Um amigo meu, que não morreu, mas bebe e chora que só a peste, deu a ideia de fazer uns versos retratando este suplício. Aí eu fiz:
De dezembro até agora
Em mais nada me concentro...
É cana molhando dentro
Lágrima molhando fora.
Pra dormir não tenho hora
E se acordo sem ver ela
A saudade me martela,
Só um copo é meu amigo,
Morro bebo, mas não digo
Que choro por causa dela.
Quer ver eu ficar doente
É ver gente se beijando,
Enquanto eu sigo beiçando
Só um copo de aguardente.
A branquinha desce quente,
Passa queimando na goela,
No estambo faz procela,
Estalo o dedo e maldigo:
Morro bebo, mas não digo
Que choro por causa dela.
O meu copo companheiro
De aguardente tava meio,
Com o pranto ficou cheio
Em tempo mais que ligeiro.
Bebi por ser cachaceiro,
Que uma mistura daquela
Deixa no corpo seqüela
E pra alma é um perigo,
Morro bebo, mas não digo
Que choro por causa dela.
E o danado é poeta também! Óh o verso dele aí:
Passo o dia me lembrando
Desse amor que um dia eu tive
Com minha vida em declive
E o tempo me maltratando.
Não sei mais por onde ando
A cair pela tabela,
Coração em sentinela,
Sem achar um novo abrigo
Morro bebo, mas não digo
Que choro por causa dela.
.
Desse amor que um dia eu tive
Com minha vida em declive
E o tempo me maltratando.
Não sei mais por onde ando
A cair pela tabela,
Coração em sentinela,
Sem achar um novo abrigo
Morro bebo, mas não digo
Que choro por causa dela.
.
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