segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Porque Boldrin faz um bem danando pra nós!

dezembro 02, 2013 Por Alexandre Morais Sem comentários

Lá em São Joaquim da Barra (lá venho eu com minha terra de novo), tinha o Abílio Estori. Muitos inventaram causos da miserabilidade dele. Quando a gente fala em miserável, é aquele camarada que não rói a unha porque dói. É aquele que, de graça, não dá nem bom dia...etc. e tal.

Sobre o tal Abílio, chegaram a contar dele uma escabrosa. Imaginem os senhores que contam por lá que, um certo dia, o nosso personagem estava com dor de cabeça. Naquela época, era comum tomar o famoso Melhoral para qualquer dor.

Então, isso posto, conta-se que o Abílio, estando com dor de cabeça, teria amarrado na ponta de uma linha bem fina de costura um comprimido de Melhoral. E tomado o comprimido em seguida com um gole de água. Assim que a dor de cabeça passou, o Abílio teria puxado pra fora o Melhoral, para guardá-lo para outra ocasião. Outra dor. Era muito econômico o nosso querido Abílio.

Outra atribuída a ele era nos tempos da bicicleta motorizada. Aquelas que tinham um motorzinho no cano central. Pois bem. Contam que ele descia a rua principal que era um pouco declinada, com o motorzinho ligado, fazendo aquele barulhinho característico de motor...brrr....brrrrrrr...De vez em quando (dizem), o Abílio desligava o tal motorzinho e substituía o seu barulho característico por um ruído igual, só que feito pelos lábios, pela boca... brrrrr... brrrrr...Era muito econômico o nosso Abílio.

Agora, pra encurtar nossos causos, aqui vai uma do saudoso Pedro Chediac, que dizem era muito miserável também. No bom sentido da nossa lembrança querida desse personagem histórico da minha terra.

Pois bem. Lá vem o sêo Pedro numa caminhonete na estrada. Ao ver um caboclo na bêra do caminho, como quem pede carona, este sêo Pedro toma a iniciativa de parar o veículo e oferecer (vejam só) a tal carona.

PEDRO – Pra onde o senhor está indo, amigo?
CABOCLO – Pra fazenda do Lageado, moço.
PEDRO – Entre aqui, que eu lhe levo até o seu destino.
CABOCLO – Obrigado, cidadão... Muito obrigado pela gentileza.

O caboclo subiu na caminhonete. Prosa vai, prosa vem, que lá na minha terra se gosta muito de prosear, o sêo Pedro de repente diz ao caboclo:

PEDRO – O senhor por acaso já me conhecia?
CABOCLO – Só de vista, moço.
PEDRO – Pois eu me apresento. Sou muito conhecido por essas bandas. Meu nome é Pedro Chediac.

O caboclo faz um ar de quem já ouviu falar do sêo Pedro Chediac.

PEDRO – Pois então. Veja o senhor que, na minha cidade, dizem que sou muito miseráve. Mas é intriga. Pois eu mesmo não lhe ofereci carona, agora mesmo? Intão. Eu não sou miseráve nada. Eu sou muito bom. Veja bem: sou uma pessoa tão dadivosa...portanto, não sou miseráve, que isso fosse verdade.... eu quero que, por um castigo, uma jamanta dessas bem grandes e pesadas passe por cima de nóis dois, agora mesmo. Neste instante.
CABOCLO (no ato) – Ô moço! O sinhô qué fazê o favô de encostá a sua caminhonete... Eu quero apeá... agora mesmo. Bem depressa!!!


Por Rolando Boldrin

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