terça-feira, 11 de maio de 2021

Salve, Jorge! O Filó!

maio 11, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

 Em respeito ao cordel



   Antes de mais nada, não vou fazer um tratado sobre a arte do cordel, nem tampouco criticar ou inibir ninguém. Não são essas as intenções. Entretanto, não posso ficar omisso ao descaso que o cordel, arte tão representativa da nossa cultura popular, principalmente no Nordeste do Brasil, vem sofrendo em suas formas. Rima e métrica são a essência desta forma poética. O rigor, neste caso, não fere nem diminui o seu valor. Só enriquece a sua apresentação estética. Essas formas foram moldadas através de décadas, por um sem número de poetas, até chegar a esse molde. Não podem ser, então, relegadas. O uso destas regras deve ser tão rigoroso quanto. E que fique bem claro, rima e métrica, são regras técnicas, passiveis de aprendizado. O dom poético é outro caso.

  Digo que essas regras são aplicadas apenas ao que se pretende denominar cordel. Poesia popular na sua forma escrita, aja vista que obedece, as mesmas regras dos repentes, cantados e improvisados. Seu folheto pode sim ser uma poesia, ou não, vai depender de quem assim apreciar. Mas para ser um cordel, deve seguir os rigores que dele são inerentes. Isso não vem sendo respeitado, nem sequer tentado, por inúmeros/as poetas e instituições de fomento de cordel, que fazem vistas grossas aos mais absurdos engenhos que nem de longe obedecem a essas regras. Repito, sua poesia não deixa de ser uma poesia pela inexistência de métrica e rima perfeitas, só não pode, nem merece, ser chamada de cordel.

  Concluindo. Rima e métrica, são regras técnicas. Passiveis de aprendizado. Para isso existem cartilhas, apostilas, oficinas... Tudo muito bem detalhado e de fácil entendimento. Então, se sua pretensão é fazer cordel, seja ao menos respeitoso/a com tão rica e tradicional expressão artística. E se acaso desmetrificar, ou forçar uma rima, seja humilde e aceite a observação, caso alguém a faça. E busque entender e dominar as regras. Seja um cordelista que enobrece a arte. Eu mesmo, desde que nasci para poesia, busco seguir, embora com alguns tropeços, aos quais agradeço as correções de poetas amigos, essas rígidas, porem belas e melodiosas, regras.

  Viva o Cordel!!!

Jorge Filó, o da foto, em 11 de Maio de 2021

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