quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Um poeta chamado Lamartine

fevereiro 27, 2019 Por Alexandre Morais Sem comentários

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    Lá pelos idos de mil novecentos e oitenta, o Brasil ainda esfregava os olhos para desembaçar a visão e enxergar a distância entre o rico e o pobre, dentro de uma sociedade machista, racista, homofóbica e violenta. Essa seria a mesma sociedade que, mais tarde, iria se perder nos labirintos da história.
    Tem muitos pescoços para pouca gravata, e muitos rostos magros sem dentes para sorrir.
   Tanta morte, tanta grana, tanto ódio, tanta besteira, e o brilho do sapato espelha o auto-retrato da cara da tirania.
    Eu só quero uma razão para viver, um sossego pra dormir, uma rede para deitar o meu cansaço, e por fim, um cafuné.
    Eu procuro a beleza num fiapo de linha; na ponta de uma agulha, no silêncio da cozinha, no ranger das enxadas, no desprezo da vizinha.
   Às vezes, sou fumaça, às vezes, retidão.
   Às vezes, sinto vontade de regressar nos anos e ver os poetas bebendo e cuspindo os verbos que engasgavam, nos copos sujos de um botequim qualquer. A malandragem, mesmo sangrenta, não era tão impiedosa quanto a cúpula dos poderes que encaliçou nas cumeeiras das casas grandes, sacudindo o entulho, a lama e a poeira sobre o pano da nossa consciência.
   Foi lá naqueles anos que tive a satisfação de conviver e cantar com o poeta Lamartine Passos, que disse uma vez assim:
   “Gritai quando o silêncio ameaçar falar por voz.”
   Isso vale um abraço.

< Maciel Melo >

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

fevereiro 19, 2019 Por Alexandre Morais Sem comentários

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Lameira de caminhão

fevereiro 13, 2019 Por Alexandre Morais 1 comentário


 70 me passar, passe 100 atrapalhar

* * *

Não buzine, levante mais cedo

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Cão que ladra também morde. Cachorro não conhece ditado

* * *

Eu sou U 1000 D

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Macho que é macho não chupa mel, masca abelha

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O português inventou o termômetro a cores para ver a febre amarela

* * *

Sou do tempo que fazer sexo era seguro e viajar de avião era perigoso

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O buraco da saída

fevereiro 11, 2019 Por Alexandre Morais Sem comentários

    Não me lembro de ter flertado, alguma vez, com o avesso da sorte. Sempre fui acariciado pelas emoções, mesmo quando estou distante delas.
   Às vezes, entro em off, para sair ileso de algum momento.  Às vezes, me posto à mesa, apenas para pedir a Deus que me dê saúde pra correr atrás do pão de cada dia. Às vezes, esqueço que nada é para sempre, me jogo nos labirintos das emoções, e depois dá um trabalho da moléstia pra achar o buraco da saída.
   Não me lembro de ter sido invisível em momento algum; sempre fui o reflexo de algum espelho.
   Nesse exato momento, é o espelho do céu que reflete na rede de minha varanda. Estou esparramado, servindo de isca para o anzol da solidão, que eu mesmo amarrei na linha. Destravei a carretilha do molinete e aqui estou, só esperando a hora de fisgar um pouco de alegria.
   O tempo está nublado, melancólico e frio. Tá bom pra tomar umas e jogar conversa fora.
    Quer saber de uma coisa? É isso que vou fazer.
    Bora?


                                                      < Maciel Melo >