Talvez alguem escute melhor este recado, sabendo que ele foi dado por Manuel Bandeira. Foi depois de participar de um congresso de cantadores repentistas, no Rio de Janeiro, na década de 50, como membro da comissão julgadora.
Djavan gravou este poema no início da década de 90 e não indicou a autoria. Mais tarde o Quinteto Violado foi quem a gravou e, pasmem, indicou Djavan como autor da letra.
Tive a oportunidade de comunicar o equívoco a Marcelo Melo.
Enfim, vamos ficar com seu Manuel:
Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste.
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão.
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um a quem faltava o braço,
Tocava c'uma só mão;
Mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a Comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha saudação.
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