Nascido pra ser plateia, um dia resolvi subir ao
palco. O degrau foi a poesia. Aliás, não o degrau, mas a muleta, o esteio, a companheira,
porque ela subiu comigo.
Desde então, tive muitas emoções. E acho que
provoquei algumas também. Com a poesia fui a muitos outros espaços e públicos. E
muitos espaços e públicos vieram a mim.
Não perdi os arrepios, os tremores, os calafrios,
mas fui acostumando. O tempo e a prática são ótimos aliados. E nos dão a
segurança que precisamos nos momentos que precisamos. Mas o tempo também ensina
que nunca estamos prontos. E que bom que nunca estamos prontos. Isto se
chamaria fim.
Quero muitos outros palcos, públicos, arrepios,
tremores, calafrios... quero muitas outras emoções. Mas é preciso dizer que
ontem eu senti todas estas sensações de uma forma até então não vivida. Foi na Mesa de Glosas em homenagem a João Paraibano em São José do Egito nas comemorações do Centenário de Louro de Pajeú.
Não precisa explicar as expressões grafadas. Elas dizem
o peso que são.
É verdade que eu já estava em estado de graça por
tudo que vivera nos dias anteriores. Tantos poetas, tantos músicos, tantos
ídolos, tantos abraços, tanta vida. Sim, é possível fazer tudo isto. E custa
tão pouco. E rende tão muito.
E lá estava eu ladeando um dos momentos mais belos
desta minha pouca intensa vida com Dudu Morais, Genildo Santana, Caio Menezes,
Zé Adalberto, Aldo Neves, Lima Júnior e Dió de Santo Izídio. E os frenteando
com figuras da estirpe de Valdir Teles, Diomedes Mariano, Antonio e o clã Marinho,
Bráulio Tavares, Chico Pedroza, Zelito Nunes, Lirinha, Flávio Leandro e tantos outros
nomões e anônimos cheios de arte. A plateia era aquele empinhado de gente, com
cabeças esticadas por cima dos ombros dos outros.
E eu num misto de medo e vontade de estar ali,
escapei.
E escapo agradecido a todos. E parabenizando a todos
pelos momentos vividos juntos. A festa foi tão única que dá até pra repetir uma
alusão a outra festa parecida: “Nunca mais eu perco um centenário de Louro.”
Obrigado Deus e deuses da arte e da poesia.
E paro como parei na mesa com o mote tema da festa
do Centenário:
Já disse Bráulio Tavares
Que se verso reluzisse
Ficava turvo que visse
O Pajeú lá dos ares
Louro, junto a outros pares
Por lá fez ancoradouro
Mas cá reluz feito ouro
Como vivo reluzia
Cem anos de poesia
Tudo que reluz
é Louro
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