Amaro Filho/Divulgação

Do Cultura PE

Fotos: Amaro Filho/Divulgação

   As Bandas de Pífano foram reconhecidas, nesta sexta-feira (26), como Patrimônio Imaterial Cultural de Pernambuco. A decisão do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC/PE) foi tomada durante reunião ordinária do Conselho realizada em Caruaru, cidade onde se encontra grande parte das bandas de pífano no agreste pernambucano. A resolução com a decisão agora segue para publicação no Diário Oficial do Estado e homologação do governador. Em seguida, o bem cultural será inscrito no Livro de Registro do Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco.

   Este é o segundo registro em âmbito estadual totalmente tramitado sob o fluxo da Lei Estadual de Registro de Bens Imateriais, que também registrou recentemente a festa de São Lourenço do Mártir como Patrimônio Imaterial Cultural do Estado.

  “O reconhecimento das bandas de pífanos faz parte da política do Governo do Estado de Pernambuco, regulamentada pela Lei estadual nº 16.426/2018, que institui o Sistema Estadual de Registro e Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, no âmbito do Estado de Pernambuco, em 2018, tem o objetivo de proteger e preservar nossos bens culturais por meio do Sistema Estadual de Registro e Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial”, destaca Oscar Barreto, secretário Estadual de Cultura e presidente do CEPPC/PE.

  A legislação é bastante parecida com a estabelecida por meio do Iphan, a nível federal – onde também corre um processo de registro das bandas de pífano, desta vez como Patrimônio Imaterial do Brasil.

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   A instrução do processo contou com a colaboração do projeto “Pífanos de Pernambuco – Do Mapeamento à Salvaguarda” (www.tocandopifanos.com), produzido com recursos do Funcultura e premiado, em 2022, com o primeiro lugar na categoria Promoção e Difusão do Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural

   “Embora esteja em andamento o processo de registro das Bandas de Pífano em âmbito nacional, partimos primeiro no reconhecimento da manifestação artística em âmbito estadual. Isso demonstra o compromisso do CEPPC/PE com a salvaguarda do Patrimônio Imaterial. Destaco que, neste ano, o Conselho de Preservação elegeu como Patrimônio Vivo a Banda de Pífano Folclore Verde de Castainho, de Garanhuns. Permanecemos com o compromisso junto ao governo e a sociedade civil em prol do patrimônio cultural pernambucano”, ressalta Cássio Raniere, vice-presidente do CEPPC/PE.

   HISTÓRICO - O pedido de Registros das Bandas de Pífano de Pernambuco foi iniciado em 2019, por José Amaro Filho, Claudia Moraes Lisboa e Eduardo Monteiro, representantes de uma comissão formada por pesquisadores, produtores, músicos e apoiadores das Bandas de Pífano.

   Além da documentação, que mapeou 82 bandas de pífanos, especialmente no Agreste e Sertão de Pernambuco, foram realizados encontros virtuais com detentores para explicar sobre o processo e sistematizar informações de base para as diretrizes de salvaguarda das Bandas de Pífano no Estado.

   A instrução do processo contou com a colaboração do projeto “Pífanos de Pernambuco – Do Mapeamento à Salvaguarda” (www.tocandopifanos.com), produzido com recursos do Funcultura e premiado, em 2022, com o primeiro lugar na categoria Promoção e Difusão do Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural.

   A análise técnica preliminar e a elaboração do inventário que fundamentou a decisão foram realizadas e entregues ao CEPPC/PE pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) no ano passado.

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A Secult-PE/Fundarpe e o CEPPC realizaram encontros virtuais com detentores para explicar sobre o processo e sistematizar informações de base para as diretrizes de salvaguarda das Bandas de Pífano no Estado

   Foram responsáveis pela relatoria do processo de registro as conselheiras Mônica Siqueira, representante do segmento de Expressões Culturais de Pernambuco registradas como Patrimônio Cultural Imaterial; e Cláudia Pinto, suplente do segmento de Arquitetura, Urbanismo, Geografia e Engenharia.

   O registro das Bandas de Pífano resultou também no livro Pífanos do Sertão, produzido pela Página 21 com recursos do Funcultura. Em 144 páginas, Pífanos do Sertão revela aspectos sociais, econômicos e culturais que envolvem as bandas de pífanos sertanejas, detalhando a importância da religiosidade em suas funções e as peculiaridades sonoras de cada uma.

   Amplamente ilustrada, a obra traz ainda um apêndice com partituras de benditos, marchas e baiões de grande difusão entre os grupos sertanejos. O livro teve organização de Rafael Coelho, textos de Eduardo Monteiro, artigos de Amaro Filho, Caca Malaquias e José Cláudio Lino, fotos de Claudia Moraes, transcrição de partituras por Caca Malaquias e diagramação de Vladimir Barros.

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Análise técnica preliminar e elaboração do inventário que fundamentou a decisão foram realizadas e entregues ao CEPPC/PE pela Secult-PE/Fundarpe no ano passado

   Sobre as Bandas de Pífano – Os grupos têm suas origens remotas nos grupos musicais que aportaram na América Portuguesa e Espanhola durante os diferentes ciclos de povoamento a partir do século XVI. O formato recria os conjuntos de flautas e bombos que acompanhavam festas, procissões, celebrações litúrgicas ou profanas e também grupamentos militares.

   O pífano, ou pife, pela sua produção artesanal e fácil transporte, logo passou a ser utilizado por diferentes perfis de músicos e também para facilitação de processos de catequese de povos indígena. Instrumentos de sopro semelhantes a esse já eram conhecidos e mesmo utilizados por povos originários brasileiros antes mesmo do processo de colonização e aculturação.

  Outros instrumentos fazem parte da banda de pífanos: zabumba, contra surdo, tarol e o conjunto de pratos compõem o conjunto, e toda a lógica de produção artesanal dos instrumentos de percussão também faz parte do conjunto de saberes que orbitam este bem cultural.

   A formação apontada como tradicional é de quarteto, sendo dois pifeiros, um principal e outro secundário, um zabumbeiro e um tocador de caixa. É comum também encontrar a variação que inclui o contra surdo e os pratos formando o sexteto, sendo esta a forma mais encontrada especialmente em grupos formalizados. Grande parte das bandas possuem nomes ligados à localidade onde estão inseridas, aos seus formadores ou aos santos de devoção da comunidade.

 As vestimentas semelhantes às vestes de cangaceiros começaram a ser adotadas por volta da década de 1960 por influência da Banda de Pífano de Caruaru, em cuja justificativa figura o relato do seu líder Sebastião Biano, de ter tocado para o bando de Lampião. É comum também encontrar paramentos mais discretos com calças e camisas padronizadas, por vezes lisas ou xadrez, além de chapéus de couro e quepes no figurino.

Publicado originalmente em http://www.cultura.pe.gov.br/canal/servico/bandas-de-pifano-de-pernambuco-sao-registradas-como-patrimonio-cultural-imaterial-de-pernambuco-2/