terça-feira, 29 de outubro de 2024

Governo de Pernambuco divulga a convocatória dos ciclos Carnavalesco e Junino 2025

outubro 29, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

Jan Ribeiro/CulturaPE


  Está no ar a convocatória única de propostas artísticas para dois ciclos festivos do calendário cultural pernambucano, o Ciclo Carnavalesco e o Ciclo Junino de 2025. Promovida pelo Governo de Pernambuco, a convocatória tem o objetivo de promover a valorização e o fortalecimento da cultura nas 12 Regiões de Desenvolvimento do Estado, por meio da habilitação de artistas, grupos, coletivos, orquestras, trios pé-de-serra, quadrilhas juninas e agremiações tradicionais que irão compor as programações dos festejos carnavalescos e juninos. 
   A iniciativa é realizada pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE), Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Secretaria Estadual de Turismo (Setur-PE) e da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur).
   Segundo a secretária Estadual de Cultura, Cacau de Paula, as convocatórias do Ciclo Carnavalesco e do Ciclo Junino estão sendo lançadas juntas para otimizar o processo de inscrições por parte dos proponentes. “Muitos grupos e artistas se inscreveram com a mesma documentação em outras edições dos editais do Carnaval e São João. Com esta medida, que é inédita nesta gestão, a classe artística agora terá menos burocracia e menos dificuldades na tentativa de participar das programações destes ciclos festivos”, destaca Cacau de Paula.
   De acordo com a presidente da Fundarpe, Renata Borba, a novidade também tem a proposta de dar agilidade nas contratações via Fundarpe e Empetur, que poderão ser feitas com mais antecedência. “Além disso, os artistas e grupos culturais que se inscreverem poderão definir qual a região de suas preferências para que façam as apresentações artísticas. Desta forma, o trabalho da curadoria será feito de forma mais assertiva e alinhado com os anseios dos trabalhadores da cultura”, ressalta a gestora. 
  INSCRIÇÕES - As inscrições para a Convocatória do Carnaval e do São João 2025 deverão ser realizadas de 17 de outubro até 16h59 do dia 18 de novembro deste ano, exclusivamente por meio do Mapa Cultural de Pernambuco (www.mapacultural.pe.gov.br/oportunidade/2319).
  
  Para o Ciclo Carnavalesco, os proponentes poderão se inscrever em seis categorias. Para o caso de Culturas Populares de Tradição Carnavalesca, Cultura Populares Diversas, Orquestras e Dança da Tradição Carnavalesca, o limite de apresentações é de seis por proponente. Já no caso das categorias Música de Difusão de Repertório Carnavalesco e Outros Gêneros Musicais os artistas e grupos inscritos poderão realizar até três apresentações.

Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe



  Já no caso do Ciclo Junino os proponentes poderão se inscrever em cinco categorias. Em Cultura Popular de Tradição Junina, Cultura Popular Diversa, Trios Pé-de-serra e Quadrilha Junina, o limite é de até seis apresentações, enquanto que em Música de Difusão de Repertório Junino e Outros Gêneros Musicais é de até três.
   Para o presidente da Empetur, Eduardo Loyo, tanto o ciclo carnavalesco quanto o junino são importantíssimos para o turismo. “Pernambuco respira cultura. Por isso, o chamamento é feito no sentido de valorizar os ritmos e os artistas da terra.  Os ciclos de Carnaval e de São João movimentam a economia e fortalecem, a cada ano, o turismo do Pernambuco. Já somos conhecidos por termos um dos melhores carnavais e o melhor São João do mundo. Estamos trabalhando para nos superarmos e valorizarmos ainda mais o que temos”, afirma.

Serviço:
Convocatória artística dos Ciclo Carnavalesco e Ciclo Junino 2025
Inscrições de 17/10 a 18/11 (até às 16h59)


Publicado originalmente em https://www.cultura.pe.gov.br/canal/fundarpe/governo-de-pernambuco-divulga-a-convocatoria-dos-ciclos-carnavalesco-e-junino-2025/

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Felicidade besta

outubro 28, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


 Música: Felicidade besta

Autores: Alexandre Morais, Eugênio Jerônimo e Zé Linaldo

Imagens: Hélio Leite

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

outubro 24, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


Festival de Violeiros abre a programação de eventos da Festa de Zé Dantas 2024

outubro 24, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

    A tradicional Festa de Zé Dantas abre a programação de eventos nesta quinta-feira, dia 24 de outubro. A atração é o Festival de Violeiros.

   Cinco duplas de cantadores repentistas e um declamador compõem o elenco, além do apresentador Felizardo Moura. O evento é aberto ao público e acontece no Pátio de Eventos, com início às 20h.

     Participam as duplas Jomaci Dantas e Antonio José, André Santos e Jorge Macedo, Diomedes Mariano e Jonas Bezerra, Vonaldo Pontes e Raimundo Caetano e Oliveira de Panelas e Lourinaldo Vitorino. O declamador é o poeta Alexandre Morais.

    A promoção é da Prefeitura de Carnaíba.

domingo, 20 de outubro de 2024

Tereza de Benguela, a rainha do Quilombo do Quariterê

outubro 20, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


 Do Portal Terra

   Tereza de Benguela, um ícone da resistência negra no Brasil colonial, foi uma mulher escravizada e esposa de José Piolho, líder do Quilombo do Quariterê, também conhecido como Quilombo do Piolho.

   Até hoje, não se sabe oficialmente onde Tereza nasceu, conforme aponta um artigo do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Embora sua história tenha sido pouco documentada, sabe-se que no século XVIII, em Vila Bela, então capital de Mato Grosso, Tereza viveu na região do Vale do Guaporé, próximo à fronteira com a Bolívia.

   Após a morte de seu marido, Tereza assumiu o comando do quilombo, composto por escravizados fugidos e indígenas. O Quilombo do Quariterê cresceu sob sua liderança, com uma estrutura política organizada e econômica, baseada na agricultura e em um sistema de defesa que utilizava armas roubadas de vilas próximas ou que foram trocadas com os brancos.

   A comunidade se mantinha com o cultivo de milho, feijão e mandioca. Tereza também criou uma rede de espiões para monitorar os movimentos das autoridades coloniais. Segundo documentos da época, o quilombo abrigava cerca de 100 pessoas.

   Tereza era conhecida como "Rainha Tereza" ou "Rainha do Quilombo". Historiadores relataram que, enquanto alguns manuscritos a descreviam como alguém que tinha hábitos maquiavélicos, outros a reconheciam como uma líder importante e respeitada.

   Por cerca de 20 anos, o quilombo resistiu às ações das tropas coloniais, mas foi destruído em 1770 após um ataque das forças militares. Tereza de Benguela foi capturada e, segundo relatos históricos, morreu em cativeiro, preferindo o suicídio à escravidão. Outra versão sugere que ela foi morta pelos soldados e teve sua cabeça exposta no centro do Quilombo do Quariterê.

   Na época, algumas pessoas conseguiram fugir e reconstruir o quilombo, mas ele foi destruído definitivamente em 1795. A determinação de Tereza em lutar pela liberdade de seu povo, no entanto, permanece como um legado de resistência.

   Atualmente, Tereza é uma das grandes referências na luta contra o racismo e a opressão no Brasil. Em 2014, foi aprovada a lei que instituiu o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, reforçando a importância de sua trajetória na história do país.


Publicado originalmente em: https://www.terra.com.br/nos/armas-roubadas-e-espioes-a-historia-da-mulher-negra-que-se-tornou-rainha-de-quilombo-no-brasil,04d784efb1b10e867a810a6d4f9fb5241tcsn2he.html?utm_source=clipboard


domingo, 13 de outubro de 2024

Lupicínio Rodrigues e suas dores de cotovelo

outubro 13, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


Por Matheus Bomfim e Silva/IMMuB

    Nesse mês de agosto de 2024, completam-se 50 anos da morte de Lupicínio Rodrigues. Ele faleceu em 27 de agosto de 1974, na sua cidade natal, Porto Alegre. O gaúcho nasceu em 16 de setembro de 1914 e sua obra é um dos patrimônios da cultura brasileira. Seu repertório já foi cantado por diversos cantores e até hoje ganha novas interpretações.

   Apesar de ser um dos principais compositores românticos do nosso país, Lupi não sabia tocar violão ou qualquer outro instrumento: ele usava a caixa de fósforos para fazer as batidas de suas composições. Seu repertório é marcado por uma melancolia, o amor é sempre uma tortura, tanto que a rima que mais se repete em seu cancioneiro é "amor" com "dor", como apontado no livro “Melodia e sintonia em Lupicínio Rodrigues: O feminino, o masculino e suas relações” de autoria de Maria Izilda S. de Matos e Fernando A. Faria, ambos historiadores. Muitos podem pensar que isso é simplesmente uma comodidade para criar rimas mas, na verdade, isso reflete como Lupicínio enxergava o amor, como veremos em algumas de suas composições.

   O repertório do compositor gaúcho quase sempre é ambientado em um cenário bem específico, a noite urbana e a vida boêmia (e do boêmio), nas mesas de bares, com luz baixa, muita bebida, cigarro e trocas de olhares. Uma realidade que hoje parece distante, mas é muito significativa da nossa história. O próprio Lupi nos diz em uma crônica no jornal Última Hora de Porto Alegre:

   “Quase todo o mundo caracteriza o boêmio como um indivíduo sem caráter, que não trabalha, que vive a cometer desajustes, ou mais comumente, um vagabundo. Ser boêmio não é nada disso. O boêmio, em princípio, é um notívago , depois um poeta, um amoroso, um admirador das serestas e é realmente um companheiro da lua… são pessoas que nasceram para admirar o belo: adoram a noite, a lua, as estrelas e tudo o mais que lhes representa prazer e alegria sem que isso os desvie do trabalho e do lar“ (Retirado do livro "Melodia e sintonia")

   Uma das composições de Lupi que ouvimos sobre esse ambiente noturno é "Quem há de dizer", em parceria com Alcides Gonçalves:

“Quem há de dizer
Que quem você está vendo
Naquela mesa bebendo
É o meu querido amor
Repare bem que toda vez
Que ela fala Ilumina mais a sala
Do que a luz do refletor“

   O bar é o ambiente onde o amor acontece, começa e termina, onde se vai para amar e sofrer pelo amor perdido. Como cantado em "Rosário de Esperança":

“Levei um rosário feito de esperança
Pra aquela festança, que fui convidado
Cheguei satisfeito, alegria no peito,
Sorriso na boca, viola do lado,
Mas, vi com surpresa,
Na primeira mesa
Sentada com outro a mulher que eu amei
Voltei desolado, tristonho, magoado,
Viola do lado, não bebi, nem cantei!”

   Às vezes a pessoa por trás do balcão é a causadora de tal sofrimento, como em "Dona do bar":

“Eu não vou, eu não vou nunca mais
Freqüentar esse bar
Porque os olhos da dona de poucos
Não deixam sair
Se eu preciso ir pra casa mais cedo
Sei que vou chorar
Passo as noites rolando na cama
E não posso dormir
Seus cabelos compridos de longe
Ficam a acenar
Pra voltar em seu bar e beber
Uma nova ilusão”

   No repertório de Lupi, a mulher é retratada de maneira traiçoeira, sempre malvada e responsável pelo sofrimento do homem. Em suas letras não existe condescendência, só existe o ódio:

“Mas, enquanto houver força em meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar” (Vingança)

   Em "Castigo", mais uma parceria com Alcides Gonçalves, Lupi canta que a mulher maltrata enquanto é jovem e bonita e depois que envelhece procura quem desprezou:

“Eu sabia
Que você um dia
Me procuraria
Em busca de paz
Muito remorso, muita saudade
Mas afinal o que é que lhe traz?
A mulher quando é moça e bonita
Nunca acredita poder tropeçar.
Quando os espelhos lhe dão conselhos
É que procuram em quem se agarrar”

   “Nas composições de Lupi, o comportamento feminino aparece dotado de diferentes significados, geralmente negativos e desqualificadores. Assim, a mulher é um ser essencialmente perigoso, duvidoso, instável, volúvel e falso, motivo pelo qual o desejo de vingança paira sobre os sentimentos e define a base de certas relações” (Melodia e sintonia em Lupicínio Rodrigues: O feminino, o masculino e suas relações)

   No cancioneiro de Lupi, o amor é aquilo que melhor representa a existência humana ao mesmo tempo em que é aquilo que mais maltrata o indivíduo:

“Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, é despeito, amizade ou horror
Eu só sinto é que quando eu a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor” (Nervos de aço)

   Lupicínio Rodrigues não tinha vergonha de cantar sobre as dores do amor, aliás, nunca escondeu que cantava sobre suas próprias experiências, que seu repertório era autobiográfico. E a primeira pessoa ajuda na identificação do ouvinte, que canta como se fossem suas próprias dores e desilusões. É interessante notar que as canções de Lupi ao mesmo tempo que retratam a mulher com um olhar misógino, também desconstroem o ser homem, que abre o coração e canta suas dores sem vergonha de represálias, porque apesar do modelo de masculinidade propagado, era e ainda é por meio da arte onde os homens podem expor seus sentimentos. As canções do nosso poeta sofredor são uma fonte para entender o cotidiano de um Brasil distante, mas tão próximo de nós, repleto de passionalidade. Seus dramas e soluções são importantes porque as emoções são, como escreveu o historiador Rob Boddice, o centro da existência humana. Hoje muitos falam em sofrência, mas na época de Lupicínio não usavam essa palavra: a expressão comumente usada era dor de cotovelo, que vem justamente da imagem de uma pessoa com os cotovelos na mesa de um bar, chorando por uma mágoa amorosa. Quem nunca derramou uma lágrima por amor?