terça-feira, 12 de junho de 2018

Senhora Dona Liberdade

junho 12, 2018 Por Alexsandro Acioly Sem comentários
Foto: Divulgação


     Maria da Liberdade Amorosa do Livramento. Esse é o seu nome de batismo. Nasceu no berço esplêndido das campinas, e criou-se lá onde retumba o brado das amplidões. Viveu entre as vicissitudes, amou ao relento e saiu dando poupas no vento, se espojando pelos pampas. Soltou a crina, esvoaçante se fez dona do seu universo e assanhou as areias dos desertos corações selvagens. Trota, campeia, tange as mazelas, quebra conceitos, tabus, derruba as cancelas e, galopantemente, passeia pelos prados da minha imaginação. 
 Maria da Liberdade. É assim que lhe chamam nas redondezas. Em seu lombo não sobe cela, não há cabresto que a prenda, não tem mourão que a segure, nem cerca que a enclausure, nem corda que amarre ela. Não há curral que a tranque, não tem tampa que lhe tampe, nem tem tranca nem tramela. 
   O seu pai chama-se Tempo; sua mãe, Felicidade; sua casa é o firmamento, a parede é o horizonte e o telhado o azul do céu. O máximo de sua tolerância é o laço; mesmo assim, se for de fita. Não tem freio que a estanque, nem garanhão que lhe empanque, quanto mais um pangaré. 
  Maria é uma pedra bruta, precisa ser lapidada. Uma pepita, uma esmeralda num trancelim de ouro. Maria é da vida, Maria é dos pastos, Maria é do mundo, Maria não é de ninguém.
(Maciel Melo)


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