sábado, 30 de novembro de 2024

Vida Maria - Já assistisse?

novembro 30, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

 


"VIDA MARIA" é um projeto premiado no "3o. PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E VÍDEO", realizado pelo Governo do Estado do Ceará.

Produzido em computação gráfica 3D e finalizado em 35mm, o curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada.
Vencedor de mais de 50 prêmios em festivais de cinema nacionais e internacionais, é dirigido por Márcio Ramos e conta a história de Maria José, uma menina de 5 anos de idade que é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, casa, tem filhos, envelhece.

Artistas defendem que hip hop se torne patrimônio imaterial

novembro 30, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

 Da Folha PE

   “Quero ter tempo de honrar sempre de onde eu venho (...) Tem tempo de plantar, tem tempo de colher/Mas todo tempo é tempo quando a meta é crescer”.

   Os versos da música O tempo, de Nenzin MC (nome artístico do rapper Jonathan Williano), de 29 anos, de Ceilândia (DF), ajudam a descrever os caminhos do músico, que começou a criar aos 15 anos de idade e que ouviu, até mesmo dentro de casa, receio se a arte poderia garantir os caminhos profissionais. Nos versos, temas da periferia tiveram o som da transformação.

   Além de compor, o artista é responsável por “batalhas de rap” que garantem pelo menos 50 empregos diretos e 150 indiretos na própria Ceilândia, a maior cidade do Distrito Federal.  

   “Depois do rap, tudo mudou. A minha família entendeu que a música ia ser o que ia pagar as contas da nossa casa. Além disso, a gente gera uma economia para dentro da nossa cidade com cultura, diversão e arte”.

  No caso de Nenzin MC, ele virou músico de verdade depois que ingressou, aos 18 anos, em uma ONG chamada Jovem de Expressão, que oferece vagas para pessoas da periferia em cursos para empoderamento da juventude periférica, com a lógica de ser impulsionada pela cultura hip hop (que o rap faz parte). 

Seminário
  Graças a projetos como esse que artistas e ativistas integrantes do movimento iniciaram uma campanha para que o hip hop se torne patrimônio imaterial do Brasil. Inclusive, Brasília sedia até, este sábado (30), o 1º Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop. O evento teve a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que defende a avaliação da iniciativa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

  A artista Claudia Maciel, que integra o comitê gestor de juventude negra e facilitadora da construção nacional do hip hop da ONG na Ceilândia, explica que há um inventário com mais de duas mil páginas para que o movimento cultural se torne patrimônio.

  “A nossa cultura é vilipendiada. A gente busca o direito de exercer a nossa cultura nas ruas”.

  Ela lamenta que artistas ainda são vítimas da violência por racismo. 

  Por isso, o reconhecimento oficial, na opinião da educadora, pode colaborar para que os artistas recebam mais recursos. “Esse seminário é fruto de um pacote robusto de entregas do Ministério da Cultura para nós”, afirmou Claudia Maciel. Ela acrescentou que uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a ser divulgada neste sábado, deve mostrar que a maioria dos artistas do hip hop no Brasil são homens negros.

Vetor de transformação

  O diretor da Jovens de Expressão, Antônio de Pádua Oliveira, de 45 anos, avalia que o hip hop é um dos movimentos que têm mais entrada nas periferias.

  “A cultura se transforma em um vetor de transformação social. A gente entende que pode gerar renda para o jovem de periferia, o que inclui não só música, mas também moda, literatura, dança, produção audiovisual…”, exemplifica. 

  Outra das vidas transformadas pelo hip hop é a do produtor de audiovisual Ricardo Soares Azevedo, de 31 anos, conhecido pelo apelido de Palito, na comunidade. Ele chegou na ONG em Ceilândia para dar aula de basquete de rua.

  “Logo em seguida eu entrei na oficina de audiovisual. É uma área muito cara e muito inacessível para mim na época. O curso foi de graça”. Depois que aprendeu a filmar, passou a registrar a comunidade e entrar no mercado de trabalho.

  “Eu trabalho muito com cobertura de eventos. Já gravei videoclipes de artistas da cidade também”. Hoje ele vive das filmagens.

  Um filme do produtor, com o título Faz seu Corre, de 23 minutos, foi selecionado para a Mostra do Festival de Cinema de Brasília. “Conta justamente a realidade dos jovens de periferia que passam por dificuldade. Jovens que, às vezes, não têm muita oportunidade e acabam encontrando na arte uma oportunidade de ganhar a vida”, diz o profissional com uma vida de imagens que ele nunca imaginou.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Acalme a pressa - Música e Poesia

novembro 29, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Produções da Pandemia.

Música de Leninho de Bodocó e Josildo Sá, cantada por Leninho. Poema de Alexandre Morais e artes de Marcos Pê.

Ariano Suassuna no Rio Mar

novembro 29, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

Foto: Max Brito

Do JC PE

   Nessa quinta-feira (28), a exposição "O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso" foi aberta para a imprensa e convidados no shopping RioMar Recife. O poeta e repentista Toinho Mendes ficou responsável por abrir “O Auto de Ariano” com uma homenagem ao legado de Ariano Suassuna, destacando a genialidade e a inspiração deixadas pelo escritor.

  A partir desta sexta-feira (29), a exposição é aberta ao público, com uma experiência que mergulha nos universos artístico e humano de Ariano Suassuna.

  A história de um dos maiores nomes da literatura nacional pode ser revisitada em uma combinação de cenografia detalhada e tecnologia de ponta, de forma imersiva em uma viagem pelas raízes da cultura popular brasileira e pela vida e obra do escritor, filósofo, poeta e dramaturgo.

   Segundo João Suassuna, historiador, produtor cultural e neto mais velho do artista, o que guia essa exposição é o afeto. “O fio condutor dessa exposição é exatamente o amor, o amor permeia todos esses três ambientes… São mais de 1.300 metros quadrados, 13 salas, e a gente vai percorrendo esses amores de Ariano, o amor que Ariano delegou a todo povo brasileiro”, declarou.

   Os visitantes também terão a oportunidade de conhecer o Ariano "ser humano", pela vida física dele, como o traje que costumava utilizar e a cadeira que gostava de sentar para ler e contar suas histórias.

  Para Jader França, idealizador da exposição, “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso” mostra Ariano “gênio como gente, então aqui a gente tem um pai, tem um dramaturgo, tem um professor, tem um acadêmico”.

 Como parte da celebração ao brilhantismo de Ariano Suassuna, cuja obra transcende fronteiras culturais e linguísticas, a exposição está dividida em cinco atos imersivos, além da introdução.

  • Ato I: Amor pela poesia;
  • Ato II: Amor pela sua aldeia;
  • Ato III: Amor da vida;
  • Ato IV: Amor que contagia e
  • Ato V: Amor imorrível.

Foto: Max Brito

Serviço

Exposição "O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso"

Local: Espaço de Eventos – Piso L3 (mesmo nível da Praça de Alimentação). RioMar Recife - Av. República do Líbano, 251, Pina – Recife

Data de estreia: sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Em cartaz até o dia 30 de janeiro


Horários

Segunda a sábado, das 9h às 22h;

Domingos e feriados, das 12h às 21h.


Ingressos

Segunda a quinta: meia – R$ 35; inteira – R$ 70; combo família – R$ 175

Sexta a domingo: meia – R$ 40; inteira – R$ 80; combo família – R$ 200

Crianças até 2 anos e 11 meses não pagam

Ingressos online: site da Fever e no app RioMar Recife

Classificação etária: livre.

Os menores de 12 anos devem estar acompanhados por responsável.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

“A Voz da Poesia” inicia terceira temporada com grandes nomes da cultura do Pajeú

novembro 27, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários



    A poetisa Isabelly Moreira (foto) dá início a mais uma edição do podcast A Voz da Poesia.

   A terceira temporada, com estreia marcada para o dia 02 de dezembro de 2024, promete encantar o público ao trazer também o formato de videocast, que permitirá aos espectadores não apenas ouvir, mas também assistir às conversas com mestres e mestras do Sertão do Pajeú.

  Serão seis episódios, trazendo convidados renomados como Assisão, Luzia Batista, Dedé Monteiro, Mestre Zé do Pife, Dulce Lima e Cacá Malaquias. Sob a condução de Isabelly, o público poderá mergulhar em conversas que transitam entre poesia, música, cultura popular e as histórias marcantes desses ícones da cultura pernambucana.

  Nesta temporada, a proposta é ampliar o alcance do podcast, oferecendo uma experiência rica em som e imagem que retrate a força da cultura sertaneja. As entrevistas acontecerão em cenários que dialogam com o universo de cada convidado, prometendo momentos de troca, inspiração e muitas surpresas.

  “Conversar com os nossos mestres e com as nossas mestras é como poder regar as nossas raízes culturais. Essa rega é sempre necessária para a multiplicação dos bons frutos. E nessa alusão de um canteiro de arte, eu tenho trabalhado duro para ser uma boa jardineira”, destaca a poetisa

  Isabelly Moreira, idealizadora e apresentadora do podcast. Isabelly ainda adianta que esta temporada trará muitas surpresas, incluindo a possibilidade de um episódio extra com uma convidada especial que promete encantar o público.

 Os episódios dessa temporada serão lançados quinzenalmente, sempre às segundas-feiras, às 19h, a partir do dia 02 de dezembro de 2024. O público poderá acompanhar as histórias e vivências dos mestres e mestras da cultura do Sertão do Pajeú.

   O Podcast A Voz da Poesia é uma iniciativa que fortalece o diálogo sobre a arte e a identidade cultural nordestina, ampliando o acesso a vozes que traduzem o Sertão em forma de poesia, música e tradição.

   A estreia acontece no canal do Vamos Espalhar Poesia no YouTube, onde já é possível conferir episódios das temporadas anteriores.

Serviço: Podcast “A Voz da Poesia” – 3ª temporada

Apresentação, Direção e Roteiro: Isabelly Moreira

Idealização: IMA Produções Culturais

Gravação, Edição e Produção Audiovisual: Wally Filmes

Vinheta e Trilha Sonora: Rodrigo Sestrem

Produção: Bea Laranjeira

Assistente de Produção: Emily Vitória

Design e Identidade Visual: Trícia Mota

Incentivo: Lei Paulo Gustavo de Pernambuco (LPG/PE)

Apoio: Coletivo Caroá

Estreia: 02 de dezembro de 2024 às 19h.

Onde assistir: Canal Vamos Espalhar Poesia no YouTube

domingo, 24 de novembro de 2024

Sebastião Dias - Canção da Floresta

novembro 24, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

 

Composição do poeta Sebastião Dias, esta música foi gravada por ele com o título Súplica aos ecólogos. Mais tarde foi gravada por Fagner, quando passou a chamar-se Canção da floresta.

Série de HQs "Contos dos Orixás" adapta a mitologia e as tradições orais afro-brasileiras

novembro 24, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


 Por Juliano Muta / Folha PE
   O autor baiano Hugo Canuto convergiu duas de suas paixões em um só projeto, a série “Contos dos Orixás”, que adapta a mitologia e as tradições orais afro-brasileiras, buscando levar para os leitores jovens e adultos as narrativas de matrizes africanas acerca das divindades e heróis ancestrais.
   O livro será lançado no Recife, como parte da programação do Projeto PEBA (conexão artística dos dois estados: Pernambuco e Bahia), a partir das 18h da terça-feira, no auditório da Caixa Cultural. O lançamento promoverá uma roda de conversa sobre Quadrinhos e Negritude no Brasil entre o autor baiano Hugo Canuto e o escritor pernambucano Eron Villar. Logo depois terá o lançamento e autógrafos da Obra “Contos dos Orixás - O Rei do Fogo”.
   Canuto contempla o legado das culturas que moldaram a sua terra de origem, a Bahia, com suas tradições ancestrais e as representam em uma série de histórias em quadrinhos que contam histórias das divindades e povos provenientes dos atuais Benin e Nigéria, países na região Oeste do continente africano.
   O vasto patrimônio filosófico, espiritual e político alcançou países como Brasil e Cuba como consequência da terrível diáspora, manifestando-se na língua, cultura e nas artes visuais, música, e a literatura, produzindo obras inspiradas pelos orixás, arquétipos milenares de força, coragem, sabedoria e beleza.
  Através das Histórias em Quadrinhos (HQs) - linguagem global construída a partir da união entre texto e imagem, capaz de produzir verdadeiros mitos modernos, atualizando símbolos e expandindo as possibilidades de contar histórias - Hugo Canuto registra desde os primeiros homens e mulheres se reuniram ao redor do fogo, nas noites do tempo.

Série de HQs
   Canuto criou o primeiro livro, que atravessou fronteiras e alcançou leitores de diferentes origens e lugares, despertando o interesse para conhecerem mais sobre os Itan, as narrativas e mitos ligados aos orixás, cuja essência possui a mesma relevância cultural da Ilíada, Odisséia ou a epopeia indiana Mahabarata, ao abordarem temas universais como o destino, a família, o amor e a guerra.
  O primeiro volume da série foi publicado em 2019, de maneira independente através da plataforma Catarse, e reimpressa em quatro campanhas de financiamento coletivo, tornando-se sucesso de público e crítica. Parte dos exemplares impressos são doados para instituições culturais, terreiros, bibliotecas comunitárias e subsidiados para professores, buscando atender as diretrizes da lei 10.639 que busca promover a história e cultura dos povos africanos e indígenas no Brasil.
   Cada edição traz uma história completa, inspirada nos “itan”, os contos tradicionais de base oral que narra a trajetória mítica das divindades e ancestrais, rememorada através dos ritos, da dança, dos alimentos e da indumentária, seja no Brasil, em Cuba e na África Ocidental, através do Candomblé e suas nações, da Umbanda, da Santeria.


   Tal herança também está presente na pintura de Carybé, nos tecidos de Alberto Pitta ou na música de Maria Bethânia, representando na arte a herança afro-brasileira, fundamental na formação da nossa identidade coletiva.

Sobre o livro
   Contos dos Orixás também é uma das primeiras HQs, no Brasil, a ter trechos no idioma Yorubá, com um glossário trazendo a grafia de termos, locais e personagens, aproximando o leitor de uma língua falada por 50 milhões de pessoas no continente africano e no mundo.

   A edição da obra também tem uma versão internacional, publicada pela editora Abram Books, nos EUA, vencedora do prêmio Glyph comic Awards, nos EUA, como história do ano e melhor desenhista, além do Angelo Agostini como melhor lançamento e do Troféu Abébé de Prata, uma das obras finalistas selecionadas ao prêmio Jabuti, o mais prestigiado do Brasil, na categoria Histórias em Quadrinhos.

   Hoje, as artes e a HQ são utilizados nas salas de aula como instrumento de educação, estão no acervo de instituições como o Smithsonian National Museum of African American History and Culture, em Washington, EUA ganhou sua versão em inglês pela editora Abrams. 

   O livro e as artes estão presentes nas casas, terreiros e principalmente no coração do público, servindo ao seu maior propósito – ser instrumento de arte, reflexão e transformação de percepções sobre o grande legado das civilizações africanas e sua descendência na formação histórica, cultural e espiritual do povo brasileiro.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Caçula, babá, cafuné: como mulheres negras escravizadas ajudaram a criar o português brasileiro

novembro 20, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


Do G1

   Caçula, babá, moleque, dengo, cafuné. Algumas palavras que usamos no nosso dia a dia escondem traços e fonemas de uma herança africana que está profundamente ligada às mulheres e ao trabalho doméstico exercido pelas negras escravizadas no Brasil dos séculos 16 a 19.

  Estima-se que cerca de 4 a 5 milhões de africanos foram traficados para o país durante o período. Destes, cerca de 75% eram bantos, um grupo que se espalhou por uma vasta área ao sul da Linha do Equador na África.

  A característica mais evidente que une esses povos é justamente o fato de eles falarem línguas da família linguística banto — de onde emprestamos algumas palavras que seguem até hoje em nosso vocabulário.

  A maioria dos que foram enviados à força ao Brasil tinha origem em Angola e República Democrática do Congo, e posteriormente, Moçambique.

 No ambiente da família colonial, esses escravizados aprenderam o português na convivência diária com seus senhores — e também imprimiram em seu falar hábitos e características de suas próprias línguas.

  Ao mesmo tempo, os colonizadores portugueses foram se apropriando pouco a pouco de termos africanos, que passaram a ser usados principalmente para designar os objetos e atividades do dia a dia.

  Nesse contexto, as mulheres africanas tiveram um papel especial, seja por meio do cuidado com as crianças, do seu trabalho na cozinha ou como amas de companhia e curandeiras.

‘Grande mãe ancestral dos brasileiros’

  Autora de diversos livros e artigos sobre o tema, a etnolinguista baiana Yeda Pessoa de Castro vê no passado brasileiro um processo que invisibilizou a força de trabalho da mulher negra escravizada na historiografia.

  Mas para a pesquisadora, que se dedica ao estudo das línguas africanas e sua influência no Brasil, essas mulheres tiverem um protagonismo na família e vida diária do colonizador que foi muito além do serviço doméstico prestado.

  Em seu livro Camões com Dendé, Castro descreve como as mulheres africanas influenciaram as famílias brasileiras por meio da contação de histórias do seu universo fantástico afrorreligioso, do compartilhamento de seu conhecimento nato de folhas e ervas medicinais, como cozinheiras introduzindo elementos de sua dieta nativa na comida diária da casa e como amas de companhia das jovens solteiras e cuidadoras das crianças.

  Na função “da mãe preta e babá”, reconta a linguista, essas mulheres amamentaram e criaram os filhos do colonizador “e, à maneira de pedagoga, os ensinou a balbuciar as primeiras palavras, também na sua língua nativa, no embalo do seu canto de acalento” que os fazia dormir.

  A própria palavra babá é uma das muitas marcas deixadas por esse importante trabalho: pesquisadores rastreiam a sua origem no quimbundo, uma das línguas bantas faladas em Angola.

  Da mesma forma, várias outras palavras ligadas ao cuidado e à maternidade também foram inseridas no contexto brasileiro por esse meio.

  Enquanto dengo vem do quicongo, falada no norte de Angola e no baixo Congo, caçula tem origem no quimbundo. Não há no Brasil outra palavra para se referir ao filho mais novo. No português europeu diz-se benjamin, que para o falante brasileiro, além de nome próprio, é um adaptador multiplicador de tomada elétrica.

  “Diante de tantas evidências apontadas pelo vocabulário, entre muitas outras ainda encobertas por falta de pesquisas mais detalhadas nesse domínio, a mulher angolana, entre tantas outras mulheres negras de igual valor, é projetada historicamente como a figura emblemática da grande mãe ancestral dos brasileiros. Não é em vão que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, é apresentada como uma santa negra!.”

Exemplos de expressões de origem banta

Babá - tem origem na língua quimbundo e vem do verbo "kubaba", que significa "acalentar ou embalar uma criança para adormecer".

Cafuné - tem origem no quimbundo e vem da palavra "kafa", que se refere à ação de bater, estalar com os dedos

Cochilo - tem origem no quimbundo e vem da palavra "kukoshila".

Dengo - tem origem no quicongo e, na língua original, quer dizer um pedido de aconchego.

Caçula - vem de "kasule", do quimbundo, que significa "último filho".

Moleque - tem origem no quimbundo e vem da forma "muleke", associado com "menino".

Xingar - tem origem no quimbundo e na palavra "kukoshinga".

Moringa - tem origem no quimbundo e vem da palavra "mudingi".

Caçamba - tem origem no quimbundo e vem da palavra "kasambu" que significa cesto.

Capenga - tem origem no quimbundo e na palavra "kiapenga".

Dendê - do quimbundo "ndende", o dendê, ou óleo de palma, é popular nas culinárias africana e brasileira.

Marimbondo - do quimbundo, vem de "madimbindo", palavra usada para vespa.

Lenga-lenga - tem origem no quimbundo e em "ku langa", que significa enganar alguém.

Beleléu - do quimbundo, vem de "mbelele", palavra usada para se referir à morte.

Bunda - do quimbundo, vem de "mbunda", palavra usada para se referir a nádegas ou ânus.

Mais conteúdo em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/11/20/cacula-baba-cafune-como-mulheres-negras-escravizadas-ajudaram-a-criar-o-portugues-brasileiro.ghtml

O Pajeú na TV - Programa Causos e Cantos

novembro 20, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


    Programa produzido pela Rede Globo Nordeste, levado ao ar em 4 episódios, nos sábados de junho de 2015 e reprisado em 2020. Este vídeo não está completo. É a coletânea de fragmentos lançados no youtube.

Ai se sesse - Poeta Zé da Luz

novembro 20, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


   O poeta Zé Da Luz (foto) na verdade se chamava Severino de Andrade Silva. Outra verdade é que foi genial.

   Paraibano de Itabiana, Zé exerceu a profissão de alfaiate. Nasceu em março de 1904 e faleceu em fevereiro de 1965. Eternizou suas obras nos livros Brasil cabôco e Sertão em carne e osso.

   Um de seus poemas mais conhecidos é Ai se sesse. Eis ele aí, comentado pela Arte-educadora e Artista Visual Laura Aidar. Conteúdo extraído do portal Cultura Genial.

Ai se sesse

Se um dia nós se queresse
Se nos dois se empareasse
Se juntin nós dois vivesse
Se juntin nós dois morasse
Se juntin nós dois durmisse
Se juntin nós dois morresse
Se pro céu nos assubisse
 
Mas porém acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insistisse
Pra que eu me aresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Talvez que nos dois ficasse
Talvez que nos dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virgem todas fugisse

 
  Em Ai se sesse, o poeta Zé da Luz elabora uma cena fantasiosa e romântica de um casal de enamorados que passa toda uma vida juntos, sendo companheiros na morte também.

   O autor imagina que quando chegasse ao céu, o casal teria uma discussão com São Pedro. O homem, com raiva, puxaria uma faca, "furando" o firmamento e libertando os seres fantásticos que lá vivem.

  É interessante observar a narrativa desse poema, tão criativo e surpreendente, combinado com a linguagem regional e considerada "errada" em termos gramaticais. Poemas assim são exemplos de como o chamado "preconceito linguístico" não tem razão de existir.

Copiado de: https://www.culturagenial.com/cordel-nordestino-poemas/

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Projeto Escravizadores: 33 autoridades brasileiras têm antepassados ligados à escravidão

novembro 19, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


Por Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Mariama Correia 
Colaboraram: Rafael Custódio, Matheus Santino

Da Agência Pública

   Ex-presidentes do Brasil, senadores da República e governadores de estados brasileiros. Todos esses importantes cargos têm algo em comum: foram e são ocupados por pessoas que descendem de homens e mulheres que teriam alguma relação com pessoas escravizadas no país.

   Essa é a conclusão principal do Projeto Escravizadores, investigação inédita feita pela Agência Pública que mapeou os antepassados de mais de cem autoridades brasileiras do Executivo e Legislativo para identificar se havia casos de uso de mão de obra escravizada.

  O resultado do mapeamento é que, dos 116 investigados, ao menos 33 teriam antepassados que tiveram relação com pessoas escravizadas. Muitos dos políticos sequer conheciam seus antepassados ou mantêm relação próxima com a sua linhagem.

   Dos oito presidentes da República após o fim da ditadura de 1964, metade entra nessa lista: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique.

   Dos 81 senadores, 16, um quinto, também se enquadram nessa situação. São eles: Augusta Brito (PT-CE), Carlos Portinho (PL-RJ), Carlos Viana (Podemos-MG), Cid Ferreira Gomes (PSB-CE), Ciro Nogueira (PP-PI), Efraim Filho (União-PB), Fernando Dueire (MDB-PE), Jader Barbalho (MDB-PA), Jayme Campos (União-MT), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Marcos do Val (Podemos-ES), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Tereza Cristina (PP-MS) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PP).

  Dos 27 governadores, quase metade, 13, também entraram no levantamento: Carlos Brandão Júnior (PSB-MA), Cláudio Castro (PL-RJ), Eduardo Riedel (PSDB-MS), Fátima Bezerra (PT-RN), Gladson Camelli (PP-AC), Helder Barbalho (MDB-PA), João Azevêdo (PSB-PB), Jorginho Mello (PL-SC), Rafael Fonteles (PT-PI), Raquel Lyra (PSDB-PE), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Escravizados nas plantações, nas casas e no comércio

  São várias as relações dos antepassados das autoridades brasileiras com a escravidão. O tataravô do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, era o coronel José Manoel da Silva e Oliveira, nascido por volta de 1771, em Minas Gerais. O militar foi uma importante figura a comandar a exploração de ouro nas antigas capitanias de Minas e Goiás. Segundo registros históricos, em uma dessas empreitadas para tentar achar novos pontos de mineração, ele teria usado pessoas escravizadas, que morreram no caminho de forma trágica devido a doenças.

   A investigação encontrou diversos casos de antepassados de políticos atuais que teriam usado pessoas escravizadas em fazendas, no plantio e colheita de cana-de-açúcar, para produção de algodão e em fazendas de fumo, no Recôncavo Baiano.

   Também há casos de pessoas escravizadas que viveriam nas casas dos senhores, acompanhando e cuidando de idosos, conforme mencionam testamentos, e outras que viajavam em companhia de seus escravizadores. Encontramos também registros de compra a venda de escravizados e até mesmo de aluguel dessas pessoas.

   “Não eram só os grandes proprietários de terra que tinham escravizados, mas [também] comerciantes, pessoas com pequenas propriedades e que muitas vezes tinham propriedades de plantio só para consumo próprio ou no máximo para venda local, mas não necessariamente para exportação e que tinham um, dois escravizados ali que faziam esse trabalho”, comenta a historiadora e educadora social Joana Rezende.

   “Muitas pessoas tinham escravizados que, por exemplo, alugavam para outras pessoas, para outras propriedades [...] Haviam essas várias formas de, digamos assim, usar um escravizado, não só para plantação, não só nas lavouras”, completa. 

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Notícias

novembro 19, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

 



A Prefeita reeleita de Serra Talhada, Márcia Conrado (foto), até tirou um período de férias após as eleições. Mas o Vereador Vandinho da Saúde não tem deixado ela relaxar. A notícia de agora é que o Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação (FNDE) confirmou o uso indevido de recursos do município. A denúncia é que já foram utilizados mais de R$ 16 milhões indevidamente, inclusive com marketing. Há um processo em curso na Justiça Federal. O FNDE teria se pronunciado após ser notificado.

Zanella – A primeira mulher a comandar a Seccional da OAB Pernambuco será a advogada Ingrid Zanella. Ela ganhou ontem as eleições da Ordem. Os números confirmaram o acirramento da disputa. Foram 11.441 votos, contra 10.175 de Almir Reis e 1.308 de Fernando Santos Júnior. A vitória quebra um ciclo de 93 anos com apenas homens na presidência da entidade.

SAMU – Chega a ser engraçado, mas é crônico o fato de uma ambulância do SAMU ser furtada em plena prestação de socorro. O caso aconteceu em Recife, no Bairro do Ibura. O carro foi levado enquanto o motorista retirava a maca. Um homem partiu em disparada ainda com as portas do compartimento traseiro abertas. Na fuga, subiu em calçadas e bateu em vários veículos. O final da história ficou melhor. A ambulância foi recuperada.

Maconha – Após a última operação do ano voltada para o combate às drogas em Pernambuco, a Polícia Federal divulgou o balanço de 2024. Foram 1 milhão e 300 mil pés de maconha erradicados e 4,2 toneladas apreendidas da droga já pronta para o consumo. Haja fumaça!

Emendas – O Senado fez um serãozinho ontem e fechou a votação sobre a mudança de regras no pagamento de emendas parlamentares. Deu derrota para o Governo, que queria ter poderes para bloquear os valores decididos pelo Congresso. 47 senadores deram não à ideia. 14 deram sim, inclusive o pernambucano Humberto Costa. Teresa Leitão faltou à votação e Fernando Dueire não votou.

Brazão – Vai continuar preso o Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão. Foi o que decidiu ontem, por unanimidade, a Primeira Turma do STF. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato da Vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Seguem presos por envolvimento no mesmo caso o irmão de Domingos, o Deputado Federal Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Delegado Rivaldo Barbosa.

Tecnologia – Estudos da FecomercioSP mostram que os empregos ligados à área de tecnologia cresceram 95% entre 2012 e 2022. No caso de engenheiro de sistemas operacionais, o aumento no período foi de 741%. Com o mercado aberto assim e pagando-se bem, o setor virou fixação para muitos jovens. Ainda tem as muitas opções de se trabalhar em casa, fazendo os próprios horários.

Série B – Os secadores esquentaram, ontem, mas não deu. O Ceará ganhou do América mineiro por 1 x 0 e entrou no G4 da Série B, tirando o Sport do grupo de acesso. Mas tudo será definido na última rodada, domingo que vem. O Sport pode se classificar até com um empate. Mas depende de combinação de resultados. Novorizontino e Mirassol são os outros interessados.

G20 – Foi divulgada da noite de ontem a declaração final da cúpula de líderes do G20. Tem taxação de super-ricos, combate a guerras e à fome. Veja tudo em matéria da CNN:



Diálogo com Deus

novembro 19, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


 

Canção Diálogo com Deus. 
Autoria de George Alves, cantada por André Santos.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Café com Poesia celebra o Cordel e a Consciência Negra

novembro 18, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

  A edição do Projeto Café com Poesia, realizado pela Biblioteca da Assembleia Legislativa de Pernambuco, neste mês de novembro acontece na próxima quinta-feira, dia 21. O Dia do Cordelista e o Mês da Consciência Negra são os temas da vez.

  O evento acontece no Auditório Sérgio Guerra, no prédio da Alepe, com entrada franca e participação de alunos das redes estadual e municipal. Participam os poetas Alexandre Morais, Eugênio Jerônimo, Zelito Nunes e outros. Também haverá  apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, a encenação Sentindo na Pele e a performance Amarras.

Cordel - O dia 19 de novembro é o Dia Estadual do Cordelista. A data é uma referência ao nascimento do poeta Leandro Gomes de Barros, considerado o Pai do Cordel Brasileiro.

Consciência Negra - Já o 20 de novembro é considerado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Pela primeira vez a data é feriado nacional. O tema, no entanto, é trabalhado e celebrado durante todo o mês de novembro.


Prêmio para a música do Pajeú

novembro 18, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários


   A música A fortuna e a migalha, autoria do Poeta itapetinense Zé Adalberto (foto acima) em parceria com o Guiliard Pereira (foto abaixo, de chapéu) foi uma das vencedoras do Festival Geraldo Azevedo, que aconteceu neste final de semana, em Petrolina. Foi a terceira colocada em uma concorrência com dezenas de músicas, de vários estados.

   A primeira colocada foi Entre o medo e o destino, de Wênia Trindade. A segunda foi Fernanda Luz, que também levou o prêmio de melhor intérprete, com a canção Emancipação.

   A premiação total foi R$ 35 mil mais troféus confeccionados pelo artesão Antonio Lisboa. O festival foi encerrado com apresentações da Philarmônica 21 de Setembro e da cantora Zizi Posse.

Guinness premia Fernanda Montenegro por recorde de público em leitura

novembro 18, 2024 Por Alexandre Morais Sem comentários

©Foto Rovena Rosa/Agência Brasil


Da Agência Brasil

 A atriz Fernanda Montenegro foi agraciada com o reconhecimento do Guinness Book pelo recorde mundial de leitura filosófica na apresentação de Simone de Beauvoir no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, dia 18 de agosto de 2024, quando reuniu um público de 15 mil pessoas. A homenagem ocorreu na noite da última quarta-feira (13),

  Na cerimônia em que recebeu a premiação, Fernanda agradeceu pelo feito mundial reconhecido pela publicação. “Milagres acontecem. A nossa cultura é o nosso país. A cultura teatral é o homem através dos milênios. Em qualquer lugar do mundo sempre tem a presença de alguém falando para alguém, a visão de uma vivência que traz um texto, um contraste, uma variação do momento que se vive, uma transcendência do momento em que se vive, até o bom humor do momento em que se vive. Isso é do palco. Então, eu agradeço Simone de Beauvoir pelas 15 mil pessoas dentro do Ibirapuera”, disse a atriz emocionada.

   Fernanda Montenegro exaltou o clima harmonioso do público que permaneceu no local durante toda a apresentação em que estava sentada diante de uma mesa e falando textos de Simone de Beauvoir.

   “Isso acontece em algum lugar do mundo? Só falando para 15 mil pessoas só falando, só trazendo ideias nada fáceis de serem absorvidas e ninguém vai embora. Todo mundo aceita cada fala que se fala e termina aplaudindo e abraçando um ao outro dentro de um espaço com 15 mil pessoas. Por mais que a gente agradeça a Deus e aos deuses não é suficiente”, disse a atriz no vídeo postado em seu perfil no Instagram.

  Também na rede social, em texto, a atriz dividiu “em agradecimento, este prêmio, com todo o público que esteve presente neste grande encontro entre arte e educação. Meu abraço especial ao @itau que tornou esta leitura possível”.

   Nos comentários, várias pessoas elogiaram a atriz, entre elas a jornalista e apresentadora Fátima Bernardes. “Nunca vamos conseguir agradecer suficientemente tudo o que você fez e faz pela arte e pelo nosso país. Que orgulho!”.