terça-feira, 19 de junho de 2018

Retalhos de Cetim

junho 19, 2018 Por Alexsandro Acioly Sem comentários
Foto: Divulgação



  Esfarrapados os sentidos, feito retalhos de cetim dourados soltos ao vento, pendurados nos garranchos que margeiam essa estrada, nebulosa e fria, me levam além do longe por um atalho, onde o amor trafega entre os labirintos, querendo achar uma porta de saída. Insisto, porém, na elegância do querer bem e na sutileza de que o amor ainda há de vir brotar nesse imenso carrocel que gira ao redor da vida. As curvas aprumam minhas retas, depois que atingem os 90°. Eu sigo em frente, agora mais forte e decidido, cobrando "o velho, o novo, e até o esquecido" jeito de se fazer amor.         Amar é chorar com as lágrimas daqueles que vivem à margem de uma sociedade hipócrita, capitalista e ditatorial, que molda modelos de educação e joga em nossos lares, sem pedir licença, e entra em nossas casas através da crença, de uma ilusão televisiva, que nos diz o que temos que dizer, sem nunca saber o que já temos dito. A era cibernética chegou. 
 O apocalipse está saindo do futuro e se instalando no presente, nos mostrando que está chegando o fim da era. Por isso cada minuto, cada segundo, cada miligundo de hora, vale milhões de abraços, que precisam ser abraçados. Gente carente, penitente, gente que ama, que esmola, que grita, se esfola, implorando mais valia. Gente que não nega a cor e que não vende sua alma apenas para reinar na ilusão do vil-metal.
  Ainda acredito na paixão que cega, no doar as flores, no espinho dos amores, numa canção bem brega. Ainda acredito em Odair, Peninha, Rossi, Betânia, Ângela Maria, Waldick Soriano, em Perfume de gardênia e em Ana Carolina. Ainda vislumbro uma bela noite de luar. Ainda acredito, num mundo distante, onde a fantasia possa ser vivida em tempo real. Ainda acredito na união do coletivo, na amplidão do ser, no poema que sonha, que ri e que chora, no tesão do agora, no amargo-doce de se amar a dor. Não acredito em nada que se deixe pra depois. 
 Não acredito em palavra que não possa ser conjugada. Não acredito em retórica, porque é no silêncio do pulsar pensante que se ouvem os berros do verdadeiro amor.

(Maciel Melo)




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