segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Terço da Cruz marcou abertura da programação da 25ª Missa do Poeta

setembro 10, 2012 Por Alexandre Morais Sem comentários

Visita à cruz de Marcolino: marco de sua passagem para o céu dos poetas


Abrindo a programação da 25ª Missa do Poeta, a comunidade de Santo Antonio de Carnaíba (PE) sediou o 1º Terço da Cruz, domingo passado, dia 09 de setembro. O grande homenageado da Missa é o poeta paraibano Zé Marcolino, parceiro de Luiz Gonzaga, autor de trabalhos como Pássaro Carão, Serrote Agudo, Cacimba Nova e a clássica Sala de Reboco.
Foi exatamente naquela comunidade que o poeta faleceu, há 25 anos, vítima de um acidente automobilístico provocado por uma vaca que atravessou a pista. O Terço reverenciou o poeta no local de seu encontro com Deus.
A oração foi conduzida pelo Padre Josenildo do Pajeú, acompanhado por um coro de crianças e mulheres, em sua maioria moradoras da localidade. Os mistérios, por sua vez, ficaram por conta do poeta tabirense Dedé Monteiro, que, claro, os fez em versos apoiando-se no mote inspirador do evento: Toca o vento no terço da saudade / No pescoço da cruz de Marcolino (ver abaixo).
Mais do que oração e cultura, o momento também cobrou uma reflexão para os riscos provocados por animais soltos nas estradas. Zé Marcolino foi vítima deste mal há 25 anos, mas a fatalidade não serviu de exemplo e outras vítimas foram somadas ao longo dos anos.
No momento cultural, participaram Alexandre Morais, Dudu Morais, Zé de Mariano, Gonga Monteiro, Aldo Queiroz, Eniel Alves, Elenilda Amaral, Lúcio Luiz, Verônica Sobral, Albino Pereira, Dedé Monteiro e Lindomar Souza. O momento foi aberto com uma visita à cruz de Marcolino, ao tempo em que um CD entoava a própria voz do artista cantando suas mais conhecidas canções.
Capela de Santo Antonio  - Terço da Cruz 2012


E os mistérios proclamados pelo Papa dos Poetas, Dedé Monteiro:
 

Primeiro mistério: (O batismo de Jesus no Rio Jordão)

De Jesus, Marcolino era um irmão,
Diferentes apenas no pecado.
Zé, com som de baião foi batizado;
Jesus Cristo, nas águas do Jordão.
Um, falava das coisas do Sertão,
Já o outro, das coisas do Divino.
E hoje, a “dupla”, depois do som do sino,
Neste instante feliz de liberdade,
“Ouve o vento no terço da saudade
No pescoço da cruz de Marcolino.”

Segundo Mistério: (O 1º milagre de Jesus nas Bodas de Caná)

No primeiro dos seus ensinamentos:
O Milagre das Bodas de Caná,
A poesia também estava lá,
Com Jesus produzindo encantamentos!
Zé, também animou mil casamentos,
Com forró verdadeiro e nordestino!
E hoje, neste “casório campesino”
Entre a arte e o amor que nos invade,
“Toca o vento no terço da saudade
No pescoço da cruz de Marcolino.”

Terceiro mistério: (A proclamação do Reino)

Jesus Cristo foi LUZ, José foi luz.
O Messias, bem antes; Zé, depois.
E eu tornei-me, por isso, fã dos dois:
De José Marcolino e de Jesus,
Que era um Santo e que quis, antes da CRUZ,
Converter, de doutor a beduíno.
Sua voz era doce como o hino
Desse vento que, com suavidade,
Dá balanços no terço da saudade
No pescoço da cruz de Marcolino.

Quarto mistério: (A transfiguração de Jesus)

Pra tentar dar mais força à fé daqueles
Que pra ser seus irmãos o Mestre os trouxe,
Sobre o monte Tabor transfigurou-se
Numa tocha de luz diante deles.
E essa luz que ofuscava a todos eles
Com o brilho sem fim de um sol a pino,
Também brilha no ser do tangerino
Que, lembrando a cruel fatalidade,
Ouve o vento no terço da saudade
No pescoço da cruz de Marcolino.

Quinto Mistério: (Instituição da Eucaristia)

Nos extremos do amor, o Rei do bem
Institui a sagrada Eucaristia,
Pra se dar (corpo e sangue) todo dia,
Sem cobrar um centavo de ninguém.
Como o Rei, Marcolino também tem
Uma cruz demarcando o seu destino.
Ante o Mestre, José foi pequenino,
Mas deixou mil amigos de verdade,
Que se abraçam no terço da saudade
No pescoço da cruz de Marcolino.

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