sábado, 31 de julho de 2021
quinta-feira, 29 de julho de 2021
Para ouvir e cantar... e refletir
Que muito já foi onde a gente
Conhece a vida traz pra frente
Andou nos caminhos do vem
Que a vida é de quem corre menos
Disse que o mar para na areia
Que fez e que faz coisas índias
Me disse que a estrela d'alva
É hora de falar ao filho
Me disse que fome de amor,
Ademar Rafael - Crônicas de Bem Viver
JOSÉ VANDERLEY GALDINO MARQUES
Ademar Rafael |
Vários leitores e várias leitoras desta coluna semanal não tiveram o privilégio de assistir nos campos e nas quadras a performance de Vanderley. Garanto era um espetáculo de categoria nos desarmes, sem dar pancadas, nos passes perfeitos e em finalizações impecáveis. Jogou em praticamente todos os times de Afogados da Ingazeira, com dedicação, classe e muita correção no quesito ética esportiva. Com certeza ele tem outros momentos de destaque em sua carreira futebolística. Vou limitar minha narração em duas situações.
A primeira a sua estreia no fabuloso time do Guarany, em jogo realizado no Estádio Romeirão em Juazeiro do Norte. Foi um partida para entrar na história, jogou como gente grande, demonstrou o jogador perfeito que era e calou a boca de muitos torcedores e da crítica esportiva da época. Para este cronista Vanderley jogava um futebol que transitava entre o sentido de marcação de Ardiles, campeão mundial pela Argentina e a condução de bola de Falcão, do Internacional, Roma, São Paulo e Seleção.
Fora dos campos e das quadras Vanderley também é craque como comunicador e narrador de jogos de futebol e circuitos de vaquejada. É, de fato e de direito, um homem com habilidades múltiplas. Conduziu com muito sucesso o programa “Pajeú Super Show” em nossa querida Rádio Pajeú. Atualmente comanda o festejado “Fim de Tarde na Fazenda”, pelas ondas da Afogados FM.
Dentre as outras muitas qualidades de Vanderly eu destaco sua dedicação e compromisso com o que se dispõe a fazer, sua educação e suas ações em defesa do esporte e da cultura regional. Poucos pessoas conheci com tanto zelo por nossa terra e pela sua gente. Obrigado amigo.
Publicado originalmente no Blog do Finfa
terça-feira, 27 de julho de 2021
segunda-feira, 26 de julho de 2021
"Sertão e Cantoria" com Anizio Queiroz e Antônio José
Imagem/Divulgação |
Cantarão juntos em uma live, Anízio Queiroz (Afogados da Ingazeira) e Antônio José (Serra Talhada), no dia 26 de julho(amanhã), às 19h. A cantoria será transmitida pelas redes sociais do Clube do Cordel.O convite segue para todas as pessoas amigas e amantes da cantoria.
Que chamada mais linda, né?!
Essa é a forma que Anízio Queiroz ditava a sua filha (@uilmaira) os avisos para divulgar seus baiões de viola pela Rádio Pajeú (@radiopajeu), segue o anúncio dessa cantoria que vai ser filmada no pé-de-parede da Budega com Prosa (@budegacomprosa).
O clube do cordel (@clubedocordel) abre espaço para a Cantoria de Viola. Primeira cantoria transmitida pelo clube. Irmanados pela poesia. Vamos transmitir ao vivo o repente dos poetas Anízio Queiroz e Antônio José, com mediação Kauã Silva (@kauasilva_poeta)
A bandeja está aberta para contribuições no pix 87 99998 6810.
Datas e Horários:
26/07 - 19h - 20h
Transmissão: @clubedocordel e Rádio Pife (radiopife.com)
Link youtube: https://www.youtube.com/watch?v=8gonwgf8q
A última foto de Machado de Assis?
Raro registro: A possível última foto de Machado de Assis
Em 2018, um pesquisador independente encontrou um registro fotográfico inédito do escritor a poucos meses de sua morte
Por: Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins
Montagem mostrando fotografia conhecida de Machado à esquerda, e a inédita à direita - Divulgação / Caras y Caretas/Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España |
No ano de 2018, o pesquisador Felipe Pereira Rissato anunciou ter encontrado o que, segundo tudo indica, se configuraria como a última foto de Machado de Assis tirada em vida.
Trata-se de uma fotografia de corpo inteiro, em que o escritor brasileiro, já em idade avançada, posa sozinho no que parece ser um jardim. Segundo apontado pelo estudioso, o motivo pelo qual ela teria permanecido desconhecida então é porque foi publicada em uma revista estrangeira, a argentina “Caras y Caretas”.
Felipe localizou na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España, um acervo virtual. A matéria em que Assis apareceu havia sido nomeada como “Homens públicos do Brasil”, e compilava uma série de figuras importantes do nosso país.
"Certamente é dos três meses finais de 1907 ou mesmo de janeiro de 1908", comentou Rissato em entrevista ao G1. Vale lembrar que Machado faleceu em setembro daquele mesmo ano, então aos 69.
Fotografia de Machado de Assis / Crédito: Divulgação / Caras y Caretas/Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España |
"Esta passa a ser a sua última fotografia feita em vida. Enquanto que a imagem que ocupava essa posição era a do escritor sendo acometido pelo ataque epilético, na qual não é possível sequer ver seu rosto", relatou o pesquisador ainda.
A foto encontrada por ele é muito mais reveladora em comparação a esta anterior, em que o autor passa mal. A outra, que é de setembro de 1907, traz apenas a parte de trás da cabeça do autor, com o restante de seu corpo sendo tapado pela multidão que o cerca em ocasião do acesso de epilepsia.
Fotografia que mostra Machado tendo ataque epiléptico / Crédito: Divulgação/ Augusto Malta / Peregrino Júnior, 'Doença e constituição de Machado de Assis' |
Além de ser seu último, o retrato ainda tem outro aspecto que o torna exclusivo: “Temos Machado de corpo inteiro e sozinho, algo que até então só havia sido observado em dois retratos de sua primeira sessão fotográfica, feita aos 25 anos (1864) no estúdio de Insley Pacheco, e mesmo assim, sentado. Mais tarde, acreditava-se que as lentes somente teriam capturado Machado de corpo inteiro rodeado por amigos”, explicou Felipe, de acordo com o G1.
Uma curiosidade é que existem um total de apenas 39 registros fotográficos - contando com esse último a ser descoberto - em que é possível constatar a presença do célebre escritor.
Fotografia de corpo inteiro de Machado aos 25 / Crédito: Divulgação/ Insley Pacheco/Coleção Ruy Souza e Silva |
Infelizmente, a Caras y Caretas não forneceu muitas informações a respeito do retrato inédito, publicando-o com uma legenda que dizia simplesmente: “El escritor Machado de Assis presidente de la Academia de la Lengua Brasileña”. Não havia a data ou a ocasião em que a foto foi tirada, por exemplo.
Para tentar preencher essas lacunas, Rissato precisou analisar os dados que estavam disponíveis. Comparando a imagem presente na revista argentina com uma de 1906, em que Machado participou de um almoço na casa do ministro da Colômbia, o estudioso pôde observar que em seu achado, o autor parecia mais velho e debilitado.
Fotografia do almoço na casa do ministro da Colômbia, Machado está na fileira da frente, sendo o segundo da esquerda para a direita / Crédito: Divulgação/ Augusto Malta/Coleção IHGB |
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/a-possivel-ultima-foto-de-machado-de-assis.phtml - Por: Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins
sábado, 24 de julho de 2021
Ronaldo Correia de Brito - A invenção do Sertão
Foto: Claudio Gomes |
“O que é o tempo? Se não me perguntam, eu sei; se me perguntam, desconheço.” A frase de Santo Agostinho que me chegou através do escritor argentino Jorge Luis Borges, mais parece um aforismo de Guimarães Rosa: O que é o sertão? Se não me perguntam, eu sei; se me perguntam desconheço. Segundo o dicionário Houaiss, o sertão é uma região agreste, afastada dos núcleos urbanos e das terras cultivadas, em especial a zona mais seca que a caatinga, ligada ao ciclo do gado, e onde permanecem tradições e costumes antigos. Para Câmara Cascudo o sertão é o interior, como o definiram os cronistas Fernão Mendes Pinto, o Padre Antonio Vieira e o escrivão Pero Vaz de Caminha.
O sertão dos bandeirantes paulistas situava-se na Serra do Mar ou além dela, em florestas atlânticas, onde eles grilavam índios, procuravam ouro, pedras preciosas, e caçavam animais de peles comerciáveis. Capistrano de Abreu lamentava que a história brasileira tivesse ficado apenas no litoral, não adentrasse os interiores, os sertões. Os primeiros mapas desenham um Brasil costeiro. Só mais tarde, com os avanços da colonização e o trabalho dos exploradores, seguindo os cursos dos rios chega-se ao Brasil profundo, misterioso como o oceanos que os navegadores temiam singrar.
Os ingleses traduzem sertão como backlands, terras de trás. Olhando o mar e o litoral, tudo o que está às costas seria sertão. Esse primeiro significado valia para as terras gerais do Brasil. A palavra sertão ainda não fora reinventada pelos escritores, poetas, pintores e cineastas. Ainda não ganhara os limites geográficos que hoje a situa em zonas mais áridas, sobretudo nordestinas. Cascudo escreveu que “o nome fixou-se no Nordeste e no Norte, muito mais do que no Sul. O interior do Rio Grande do Sul não é sertão, mas poder-se-ia dizer que sertão era o interior de Goiás e de Mato Grosso.” Na sua literatura, Guimarães Rosa o situa nos gerais de Minas, embora afirme que o sertão está em toda parte.
Há algo que sentimos como sendo o sertão. Talvez ele nos transmita um apelo, o mesmo que Rudyard Kipling ouviu em relação ao Oriente. – “Se ouvires o apelo do Oriente, já não ouvirás outra coisa.” Se ouvires as vozes sertanejas, já não escutarás outras vozes. Nem enxergarás outras perspectivas, como um nordestino a quem subiram num prédio alto de São Paulo e pediram que dissesse o que avistava: o Crato, respondeu. O sertão habita em nós, mesmo quando já não o habitamos. O sertão é como Deus definido por Hermes Trimegisto, uma circunferência cujo centro está em todas as partes e a periferia em nenhuma. O sertão é a essência, o miolo, o cerne. É marca de ferro que nos queima e não se desfaz. O sertão é o silêncio das pedras, as ausências. O sertão não existe, é pura invenção dos poetas.
O sertão é anterior ao descobrimento. Ele já se fundara em Creta, na Grécia Antiga, o berço da civilização ocidental, no culto ao touro, na arte de domar a rês. E em Israel com o seu legado da Escritura Sagrada. O Oriente e o Ocidente se juntaram no sertão, sedimentaram os costumes depurados na Península Ibérica, através da presença moura e judaica.
Mas é através dos artistas que o sertão se reinventa. Cada um deles cria o próprio ferro de marca, o sertão pessoal que vira patrimônio de todos. José de Alencar e a etnologia do sertanejo. Euclides da Cunha e o sertão da Guerra de Canudos. Guimarães Rosa e o sertão de todas as veredas. Ariano Suassuna e o sertão armorial da Pedra do Reino. Graciliano Ramos e as vidas secas num sertão realista. Raquel de Queiroz e o sertão da estiagem de 1915. Jorge Amado e as cores das desigualdades sociais. Glauber Rocha solta Deus e o Diabo na terra do sol.
O cinema do ciclo do cangaço fixa os estereótipos de um regionalismo que a televisão irá explorar de forma grosseira e vulgar. Surgem caricaturas de trajes e falas, os coronéis, as sinhás, os vaqueiros que não são cowboys. Retratam a miséria, os mandacarus e chique-chiques, os despotismos, a sanha dos cangaceiros. O sertão por essas lentes é um mundo sem épica, de tragédias sem sentido trágico. Não possui a dignidade de um faroeste americano de John Ford, John Huston ou Roberto Leone.Foto:Claudio Gomes
À margem desse poderoso mundo da comunicação, os poetas, violeiros, cordelistas, aboiadores, contadores de história, xilogravadores, ferreiros, artesãos do couro, bordadeiras, romeiros, brincantes dos autos populares e muitos outros artistas do mundo sertanejo de meu Deus continuaram produzindo uma arte que se liga à tradição universal, que realiza o milagre de reunir o que se criou no Oriente e no Ocidente.
No sertão, origens e tempos se misturam. O aboio, que chama para o curral o gado de semente indiana, lembra o canto de um muezim muçulmano. O sertanejo habita uma casa de arquitetura portuguesa. Come o pão em que o trigo foi substituído pelo milho de lavra indígena. Acende um cigarro de fumo da terra, põe na cabeça um chapéu de couro chamado quipá, ou de palha, com trançado africano e indígena. Dentro de casa, a esposa vê televisão, e o filho pequeno brinca num vídeo game. E o homem nem imagina que nele deságuam civilizações e saberes. Repara na tarde “que tem qualquer coisa de sinistro como as vozes dos profetas anunciadores de desgraça”, e num vaqueirinho que testa o aparelho celular, buscando sintonia com o mundo.
Texto: https://www.ronaldocorreiadebrito.com.br/site2/2021/07/invencao-do-sertao/
Um apurado de versos
No meu tempo de criançaBoneca eu não possuiaEu pegava era um sabugoNum molambo eu envolviaNuma casinha no matoPassava o resto do dia
Rafaelzinha
Eu comparo a nossa vidaCom o mar irritado e forteAlguma bússola indicandoLeste, oeste, sul e norteDum lado a praia da vidaDo outro o porto da morte
Jó Patriota
Eu já não suporto maisNa vida tantas revoltasPrazer, por que não me buscas?Mágoa, por que não me soltas?Presente, por que não foges?Passado, por que não voltas?
Lourival Batista
Pra que eu com dois olhos na barriga,
Se os da cara já são suficientes?
Pra que eu invejar os meus parentes,
Se eu já sei que o retorno é uma intriga?
A formiga que evita ser formiga
Cria asas, se torna tanajura,
Cresce a bunda demais, cria gordura,
Fica muito pesada e cai à toa.
Pra que tanta riqueza, se a pessoa
Nada leva daqui pra sepultura?
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Alceu Valença lança segundo álbum do atual projeto voz e violão
Foto: Leo Aversa |
Alceu Valença lançou, nesta sexta-feira (23), a segunda leva de uma série de quatro álbuns no formato de voz e violão, sempre trazendo algumas canções inéditas e releituras acústicas de seus clássicos. Dessa vez, as inéditas são Era Verão e Saudade, que dá nome ao álbum. A faixa-título reflete o período da quarentena na pandemia. Alceu resgata uma das suas facetas de cancioneiro, expressando com suavidade e lirismo todo o espanto diante do medo, das despedidas, das desigualdades.
Petrúcio Amorim - Tareco e Mariola
Rir ainda é o melhor remédio
Rir pode ter um sentido bem profundo e especial: transformar a dor em prazer, a perda em aprendizado, a decepção em experiência e a partir deste entendimento afetivo, as nossas lacunas começarão a ser preenchidas gradativamente. No lugar dos falsos amigos, gente que acrescenta. No lugar das tolas ilusões, projetos consistentes. No lugar da negação, a aceitação de uma nova realidade que se impõe.
Por meio do humor sutil e inteligente, da piada que fazemos a respeito de nós mesmos, do nosso sofrimento, do nosso medo, da nossa preguiça de recomeçar do nada, do nosso nojo por tudo que suportamos sem motivo, por meio da reciclagem das nossas lágrimas em sorrisos e jargões, a tragédia perde seu caráter solene de ópera e ganha nuances de comédia light.
A dor fica realmente mais leve e a gente começa a aprender a lidar com ela, botá-la no colo e até fazer um cafuné. Ela se integra a nós . Não como um fardo insuportável, mas como mais uma cicatriz que estará lá nos lembrando sempre que a vida é exigente, não perdoa dívidas e é bom ficar atento. É um lembrete como as aparas que colocamos na porta da geladeira para não esquecermos de pagar uma conta ou desmarcar um compromisso.
Rir vai muito além de movimentar os lábios e mostrar os dentes. Rir vem de dentro, da percepção do ridículo, do absurdo. Rir vem daquela sensação de que nem tudo está perdido.
Rir é a arte dos que se reinventam. É a arte daqueles que renascem das cinzas como uma Fênix. Rir é a arte dos sobreviventes.