Theotonio
Freire, homem dedicado às letras, é um dos mais atuantes intelectuais do seu
tempo no Recife. Era a capital de Pernambuco então uma cidade efervescente.
A Faculdade de Direito, a presença de
vários e diversificados jornais, o movimento Abolicionista que toma corpo, os
espetáculos musicais e festas cívicas realizados no Teatro de Santa Isabel, o
encaminhamento da Nação em direção da República, criam um ambiente propício à
agitação intelectual e política.
Neste
cenário, Theotonio Freire se mostra um espírito participante e corajoso, sempre
atento aos acontecimentos literários e políticos: foi crítico, jornalista,
enquanto exercia, segundo dizem, a função de funcionário do Hospital Militar de
Pernambuco. De sua atenção aos acontecimentos da cidade dão testemunho suas
Cartas a Pollux, correspondência imaginária de Castor, seu pseudônimo, a um
amigo também inventado, estes pseudônimos remetendo aos gêmeos da mitologia,
filhos de Júpiter e de Leda. Essas Cartas são um documento interessante, vivo,
muitas vezes irônicos, satíricos, engraçados, sobre acontecimentos referentes à
vida e sobretudo à política na cidade do Recife e no País.
Sua
obra poética tem como temas principais o amor e a Pátria.A lírica amorosa, que
canta igualmente o amor idealizado e a sensualidade, em nada fica a dever aos
melhores poemas publicados na época. A produção de inspiração patriótica é
marcada por um nacionalismo acentuado, que exalta as belezas do país e o valor
de sua gente. Os romances, escritos com um estilo vigoroso, têm a influência de
uma certa literatura então em moda, de inspiração realista e herdeira de
cientificismo. Mas um livro como Passionario, por exemplo, pode ser lido
com interesse e prazer mesmo nos dias de hoje.
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