A Barragem de Brotas fica em Afogados da Ingazeira e é uma das maiores reservas d'água do sertão pernambucano. Represa o Rio Pajeú e com quase 40 anos de construída, nunca chegou a níveis tão baixos. Diante do cenário desolador, junto às fotos de Claudio Gomes, fiz estes versos:
Quem te vê não
se sustenta
E chora por te
ver, Brotas
Sem beber água
das grotas
Morrendo aos poucos,
sedenta.
Quem já pensou
nesse mundo
Avistar teu
porão fundo
Já ressecado e
sem vida?
Ver as portas
das comportas
E tantas
espécies mortas
Sobre a terra
ressequida?
Quem já viu,
quem já pensou,
Que tu, gigante
do rio,
Perderia pra o
estio
De quem tanto
já ganhou?
Quem já pensou
que um dia
O teu solo
serviria
Ao solado dos
humanos,
Negando vida
aos aquáticos
E aos reflexos
lunáticos
Como fez por
tantos anos?
Em teu leito
caudaloso,
Quantos seres
habitaram,
Quantas aves
revoaram
Em ritmo
harmonioso?
Quantas aves
sucumbiram
Enquanto
outras partiram
Em conjunta
revoada?
Ver-se agora
solidária
Uma garça
solitária
Sem sentir
graça de nada.
Quem já
pensou, oh gigante,
Ver-te assim
tão reduzida
Profundamente
abatida
Qual enfermo
ofegante?
Quem provocou o
estrago
De te resumir
a lago
De águas
turvas e parcas
De um resto de
Pajeú
Que expõe a
olho nu
Tuas mais
profundas marcas?
Eu bem sei,
não me respondes
Pois como
sábio, contrito,
Ao invés de
dar um grito
No bom
silêncio te escondes.
Junto meus
prantos aos teus
E deposito em
Deus
Minha profana
incerteza
De não
procurar culpados
E de rogar
resultados
Só à santa
natureza.
< Alexandre
Morais, 05/09/13 >
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