Zeca Baleiro
Entrevista copiada de www.almanaquebrasil.com.br (2013)
Foto copiada de www.curtamais.com.br
Você se considera um otimista em relação ao futuro do País?
O que mais me indigna é uma certa torcida contra o Brasil, especialmente da classe média, média alta pra cima. Gente que queria ter nascido nova-iorquino e não nasceu. Você tem que amar o seu destino, como alguém disse. O Brasil começa a fazer isso. É uma reviravolta histórica. É evidente que a torcida contra vai continuar. Ela existe e é bom mesmo que exista, senão vira um jogo de um time só.
O que considera que o Brasil tem de melhor a oferecer para o mundo?
A cordialidade, conceituada pelo Sérgio Buarque de Holanda, e o jeitinho brasileiro. Os dois são sempre vistos e postos como coisas ruins. Mas eu acho que temos também que celebrá-los. É legal ser cordial. Os gringos que vêm pra cá ficam encantados com isso. Entram num boteco carioca e em dois minutos já criaram cumplicidade com alguém. Vão no mercado de Porto Alegre e logo estão dividindo um chimarrão ou uma cachaça. Isso não existe em lugar nenhum. No Maranhão é assim. O sujeito acabou de chegar e já arranjou amigos de infância. Sei que essa afetividade, essa cordialidade também têm um lado ruim, que é a imobilidade, a falta de debate. Mas o lado positivo deve ser valorizado.
E o jeitinho brasileiro, o que trouxe de bom?
Só se usa o termo para falar de corrupção, de suborno, de passar por cima das leis e das regras. Mas o jeitinho também gerou coisas maravilhosas. O samba só existe porque existe o jeitinho. O choro só existe porque existe o jeitinho. A favela é um milagre do jeitinho. A capacidade de improvisar é um grande patrimônio brasileiro, talvez o maior. Temos que usar essas coisas a nosso favor, como fizemos magistralmente no futebol. Por isso somos os únicos pentacampeões do mundo. A cordialidade, o jeitinho e a capacidade de improvisação, como diria Noel Rosa, são coisas nossas. É isso que nos faz tão especiais aos olhos do mundo.
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