sábado, 5 de junho de 2021

De Cachoeira a Albuquerque Né

junho 05, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários

Por Alexsandro Acioly   

   Pegando um “bigú” no bico da caneta de Ulysses Lins, viajo ao passado através da linha férrea da Great Western. 

   Por muitos anos, passei pela povoação de Albuquerque Né e, sempre ao olhar para a estação ferroviária, me perguntava o porquê do nome desse lugar. Eis que, depois de ler a trilogia do moxotoense Ulysses Lins, encontrei resposta para a pergunta que vivia no meu imaginário.

   Vale salientar que, o lugarejo onde foi construída a Estação Ferroviária de Albuquerque Né, outrora se chamava Cachoeira e ficava em terras pertencentes a Rio da Barra, este distrito de Alagoa de baixo, atual Sertânia.

Mapa de Pernambuco com o traçado da Estrada de Ferro e o registro da estação Cachoeira

   Por que não foi colocado o nome da estação “Cachoeira”, já que o lugar era assim denominado? É que o nome usado foi para homenagear uma das figuras importantes daquela região do Moxotó: Manuel Coelho Lins de Albuquerque.

   Mas, quem foi esse camarada?

   Manuel Coelho Lins de Albuquerque, na verdade, era da região de Buíque - mais precisamente do Sítio Quiridalho. Sua vinda para Alagoa de Baixo se deu pelo fato de casar-se com uma filha da terra.

   Manuel era dono de fazendas em Alagoa de Baixo. Também foi chefe político por alguns anos e coronel da Guarda Nacional, patente essa que recebeu com bastante orgulho e que o deixou bastante envaidecido; segundo nos conta Ulysses Lins no livro Moxotó Brabo.

   Alagoa de Baixo, Rio da Barra, Cachoeira...

   E Albuquerque Né, onde é que entra nessa história?

  Segundo o próprio Ulysses Lins, e algumas outras pessoas com quem tive o privilégio de conversar, até hoje as pessoas mais velhas (ou para melhor explicar, algumas pessoas daquela época) tem o costume de acrescentar o apelido ao final do nome. Foi isso que aconteceu com Manuel Coelho Lins de Albuquerque, que era chamado de Seu Né.

  A Estação Albuquerque Né

Estação de Albuquerque Né em 2002. Registro de Luiz Ruben F. de A. Bonfim


  A Estrada de Ferro Central de Pernambuco foi aberta em 1885, de Recife a Jaboatão, pela Great Western do Brasil. Mas, só em 1941, foi construído o prédio onde ainda hoje está erguida a estação. Albuquerque Né faleceu treze anos antes, em 11 de março de 1920, de causas naturais. Foi sepultado no antigo cemitério que, anos depois, foi demolido e construída a Praça Martins Júnior. A inauguração da estação foi em 06 de Dezembro de 1941, e contou com a presença de várias autoridades.

  O governador Agamenon Magalhães, referindo-se à inauguração da estação Albuquerque Né, disse:

“Os fazendeiros do Moxotó, talvez por isso, pediram ao governo que desse o nome de Albuquerque Né à primeira estação do prolongamento da Central de Alagoa de Baixo. Os trilhos não poderiam atravessar o vale do Moxotó, esquecendo o homem que foi o chefe, o guia, o varão probo, o símbolo das virtudes sertanejas. A maior homenagem que podíamos prestar aos vaqueiros do Moxotó foi essa. Foi escrever na estação de Cachoeira o nome de Albuquerque Né.”

   A partir daquele momento a estação seria a ponta de linha (como eram denominadas as estações inauguradas) da Central de Pernambuco. Durante sete anos ela manteve esta “patente”, até ser inaugurada a estação do distrito de Irajaí.

   O distrito só passa a ser chamado de Albuquerque Né doze anos depois; através da Lei Municipal nº 133, de 14 de Fevereiro de 1953.

Fontes: Moxotó Brabo / Ulysses Lins de Albuquerque – 3. Ed.   http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/albuquerque.htm

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