Silenciosos, noturnos passos, coturnos pisam o chão da pátria, reacendendo rastros cruéis da página mais sangrenta da história do Brasil. Essa (mátria) é nossa; terra mãe de pretos, pobres, pardos, brancos; madrasta de outros filhos, de outras terras, de outros mundos, de outros brasis. Oh! Senhor, Deus dos desgovernados, olhai por nós, rogai por aqueles que teimam em insistir que só a força do amor pode transformar uma nação. Livrai-nos da discórdia desumana, da indiferença mesquinha dos intolerantes, da fúria dos inconsequentes e da ira cega da desesperança.
Ninguém se entende mais, estamos numa Babel; palavras turvas ecoam pelos ares; nos bares, discordar é desamor. Como seria bom pensar que tudo não passa de uma mera ilusão; que tudo fosse apenas “um ensaio sobre a cegueira”, que nada nunca será como antes, quando o pau-de-arara era o transporte mais rápido para uma catacumba.
Já não sei mais se tudo é uma questão de ordem, ou desordem. As pessoas se agridem, se ferem, se matam, se crucificam e se anulam sob a crença de um futuro duvidoso e cheio de mistérios. A roda viva da vida gira, e a girândola só ilumina o céu se o fogueteiro souber a hora exata de assoprar o tição e acender o pavio.
< Maciel Melo >
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