quinta-feira, 1 de abril de 2021

Ademar Rafael - Crônicas de Bem Viver

abril 01, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 JOÃO RAMALHO DANTAS

 Este é o nome completo do amigo e seresteiro João do Cortiço. O nome pelo qual João é conhecido em todo Pajeú nasceu da sua vinculação com um dos melhores bares da história de Afogados da Ingazeira. No final de década de setenta, quatro bares tinham a preferência dos afogadenses. “O Pilão”, administrado por Virgínia e Fernando Jacó, colado no prédio do Banco do Brasil, sobre o qual Magno Martins durante o carnaval fez uma bela crônica; “A Gruta da Praça”, administrado por Celso e Lourdinha; “A Toca da Codorna”, bar raiz administrado por Zil e “O Cortiço”, criação de João Ramalho Dantas.

  Sobre o Cortiço tenho três momentos marcantes. No natal de 1976, ano que antecedeu meu ingresso no Banco do Brasil, no seu interior ouvi várias vezes o clássico de Altemar Dutra “Rosário de Esperança”, uma das trilhas sonoras da minha vida; no primeiro feriado após minha posse como bancário, exatamente dia 01.07.1977 comemoramos no “Cortiço” o início de uma nova etapa e finalmente no dia 14.01.1982 encerramos a festa da minha despedida em referido bar. Em cada um deste momentos a presença de João foi decisiva para ficar em minha memória.

 Respeitando avaliações em sentido contrário sempre classifiquei “O Cortiço” como o melhor ambiente para encerrar uma noite de farra. A energia que imperava no local servia de argamassa para o universo adequado para um divertimento sadio e com gosto de queiro mais.

  Falar de João do Cortiço apenas como dono de bar é muito pouco, necessário se faz mencionar sua extrema capacidade de intérprete. Dono de uma voz invejável, tocando violão com estilo muito próprio, tirando som de uma folha de fícus ou batucando numa caixa de fósforo, João do Cortiço é plural. Fica acima da maior média. Costumo dizer que ao ouvirmos determinadas músicas interpretadas por João do Cortiço ou Val Patriota literalmente esquecemos a gravação original, eles dão nobreza à arte alheia, com qualidade superior.

  Seu filho Júlio César, que como poucos sabe tirar sons de um cavaquinho, é um parceiro à altura do velho seresteiro. Nas redes sociais existem mais de uma dezena de melodias interpretadas por João do Cortiço.

  Destaco outra particularidade do amigo João do Cortiço. Poucos sabem que ele foi o motorista exclusivo em todos os jogos do Barcelona fora das quadras afogadense. Sua kombi nos levou para disputar as memoráveis partidas em Salgueiro contra o Tiradentes e em Sertânia contra o Santos de Roberto, Hugo, Mozart e tantos outros craques. Com muita responsabilidade ele antecipava o hora da saída, para chegarmos a tempo de descansarmos e disputarmos os jogos com total segurança.

  Caro amigo João do Cortiço, meu irmão Júlio César tenham certeza que este texto carrega todo meu sentimento de gratidão por fazer parte do vosso ciclo de amizade. Um abraço e muito obrigado.

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