Brilhante, Emídio de Miranda. Pena que é tão pouco conhecido e citado.
Outro dele, dessa vez ao ver um coveiro enterrar uma linda mulher:
A UM COVEIRO
O teu trabalho, intérmino, coveiro,
Devia ter uma pausa. Isto é rude.
Abrir covas, irmão, o dia inteiro,
É envenenar os sonhos e a saúde.
Mas que sonhos terás pobre agoureiro?
Glória? Esplendor? Amor e Juventude?
Nada disto. O teu sonho feiticeiro
Deste-o aos vermes, tu mesmo, no ataúde.
Vai coveiro! ao sol mostra a tua enxada!
Atira pás de terra, alma empedrada
No esquife azul dessa donzela etérea!
Gargalha! Canta! acende o teu cigarro!...
Mas vê também que és lama, e que és matéria...
E outro coveiro há de atirar-te barro!...
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