Menino, vá estudar
Juízo na seca seca
Veja na biblioteca
O que tem a lhe esperar
Leia José de Alencar
Em sua obra completa
Leia sem fazer dieta
Um Cassimiro de Abreu
Leia Augusto em seu “EU”
Mas conheça o meu poeta
Um Lobato, que fez belo
Leia, releia e cite-o
E se embrenhe pelo Sítio
Do Pica Pau Amarelo
Veja o recado singelo
Duma Cecília, a discreta
Leia sem definir meta
Sem contar a quantidade
Devore Drummond de Andrade
Mas conheça o meu poeta
Castro Alves e Amado
Os gênios da terra mansa
Carregue em sua lembrança
Como um tesouro guardado
Dum Neruda em separado
Faça leitura seleta
Leia numa tarde quieta
Um Fred Garcia Lorca
Ariano e sua porca
Mas conheça o meu poeta
Leia Bilac e Raquel
Bandeira como se manda
E dos Buarque de Holanda
Tudo que foi pro papel
Pessoa, a pena fiel
Guimarães, pena arquiteta
Machado que ninguém veta
Saramago e mais uns cem
Leia lá nem sei mais quem
Mas conheça o meu poeta
Meu poeta, igual aos tais
Mas sem saber científico
Sem qualquer título honorífico
Produz obras geniais
Sem contestar os demais
Atrai olhares pra si
Afina a viola em mi
Canta o local e o estrangeiro
Se cantar o mundo inteiro
Meu poeta é esse aí
Sem mídia, dinheiro ou fama
Sem certeza do amanhã
Da natureza é um fã
E a própria arte ama
A noite é a sua dama
Seu guia, o colibri
Que não aceita jequi
E nem se dá com gaiola
Se faz da vida uma escola
Meu poeta é esse aí
Meu poeta é andarilho
Um tangedor, almocreve
Que seu próprio livro escreve
Sob a lua com seu brilho
Seja pai ou seja filho
Faz do lar qualquer ali
Igualmente ao jabuti
Junto ao corpo leva casa
Se com nada se atrasa
Meu poeta é esse aí
< Alexandre Morais >
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