pelo Brasil dedicados à viola caipira) nada significariam se não fossem bem utilizadas pelo violeiro mato-grossense. 

   Retomando a ideia de transposição musical da paisagem do Pantanal, todas essas afinações mencionadas estão, para o músico, assim como uma paleta de cores e uma escolha de técnica estão para um artista plástico. Determinadas afinações podem remeter ao universo caipira que estamos mais acostumados a ouvir e que está eternizado em clássicos do gênero, como Tonico e Tinoco e Pena Branca e Xavantinho – ou mesmo nas duplas surgidas na década de 1980, com destaque para Chitãozinho e Xororó. Toda essa pesquisa dedicada à sonoridade da viola empreendida por Almir Sater buscou explorar outras possibilidades do instrumento, que é utilizado desde na música de repente dos artistas do sertão nordestino até na música de fronteira do Brasil com o Paraguai. É nesse sentido que podemos perceber, na produção artística de Almir Sater, uma eterna busca pela seguinte questão: qual é o som do Pantanal? A resposta ainda não tem seu ponto final nesses 65 anos de vida do artista, restando-nos continuar nessa viagem em sua comitiva sonora tão necessária em tempos carentes de esperança.

Copiado de https://immub.org/noticias/almir-sater-65-anos-qual-o-som-do-pantanal

Carlos Gregório dos Santos Gianelli: Doutor em História pelo PPGH/UDESC. Possui graduação na mesma área pela UFSC, quando desenvolveu trabalho abordando a música caipira. No mestrado na UDESC, aprofundou a temática ao ter como foco a dupla Alvarenga e Ranchinho, resultando na dissertação denominada “‘Os milionários do riso’: a performance humorística da dupla Alvarenga e Ranchinho nos programas de rádio (1936-1947)”. No doutorado, pesquisou a música brasileira produzida na Rádio Nacional nas décadas de 1930 a 1950.

domingo, 21 de novembro de 2021

Quebrando preconceitos

novembro 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


   A mãe de Vitória (4 anos), ao saber por outra mãe que na sala de aula da sua filha havia um novo aluno com Síndrome de Down, decidiu perguntar à sua filha por esse novo companheiro diferente, do qual a menina não tinha comentado nada ainda.


Mãe: 
- Este ano tem novos colegas na aula?

Vitória: 
- Sim.


Mãe: 
- E tem algum que se porte estranho?

Vitória: 
- Não.

Mãe: 
- Não tem nenhum que seja diferente?

Vitória: 
- Somos todos diferentes, senão como as mamães saberiam quais são os seus filhos.

… É na pureza de uma criança que encontramos o divino propósito da vida …
   Ninguém nasce com preconceitos, são adquiridos com a convivência de preconceituosos.

Texto recebido por WhatsApp
Imagem: facebook/hermetismo

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Uma Mesa de Glosas e as glosas de Alexandre Morais

novembro 18, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários



   Em 2019 íamos a Belo Horizonte, apresentar esta mesa presencialmente. Primeiro um contratempo e em depois a pandemia fizeram com que esperássemos até agora.
  Noves fora qualquer queixa, a fizemos hoje (18/11/21) e não só pra quem estaria conosco na capital mineira, mas para o mundo todo. Valeu muito a pena.
   Assista abaixo o vídeo na íntegra.
   E mais abaixo ainda, as glosas de Alexandre Morais, produtor desta página.


Mote 01

A vida, sempre inconstante
Vai mostrando o seu compasso
E eu vou seguindo meu passo
Devagar, mas sempre adiante
Quando me descubro errante
Bebo da sabedoria
Da cacimba da poesia
E sigo minha viagem
Nesse rito de passagem
Sigo minha travessia

Mote 02

Não é só a pandemia
Causada pela Covid
Sobre este País incide
O gume da tirania
O governo que devia
Cortar o mal na raiz
Vendo uma cicatriz
Corta é mais no mesmo canto
A tristeza com seu manto
Cobre a face do país

Mote 03

Rima, mas sem poesia
O fascismo com racismo
Que racismo com fascismo
Não é rima, é apatia
Quem nessa rima se cria
Tanto superlota celas
Quanto ilumina com velas
Um corpo discriminado
O racismo tem matado
Dandaras e Marighellas

Mote 04

É melhor andar atento
Seja calçado ou descalço
Que é pra não pisar em falso
E romper um ligamento
E pra um melhor sustento
É bom andar com a massa
Que quem um a outro abraça
Em lodo nenhum desliza
Quem não olha aonde pisa
Não sabe por onde passa

Mote 05

Amar nunca é demais
Mas demais eu a amei
Ou pelo menos tentei
Amar mais e mais e mais
Brotou em meus carrascais
Como uma flor virginal
Mas eu não formei casal
Com quem eu chamei de flor
Eu achei que fosse amor
Mas tudo virtual

Mote 06

Quem me quer mandei embora
Cantei muito no passado
E hoje sofro reprisado
Com Marília um novo fora
Essa sofrência me tora
E eu vou ter que resolver
Quem eu quero convencer
Ou querer quem me quiser
Quem eu quero não me quer
Quem me quer não vou querer

novembro 18, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Professor e poeta tabirense terá tese de mestrado apresentada em evento na Grécia

novembro 18, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Do Afogados Conectado 

   O Professor e poeta tabirense Genildo Santana terá sua tese de Mestrado apresentada e discutida na Grécia na II Bienal Internacional de Prática Filosófica, que acontecerá entre 25 e 28 de Novembro de 2021, na Universidade de Egeu, na Ilha de Rodes, Grécia. O evento seria presencial em Maio de 2020, mas por conta da Pandemia foi adiado e se dará na modalidade remota.

  A tese do professor Genildo Santana é Pelo Ensino de Filosofia a partir do cordel: Triálogo entre Filosofia, Poesia e Educação em Sala de Aula e será apresentada e discutida na II Bienal pelo seu Professor e Orientador Dr. Flávio José de Carvalho, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). 
  O tabirense fez mestrado em Filosofia Profissional pela Universidade Federal do Paraná, no campus da UFCG, tendo defendido sua tese aos 27 de Setembro de 2021.
 
  A Bienal Internacional de Prática Filosófica busca novas práticas viáveis ao Ensino de Filosofia no ensino Fundamental II e Médio. Genildo aposta no cordel como auxiliar/parceiro no Ensino de Filosofia.

  Genildo é professor na escola Dom Bosco, em Tabira e também na FASP em Afogados da Ingazeira. Como poeta e cordelista que é, o professor une a Filosofia e a Poesia, o cordel popular, à Pedagogia, favorecendo, assim, um triálogo em sala de aula.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Ronaldo Correia de Brito - Brigam Espanha e Portugal no Sertão do Ceará

novembro 17, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


  O historiador cearense Capistrano de Abreu sugere um estudo mais aprofundado da colonização dos sertões brasileiros. Ressente-se que a maior parte da nossa historiografia não vai além do litoral. Isto é compreensível porque foi no litoral que cresceram as grandes cidades e escolas, ficando os sertões num isolamento que só diminuiu com o avanço das estradas e dos meios de comunicação. Esse desterro em que viveram populações inteiras justifica a permanência de hábitos alimentares, narrativas orais, cantos e danças. Jorge Luis Borges afirmava não ter encontrado o Oriente em Israel, encontrando-o na Espanha.  Da mesma forma podemos afirmar que é possível encontrar um Portugal e uma Espanha que não existem mais, em sertões nordestinos esquecidos no tempo, vivendo medievalmente à margem da história.

   Três livros sem maior repercussão, nem mesmo nas cidades onde foram criados, ilustram como vivemos à margem da nossa história: O Clã dos Inhamuns, do cearense Nertan Macedo; O Tratado Genealógico da Família Feitosa, do também cearense Leonardo Feitosa; e Os Feitosa e o Sertão dos Inhamuns, do brasilianista Billy Jaynes Chandler. Neles, conhecemos um pouco da colonização do Ceará, ocorrida a partir do final do século dezessete, e constatamos o que afirma o poeta Mário Hélio, que as histórias sertanejas em nada ficam a dever à épica e à tragédia gregas.

  Duas famílias, Os Monte e os Feitosa, durante anos guerreiam entre si, disputando terras e poder, nos sertões dos Inhamuns, Cariri e Icó, aliadas às tribos indígenas locais. O território da guerra é maior que o de muitos paises europeus. O curioso da narrativa é que um pedaço da história de além-mar é transposto para o Nordeste. Os Montes eram cinco irmãos, dois homens e três mulheres, de origem espanhola, que vieram da Europa, fugindo ao rigor das perseguições da Inquisição. Dois deles, Geraldo do Monte e sua irmã Isabel, internaram-se nos sertões de Pernambuco e vieram ter ao Ceará.

  No engenho Currais de Sirinhaém, em Pernambuco, residiam os Feitosa, de origem portuguesa, que se comprometeram gravemente no levante dos Mascates do Recife. Para evitar a perseguição que se fez aos brasileiros que entraram nesta sedição, fugiram para o interior do Ceará, onde se fixaram nas proximidades de Icó. O relato é dos historiadores citados. O destino faz com que essas duas famílias se encontrem e se cruzem. Isabel, irmã viúva de Geraldo do Monte, casa com Francisco Feitosa, da família de Sirinhaém.

  A trama está armada. Questões de honra e disputas pela terra colocam os Monte e os Feitosa em palcos diferentes. A Ibéria se transpõe para as terras secas dos sertões cearenses, a Espanha representada por perjuros e Portugal por insurrectos. Guerras e rivalidades seculares podem se continuar na paisagem de angicos, aroeiras, imbuzeiros, jucás e pereiros. E no leito seco de rios que só correm no inverno.

  Ao invés de castelos de ameias, casas de taipa de cumeeiras altas, só mais tarde substituídas por casarões alpendrados de tijolo, alguns com pedestais de mármore vindos da Itália. No lugar de armaduras e brasões de metal reluzente, roupas de couro rude, dos rebanhos apascentados no planalto. Os luxos de ouros e veludos só irão aparecer depois. No início, só existem a dureza da terra, a lei bárbara, a solidão. Matanças infindáveis para garantir o poder. A união proposta pelo casamento degenera em guerra. O velho sangue ibérico, diluído em gerações, é sempre o de espanhóis e portugueses, disputando pedaços de terra.

  É também possível que a guerra entre Tróia e Grécia tenha significado mais para Homero, que para os gregos. Homero escreveu o seu poema, que fixa o idioma clássico, organiza a mitologia, arruma os deuses no Olimpo. Os bravos aqueus ou morreram nos combates ou em casa, velhos e nostálgicos. Sem Homero, eles não teriam existência, cobertos pela poeira do esquecimento.

  A guerra sertaneja entre Montes e Feitosa já rendeu alguns livros. Poderá render muitos outros, pois sobram enredo e mistério. Falta o olhar sobre a nossa história, para que não aconteça o que canta Gerardo Melo Mourão: “Iam caindo: à esquerda e à direita iam caindo; … primeiro os que já eram lenda na memória dos velhos, depois os avós de meus avós, porque antes tombavam hierárquicos e cronológicos”.

  Caindo todos no esquecimento da nossa pobre história de Nação.

novembro 17, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Maciel Melo - Crônicas de um Cantador

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Olho por olho


   Todos‭ ‬os‭ ‬olhos‭ ‬olharam.‭ ‬Uns‭ ‬viram‭ ‬luz;‭ ‬outros,‭ ‬apenas‭ ‬uma‭ ‬silhueta‭ ‬sob‭ ‬a penumbra de um abajur encarnado, que teima em acender a única luz lá no fim do túnel. Olho de vidro, olho mágico, olho por olho, olhos de vidente. Um olho cego me viu passar não muito distante de sua bacia; foi aí que eu vi, pela primeira vez, a tal fotografia, que um poeta baiano descreveu quando estava preso em uma cela de cadeia, sem fósforos, sem candeeiro e sem vela.

Me debruço sobre o instante e vejo a banda de uma bacia de queijo Borboleta, desemborcada sobre o chão, e um braço estendido, mendigando algumas migalhas que, por piedade, algum transeunte despeje dentro dela. Parece a miniatura de uma banda da terra; a outra está nos palacetes, servindo os banquetes e alimentando a fartura de quem nunca lhe fartou nada.

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Duke / Jornal O Tempo

Alexandre Morais - Crônicas em Retalhos

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 Clara

Arte: Edgley Brito

   A luz do dia e os olhos de Santa Luzia podem empatar, mas não são mais claros que Clara. Clara é de uma claridade exagerada. Aliás essas coisas são ganhas com o tempo. Quando criança ninguém achava exagerado. Quando adolescente, só um pouco. Na juventude ganhou foi nome de metida. Aí chega a adultice e pronto! Ficou de um exagero só a claridade de Clara.

  Eu tô falando da claridade no falar. Aquele modo de dizer as coisas que algumas pessoas tem de explicar no miudinho. Aí vocês entenderam, né? Uma criança bem explicadinha é de chamar atenção. Já depois de certa idade, nem tanto.

   Menina moça, ela até passou um tempo com o costume de depois de explicar o explicado perguntar: fui clara? E ainda completava: é que eu sou clara até no nome. Aí soltava um riso amarelo claro.

   As reações também foram ficando mais claras. Mas entre os elogios e as rabissacas só dava conta dos primeiros. E a coisa foi ficando séria. Séria porque tem horas que, vamos combinar, paciência né! É que Clara passou a caprichar também no verbo e aí, em vez de esclarecer, complicava. Era cada palavra desconhecida da maioria, cada figura de linguagem mais perto da outra e mais-mais-mais que a claridade mudou o tom. Ganhou um cinza e foi escurecendo ao ponto de ouvir repetidas vezes aquela máxima: falou um quilo e eu não entendi um grama.

   Como eu sou afeito a dizer o santo e o milagre, trago uma das passagens de Clara. Pedida em namoro, passou uma semana se encontrando com o rapaz pra justificar o não. Claro que esse não não foi assim, um não com forma e som de não. Contou as histórias de todos os romances literários mal sucedidos que já tinha lido. Contou as histórias de umas três ou quinze amigas também mal enamoradas. Embalou cada detalhe com metáforas, onomatopeias, hipérboles e pleonasmos e findou com um clássico: eu gosto de você, mas devemos continuar como amigos.

  O apaixonado teve toda paciência. Até aproveitou para conhecer os enredos de alguns livros que tinha feito a resenha para ganhar pontos na escola, mas que nunca tinha lido. Ainda assim saiu resmungando: porque num disse logo não... vai-te!

A história da música Verdade, de Zeca Pagodinho

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


O autor da música, Nelson Rufino, conta como nasceu a música Verdade, sucesso com Zeca Pagodinho. Ele contou para o jornalista Danilo Ribeiro, a gente foi lá no canal dele e trouxe pra cá pra dividir com vocês. Curte aí!

Intérprete de Chiquinha, do seriado 'Chaves', entra para o Livro dos Recordes

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Do Diário do Nordeste

  A intérprete da personagem Chiquinha, do seriado 'Chaves', teve o nome gravado no Guiness Book, o Livro dos Recordes. Maria Antonieta de Las Nieves (foto), que é mexicana, ganhou reconhecimento por ser a atriz com carreira mais longa na pele de um personagem infantil e comemorou no Instagram nesta quarta-feira (10).



  Ao todo, Maria completou 48 anos e 261 dias interpretando o personagem da Chiquinha. A estreia aconteceu em 1973, quando ela se caracterizou pela primeira vez como a filha de Seu Madruga. 

  "Obrigada, Guiness World Records pelo título de atriz com a carreira profissional mais longa interpretando o mesmo personagem infantil", disse a atriz na legenda da imagem. Nos comentários, fãs parabenizaram o sucesso e se demonstraram saudosos com as lembranças de Chaves.

  "Parabéns, Chiquinha! Você é maravilhosa!", disse uma das seguidoras da atriz. Além disso, fãs de diversas partes do mundo aproveitaram para deixar um recado de admiração.

Sucesso de Chaves

  Maria Antonieta só entrou em 'Chaves' no ano de 1973, dois após a estreia oficial do programa. Assim, se manteve no ar por mais seis, mas sempre carregou a personagem de Chiquinha fora das telas. 

 Já em 2002, ela foi processada por Roberto Bolaños, o criador do Chaves, por continuar interpretando a personagem. Entretanto, venceu na Justiça para continuar realizando o trabalho.

A música de Carla Alves

novembro 12, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


Músicas que marcaram época e fizeram parte da sua história...

Ouça Carla Alves cantando lindas músicas de forró em VOZ E VIOLÃO...