quinta-feira, 31 de março de 2011

A gestão moderna e as lixeiras

março 31, 2011 Por Alexandre Morais Sem comentários

Por Josi Nascimento

Quando se chega a um novo ambiente de trabalho, todos te conhecerão pelo prenome: Novato. Findo o fatídico período da experiência e adaptação, seu prenome sofre um revés que deve ser considerado positivo: perde-se o prenome Novato, mantêm-se o nome e ganha-se um acréscimo que fará toda a diferença:  Fulano do RH, por exemplo.
Funciona como se fosse um tipo de agrado para que o funcionário desenvolva o sentimento de pertencimento a algum lugar, uma espécie de registro de marca. Aí o tempo passa, ele já está à vontade com todos, sabe muito do trabalho e um pouco da vida particular dos colegas; tornou-se o ponto focal para descascar abacaxis e resolver pequenos conflitos de interesses, então, é hora dos ventos da promoção soprarem nas narinas do chefe: Ascensão à vista!!!
Bom de faro feito um pitbull, o chefe saberá ajeitar as coisas. Para promover um recém-chegado sem desagradar aos mais antigos, ele (o chefe) deve ser, além de bom farejador, seguro. Mandá-lo para outro departamento? Não! Seria lesivo para a repartição; competente como um quê e com a sabedoria que possui, melhor mantê-lo por perto. É bastante acrescentar-lhe mais algumas tarefas burocráticas, alguns reais a mais na renda e imprime-se, que está na hora de um sobrenome funcional que responda por si: Fulano Chefe de Serviço. Pronto. O Novato de antes, virou “a pessoa do momento” e a sombra do chefe.
Desde tempos remotos, lá pelo século XIX, quando todos trabalhavam numa mesma sala, sem nenhuma baia ou privacidade e as mesas eram posicionadas por fileiras hierárquicas (1º a mesa do presidente, conselheiro, diretor, chefe de setor e o baixo clero)  e que as lixeiras só existiam aos pés das mesas do presidente, para que este pudesse controlar o que os subalternos estavam desperdiçando,  que conhecemos mais os nossos chefes pelo cargo e departamento a que servem, do que pelo nome recebido na pia batismal. 
Vivemos numa era rica em recursos tecnológicos, somos globalizados e hi-tecs  a mais não poder, no entanto, somos puristas inveterados. Quanto mais se tenta inovar no que concerne ao trato com as pessoas, mais notamos que ainda arrastamos presas ao nosso calcanhar heranças concebidas na era da revolução industrial, com pouquíssimas diferenças gritantes. A única exceção notadamente grave e que pegou pra valer como modelo de gestão moderna e futurista no século XXI foi a disposição da lixeira.

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