quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Minha coluna do mês no Jornal O Movimento

agosto 05, 2010 Por Alexandre Morais Sem comentários
Um soneto de Patativa do Assaré
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Reforma Agrária
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Pobre agregado, força de gigante

Escuta, amigo, o que te digo agora

Depois da treva vem a linda aurora

E a tua estrela surgirá brilhante
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Pensando em ti eu vivo a todo instante

Minha alma triste desolada chora

Quando te vejo pelo mundo afora

Vagando incerto, qual judeu errante
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Para saíres da fatal fadiga

Do horrível jugo que cruel te obriga

A padecer situação precária
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Lutai altivo, corajoso e esperto

Pois só verás o teu país liberto

Se conseguires a reforma agrária
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A voz dos mudos

Patativa do Assaré foi Antonio Gonçalves da Silva, falecido em 2002, aos 93 anos. Fez da poesia a voz dos que não tinham voz, dos trabalhadores, dos injustiçados, dos marginalizados. Este é um dos poucos sonetos que conheço dele, já que preferia poemas maiores, com maior bagagem e apelo emotivo e social. São dele A triste partida, Cante lá que eu canto cá, Vaca Estrela e Boi Fubá e O boi zebu e as formigas, entre tantos outros trabalhos que o fizeram imortal. A matéria, no entanto, não testemunhou muitas mudanças sonhadas e expressas em poesia. Como a reforma agrária, por exemplo. E parece que nós vamos no mesmo caminho.
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A coisa certa

Foi Patativa que uma vez questionado sobre o seu jeito rude e natural de falar, disse: é melhor falar errado as coisas certas, do que falar certo as coisas erradas. E num é, não!
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Mudou pra pior
Acho que já elogiei aqui a política cultural adotada pela Fundarpe na gestão Luciana Azevedo. Mas um evento que foi desmantelado foi o tradicional Congresso Nordestino de Cantadores patrocinado pelo Governo do Estado. Peca nas datas, nos horários, nas cidades, na falta de divulgação, no respeito aos poetas e ao público. Deixou de ser evento único, com identidade própria, para expremer-se nas programações do Festival Pernambuco Nação Cultural. Diga se não é imoral a etapa de Garanhuns acontecer numa terça-feira, às 16h? E a de Triunfo, numa quarta-feira, que tava marcada pras 18h e só começou às 21h? Sabe o resultado? O tempo dos cantadores foi reduzido pra não atrapalhar o restante da programação. Vamos rever isso aí, pessoal!
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Se espalhando
Esse Cultura e coisa e tal tá ficando besta. Num é que depois da internet e de chegar nesse jornal vamos figurar também com uma coluna na Revista Cidades, editada pela Amupe, a partir deste mês de agosto e também na Transertaneja FM, às sextas-feiras, das 16h às 18h, a partir do dia 13 de agosto! Tô achando que alguém tá achando bom. Então vamos trabalhar, espalhar nossa Cultura e coisa e tal só freando nas curva.
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O grito...
A sociedade toda grita pela recuperação de nossas estradas. A coisa tá dum jeito que vale lembrar aquela frase de consolação: pelo menos pior não pode ficar. Outro dia um viajante de Carnaíba perguntou ao homem da lotação:- Ainda tem muito buraco daqui pra Flores? O motorista respondeu: - Muito num tem mais, não! Tá um buraco só daqui até lá.
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...dos poetas

Aí os poetas resolveram protestar em versos. Veja os versos abaixo.
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Pra refletir

“Falam, em vão, de felicidade os que nunca reprimiram um impulso por obediência a um princípio. Quem nunca sacrificou o presente por um bem futuro, ou um bem individual por um coletivo, só pode falar de felicidade como um cego fala de cor.” Horace Mann, educador e abolicionista americano.
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E pra terminar eu lembrei da história de um caboclo da cabeceira do Pajeú que depois de ter trabalhado em tudo na vida, foi questionado por um compadre: - Ôh cumpade, de tudo que tu já fez, qual foi o serviço mais pesado? O caboclo respondeu: - Foi entregar carta, cumpade. Aí o outro espantou-se: - Entregar carta! E entregar carta é serviço pesado, cumpade? O caboclo encerrou o assunto: - Vai entregar carta sem saber ler pra tu ver!

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