sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aqui, uma pós-produção da teia

novembro 04, 2011 Por Alexandre Morais Sem comentários

Natal do Nordeste
Maria Helena

É Natal no Nordeste. Natal de tradição e de imitação. A bem da verdade, é uma miscelânea de contrastes composta por galinhas e perus; castanhas de caju e nozes européias; cachaças e vinhos; peras, bananas e damascos.
Há ainda o contraste de trajes, imitações de costumes estrangeiros. Mas há a força que um só coração não poderia suportar, mas que, no entanto, milhares de corações conseguem o milagre de realizar. O milagre do Natal, o Natal do Nordeste.
Fios de amor cruzam-se, partindo de todas as mentes: do repentista, mágico da viola, ao escritor, erudito do mais alto grau da cultura nordestina. Fios mágicos entrecruzam-se silenciosos no espaço, unindo os sons de desejos de todos que, de uma forma ou de outra, transmitem desejos do bem. Quer seja a expressão poética única e bela da mais suave canção, quer seja o balbucio da oração da mãe que na casa humilde roga ao menino Deus paz na terra e paz ao seu menino adormecido na rede.
Há um entrelaçamento de fios que, invisíveis, se fazem presentes e se tocam entre ricos e pobres, entre fortes e fracos.  São fios tênues, compostos pelos pensamentos de bondade e de amor. Leves e sutis cortando o ar, partindo de todos para todos. Do oleiro que molda a vasilha de barro para o industrial que fabrica a fina porcelana. Do boiadeiro que persegue o boi esquivo na caatinga para o fazendeiro que espera o seu retorno na porteira do curral.
Fios de um gostar especial. Fortes e meigos como só o Nordeste sabe ter. Expandem-se do agreste ao sertão, das terras do Pajeú às praias de Itamaracá. Envolvem os seres e as coisas.
Fios que se destaca, ligando os homens e os astros de forma palpável, de forma concreta, porque é Natal.
Fios suaves e presentes. Fios silenciosos e firmes. São fios de luz. Tem a força de Deus.
Natal do Nordeste é Natal aquecido pela trama dos fios da magia do amor.

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