
Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai. Ainda criança, Helena
Meirelles ouvia com atenção a viola tocada pelos convidados nas reuniões
musicais promovidas pelo avô. Família de músicos. Sanfona, gaita de
boca, viola, violão. Tudo o que podia fazer era escutar. Os pais diziam
que música não era coisa de mulher. Quando demonstrava interesse,
ameaçavam cortar seus dedos e lavar seu lombo com salmoura, conta. Mas,
escondida, dava vazão ao desejo. Roubava o carretel de linha da mãe e
fazia as cordas da viola com a qual reproduzia os sons guardados na
cabeça.
Aos 17 anos, casou-se. O hábito de tocar nos prostíbulos sertanejos
incomodava o marido. Aos 21, trocou-o por um violinista paraguaio. Caiu
no mundo. “Nunca ganhei um tostão para tocar. Mas não faltava hotel,
comida e cachaça depois que eu resolvi, sozinha, bagunçar o coreto,
mascar fumo e pintar o sarambé.”
Durante 32 anos foi dada como desaparecida. A família acreditava que
tinha sido morta por um boiadeiro numa festa. Sua irmã encontrou-a por
acaso, doente, em uma praça de Piquerubie, no Mato Grosso. Em 1993, um
sobrinho enviou uma fita cassete com seus rasteados para a revista
norte-americana Guitar Player. Foi eleita guitarrista do mês. Causou
furor nos Estados Unidos. Aos 70 lançava seu primeiro disco pela
Arhoolie Records. Só então caiu nas graças dos críticos brasileiros.
Texto copiado de: www.almanaquebrasil.com.br
Foto cpiada de: http://elizabethdiariodamusica.blogspot.com
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