sábado, 30 de novembro de 2013

25 de dezembro é Natal e Poesia

novembro 30, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários

               O 25 de dezembro em Afogados da Ingazeira, mais do que o Natal é dia do Pajeú em Poesia, que este ano chega a sua 6ª edição. Com shows de Zé Viola e de Adelmo Aguiar e Denilson Nunes, as canções são os destaques do ano, mas não vão faltar os versos improvisados, cantados e declamados de dezenas de poetas pajeuzeiros. Tudo em homenagem a Zé Adalberto, o gênio vivo de Itapetim.
            No elenco, nomes como João Paraibano, Diomedes Mariano, Dedé Monteiro, Dudu Morais, Zecarlos do Pajeú, Genildo Santana, Welington Rocha, Elenilda Amaral, Dayane Rocha, Henrique Brandão, Gonga Monteiro, Lucas Rafael e Lima Júnior. A programação envolve shows de canções, declamações, roda de glosas e repente.
            O 6º Pajeú em Poesia acontece numa corealização do produtor cultural Alexandre Morais e da Secretaria de Cultura de Afogados da Ingazeira. Começa às 16h, na Compahia das Massas, no Bairro São Brás.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A genialidade de Canhotinho

novembro 14, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
VERSOS MAGNÍFICOS E MAGISTRAIS DO GRANDE CANHOTINHO;

Inocência no Inferno
Eu venho lá do inferno!
Casa da mulher mundana,
O purgatório moderno
De fulminar carne humana!
Lá, eu fui incendiado
Pelas chamas do pecado
E as labaredas do mal.
Nesse antro de miséria
Vi o fogo da matéria
Incendiando a moral.

Três anjos, três inocências…
Vivem assistindo a um drama
Caem três pingos de essências
Na imundície da lama.
Nesse mocambo sem telhas
Vêem-se pequenas centelhas
Da lamparina do ódio.
Essa coivara medonha
Onde eu queimei a vergonha
Nas chamas desse episódio.

Chorei vendo três crianças
De um até sete anos
Chorando três esperanças
Na lama dos desenganos.
E a dona dessa maloca
Quando em vez, de dono troca,
Vende as carnes, compra o pão,
Deus das alturas olhando,
Vendo três honras chorando
Nas portas da corrução!

Eu também bebi do vinho,
Na imunidade da mesa!
Toquei na ponta do espinho
Da flor daquela impureza!
Foi crescendo o meu desgosto,
Vendo as manchas no meu rosto
Dos beijos que Judas deu,
Menti! Judas não beijou-me
Foi ela quem enganou-me
Com os beijos que me vendeu.

Eu sou boêmio e poeta!
Ela devassa e mundana
Eu canto a vida completa
Nas queixas da raça humana.
Quando eu lamento é sentindo
Quando ela chora é fingindo
Que sente do mundo a dor
Enquanto eu honro o trabalho
Ela se vende a retalho
No tabuleiro do amor.

Terminei minha jornada!
Ela siga os seus caminhos.
Não piso mais nessa estrada
Atapetada de espinhos.
Deixem descansar meus pés
Das caminhadas cruéis
Desses tormentos sem fim
Quem quiser siga com ela
Em vez de ter raiva dela
Fiquei com nojo de mim!



Inocência no Inferno

Eu venho lá do inferno!
Casa da mulher mundana,
O purgatório moderno
De fulminar carne humana!
Lá, eu fui incendiado
Pelas chamas do pecado
E as labaredas do mal.
Nesse antro de miséria
Vi o fogo da matéria
Incendiando a moral.

Três anjos, três inocências…
Vivem assistindo a um drama
Caem três pingos de essências
Na imundície da lama.
Nesse mocambo sem telhas
Vêem-se pequenas centelhas
Da lamparina do ódio.
Essa coivara medonha
Onde eu queimei a vergonha
Nas chamas desse episódio.

Chorei vendo três crianças
De um até sete anos
Chorando três esperanças
Na lama dos desenganos.
E a dona dessa maloca
Quando em vez, de dono troca,
Vende as carnes, compra o pão,
Deus das alturas olhando,
Vendo três honras chorando
Nas portas da corrução!

Eu também bebi do vinho,
Na imunidade da mesa!
Toquei na ponta do espinho
Da flor daquela impureza!
Foi crescendo o meu desgosto,
Vendo as manchas no meu rosto
Dos beijos que Judas deu,
Menti! Judas não beijou-me
Foi ela quem enganou-me
Com os beijos que me vendeu.

Eu sou boêmio e poeta!
Ela devassa e mundana
Eu canto a vida completa
Nas queixas da raça humana.
Quando eu lamento é sentindo
Quando ela chora é fingindo
Que sente do mundo a dor
Enquanto eu honro o trabalho
Ela se vende a retalho
No tabuleiro do amor.

Terminei minha jornada!
Ela siga os seus caminhos.
Não piso mais nessa estrada
Atapetada de espinhos.
Deixem descansar meus pés
Das caminhadas cruéis
Desses tormentos sem fim
Quem quiser siga com ela
Em vez de ter raiva dela
Fiquei com nojo de mim!
 
Colaboração: Henrique Brandão

novembro 14, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
Exibindo ConviteRefensdaSeca.jpg

domingo, 10 de novembro de 2013

Uma contribuição de Chico Lobo

novembro 10, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
VALDIR TELES E JOÃO PARAIBANO
Cantando em Tuparetama-PE defenderam o seguinte mote:

SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

JOÃO PARAIBANO
Andar mais no sertão ninguém suporta
Que só ver o agave virar bucha
As abelhas peitando em rosa murcha
sertanejo pisando em planta morta
Onde a água é vendida porta a porta
onde já se paga um real pelo galão
Dói na alma comprar a prestação
uma alma que o céu não quis chorar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

Valdir Teles
Nossas reses estão encaveiradas
fora muitas que a fome já matou
A beleza das matas se acabou
As lagoas tão secas e rachadas
Tem carcaças na beiras das estradas
De animais que morreram sem ração
Que se enche carreta e caminhão
Sem gastar meia hora pra juntar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

João Paraibano
A cigarra assovia o ano chora
Vendo o facho do sol, queimando a mata
A matuta bem cedo pega a lata
vai pra beira do poço se acocora
Passa a cuia na lama meia hora
Só ver lama saindo do porão
Bebe as lágrimas que minam na feição
Já que a água do chão não quer minar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

Valdir Teles
O fantasma da seca está rondando
Assombrando o caboclo nordestino
Quem criava o nelore e o turino
Nem cabrito pé duro está criando
Até poços profundos tão secando
Imaginem barreiro e cacimbão
Ou a força Suprema estende a mão
Ou nós vamos ver tudo se acabar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

João Paraibano
Os vaqueiros não estão pudendo mais
Ouvir berro de boca de animal
Tem curral que deixou de ser curral
Pra virar cemitério de animais
Pouca gente dispõe de tais reais
Pra pagar pelo um quilo de feijão
E o tomate tornou-se o mais vilão
quem plantou não tem mais com que comprar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

Valdir Teles
O sertão só melhora se chover
Pra ter água, rações e cereais
E só assim ninguém ver os animais
Que pela fome da fome padecer
De que serve o Governo prometer
que o Nordeste vai ter irrigação
Se a sina começa a construção
Vem um padre faz greve e faz parar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

João Paraibano
A mãe pobre balança a mamadeira
Sem um pingo de leite pra o menino
A esperança do povo nordestino
Escondeu-se debaixo da poeira
Nunca mais viu-se a queda da goteira
Deslizando na boca do galão
As formigas de asas inda estão
No cupim impedidas de voar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

Valdir Teles
O sertão foi alegre e ficou triste
Nossa terra foi boa e ficou ruim
Morre o gado sem água e sem capim
Morre as aves sem água e sem alpiste
Eu não sei como o povo inda resiste
Com a quentura do fogo do verão
Se a chuva custar molhar o chão
Vai ficar pouca coisa sem queimar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

João Paraibano
Só se ver Urubus e carcará
Do boi morto roendo o esqueleto
A floresta vestiu um terno preto
Com saudade da voz do sabiá
Cobra cega, minhoca e umbuá
Ninguém viu mais andando pelo chão
A fartura deu ferias ao batalhão
Pra o exercito da fome comandar
SÓ JESUS TEM PODER PRA CONSERTAR
OS ESTRAGOS DA SECA NO SERTÃO

Olha Pedro Torres aí

novembro 10, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
Feridas
Trago no peito velhas cicatrizes
De amores findos, de sonhos perdidos
De estradas breves, de dias compridos
E a chaga aberta de dias felizes;

Tenho, entretanto, ainda um coração
Batendo firme, e cada vez mais forte
Que se sutura acaso um novo corte
Venha a feri-lo por ingratidão;

Marcas profundas, rasos juramentos
Que, como as folhas, lançam-se nos ventos
E jamais voltam depois de partidas...

Minhas feridas sempre se renovam
Mas, cicatrizes no meu peito provam
Que ninguém morre por ferir feridas.

< Pedro Torres >

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

POETA ZÉ VIOLA CANTANDO TROPEIRO VELHO

novembro 04, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
http://www.youtube.com/v/TWYU3GWGReI?autohide=1&version=3&showinfo=1&attribution_tag=GPkc2b8XXHmwPuTUfJsFVg&autohide=1&autoplay=1&feature=share

Essas vacas dão?

novembro 04, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários
 

       Zé Adalberto, o próprio, o do Caroço do Juá, alem de poeta extraordinário é um exímio contador de causos. Imita Joaquim Doido com perfeição e conta dezenas de causos. Um deles é esse:

       Duas mulheres iam pela estrada e numa passagem estreita havia duas vacas, ambas com bezerros novos.
          Vaca de bezerro é um perigo, vocês sabem.
         As mulheres ficaram receosas em passar por ali. Eis que vem Joaquim e as mulheres o interrogam:
         - Seu Joaquim, será que essa vacas dão?
         E ele com a aborrecida verve artística de sempre:
         - Acho que dão, já tão de bezerro!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Olha aí que construção poética interessante... dificílima!

novembro 01, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários

Presente e ensinamentos de João Alderney

PS - Dicionário de Houaiss - Pantum: Tipo de poema composto em estrofes, oriundo da Malásia, constituído por uma série de quartetos em que o segundo e o quarto versos de um reaparecem como o primeiro e o terceiro do quarteto seguinte, até chegar ao último, que termina com o verso inicial do poema (Olavo Bilac mostra em Sarças de Fogo um Pantum perfeito). 


DIA DO POETA (Pantum)

– Outubro – vinte – é o dia do Poeta!
– Poeta... por favor, que faz, quem é?
É quem faz versos? – Ah... está incompleta
a idéia! Põe, primeiro, muita fé!

– Poeta... por favor, que faz, quem é?
– Seguindo a fé, põe emoção, agregue
à idéia! Põe, primeiro, muita fé
e com emoção, depois vem mais... sossegue!

Seguindo a fé, põe emoção, agregue
é amar a vida, ainda se está triste
e com emoção, depois vem mais... sossegue!
mesmo próximo ao fim, ainda persiste!

É amar a vida, ainda se está triste
respeita o estranho, o pobre, o poderoso
mesmo próximo ao fim, ainda, persiste
sorri com o jovem, brinca com o idoso!

Respeita o estranho, o pobre, o poderoso
ama seu cônjuge e tem seu amor
sorri com o jovem, brinca com o idoso!
a alguém que é só no mundo, dá uma flor!

Ama seu cônjuge e tem seu amor
com o mar, o céu, com  o por do sol flutua
a alguém que é só no mundo dá uma flor
se encanta com as estrelas, com a lua!

Com o mar, o céu, com o por do sol flutua
pratica o bem a quem está em volta
se encanta com as estrelas, com a lua
encara o infortúnio sem revolta!

Pratica o bem a quem está em volta
é dar um riso para alguém modesto
encara o infortúnio sem revolta
é ser pobre ou ser rico e ser honesto!

É dar um riso para alguém modesto
fala com Deus sem precisar de um templo
é ser pobre ou ser rico e ser honesto
é dar aos filhos sempre o bom exemplo!

Fala com Deus sem precisar de um templo
faz, quando quer, suas cartas de amor
dá aos seus filhos, sempre, o bom exemplo
preconceitos não tem seja o que for!

Faz, quando quer, suas cartas de amor
vê belo onde não há boa aparência
preconceitos não tem seja o que for
ouve o humilde com toda paciência!

Vê belo onde não há boa aparência
sente o espírito antes do erótico
ouve o humilde com toda paciência
é tão humano quanto é patriótico!

Sente o espírito antes do erótico
ama o sim, mas se preciso, diz não
é tão humano quanto é patriótico
sem egoísmo divide o seu pão!

Ama o sim, mas se preciso, diz não
sabe, bem, transmitir seus sentimentos
sem egoísmo divide o seu pão
com seus filhos divide os bons momentos!

Sabe bem transmitir seus sentimentos
– É isso, ser poeta? É muito belo...
Com seus filhos divide os bons momentos
amar e ser amado é tão singelo!

– É isso, ser poeta? É muito belo!
– Ah, sim, faz versos, sim. Sempre. É um esteta!
Amar e ser amado é tão singelo!
Outubro – vinte – é o Dia do Poeta!
 
PE – João Alderney – 2013