terça-feira, 29 de junho de 2021

Antonio Barros e Cecéu - Obra vira Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba

junho 29, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Texto: Angélica Nunes e Laerte Siqueira / Jornal da Paraíba
Foto: Mayra Barros

   Juntos desde 1972 e parceiros na música e no amor, os compositores Antônio Barros e Cecéu tiveram a obra oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural de natureza Imaterial do Estado da Paraíba. A lei, de autoria da deputada Estela Bezerra (PSB), foi publicada numa edição do Diário Oficial do Estado (DOE) do último dia 24 de junho, Dia de São João, e disponibilizado no site do governo hoje (29).
   Na prática, a lei considera “Patrimônio Cultural” todos os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, em conformidade com o art. 216 da Constituição Federal.
  “Antônio Barros e Cecéu representam não só a musicalidade e a cultura do nosso estado: são a própria essência do povo nordestino. Suas composições atravessam as gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano e nordestino”, destacou Estela.
   Nascido em março de 1930 em Queimadas, Antônio Barros conta que começou a compor na década de 1950. Somente após passar por problemas familiares e se mudar para Campina Grande, 20 anos depois, foi que ele conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu.
   Antônio Barros e Cecéu
  O casal Antônio Barros e Cecéu são artistas consagrados, que fazem parte da realidade e da história da música paraibana. Suas obras extrapolam o limite da regionalidade, de modo que encontramos regravações e releituras de suas músicas feitas por uma nova geração de artistas, não somente nordestinos.
  Dentre as canções mais famosas do casal estão clássicos como “Homem com H”, “Por Debaixo dos Panos”, “Bate Coração”, “Procurando Tu”, “Forró do Poeirão”, “Forró do Xenhenhém” e “Óia Eu Aqui de Novo”.

   E pra completar, o Cultura e Coisa e Tal traz um vídeo com os dois cantando Não lhe solto mais e Bulir com tu. Vídeo copiado do canal Festival Rootstock.

Roda de Glosas nos 112 anos de Afogados da Ingazeira

junho 29, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

   


   Uma das mais tradicionais expressões artísticas do Nordeste vai abrir a programação festiva dos 112 anos de emancipação política de Afogados da Ingazeira - PE. É a Roda de Glosas, uma vertente da poesia improvisada. O evento acontece no modelo live, nesta quarta-feira, 30 de junho, às 19h30. A transmissão  será pelo Youtube no canal Prefeitura de Afogados da Ingazeira.
   "A glosa surgiu com a nossa poesia oral. O improviso cantado, geralmente acompanhado pela viola, ganhou maior espaço, mas desde o início existem os glosadores, que são poetas que improvisam versos sem cantar e sem instrumentos", explica o poeta Genildo Santana. "Por algum tempo só víamos glosas em encontros informais de poetas, numa feira ou num bar, por exemplo. Mas de uns 20 anos pra cá estes eventos tomaram forma, especialmente pela criação do modelo de mesas de glosas, em Tabira", complementa o poeta Zé Adalberto.
   Esta Roda de Glosas ganhou o título de Abraços do Pajeú, numa referência à saudação da região à cidade aniversariante. Participarão os poetas Diomedes Mariano, residente em Afogados, mas nascido em Solidão, Genildo Santana, de Tabira, Zé Adalberto, de Itapetim, Francisca Araújo, de Iguaracy, e Gislândio Araújo, de Brejinho, todos municípios do Sertão do Pajeú pernambucano, vizinhos de Afogados da Ingazeira. Entre os improvisos, outros poetas e poetisas também darão seus recados em vídeo.
   "Montamos uma programação diversificada, com várias expressões artísticas, e tínhamos que incluir esta referência poética que é a glosa. É um reconhecimento a uma tradição regional e ao mesmo tempo uma forma de apresentá-la para muita gente que ainda precisa descobrir este encanto", revela o prefeito de Afogados da Ingazeira, Sandrinho Palmeira.
  No mesmo dia haverá outras apresentações. A programação segue até o dia 03 de julho. Acompanhe:

Dia 30/06, 19h30
Quadrilha Junina Sanfonar
Roda de Glosas
Leandro Cavalcante
Luciano Lima, Waguinho dos Teclados e Forró Porto Rico
As Severinas (foto abaixo)



Dia 01/07, 19h
Cacá Malaquias, Edinho Oliveira, Edierck José e Chagas
Gustavo Pinheiro
Adelino do Acordeon
Maciel melo (foto abaixo)



Dia 02/07, 19h30
Companhia Artística Pajeú de Danças e Junina Sanfonar
Nova Engrenagem
Genival e Grupo Versátil
Lindomar Souza
Irah Caldeira (foto abaixo)


Dia 03/07, 19h30
Quadrilha Junina Fogo de Palha
Kleiton Mota
Pé de Banda (seresta)
Amigos do Samba
Os Megas

Toda programação será transmitida pelo Youtube Prefeitura der Afogados da Ingazeira.

sábado, 26 de junho de 2021

junho 26, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Estevão Ribeiro / PublishNews

 

junho 26, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Parabéns pra você ou Parabéns a você? E o que mais?

junho 26, 2021 Por Alexandre Morais 1 comentário

NÃO É "BIG BIG BIG" O CORRETO A SE CANTAR NO "PARABÉNS"


Autora: Vanessa Trincheira
Copiado de: www.obviusmag.org

    "É BIG, É BIG, É BIG - BIG - BIG!"

   Assim é cantado em coro o bordão da música "Parabéns pra você" em todo território brasileiro. Ocorre que esse é apenas um dos erros que cometemos em relação a versão original da canção. Neste artigo se apresenta um pouco da história dessa composição, que é a mais famosa do mundo e como seria a forma original e mais adequada para cantá-la.

   A música "Happy Birthday to you" (parabéns a você) foi registrada pela primeira vez em 1924 nos Estados Unidos, num livro de Robert Coleman denominado "Celebrations songs" (canções de comemorações). Trata-se de uma adaptação de "Good morning to all" (bom dia a todos) que era uma melodia utilizada na recepção de escolas que duas professoras irmãs haviam patenteado em 1983.

   Apesar da simplicidade da letra esta composição já gerou muita disputa de poder e negociação de direitos autorais, movimentando milhões de dólares e alguns processos. Na primeira forma em que foi escrita, em inglês, e que muitos países conservam até hoje, "Parabéns a você" é proferido duas vezes e na terceira acompanhado por "querido" (dear) e o nome do aniversariante, repetindo-se por fim "Parabéns a você". No Brasil o radialista e compositor Almirante, da rádio Tupi do Rio de Janeiro, realizou um concurso para melhor adequação da música, vencendo Bertha Celeste Homem de Mello, com a forma que se canta até hoje, em que há uma única repetição de frases.

   "Parabéns a você, nesta data querida, muita felicidade, muitos anos de vida"

   "Parabéns a você, nesta data querida, muita felicidade, muitos anos de vida"

    É comum que se cante "parabéns pra você" e esta frase se tornou a tradução em português do próprio título da música, e portanto é culturalmente aceitável esta maneira de cantar e assim, não seria necessário mudar e se readequar. Entretanto, certamente você já desejou "muitas felicidades" a inúmeras pessoas, sem saber que na versão de Bertha a felicidade é singular, portanto deveríamos mencionar "muita felicidade", até porque o adverbio já é de intensidade e a sensação de felicidade deve ser plena e não com a palavra no plural se referindo a momentos.

  Presume-se que as últimas frases, possivelmente construídas por alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, na década de 30 sejam:

     "É pique, é pique. É pique, é pique, é pique!

      É hora, é hora. É hora, é hora, é hora!

      Rá-tim-bum!"

    Sobre estas últimas estrofes, não cometa mais a gafe de cantar big-big-big. Big é uma palavra inglesa que significa "grande" e que se fosse traduzida ficaria complicada para ser repetida com rapidez. Ainda que não soubéssemos se o adjetivo se referia à festa ou à pessoa, provavelmente gritávamos "É big!" Diz a lenda que "pic-pic" era o apelido de um estudante daquela faculdade, que andava com tesoura para aparar barba e bigode. A palavra "pique" realmente deveria ser utilizada no nosso país, porque além de já estar em português, ela se define por força e ânimo, que tem a ver com festa e alegria, mas também com uma perspectiva ideal para nossa própria vida, em que deveríamos ter pique e disposição para suportar as adversidades.

     O trecho "é hora" se referia a uma frase repetida nos bares próximos da faculdade a cada meia hora, que era o tempo da cerveja gelar para ser novamente servida, mas também pode se referir ao tempo exato em que se comemora algo e no caso de aniversário, que é a celebração de cada ano de vida de uma pessoa, a hora do "Parabéns" é a hora H em que a pessoa reserva para reunir seus amigos e familiares mais queridos.

   Já o termo "ratimbum" teria sido adotado por causa de um rajá indiano que teria visitado a faculdade denominado "Timbum". Alguns textos populares repercutiram que a frase seria amaldiçoada sem contudo apresentar nenhuma fundamentação ou fonte de pesquisa. Outra explicação ainda é que seria uma onomatopeia para abreviar o famoso som de bandinhas de percussão (especialmente de fanfarra e circo) definindo-se pela caixa (Rá), pelos pratos (Tim) e pelo bombo (Bum). Por fim Rá-Tim-Bum também foi um programa infantil de grande sucesso produzido pela TV Cultura na década de 90. Assim, recomendo seu uso.

    É contumaz evocar o nome do aniversariante três vezes no final do Parabéns. Essa parte enfatiza a pessoa que está sendo contemplada e por isso muitas pessoas consideram um tipo de idolatria, assim como os próprios aniversários. Outros consideram incentivo ao egoísmo, individualismo e narcisismo ao invés de uma expressão de amor (próprio no caso do aniversariante e de todos para com ele). Ainda há o ponto de vista de que o próprio aniversário como um todo não serve só ao homenageado, como também é um privilégio de todos os participantes já que supostamente só se convida pessoas especiais.

VIVA GILBERTO GIL!

junho 26, 2021 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

    Gilberto Passos Gil Moreira  nasceu em Salvador aos 26 de Junho de 1942, mas passou a infância na pequena cidade de Ituaçú, no interior baiano. Filho do médico, José Gil Moreira (1913-1991) e da professora primária, Claudina Passos Gil Moreira (1914-2013), o menino Gil desde a infância em itauçú acompanhava as cantorias de viola, os forrós e principalmente as bandas filarmônicas existentes nas pequenas cidades do interior nordestino.

    Gil é uma das referências musicais de muitos brasileiros  e o Blog Cultura e Coisa e Tal o parabeniza nessa data natalícia.

Viva a música, viva o nordeste e viva Gil. Aquele abraço, mestre.


 

 "Aquele Abraço" do Cultura e Coisa e Tal ao mestre Gil!



A ARTE DE PIETER BRUEGEL

junho 26, 2021 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

 

'A Luta entre Carnaval e Quaresma': Farra e fé presentes na mesma obra

Crida por Pieter Bruegel em 1559, a obra traz elementos de ambas as datas para criticar os conflitos da Reforma Protestante

Por: Letícia Yazbek

A curiosa pintura de Pieter Bruegel, o Velho - Pieter Bruegel, o Velho/ Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons 

    Pieter Bruegel foi um dos mais importantes pintores flamengos do século 16. Nascido em 1525 na cidade de Breda, na Holanda, Bruegel estudou pintura com Pieter Coecke van Aelst e, em 1551, tornou-se mestre da Guilda dos Pintores de Antuérpia. É chamado de Pieter Bruegel, o Velho, para distingui-lo de seu filho mais velho, de mesmo nome.

    Apesar de ter viajado pela Itália e aprendido a técnica dos artistas renascentistas, Bruegel é conhecido por ter trilhado um caminho próprio e apostado em sua originalidade. Mestre na pintura de paisagens, também retratou de forma detalhada a vida e os costumes dos camponeses.

    Influenciado por Hieronymus Bosch, pintor holandês dos séculos 15 e 16, Bruegel se dedicou a temas religiosos e moralistas. A intenção era expor o absurdo existente na
vulgaridade, além das fraquezas, loucuras, e contradições dos costumes da época.

    Detalhe da obra representando o Carnaval / Crédito: Pieter Bruegel, o Velho/ Domínio Público/ Creative Commons

    Utilizando os recursos da sátira, o pintor criou algumas das primeiras obras de protesto social na história da arte. Uma delas é 'A Luta entre Carnaval e Quaresma', em que critica de forma satírica os conflitos da Reforma Protestante.

    A emblemática pintura retrata um festival popular no sul da Holanda no período, que acontecia entre os últimos dias de Carnaval e o início da Quaresma. Em meio a diversas cenas, é possível encontrar as contradições da natureza humana, aqui representadas pelo prazer e a castidade religiosa.

Detalhe da obra representando a Quaresma / Crédito: Pieter Bruegel, o Velho/ Domínio Público/ Creative Commons

    A pousada, à esquerda, representa o prazer e a diversão do Carnaval. Ela está rodeada por pessoas que estão bebendo e comendo enquanto assistem a uma encenação popular. O homem que lidera a festa popular também representa o Carnaval.

    O curioso personagem está montado em um barril de cerveja, usa uma torta como chapéu e empunha um espeto de carne de porco. O casal de costas para o observador é guiado por um bobo da corte que leva uma tocha acesa. Essas figuras são vistas como uma alegoria da falta de razão do povo.

    Sentada em uma pequena carroça puxada por um monge e uma freira, a senhora magra e debilitada é a personificação da Quaresma. Na abstinência de carne vermelha, ela traz consigo dois peixes. À direita, a igreja representa a Quaresma, o tempo de privações. Ao redor dela, há religiosos e crianças bem comportadas.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/luta-entre-carnaval-e-quaresma-farra-e-fe-presentes-na-mesma-obra.phtml

 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Mariana Aydar e Chico César - O futuro já sabia

junho 25, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários
   Quentinha, quentinha, lançada no dia de São João, a música O futuro já sabia, com Mariana Aydar e Chico César, tá espalhando feito fumaça. Mas não sumindo, ficando.

     A composição é de Barro e Ed Staudinger e a sanfona é de Mestrinho. Vai, escuta aí.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

As Severinas - 10 anos

junho 24, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


As Severinas

Formada por três mulheres pajeuzeiras, As Severinas completam 10 anos de Banda e contam um pouco da história do grupo e da íntima relação com a música e a poesia.

Documentário: As Severinas - 10 anos
Roteiro e Produção: Isabelly Moreira
Direção e Fotografia: Eduardo Crispim
Som direto e Elétrica: David Oliveira
Tratamento de Roteiro: Maria Rufino
Execução: Madre Filmes
Apoio: Fundação Cultural Cabras de Lampião

Cego Aderaldo, São João e São Pedro

junho 24, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários



   Hoje, 24 de junho, é dia de render memória a Aderaldo Ferreira de Araújo, esse aí da foto de cima, parecendo um oficial militar. Quem é do ramo - e mais ainda quem olhou pra foto de baixo - sabe que a patente dele foi poética. E que o nome de combate foi Cego Aderaldo.



   Pois bem, ele nasceu numa data como a de hoje no ano de 1878, no Crato - CE. Faleceu, em Fortaleza - CE, numa data como a de 29 de junho no ano de 1967. Fazendo as contas dá 143 anos de nascimento no São João e 54 de morte no São Pedro de 2021. Em outra conta, viveu 89 anos.

  Como produtor de arte que foi, é eterno. Será lembrado por todo o sempre.

  Perdeu a visão ainda jovem, morando na também cearense Quixadá, enquanto trabalhava na construção de uma estrada de ferro. Logo depois perdeu a mãe. E logo depois teve um sonho com ela em versos. Daí decidiu ser cantador.

  De um encontro com o poeta Zé Pretinho, do Piauí, provavelmente em 1916, surgiu uma das mais famosas - se não a mais famosa - peleja de cantadores publicadas em cordel. O cordel é de Firmino Teixeira do Amaral e um pequeno trecho é este aqui:

    Zé Pretinho
    Sai daí, cego amarelo
    Cor de couro de toucinho
    Um cego da tua forma
    Chama-se abusa vizinho
    Aonde eu botar os pés
    Cego não bota o focinho
 
    Cego Aderaldo
    Já vi que seu Zé Pretinho
    É um homem sem ação
    Como se maltrata outro
    Sem haver alteração
    Eu pensava que o senhor
    Possuísse educação
 
   ZP – Esse cego bruto hoje
   Apanha que foca roxo
   Cara de pão de cruzado
   Testa de carneiro mocho
   Cego, tu és um bichinho
   Que quando come vira o coxo
 
    CA – Seu José, o seu cantar
    Merece ricos fulgores
    Merece ganhar na sala
    Rosas e trovas de amores
    Mais tarde as moças lhe dão
    Bonitas palmas de flores
 
    ZP – Cego, eu creio que tu és
    Da terra do sapo sunga
    Cego não adora Deus
    O Deus de cego é calunga
    Aonde os homens conversam
    O cego chega e resmunga
 
    CA – Zé Preto não me aborreça
    Com o teu cantar ruim
    O homem que canta bem
    Não trabalha em verso assim
    Tirando as faltas que tem
    Botando em cima de mim
 
    ZP – Cala-te, cego ruim
    Cego aqui não faz figura
    Cego quando abre a boca
    É uma mentira pura
    O cego quanto mais mente
    Inda mais sustenta e jura
 
    CA – Este negro foi cativo
    Por isso é tão positivo
    Quer ser na sala de branco
    Exagerado e ativo
    Negro de canela fino
    Todo ele foi cativo


   Este cordel ganhou inúmeras versões, inclusive esta aí abaixo com capa inspirada nos gibis do Tex.


   Outro fato curioso é que o Cego Aderaldo desenvolveu uma sensibilidade musical aguçadíssima, chegando a tocar vários instrumentos. Na cantoria manteve o gosto pela rabeca, enquanto que a viola já era uma marca da atividade.
   Por fim - e mais curioso ainda - é que ele nunca se casou, mas montou uma espécie de orfanato. Consta que criou 24 crianças.
  Deste fato se repete uma passagem muito boa. Um cantador o teria questionado o porquê de tantos filhos adotivos e nenhum casamento. A resposta de Aderaldo:


    Eu nunca quis me casar
    Isso é verdade eu não nego
    Como eu sou bem prevenido
    Batata quente eu não pego
    Quem tem vista leva ponta
    Quanto mais eu que sou cego

Cego Aderaldo - Monumento em Quixadá/CE

quarta-feira, 23 de junho de 2021

junho 23, 2021 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

Imagem/Divulgação

 

terça-feira, 22 de junho de 2021

junho 22, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Rogério Cardoso, o genial Rolando Lero. Ou vice-versa

junho 22, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários



  Nascido em Mococa - SP, em 1936, o ator Rogério Cardoso viveu até 2003, falecendo no Rio de Janeiro.

  Em vida, viveu e alegrou muitas vidas com personagens como Salgadinho, na novela Explode Coração, Pinheiro, em A Comédia da Vida Privada, Floriano, em A Grande Família, Padre João, em O Auto da Compadecida, e o fantástico Rolando Lero, na Escolinha do Professor Raimundo.

  Abaixo, uma das mais hilárias e bem vividas cenas deste último personagem.

O São João de Caruaru e a Rua São Roque

junho 22, 2021 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

Um dos mais famosos do Brasil, São João de Caruaru começou entre moradores

A festa realizada no município de Caruaru, em Pernambuco, hoje é nacionalmente reconhecida, contudo, nem sempre foi assim

Por Penélope Coelho

Decoração de Caruaru - Wikimedia Commons/Ibrunovieira

    A festa junina é um dos eventos mais populares e tradicionais do país. Inicialmente a comemoração estava ligada estritamente à religião, em homenagem a santos como São João e Santo Antônio. Hoje em dia, apesar de também ainda ser comemorada assim, a festividade já ganhou aspectos multiculturais ao redor do Brasil.

    Uma das mais famosas das festas de São João do país costuma acontecer anualmente em Caruaru, Pernambuco. A festividade é marcada pelos grandes shows, decoração colorida, danças, quadrilhas e as típicas comidas gigantes. E foi justamente por isso que se iniciou uma rivalidade entre os moradores locais com os de Campina Grande, na Paraíba, na disputa pelo título de 'maior São João do Mundo'. 

    Um dos argumentos usados por caruaruenses é de que o Guinness Book teria dado o título a cidade amada, contudo, a informação não é verdadeira.

    Conforme checou o portal de notícias G1, o Livro dos Recordes negou que a categoria exista. Ao portal, foi informado que "o título de recorde [de Maior e Melhor São João do Mundo] sugerido não é um título de recorde oficial monitorado pelo Guinness no momento". Assim, nenhuma das duas detém o título oficialmente. Entretanto, fato é que o período que vivemos atualmente impediu as comemorações recentemente.

    Esse ano, assim como no ano passado, com a pandemia do novo coronavírus e o aumento de internação e mortes no país, o evento foi cancelado, como divulgou portal G1. Sendo assim, nos resta recordar como essa festa, que começou pequena, ganhou tamanha dimensão.

O início  

Fotografia da Rua São Roque, onde tudo começou / Crédito: Marinete Lira/Arquivo Pessoal 

    No ano de 2016, o portal de notícias G1 publicou uma reportagem relembrando as origens da festa. Na ocasião, o historiador Walmiré Dimeron, destacou a cronologia dos acontecimentos.

    Tudo começou no início da década de 1970, quando famílias da região se juntaram para organizar o evento ainda de pequeno porte. De acordo com a publicação, o falecido odontologista morador da Rua São Roque, Agripino Pereira, foi um dos principais idealizadores da festa.

    Na época, ele e sua família decidiram decorar a rua em que moravam, e na ocasião, a festa foi bem recebida pelos outros moradores. Por isso, no ano seguinte, em 1973, Agripino decidiu buscar patrocínio para o evento.

    O homem foi até o município de Vitória de Santo Antão a fim de conseguir que uma empresa concedesse bebidas para a festa. Ele acabou conseguindo um carro de som, que animou as típicas quadrilhas e cirandas.

    Em entrevista ao G1 na época, a esposa do odontologista, Teresa Pereira, relembrou os anos iniciais do São João de Caruaru.

    "Para a decoração da rua, todos os vizinhos participavam, eram cerca de 33 famílias. Meus filhos tinham três, sete, dez, 11 e 12 anos na época e os maiores já ajudavam também. Eu ficava fazendo pamonha, canjica e as outras comidas típicas porque naquele tempo não tinha ninguém que vendesse, como tem hoje. Eu ainda ajudava a organizar as apresentações culturais, como ciranda, quadrilha e dança de fita".

    Com o reconhecimento da festa, foi necessário montar uma comissão para organizar o evento, como relatou Teresa. De acordo com ela, seu marido foi o primeiro presidente do grupo.

Uma nova fase 

    Em 1977, Agripino se mudou para outro bairro, com isso, as chamadas irmãs Lira — que já eram conhecidas por ajudarem na programação — passaram a organizar a festividade, que já contava com shows de grandes nomes como Jackson do Pandeiro.

    Na década de 1990, o São João de Caruaru já havia tomado grandes proporções e além de ser conhecido em Pernambuco, ganhou reconhecimento em todo o país.

    Por isso, em 1993, a prefeitura da cidade decidiu que era a hora de comandar a organização da festa para além da monetização também conceder segurança aos participantes.

    Na época, as ruas já não eram mais suficientes para alocar todos os foliões. Sendo assim, o São João foi transferido para uma avenida e logo após passou a acontecer oficialmente no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga.

    Atualmente, a festa que começou pequena somente com o auxílio de famílias locais, se tornou um dos mais famosos do Brasil.

 Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/um-dos-mais-famosos-do-brasil-sao-joao-de-caruaru-comecou-entre-moradores.phtml

O copo americano é paulista

junho 22, 2021 Por Alexsandro Acioly Sem comentários

 

Copo americano é ou não é brasileiro? Entenda

Símbolo do design nacional, o produto foi criado em São Paulo na década de 1940


    Clássico de botecos, restaurantes e padarias para beber café ou cerveja, o copo americano é um velho conhecido, mas engana-se quem pensa que ele foi inventado nos Estados Unidos. Apesar do nome, o objeto é brasileiro e foi criado na cidade de São Paulo, em 1947, assim como mostra o Minha Receita, no episódio especial sobre culinária norte-americana.

    E para quem duvida da popularidade, os números não deixam mentir. Desde que foi inventado, há mais de 70 anos, já foram vendidos mais de 6 milhões de unidades.

    A criação é de Nadir Figueiredo, que queria um produto difícil de ser quebrado, fácil de segurar e barato. Missão dada, missão cumprida! O nome “americano” para o copo brasileiro se deu porque o maquinário usado para produzir as primeiras unidades vinha dos Estados Unidos. Hoje, porém, as máquinas são nacionais.

    O sucesso é tanto que o copo americano foi exposto no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, em 2009, como um dos produtos que representam o estilo de vida dos brasileiros.

Por: https://receitas.band.uol.com.br/minha-receita/noticias/copo-americano-e-ou-nao-e-brasileiro-entenda-16354172

segunda-feira, 21 de junho de 2021

2º Feirão de Mamulengo tem programação on-line e venda de bonecos

junho 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Foto: Renata Pires - Secult/PE
   Promovido pela Associação Cultural dos Mamulengueiros e Artesãos de Glória do Goitá (PE), o 2ª Feirão de Mamulengo é uma oportunidade para quem quer comprar um boneco diretamente de quem vive dessa manifestação cultural e é referência em todo o Brasil. O evento teve início neste domingo (20) e segue com programação até o dia 4 de julho deste ano.

   Para o 2º Feirão de Mamulengo os artesãos e artesãs do Museu do Mamulengo produziram peças únicas e uma grande diversidade de bonecos. O link do catálogo está na bio do Instagram do Museu do Mamulengo (@museudomamulengo).

  Dentre as atividades da programação, na próxima quarta-feira (23) haverá uma live com artesãos e artesãs do Museu do Mamulengo de Glória do Goitá, às 19h, pelo Instagram. No domingo (27), também às 19h, será a vez do museólogo Gilvanildo Ferreira e convidados falarem sobre a brincadeira do mamulengo, com transmissão via Facebook (/MuseuDosMamulengos)

  No dia 30 de junho haverá um sorteio de uma mala com cinco bonecos, e as regras para participação também estão disponíveis no @museudomamulengo. Para entrar em contato com a equipe do Feirão o telefone é (81) 9 9993-0139 (Whatsapp).

Programação do 2ª Feirão de Mamulengo

Quarta-feira (23) – Live com artesãos e artesãs do Museu do Mamulengo de Glória do Goitá – 19h (INSTAGRAM)
Domingo (27 ) – Live com o Museólogo Gilvanildo Ferreira e convidados – 19h (FACEBOOK)
Quarta-feira (30) – Sorteio da Mala de Mamulengo (INSTAGRAM)
Domingo (4/07) – ENCERRAMENTO: Live de agradecimento com balanço geral do Feirão – 19h (FACEBOOK E INTAGRAM)

Copiado de www.cultura.pe.gov.br

junho 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


   Nada melhor do quer ler uma boa história. Melhor ainda quando ela é tão interessante e envolvente que merece ser compartilhada, não é mesmo?
  Então, por que não aproveitar cada momento das férias escolares para estimular os estudantes a colocar em dia leituras prazerosas?
  Como o recesso escolar já está aí batendo à porta, e para você não ficar se perguntando “e agora, o que vou indicar para os alunos lerem?”, preparamos um bate-papo com Gabriela Tonelli e Antonio Castro – editores da @editoraseguinteoficial e da @companhiadasletrinhas – trazendo dicas de leituras, que além de divertir e entreter os jovens leitores, podem ajudar nos estudos mesmo durante as férias.
  A mediação será de Patricia Metztler, divulgadora escolar do Grupo Companhia das Letras. 
  Não perca! Convide colegas educadores, estudantes e todo mundo que gosta ou que precisa cultivar o hábito da leitura.   
Quinta-feira às 17h no Canal Seguinte do YouTube e Facebook Companhia na Educação.

junho 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Morre o Poeta Edezel Pereira

junho 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

José Pereira da Luz, o Poeta Edezel Pereira
Princesa Isabel - PB 20/02/1965
Afogados da Ingazeira - PE 21/06/2021
 

   Após 30 dias internados devido a complicações da Covid-19, faleceu hoje (21/06/21), o poeta Edezel Pereira, aos 56 anos. Ele estava internado no Hospital Regional Emília Câmara, em Afogados da Ingazeira - PE, cidade onde residia há anos.
   Edezel apresentou vários quadros de evolução, chegou a ser extubado, mas voltou a mostrar gravidades seguidas de alterações cardíacas. Ele era irmão do poeta João Paraibano, falecido em 2014.
   
   Numa cantoria após a morte de João, o colega terminou uma sextilha com a deixa:

Você parece que quer
Ser João Paraibano

Edezel disse:

Eu não quero ser meu mano
Devido o que aconteceu
A verdade é que João
É que queria ser eu
Que é difícil quem tá vivo 
Querer ser quem já morreu

Artistas pernambucanos lançam versão digital de romance sobre general Abreu e Lima

junho 21, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Do Diário de Pernambuco 

  Lançado em 2012, com apoio do Funcultural, o romance histórico O general das massas ganha uma nova versão online disponível para o público a partir desta terça-feira (22). Desta vez o texto do jornalista e escritor recifense Paulo Santos de Oliveira ganha o auxílio das ilustrações do pintor ipojucano José Cláudio da Silva. A obra, premiada como melhor do ano pela Academia Pernambucana de Letras em 2012, narra as epopeias políticas, militares e amorosas de José de Inácio Abreu e Lima, que deu nome ao município pernambucano e participou das guerras de independência da américa espanhola ao lado de Simón Bolívar.

   Com narrativa em primeira pessoa, Abreu e Lima descreve suas aventuras, a partir da fuga de uma prisão portuguesa, na Bahia, após ter sido obrigado a assistir ao fuzilamento do próprio pai, o Padre Roma, primeiro mártir da Revolução Pernambucana de 1817. Exilado na Venezuela, o então jovem capitão tornou-se membro do estado-maior do exército de Simón Bolívar e participou intensamente da guerra de independência e do processo de implantação de regimes republicanos numa região vastíssima, que compreende seis dos atuais países sul-americanos.
 
   De volta ao Brasil, ele continua a lutar pelos seus ideais progressistas, tendo amargado prisão em Fernando de Noronha pela sua participação como um dos “cabeças” da Revolução Praieira, em Pernambuco, no ano de 1848, E depois de morto foi obrigado ao exílio, novamente: por defender a liberdade religiosa, o bispo Cardoso Ayres proibiu seu enterro em campo santo católico, e seu corpo repousa até hoje no Cemitério dos Ingleses.
 
   “Espero que este trabalho ajude a divulgar as fantásticas histórias de Abreu e Bolívar”, diz o autor Paulo Santos, “pois, além de extremamente aventurosas e românticas, ajudam-nos a entender a formação política e as consequentes mazelas da nossa América Latina”.
 
  O website ogeneraldasmassas.art.br trará uma versão condensada da obra, com apresentações de Maurício Rands, Caesar Sobreira e Beatriz Arcoverde. Quem se interessar pelo livro completo, poderá adquirir através de link disponibilizado no site. O design é de Célia Menezes, a produção de Beatriz Arcoverde. O projeto é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc de Pernambuco.
 
SERVIÇO:
Lançamento da versão digital de ‘O general das massas’
Quando: Nesta terça-feira (22)
Onde: pelo site ogeneraldasmassas.art.br

sábado, 19 de junho de 2021

Xico Sá - Crônicas do Diário do Nordeste

junho 19, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

João Grilo e Chicó no Brasil das mentiras oficiais 


   Ariano Suassuna completou 94 anos nesta semana (quarta-feira, dia 16) e essa data não pode passar batida. Seu pensamento segue vivo e prefiro ignorar a morte física que se deu 2014 e tratar o aniversário como missa de corpo presente. O escritor paraibano talvez seja a figura mais associada à ideia de ser nordestino ou nordestina no Brasil de 2021. Isso não é nada pouco, acompanhe a toada.

   O certo é que diante de qualquer ideia de nordestinidade, alguém salta de imediato com uma frase do dramaturgo: “Eu não troco meu oxente pelo ok de ninguém.” Seja o papo sobre um Nordeste real ou inventado, é ao embornal do autor de “A pedra do reino” que muita gente procura em busca de mantimentos.

   Quando o romancista não resolve, seus personagens dão um jeito. É só recorrer a João Grilo e Chicó, criaturas tiradas dos folhetos de cordel que renderam a Suassuna sua obra mais popular, “O Auto da Compadecida” (1955). A mesma peça, em versão do diretor Guel Arraes (1998), deu no filme estrelado por Matheus e Selton Melo.

Nas sessões da CPI da Pandemia, por exemplo, os depoentes negacionistas parecem repetir a todo momento o Chicó: “Não sei, só sei que foi assim”.

   Não repetem, porém, com a mesma graça e ingenuidade da ficção. Em vez do nosso riso, morte e prejuízo.

  Benditas mentiras e proezas de João Grilo. Revelam um humor sertanejo de resistência às contrariedades da rotina e às bagaceiras do país. Bem diferente das lorotas milicianas do “Brasil Oficial”. Nem se compara. Desculpa aí, respeitável criatura grilesca.

   Parabéns pelos 94, Suassuna, e desculpa pelo aluno relapso que fui durante as aulas no Centro de Artes e Comunicação (Cac) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1982. Valeu cada minuto dos bons encontros. A minha turma, óbvio, implicava com algumas convicções estéticas do mestre, que havia protestado contra o uso das guitarras elétricas no Tropicalismo.

  A polêmica musical retornaria nos anos 1990, com o surgimento do Mangue Beat, representado pelas bandas Mundo Livre S/A e Chico Science & Nação Zumbi. Tudo não passava de um belo e saudável debate de ideias.

  Eu não troco meu oxente, pelo “tá ok” do cercadinho dos horrores presidenciais. Desculpa aí, caríssimo Suassuna, pela leve adaptação do tema.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

junho 18, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários


 Não vai ter São João

Johnanthan Malaquias e Henrique Brandão

Generino Batista

junho 18, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários



   Não conseguimos informações sobre a ainda vivência do poeta Generino Batista (foto). Embora seja uma preciosa informação, não nos aguentamos em esperar pra só depois fazer esta publicação.

  Ademais, temos a certeza que nossos historiosos leitores e leitoras ajudarão nessa busca. E torcemos que o mesmo esteja vivo a ativo em seus 85 anos, contados em 2021.

  Generino é um daqueles poetas que não são lembrados tanto quanto tantos dos nossos repentistas. Mas que tem versos impagáveis. Há muitos assim também.

   A ideia aqui era trazer quatro estrofes classificadas como tais. São estrofes simples ditas de forma grandiosa e que ganham ainda mais grandeza quando se conhece a vida de quem as produziu.

  Mas eis que nas internéticas pesquisas nos aparece um Generino contador – isto mesmo, contador e não cantador. Um contador de histórias ao bom estilo sertanejo, daqueles que juntam gente pra lhe dar ouvidos.

  O contador nos apareceu como personagem de uma dissertação para o título de Mestrado em Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual da Paraíba, de 2009. O título é Seu Generino: um contador de histórias orais na contemporaneidade e a autora é Candice Firmino de Azevedo Nogueira. Foi de lá que copiamos a foto acima.

   Vale muito a pena ler. É só clicar aqui

 Resumidamente, temos que o poeta Generino Batista nasceu na zona rural do município de Teixeira, na Paraíba. O berço é o mesmo da cantoria de repente e o tempo (1936) é o do espalhamento da arte pelos sertões nordestinos.

Cidade de Teixeira, no Sertão da Paraíba
   Conta que a vida foi de muito sofrimento. Nisto não foi conto inventado, foi conto verídico. O pai era repentista dos que passavam dias e meses sem aparecer em casa, deixando quatro filhos aos inteiros cuidados da mãe. Quando esta morreu, Generino tinha apenas 6 anos. O pai passou a deixar os filhos em lugares nunca certos, enquanto ia e voltava das cantorias. Um dos irmãos abandonou aquela vida cigana e nunca mais deu notícias. Com mais três anos, o pai também morreu. Tava Generino com 9.


Aí eu fiquei por casa dos outros. Trabalhando de graça, num tempo muito atrasado e só pelo mundo, apanhando do povo que eu fui criado, porque eu chorava para não ir para o roçado. Chorava com fome lá. Aí eu fui crescendo...


Depois, de uns trabalhos já gratificados e de umas andanças nas feiras foi que conheceu o cordel. Comprava sem saber ler e logo viu que precisava decorá-los. Do decoro vieram os pedidos pra contar e cantar histórias pro povo e dali surgiram os próprios versos e improvisos.


... fazia umas rimas desmanteladas... e com aquilo, quando deu fé, eu estava rimando, já fazendo umas coisas, os cantadores já me procuravam e eu fui com muito medo, porque a cantoria é uma coisa pesada!


   Danou-se a tocar por Paraíba e Pernambuco, apaixonou-se em Serra Redonda (PB), casou a contragosto do pai da moça – um dos muitos da época que chamavam cantador de viola de vagabundo – e teve 15 filhos, sendo oito sobreviventes. Pra sustentar a meninada dividiu a viola com enxada.


E a gente morando no que era dos outros. Só passava um ano num canto. Tinha uma história de que o homem não queria morador, porque o morador podia tomar a casa do patrão. Aí você estava morando assim num canto, quando dava fé, o patrão botava para fora... Eu fiz 36 mudanças.


  E a bonança veio quando os filhos foram morar em São Paulo, passaram a ajudar financeiramente, teve sítio próprio, casa própria, aposentadoria e um fusca. Tudo no roteiro Serra Branca – Campina Grande, na mesma Paraíba.

   Entre um sofrimento e outro, entre uma cantoria e outra, os versos que temos do mestre Generino Batista:


Você tem toda razão

Dizer que eu não falo bem

Papai chamava prumode

Mamãe chamava quiném

E um filho desse casal

Que português ele tem?

 

  O poeta recita esta estrofe em um vídeo publicado no youtube no canal do poeta Neto Ferreira. Há outra versão em que os dois primeiros versos são os seguintes:

 

Eu moro num pé de serra

Que não sabe ler ninguém

 

* * *

 

Eu quando pego um preá

Mato, pelo, espeto e asso

A mulher come uma banda

Cada menino um pedaço

E eu sou feliz quando sobra

O osso do espinhaço

 

* * *

 

Eu tava me alimentando

Com frutos de macaúba

Mas o pé cresceu demais

Pra subir não há quem suba

Com vara ninguém alcança

Com pedra ninguém derruba


* * *


Seu doutor me dê dinheiro

Preu comprar um boi pra eu

Que eu trabalhava com dois

Mas um a cobra mordeu

E eu preciso botar outro

No lugar do que morreu

 

Salve, salve Poesia!