Naquele dia Zé
chegou cedo. A todos que perguntaram, respondeu que tava tudo bem. Mas não tava.
Zé bebeu junto com a primeira dose o amargor de uma noite em claro.
No hospital?
Não, em casa, olhando para as telhas, bolando na cama, encontrando fantasmas em baixo do
lençol. Perdeu o sono e a paz. Por quê? Não sei,
Zé não me disse.
Mas eu sei! Toda
noite tem um Zé assim. Às vezes longe, às vezes perto, às vezes dentro de nós. Somos
todos Zés. Não preparados para o mal companheiro. Incapazes de reagir ao inimigo
interno e até de compreender que há um inimigo interno.
Mas somos
muito capazes de enxergar, entender, opinar e julgar os externos. Ignorância ou
transferência de incapacidade? Intolerância ou medo do eu? Sei não. Precisamos
ser mais Zé pra poder dormimos em paz e bebermos bem.
Alexandre Morais
0 comments:
Postar um comentário