terça-feira, 1 de junho de 2010

Minha coluna do mês no jornal O Movimento

junho 01, 2010 Por Alexandre Morais 1 comentário
Um soneto de Diomedes Mariano

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Eu Quisera



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Eu quisera um país sem escopeta



Sem revólver, sem bala, sem canhão



Sem gatilho quebrando a espoleta



Sem acúmulo de gente na prisão

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Sem molambos rasgados na maleta



Dos famintos da triste emigração



Onde os pobres e pretos do planeta



Fossem vistos sem discriminação

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Ao invés do fuzil que mata e pesa



O rosário, o altar, o templo, a reza



Com um não para a guerra e um sim para a paz

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Com espaços para grandes e pequenos



Todo mundo feliz, sofrendo menos



E a palavra de Deus valendo mais.

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O Cara



Pra quem conhece de perto, o pedreiro dessa obra aí de cima é Dió. O cara se mistura com a poesia escrevendo, declamando, cantando, improvisando, conversando, contando lorota, falando dos outros e de outros sei lá quantos jeitos mais sem se cansar nem cansar ninguém. Sem contar que é gente tão boa quanto é poeta grande. E a memória, então? Zé de Cazuza tá vivo lá na Prata com o título de “Gravador Humano” e eu não discordo. Agora outra é verdade é que o que Zé tem mais do que Dió é tempo de gravação. Qualquer dia vou desafiar os dois a passarem uns 3 ou 15 dias recitando verso sem repetir o primeiro. Eu sei que eu perco, mas dessas apostas aí eu queria perder o resto da vida.



E o soneto?


Pois é, e o soneto? Obra prima, né não!? Um grito de esperança e fé. Um ato contra as desigualdades, o racismo e os preconceitos; a favor da justiça, da comunhão e da fraternidade. É a voz de uma parte da humanidade bradando aos ouvidos da outra parte. “O cantador é a voz da multidão silenciosa, a história sonora dos que não tem história”, disse um dia Câmara Cascudo. Dió é isso aí.


João Pereira


Outra figura enorme é João Pereira da Luz, o João Paraibano, poeta na mais sublime essência da palavra. Como a alcunha diz, João é paraibano de Princesa Isabel. Adotou Afogados há 4 décadas e digo que é um dos maiores divulgadores desta terra por aí afora. Mas o que eu quero dizer mesmo é que estou escrevendo um livro sobre o poeta. Tá batizado de João Paraibano em vida e verso. O “vida” neste caso tem o sentido de abordar aspectos interessantíssimos da vida de João e de o fazer com o personagem ainda vivo. Tem muita homenagem pra quem já morreu. João precisa ser reverenciado ainda vivo. Eu tô fazendo a minha parte e aceitando ajuda. Pode mandar fotos, versos, causos, convite para cantoria, pitaco, gosto ruim, tira gosto e cachaça que é pra inspirar nós.


E no forró?


Já no forró a novidade é Lindomar que tá lançando um CD. Dizer que tá bom não vai ser surpresa pra quem conhece o rapaz. Repertório bem cuidado, alguns clássicos da boa música e trabalhos inéditos. Eu sempre gostei desse tipo de receita. Vale a pena conferir urgente. Procure por aí que você acha. E tem mais, num é pra ouvir só nesse tempo de São João, não viu!


A quem interessar possa


Aí eu fiz uns versos outro dia meios desaforados. Guardei pra mim. Agora mês passado resolvi botar na minha página na Internet (tu já visitou, num já? www.culturaecoisaetal.blogspot.com) e teve gente que gostou. Uns vieram me perguntar a quem era que eu tava me dirigindo. Ôche, que povo desconfiado! Num tão vendo que é a quem interessar possa?


Cachaçaria Matulão


No tempo que morava no Recife, todo sábado de manhã eu tinha compromisso no Mercado da Boa Vista. Madrugava pra chegar cedo, mas num tinha jeito, Marcos Cocada sempre era quem abria o bar junto com o dono, o Mário, cabra que falava explicado e xiado. O nome do bar? O Escritório. Aloísio Arruda, Paulo Adriano, Júnior Finfa, Welson eram outros que não faziam falta por lá, só pra lembrar de alguns. Pois é, mas novesfora o saudosismo, quem tá dando as cartas por lá agora é Jorge Filó com sua Cachaçaria Matulão. É música, é poesia, prosa e, claro, cachaça. Não fui ainda, mas num passa desse mês eu chego lá. Se puder ir antes de mim, vá. Para conferir antes de ir acesse: http://www.nopedaparede.blogspot.com/.


Êita, Furiba véi!

Essa quem me contou foi Severino Pereira, hospedeiro de João Furiba, dia desses. Depois de arrodear-se de umas jovens numa mesa de bar em Tabira e de vê-las distanciar-se após saciadas, restou a João só a conta por companhia. Vendo o velho cantador de cara feia, um colega perguntou se a brincadeira tinha sido boa. João, que nunca botou uma raiva pra fora, disse sorrindo: - As bicha come mais do que pedra de amolar e bebe que só arco-íris... quase se acaba eu e o bar duma vez só.

E dali João entrou direto num carro de estudantes universitários que se dirigia a Patos. Uma moça sem conhecê-lo, teceu o comentário: - Tanto jovem preguiçoso e um homem dessa idade estudando! Aí perguntou: - O senhor tá fazendo o quê? E João em voz alta: - Economia. A moça: - Termina quando? E João: - Quando chegar em Patos. Chegando lá eu tenho economizado a passagem.


Té logo


E por hoje eu vou ficando por aqui. É que passei umas três edições sem escrever aí me cansei. Até pensei que a turma do jornal não ia querer me ver mais por aqui. Quiserem. Aí eu digo feito os Demônios da Garoa: Deus é bonzinho pra nós, né! Fazer o quê?

Um comentário:

  1. EITA!!! QUANTA COISA BOA DUMA VEZ SÓ...
    TODO DIA VISITAVA E... NADA.
    HOJE, SURPRESA E MUITA COISA BOA.
    VALEU PAPAI!!!
    XERIM PRÁ TU.

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