Eu tenho medo de moto
Muito embora tenha uma
Mas não sou dela devoto
Nem sinto falta nenhuma
Foi uma danada dessas
Que vinha passando às pressas
E na arte fez um mal
Danou-se em cima de João
Mandou meu poeta ao chão
E do chão ao hospital
Em pensar, prefiro eu,
Que foi coisa do destino
Mas isso só ocorreu
Porque João é franzino
O corpo do meu poeta
Perde até pra bicicleta
Pelo jeito que eu noto
Pois seu corpo é indefeso
Mas se verso fosse peso
Quem se lascava era a moto
O que mais me desgoverna
É que João tem espinhaço
Mocotó, joelho, perna
Ombro, cotovelo e braço
Dedos nas mãos tem os dez
Com outro tanto nos pés
E tudo ficou em dia
Não que o corpo não mereça
Mas que livrasse a cabeça
A fábrica de poesia
Mas cada um se mantenha
Em sua fé a orar
Esperando que João venha
De novo nos encantar
O nosso Deus é enorme
E enquanto o poeta dorme
Em seu trono ninguém trisque
Que João deve tá doente
Mas é pra rasgar repente
E emborcar uma de uísque
> Ao cantador João Paraibano, que há 20 dias foi atropelado por uma moto e ainda encontra-se internado <
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