NÃO É "BIG BIG BIG" O CORRETO A SE CANTAR NO "PARABÉNS"
"É BIG, É BIG, É BIG - BIG - BIG!"
Assim é cantado em coro o bordão da música
"Parabéns pra você" em todo território brasileiro. Ocorre que esse é
apenas um dos erros que cometemos em relação a versão original da canção. Neste
artigo se apresenta um pouco da história dessa composição, que é a mais famosa
do mundo e como seria a forma original e mais adequada para cantá-la.
A música "Happy Birthday to you"
(parabéns a você) foi registrada pela primeira vez em 1924 nos Estados Unidos,
num livro de Robert Coleman denominado "Celebrations songs" (canções
de comemorações). Trata-se de uma adaptação de "Good morning to all"
(bom dia a todos) que era uma melodia utilizada na recepção de escolas que duas
professoras irmãs haviam patenteado em 1983.
Apesar da simplicidade da letra esta composição já
gerou muita disputa de poder e negociação de direitos autorais, movimentando
milhões de dólares e alguns processos. Na primeira forma em que foi escrita, em
inglês, e que muitos países conservam até hoje, "Parabéns a você" é
proferido duas vezes e na terceira acompanhado por "querido" (dear) e
o nome do aniversariante, repetindo-se por fim "Parabéns a você". No
Brasil o radialista e compositor Almirante, da rádio Tupi do Rio de Janeiro,
realizou um concurso para melhor adequação da música, vencendo Bertha Celeste
Homem de Mello, com a forma que se canta até hoje, em que há uma única
repetição de frases.
"Parabéns a você, nesta data querida, muita felicidade, muitos anos de vida"
"Parabéns a você, nesta data querida,
muita felicidade, muitos anos de vida"
É comum que se cante "parabéns pra você"
e esta frase se tornou a tradução em português do próprio título da música, e
portanto é culturalmente aceitável esta maneira de cantar e assim, não seria
necessário mudar e se readequar. Entretanto, certamente você já desejou
"muitas felicidades" a inúmeras pessoas, sem saber que na versão de
Bertha a felicidade é singular, portanto deveríamos mencionar "muita
felicidade", até porque o adverbio já é de intensidade e a sensação de
felicidade deve ser plena e não com a palavra no plural se referindo a
momentos.
Presume-se que as últimas frases, possivelmente
construídas por alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São
Paulo, na década de 30 sejam:
"É pique, é pique. É pique, é pique, é pique!
É hora, é hora. É hora, é hora, é hora!
Rá-tim-bum!"
Sobre estas últimas estrofes, não cometa mais a
gafe de cantar big-big-big. Big é uma palavra inglesa que significa
"grande" e que se fosse traduzida ficaria complicada para ser
repetida com rapidez. Ainda que não soubéssemos se o adjetivo se referia à
festa ou à pessoa, provavelmente gritávamos "É big!" Diz a lenda que
"pic-pic" era o apelido de um estudante daquela faculdade, que andava
com tesoura para aparar barba e bigode. A palavra "pique" realmente
deveria ser utilizada no nosso país, porque além de já estar em português, ela
se define por força e ânimo, que tem a ver com festa e alegria, mas também com
uma perspectiva ideal para nossa própria vida, em que deveríamos ter pique e
disposição para suportar as adversidades.
O trecho "é hora" se referia a uma frase
repetida nos bares próximos da faculdade a cada meia hora, que era o tempo da
cerveja gelar para ser novamente servida, mas também pode se referir ao tempo exato
em que se comemora algo e no caso de aniversário, que é a celebração de cada
ano de vida de uma pessoa, a hora do "Parabéns" é a hora H em que a
pessoa reserva para reunir seus amigos e familiares mais queridos.
Já o termo "ratimbum" teria sido adotado
por causa de um rajá indiano que teria visitado a faculdade denominado
"Timbum". Alguns textos populares repercutiram que a frase seria
amaldiçoada sem contudo apresentar nenhuma fundamentação ou fonte de pesquisa.
Outra explicação ainda é que seria uma onomatopeia para abreviar o famoso som
de bandinhas de percussão (especialmente de fanfarra e circo) definindo-se pela
caixa (Rá), pelos pratos (Tim) e pelo bombo (Bum). Por fim Rá-Tim-Bum também
foi um programa infantil de grande sucesso produzido pela TV Cultura na década
de 90. Assim, recomendo seu uso.
É contumaz evocar o nome do aniversariante três
vezes no final do Parabéns. Essa parte enfatiza a pessoa que está sendo
contemplada e por isso muitas pessoas consideram um tipo de idolatria, assim
como os próprios aniversários. Outros consideram incentivo ao egoísmo,
individualismo e narcisismo ao invés de uma expressão de amor (próprio no caso
do aniversariante e de todos para com ele). Ainda há o ponto de vista de que o
próprio aniversário como um todo não serve só ao homenageado, como também é um
privilégio de todos os participantes já que supostamente só se convida pessoas
especiais.
Maravilha!
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