
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
domingo, 23 de janeiro de 2022
O Sertão e as fotos de Claudio Gomes
Por Caroline Faria / InfoEscola
A origem da palavra “sertão” é controvertida. Alguns afirmam ser derivada de um vocábulo de origem angolana: “muceltão”, que quereria dizer “lugar interior”, “terra entre terras”, “local distante do mar”. O vocábulo angolano teria sido alterado para “celtão” e depois “certão” até adquirir a forma atual “sertão”.
Outra versão, mais aceita, atribui a palavra “sertão” ao étimo latino “desertanu”, utilizado para designar regiões interioranas, longe do litoral porém não necessariamente de clima árido e que teria sido modificado para “desertão” e depois, apenas “sertão”.
Seja qual for sua origem, a verdade é que a palavra “sertão” pode adquirir significados bastante distintos, porém é sempre empregada para designar locais pouco habitados ou onde predominam costumes antigos em contraposição às regiões desenvolvidas.
No período colonial brasileiro, “sertão” era freqüentemente empregado para designar as terras ainda não exploradas do interior do país, pouco habitadas, de difícil aceso e, por isso, pouco desenvolvidas. Com o tempo, e a colonização de grande parte dos “sertões”, a definição mais comum ficou atrelada às regiões que compõem o semi-árido brasileiro, mas também são chamados de “sertão” os interiores de Mato Grosso, Goiás, e até mesmo do Amazonas no sentido de regiões pouco povoadas.
De qualquer forma, a palavra “sertão” está intimamente relacionada com a história e a identidade social e cultural, principalmente das regiões nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais.
Isso se deve, em grande parte, aos trabalhos de escritores como Guimarães Rosa (“Grande Sertão: Veredas”), Euclides da Cunha (“Os Sertões”), Graciliano Ramos (“Vidas Secas”) e Afonso Arinos (“Os Jagunços” e “Pelo Sertão”), que tiveram no sertão nordestino e mineiro o cenário ideal de seus contos, contribuindo para criar no imaginário popular um conceito um tanto quanto romantizado da vida e do homem do sertão.
Texto copiado de https://www.infoescola.com/geografia/sertao/
sábado, 22 de janeiro de 2022
A chegada de Ariano Suassuna no céu
Poema: A Chegada de Suassuna no Céu
Autores: Klévisson Viana e Bule-Bule
Declamação de Rolando Boldrin - Programa Sr Brasil - TV Cultura
Concursos 'Novos Escritores' e 'Jovens Leitores' estão com inscrições abertas
Da Folha de Pernambuco
Promovidos pela Biblioteca Blanche Knopf, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), os concursos 'Literário para Novos Escritores' e de 'Redação para Jovens Leitores/Escritores', estão com inscrições abertas até 14 de fevereiro.
Os concursos têm o mesmo objetivo de incentivar a escrita literária, além de interlaçar gerações. Para quem deseja participar devem preencher um formulário - anexado no edital- e enviar para o e-mail bibli@fundaj.gov.br.
Sobre os concursos
Os interessados precisam cumprir algumas exigências para se inscrever. Para o Novos Escritores, os participantes devem ter entre 18 e 25 anos, morar no Nordeste e não ter publicado obras (edital aqui). Cada um deverá enviar uma história - com tema livre-, onde será avaliada. Serão selecionados 25 textos para publicação. A disputa valerá prêmios. O top três levaraão um valor de R$ 2 mil a R$ 6 mil.
Já o de Redação para Jovens Leitores/Escritores é voltado para estudantes de até 15 anos, que cursam o Ensino Fundamental II em escolas públicas da Região Metropolitana do Recife (edital aqui). Os participantes deverão entregar uma redação de até duas páginas com o tema “A leitura e a escrita na minha vida”. O processo de seleção será o mesmo que o 'Novos Escritores', Sendo que o valor do prêmio é de R$ 1 mil e R$ 3 mil.
Os 25 vencedores de cada concurso também terão os textos publicados em uma coletânea com o selo da Editora Massangana.
Serviço
Concursos Novos Escritores e Jovens Leitores/Escritores
Inscrições até 14 de fevereiro pelo e-mail bibli@fundaj.gov.br
Formulário anexado nos editais
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Texto para Elza - Chico Buarque de Holanda
“Se acaso você chegasse a um bairro residencial de Roma e desse com uma pelada de meninos brasileiros no meio da rua, não teria dúvida: ali morava Elza Soares com Garrincha, mais uma penca de filhos e afilhados trazidos do Rio em 1969. Aplaudida de pé no Teatro Sistina, dias mais tarde Elza alugou um apartamento na cidade e foi ficando, ficando e ficando.
Se acaso você chegasse ao Teatro Record em 1968 e fosse apresentado a Elza Soares, ficaria mudo. E ficaria besta quando ela soltasse uma gargalhada e cantasse assim: “Elza desatinou, viu”.
Se acaso você chegasse a Londres em 1999 e visse Elza Soares entrar no Royal Albert Hall em cadeira de rodas, não acreditaria que ela pudesse subir ao palco. Subiu e sambou “de maillot apertadíssimo e semi-transparente”, nas palavras de um jornalista português.
Se acaso você chegasse ao Canecão em 2002 e visse Elza Soares cantar que a carne mais barata do mercado é a carne negra, ficaria arrepiado. Tanto quanto anos antes, ao ouvi-la em Língua com Caetano.
Se acaso você chegasse a uma estação de metrô em Paris e ouvisse alguém às suas costas cantar Elza desatinou, pensaria que estava sonhando. Mas era Elza Soares nos anos 80, apresentando seu jovem manager e os novos olhos cor de esmeralda.
Se acaso você chegasse a 1959 e ouvisse no rádio aquela voz cantando Se acaso você chegasse, saberia que nunca houve nem haverá no mundo uma mulher como Elza Soares”.
Desenho: Genin, artista Itabirano.
Post: Maurício Azanha/ Chico até o fim
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
Alexandre Morais - Belezas do campo
Ronaldo Correia de Brito - O tesouro inesgotável da tradição oral
Tudo me impressionou na visita ligeira ao meu sertão, mas nada foi mais tocante do que constatar a permanência da tradição oral, a força e a convicção com que as pessoas narram histórias, principalmente as próprias histórias.
O escritor argentino Jorge Luis Borges sentia-se atraído pela ideia “de que todos os eventos ocorridos no universo, por ínfimos que sejam, concorrem necessariamente para os demais eventos que lhe sucedem”. Segundo essa concepção, para que tenham surgido obras como as de Shakespeare, Dante e Tolstói foi preciso a contribuição de milhares e milhares de narradores de menor relevância ou anônimos, laborando de modo ininterrupto em todas as latitudes do nosso planeta, construindo rios comunicantes de saberes.
Sem esses narradores filósofos, que o roteirista de cinema e escritor francês Jean-Claude Carrière sabiamente chama de “mentirosos”, faltaria alicerce para o edifício da cultura ocidental e oriental, em que brilham no andar mais elevado, lá no topo, os gênios da humanidade.
Ao longo de 25 anos, o escritor francês Jean-Claude Carrière ouviu, leu, selecionou e por fim recontou histórias do mundo inteiro, num primeiro volume intitulado O Círculo dos Mentirosos, em que defendeu num magnífico ensaio todas as justificativas para ter se dedicado a essa tarefa, os motivos porque deixou de lado os mitos, os relatos fantásticos e as fábulas morais, preferindo “histórias elaboradas, frutos de reflexão, feitas para ajudar a viver, eventualmente a morrer, concebidas e contadas em sociedades organizadas e consolidadas, que se acreditam duráveis e, por assim dizer, civilizadas”. Noutros dez anos de pesquisa e escuta ele aprontou um segundo volume.
Ao falar sobre as narrativas do livro como bens que povos roubam de outros, Carrière toca na relação de culturas dominantes e dominadas. A história do homem é uma sucessão de guerras e rapinagens. Inglaterra, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos, para citar apenas esses conquistadores expansionistas, se apoderaram de tesouros das civilizações egípcia, indiana, chinesa, grega e árabe, atulhando seus museus com o que melhor produziram esses povos.
Refiro-me aos bens perecíveis, que desaparecem com o fogo, os maremotos e as guerras: pinturas, esculturas, cerâmicas, joias, tapeçarias, sarcófagos, palácios e templos. A apropriação feita por Carrière é de um saber transmitido de forma oral ou escrita, principalmente através de livros, que podem ser reproduzidos infinitamente.
Carrière não guarda o que adquiriu e colecionou numa vida de estudos, pesquisas e coletas. Trabalha para nos transmitir esse legado, com sua voz narrativa e escrita própria. E o faz de maneira respeitosa, considerando que “A beleza de uma história vem quase sempre de certa obscuridade”. Põe um foco de luz sobre as histórias de todos os tempos, sem tirar-lhes o encantamento e o mistério.
Mesa de Glosas - Brejinho-PE 2017
De compositor da Jovem Guarda à sambista: 80 anos de Luiz Ayrão
Por Matheus Bomfim e Silva / IMMuB
Luiz Kedi Ayrão, mais conhecido simplesmente como Luiz Ayrão, nasceu em 19 de janeiro de 1942, na cidade do Rio de Janeiro. Nasceu em uma família humilde, do bairro Lins de Vasconcelos, teve que trabalhar como engraxate na infância, contudo, conseguiu estudar e se formou em Direito, em uma universidade particular. Trabalhava de manhã e estudava a noite, não é de hoje que “apenas” estudar é um luxo para poucos no nosso país desigual. Por causa do seu contato com o ambiente universitário, Luiz Ayrão vai fazer canções conscientemente políticas. Em decorrência disso, em 1977, teve duas composições barradas pela Censura do Regime Militar, o samba “Treze anos” e o choro “Meu caro amigo Chico”, que era uma resposta ao sucesso de Chico Buarque “Meu caro amigo”, lançado em 1976:
Como Paulo Cesar de Araújo mostra em seu livro “Eu não sou cachorro, não”, a canção foi vetada por causa do alvoroço que o nome Chico Buarque causava na época, o argumento para o veto aqueles versos demonstravam “um comportamento político que se constitui numa depreciação e num protesto às normas governamentais vigentes”.
Não vamos esquecer do samba "Treze anos", também existe uma explicação para seu veto. Como foi dito anteriormente, a canção foi feita em 1977, e devemos lembrar que neste ano estava sendo comemorado os 13 anos do golpe de 1964, que para os militares era tratado como uma revolução. No dia 1 de abril de 1977, o então presidente, Ernesto Geisel, outorgou o chamado “Pacote de Abril”, que incluía algumas leis e o fechamento do Congresso. E foi nesse clima que Luiz Ayrão compôs o samba Treze anos:
Para os censores a mensagem subversiva era evidente, então, a canção foi censurada. Entretanto, Luiz resolveu alterar o nome da música para “O divórcio”, que era um tema em voga na época, basta lembrar que foi nesse ano que o senador Nelson Carneiro conseguiu aprovar a lei do divórcio, até então era algo impossível no nosso sistema, o máximo que se tinha era o “desquite”. A letra foi enviada para um órgão diferente do anterior, por causa do título o novo censor não viu nenhum problema e a canção foi liberada, e a palavra divórcio não está em nenhuma linha da música:
Apesar dessa vitória do nosso querido sambista, o ministro do Exército da época, o general Fernando Belfort Bethlem ouviu a canção e não gostou, boatos dizem que ele adentrou em um prédio da Polícia Federal e soltou os cachorros nos ali presentes. De qualquer forma, essa história nos mostra que não foi apenas a aclamada “MPB”, de Chico e Caetano, como outros, que fez críticas diretas ao regime militar, cantores mais populares como Luiz Ayrão e Odair José também tiveram seus momentos de “subversivos”.
Antes de encerrar, é interessante pontuar que apesar de Luiz Ayrão hoje ser reconhecido como sambista ele começou como compositor, na década de 1960, para a Jovem Guarda, em 1963 Roberto Carlos gravou sua canção “Só por amor”:
E em 1973 o mesmo Roberto Carlos fez sucesso com outra composição do carioca, dessa vez a canção “Ciúme de você". Em 1974, Luiz Ayrão lançou seu primeiro LP e fez sucesso com a música “No silêncio da madrugada”, e como bem sabemos, não parou por aí, não à toa este texto está sendo feito para homenagear seu aniversário e sua vasta obra. Que as próximas gerações tenham contato com sua obra, como foi contado no texto, foi um compositor bastante importante na história da nossa música.
Transcrito de https://immub.org/noticias/colunista/matheus-bonfim-silva
Curso oferece qualificação para técnicos de som da cultura popular
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Renato Barros e Diogo Lopes, ambos produtores fonográficos - Foto: Diogo Lopes/Divulgação |
Da Folha de Pernambuco
Até sexta-feira (21), o curso “Do terreiro para o mundo”, recebe inscrições para qualificação de técnicos de som integrantes da cultura popular. O curso tem certificado de participação e acontecerá no Espaço Cultural Casarão, na Boa Vista, entre os dias 25 de janeiro a 4 de fevereiro.
As inscrições devem ser feitas através do formulário Google. Para se inscrever é preciso cumprir algumas exigências: ser técnico de som maior de 18 anos e possuir experiência comprovada em eventos culturais.
São 25 vagas, dos quais 20 alunos vão receber uma bolsa com valor de R$ 5 mil, para ajudar na renda e diminuir os impactos da atual pandemia no ramo cultural. Serão nove encontros, e os alunos terão acesso à tecnologia e aos equipamentos de som.
Entre os assuntos a serem abordados na oficina estão os sistemas de som, técnicas avançadas de microfonação de instrumentos, técnicas de mixagem.
“... Pretendemos equilibrar a balança da indústria cultural, minimizando as assimetrias de poder e a concentração do conhecimento técnico e oferecendo aos integrantes de grupos de cultura popular tradicional a oportunidade de especialização técnica”, diz Diogo Lopes, músico, produtor fonográfico e pesquisador na área de tecnologia e cultura popular, coordenador do curso ao lado de Renato Barros, produtor fonográfico e técnico de som.
Serviço
Curso “Do terreiro para o mundo: aperfeiçoamento para técnicos da cultura popular”
Inscrições abertas até 21 de janeiro pelo formulário Google
sábado, 15 de janeiro de 2022
Thiago de Mello - Para os que virão
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
— muito mais sofridamente —
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
Pra assistir e cantar
A esperar
Que um dia de repente você volte
A passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho
Que não tem mais fim
Dessa estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você
De ao menos ver de perto seu olhar
Que eu trago na lembrança
Preciso lembrar
Que eu existo
E então eu choro tanto
Minhas lágrimas
E os pingos dessa chuva
Se confundem com o meu pranto
E não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança
Na beira de uma estrada
Preciso lembrar
Que eu existo
Se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu
Estou morrendo lentamente
Ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira
Por você
Sentado à beira do caminho
Preciso lembrar
Que eu existo
Ademar Rafael - Crônicas de Bem Viver
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Ademar Rafael |
CORRIDA DE OBSTÁCULOS
Com leitura do livro “Zilda Arns – Uma biografia”, do jornalista e professor Ernesto Rodrigues é possível identificar com clareza como as ações em favor dos menos favorecidos em nosso país se transformam em provas de “corrida de obstáculos”. No mundo do capital os interesses individuais estarão sempre à frente dos interesses coletivos.
A médica e sanitarista Zilda Arns idealizadora e defensora incansável
da Pastoral de Criança, do “soro caseiro”, da “reidratação oral”, do
aleitamento materno e de tantas outras ações que salvaram vidas
enfrentou muitos obstáculos de setores que deveriam apoiar suas
iniciativas. Superou cada um deles com tenacidade. Morreu defendendo
tais princípios em 12.01.2010 vítima de desmoronamento provocado pelo
terremoto que abalou o Haiti. Desde os primórdios do seu projeto, na
pequena cidade de Florestópolis - PR, surgiram barreiras, vou citar as
três
principais.
A primeira da igreja católica que entendia não haver necessidade de
criar a Pastoral da Criança, correto seria colocar dentro da Pastoral do
Menor. Com muita conversa esta barreira foi removida. A segunda
barreiras veio
da indústria farmacêutica, das farmácias e de alguns pediatras. Viam o
projeto como ameaça para venda maciça de medicamentos para diarreia e
desnutrição as duas causas do grande número da mortalidade infantil no
mundo. Esta barreira contou com a participação da imprensa, movida por
interesses financeiros. A terceira foi a desconfiança da UNICEF – Fundo
das Nações Unidas para Infância. Esta entidade tentou de varais formas impedir o acesso aos recursos da Campanha Criança Esperança, realizada
em conjunto com a Rede Globo, pela Pastoral da Criança. Os resultados
das ações fizeram com que a distribuição de um percentual fixo da volume
arrecadado fosse direcionado para Pastoral por decisão da rede de TV.
Somente uma pessoa movida pela fé, carregando consigo a pragmatismo alemão daria conta de conduzir com êxito um projeto dessa envergadura. A obra de Zilda Arns não é referência no mundo por acaso.
Publicado originalmente no Blog do Finfa
Documentário traz a beleza de Nara Leão para um Brasil que anda muito feio
Por Silvio Osias / Jornal da Paraíba
O Canto Livre de Nara (sem o sobrenome Leão) é o título de um disco que a cantora um dia chamada de Musa da Bossa Nova lançou em 1965. O Canto Livre de Nara Leão (com o sobrenome) é o nome do documentário dirigido por Renato Terra, agora disponível no Globoplay.
São cinco episódios. Juntos, eles somam um pouco mais de três horas. Terra, o diretor, é o mesmo que realizou (com Ricardo Calil) Uma Noite em 67, sobre o festival de MPB que lançou o tropicalismo, e Narciso em Férias (também com Calil), sobre a prisão de Caetano Veloso pela ditadura militar.
O Canto Livre de Nara Leão tem episódios temáticos (Bossa Nova, Opinião, A Banda,
etc.) que contam, com extraordinária sensibilidade e rico material de
acervo, a história dessa mulher de aparência frágil e atitudes fortes
que um dia passou pela música popular brasileira.
Com sua voz delicada, Nara foi da bossa nova aos standards da música americana revisitados no fim da vida. Fez do jeito que lhe pareceu conveniente, gravou o que quis. Cantou muito Chico Buarque, lançou gente nova, flertou com o tropicalismo e com a jovem guarda, foi engajadíssima. Exerceu a sua liberdade.
Se estivesse viva, Nara Leão faria 80 anos no dia 19 de janeiro. Ela morreu aos 47 anos em junho de 1989. Tinha um tumor no cérebro. O Canto Livre de Nara Leão celebra a música e a vida dessa grande mulher. De alguma maneira, nos devolve a sua beleza num Brasil que anda tão feio ultimamente.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
Mostra Orobó de Cinema está com inscrições abertas para submissão de filmes
Na Orocine deste ano será concedido o Troféu Frivolité para as categorias de Melhor Filme (para cada mostra), Direção, Produção, Roteiro, Fotografia, Direção de Arte, Ator Principal, Atriz Principal e Cartaz. Um júri especial formado por três profissionais da área vai fazer a avaliação. Além disso, haverá a escolha do Melhor Filme para o Júri Popular que será avaliado de acordo com votação na Mostra Força Interior.
Segundo o organizador do evento, Carlos Kamara, a 3ª Mostra Orocine quer valorizar a cultura local da cidade de Orobó, enfatizando a poesia e a cantoria popular. “A Orocine tem uma preocupação em dar ênfase aos valores locais que existem e isso vai refletir em ações paralelas, nas atividades pedagógicas, tanto presenciais como on line”, explicou Kamara.
Mostras – A 3ª Orocine terá seis mostras competitivas que vão abordar temas específicos. A Mostra FORÇA INTERIOR terá filmes pernambucanos com temáticas livres, preferencialmente que expressem as culturas locais das regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão. Os diretores devem ser destas regiões e, ao serem selecionados, devem comprovar com documentos oficiais a sua naturalidade.
A Mostra LUAR DO SERTÃO vai reunir filmes com temáticas livres que foram produzidos nos estados da Região Nordeste do Brasil, com exceção de Pernambuco. NA CONTRAMÃO vai reunir filmes com temáticas urbanas dos grandes centros e das capitais brasileiras, mas que tragam mensagens e diálogos com o interior pernambucano ou com a zona rural. SERRA VERDE é uma mostra que vai ter filmes brasileiros abordando questões ambientais e de sustentabilidade. O público infanto-juvenil será contemplado com a Mostra BRINCADEIRAS DE RODA. E ainda tem a ACESSIBILIDADE que vai reunir obras que contenham recursos para serem exibidos para pessoas surdas e ensurdecidas, como também para pessoas com deficiência visual.
Alexandre Morais - De frente com Ana Maria
Pra acompanhar é só acessar o canal De frente com Ana Maria, clicando aqui
Pernambuco - Editais do Funcultura 2022 somam R$ 32 milhões
EDITAIS
O edital Microprojeto Cultural 2022 disponibiliza R$ 640 mil, abrange todas as linguagens e é voltado para jovens de 18 a 29 anos. As inscrições podem ser feitas de 4 de abril a 6 de maio. O edital pode ser acessado aqui.
O 16º Funcultura Audiovisual reserva R$ 9,2 milhões para as produções. As inscrições para concorrer ao fomento devem ser realizadas de 11 de abril a 13 de maio. O edital está disponível aqui.
O 6º Funcultura Música terá R$ 4,1 milhões, com inscrições de 2 de maio a 3 de junho. Para acessar o edital, clique aqui.
Com R$ 15,6 milhões reservados ao fomento, o Funcultura Geral 2022 é o maior dos quatro editais. As inscrições são de 16 de maio a 17 de junho e o edital está publicado aqui.
Juntos, os quatro editais somam 29,7 milhões. O restante é o valor de custeio do Fundo. Os editais de 2022 contemplam o formato presencial, virtual e híbrido.
INSCRIÇÕES
As inscrições serão realizadas, exclusivamente, pela internet, através da plataforma Prosas (prosas.com.br). Quem precisa habilitar ou renovar o Cadastro de Produtor Cultural (CPC), tem até o dia 18 de março para fazê-lo. Para concorrer ao Funcultura 2022, os produtores culturais precisam ter um perfil de “empreendedor” na plataforma Prosas. Confira aqui um tutorial de como criar seu perfil de empreendedor na plataforma.
“Esse conjunto de editais possibilita um fomento importante para a cadeia produtiva da cultura e toda sua dinâmica, desde a geração de emprego e renda até a qualificação profissional. Ainda atravessamos momentos de dificuldades e restrições, o que torna ainda mais desafiante a execução dessa política e nos mostra o impacto positivo que o Funcultura consolidou na cultura e arte de Pernambuco ao longo dos anos”, avalia Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe.
REESTRUTURAÇÃO
Em 2021, os editais do Funcultura passaram por reformulações estruturais visando a uma maior democratização do acesso aos seus recursos, com destaque para as políticas de regionalização e as de inclusão racial e de gênero. Os resultados das aprovações do ano passado demonstraram a eficácia das políticas afirmativas e induções de aprovação adotadas. Em média, metade dos projetos aprovados no ano passado foram da Zona da Mata, do Agreste ou do Sertão. Isso representou uma desconcentração inédita dos projetos aprovados na Região Metropolitana do Recife.
Observou-se também que cerca de 50% dos projetos aprovados foram propostos por pessoas autodeclaradas negras. Com relação ao gênero, a maioria dos projetos aprovados são representados por mulheres. Todas as políticas de regionalização e os indutores para diversificação do perfil racial de gênero foram mantidos nos editais para 2022.
DUAS DÉCADAS
Principal e mais democrática e transparente política de fomento à cultura do Estado, o Funcultura chega a 20 anos de existência reunindo mais de nove mil produtores culturais cadastrados que, na última década, concorreram a cerca de R$ 330 milhões em fomento de projetos culturais.
O Funcultura foi instituído por meio da Lei 12.310, de 19 de dezembro de 2002, tendo o primeiro edital lançado em 2003. O fundo público recebe recursos oriundos da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e os destina ao financiamento direto de projetos artísticos e culturais por meio de seleção pública.
Os projetos são analisados com base em diretrizes estabelecidas coletivamente, por meio do diálogo contínuo com a sociedade, especialmente com o Conselho Estadual de Política Cultural, Comissões Setoriais de Cultura, Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural e do Conselho Consultivo do Audiovisual.
As propostas aprovadas recebem os recursos diretamente do Governo de Pernambuco. Por meio de um modelo de gestão compartilhada com a classe cultural, o Funcultura conta com uma Comissão Deliberativa, formada por representantes do poder público e da sociedade civil.
Conteúdo copiado de http://www.cultura.pe.gov.br/canal/fundarpe/governo-lanca-o-pacote-de-editais-para-o-funcultura-2022-de-r-32-milhoes/