quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Tudo que reluz é Louro

janeiro 07, 2015 Por Alexandre Morais Sem comentários


 
Nascido pra ser plateia, um dia resolvi subir ao palco. O degrau foi a poesia. Aliás, não o degrau, mas a muleta, o esteio, a companheira, porque ela subiu comigo.
Desde então, tive muitas emoções. E acho que provoquei algumas também. Com a poesia fui a muitos outros espaços e públicos. E muitos espaços e públicos vieram a mim.
Não perdi os arrepios, os tremores, os calafrios, mas fui acostumando. O tempo e a prática são ótimos aliados. E nos dão a segurança que precisamos nos momentos que precisamos. Mas o tempo também ensina que nunca estamos prontos. E que bom que nunca estamos prontos. Isto se chamaria fim.
Quero muitos outros palcos, públicos, arrepios, tremores, calafrios... quero muitas outras emoções. Mas é preciso dizer que ontem eu senti todas estas sensações de uma forma até então não vivida. Foi na Mesa de Glosas em homenagem a João Paraibano em São José do Egito nas comemorações do Centenário de Louro de Pajeú.
Não precisa explicar as expressões grafadas. Elas dizem o peso que são.
É verdade que eu já estava em estado de graça por tudo que vivera nos dias anteriores. Tantos poetas, tantos músicos, tantos ídolos, tantos abraços, tanta vida. Sim, é possível fazer tudo isto. E custa tão pouco. E rende tão muito.
E lá estava eu ladeando um dos momentos mais belos desta minha pouca intensa vida com Dudu Morais, Genildo Santana, Caio Menezes, Zé Adalberto, Aldo Neves, Lima Júnior e Dió de Santo Izídio. E os frenteando com figuras da estirpe de Valdir Teles, Diomedes Mariano, Antonio e o clã Marinho, Bráulio Tavares, Chico Pedroza, Zelito Nunes, Lirinha, Flávio Leandro e tantos outros nomões e anônimos cheios de arte. A plateia era aquele empinhado de gente, com cabeças esticadas por cima dos ombros dos outros.
E eu num misto de medo e vontade de estar ali, escapei.
E escapo agradecido a todos. E parabenizando a todos pelos momentos vividos juntos. A festa foi tão única que dá até pra repetir uma alusão a outra festa parecida: “Nunca mais eu perco um centenário de Louro.”
Obrigado Deus e deuses da arte e da poesia.
E paro como parei na mesa com o mote tema da festa do Centenário:

Já disse Bráulio Tavares
Que se verso reluzisse
Ficava turvo que visse
O Pajeú lá dos ares
Louro, junto a outros pares
Por lá fez ancoradouro
Mas cá reluz feito ouro
Como vivo reluzia
Cem anos de poesia
Tudo que reluz é Louro

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