segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Codinome Beija-Flor

agosto 06, 2018 Por Alexsandro Acioly Sem comentários
Imagem: Divulgação


É uma composição do trio Cazuza (1958/1990) , Reinaldo Árias (1951) e Ezequiel Neves (1935) .

  Em 1985 Cazuza gravou “Exagerado”, seu primeiro álbum solo após a saída do grupo “Barão Vermelho”. Além da faixa-título, o grande destaque do disco foi a música “Codinome Beija-flor”. Essa belíssima canção, além de surpreender os roqueiros da época com seu arranjo à la bossa nova, chamou a atenção por alguns versos que até hoje intrigam os ouvintes: “Que só eu que podia / Dentro da tua orelha fria / Dizer segredos de liquidificador”. O que cargas d’água Cazuza queria dizer com a expressão “segredos de liquidificador”?
 Teses e teses a respeito do seu significado pululuam pela Internet. Segundo Valdir Mengardo, é uma metáfora que pretende mostrar a “incompatibilidade entre a sociedade de consumo e a poesia”. Já Fernando Toledo considera que a expressão é o “equivalente urbano/industrializado para “segredo de polichinelo”. E explica a sua viagem: “Simplesmente não existem liquidificadores sutis. Os bichos fazem um barulho dos diabos quando acionados. Logo, seria um segredo que não seria um segredo.”
  Os participantes do Yahoo Respostas dão explicações mais rasteiras. Um deles afirma: “faltou uma boa rima para “beija-flor”. Parece um desses casos em que o poeta não está nem um pouquinho inspirado e doido para acabar a letra. Tal como acontece (com todo respeito a Gilberto Gil), na letra de rimas ridículas de “Sítio do Pica Pau Amarelo”. Outro internauta sem muita noção (des)explica: “Acho que Cazuza tava drogado quando disse isso, deve ter enfiado a mão dentro do liquidificador.”
   Depois dessas abobrinhas, não há nada mais esclarecedor do que ouvir a voz do poeta. Pouco antes de cantar “Codinome Beija-flor” em um dueto com Simone, durante um especial exibido pela TV Globo em 1989, o ex-vocalista do Barão diz que a expressão se refere a “uma coisa de língua no ouvido”, exemplificando, com a própria língua, os movimentos circulares que dão sentido à metáfora.
    Mas enfim, como verso bom é aquele que permite as mais diversas leituras, independentemente das eventuais explicações dadas pelo próprio poeta, fico com a explicação cunhada Luccia, em seu blog “Doce Lucidez”: “Segredos contados ao pé do ouvido que causam aquele tremor no corpo, como um liquidificador.” Alguém arrisca tecer uma definição melhor?
 A metáfora de Cazuza é tão expressiva que foi reaproveitada na letra de outra música, “Carnalismo”, faixa 7 do álbum dos “Tribalistas”, dos versos: “Me abraça e me faz calor/ Segredos de liquidificador/ Um ser humano é o meu amor/ De músculos, de carne e osso/ Pele e cor.”
(Extraído do blog “Pensar enlouquece, pense nisso”, de Alexandre Inagaki)

  A canção esteve presente na trilha sonora da novela “O Dono do Mundo” (1991/1992 - Luiz Melodia).

CODINOME BEIJA-FLOR
(Cazuza / Reinaldo Árias / Ezequiel Neves)

Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor .


Fonte: http://museudacancao.blogspot.com

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