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"EU
TENHO MEDO, O MEDO ANDA POR FORA, O MEDO ANDA POR DENTRO DO MEU
CORAÇÃO..."
Foi
ouvindo essa canção, que aos 19 e 20 anos, me dei conta de que o medo é quem
direciona a coragem. É ele quem evita que a coragem se jogue em precipícios.
Medo de avião, creio que todos temos, uns mais, uns menos, outros quase nenhum.
Nem todo mundo tem uma mão sobre o braço da poltrona pra segurar pela primeira
vez.
Já tive medo que a coragem me jogasse nos braços de alguém, que me
deixasse angustiado como um goleiro na hora do gol. Alguém que entrasse em mim
como um sol no quintal e saísse deixando uma tempestade.
Belchior foi um dos
meus mentores intelectuais, um mestre, um filósofo, um sábio cancioneiro
menestrel, que vindo do interior, me dizia que os baianas diziam que tudo era
divino, tudo era maravilhoso. Um cara que se apaixonou pela madame Frigidaire,
transava a noite num danubio azul e me convencia de que nossos ídolos já não
eram mais os mesmos.
Mas ele foi, é, e sempre será o meu eterno ídolo, e sua
aparência nunca me enganou, sempre aparecia nas horas mais férteis de minhas
inspirações. Viverá para sempre em minhas composições. Se você me perguntar
onde andei? Ora direis: ouvindo estrelas sem perder o senso, e lhes direi no
entanto, que enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não, eu
canto. Não quero o que a cabeça pensa, e sim, o que a alma deseja. Quero amar e
mudar as coisas porque o passado é uma roupa que já não me serve mais.
Pra ele
hoje eu tenho um olhar lacrimoso, mas suas canções já me deixaram alegre como
um rio, liberto como um bando pardais, já me fizeram roer lembranças ébrias por
paixões avassaladoras que me adormeciam sobre as garrafas e me acordavam com o
chiado da agulha de uma vitrola sob uma caixa de fósforo em meio a galos,
noites e quintais.
Portanto, hoje, os meus sentimentos são para Antônio Carlos
Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. Mais precisamente ou simplesmente "BELCHIOR".
(Maciel Melo)
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