O que me levou ao arrastapé, por mais estranho que pareça, foi a
definição da médica Luana Araújo para o ineficaz tratamento precoce à base de
cloroquina: “neocuranderismo e iluminismo às avessas”.
O apagão da ciência promovido pelo governo Bolsonaro e sua tropa
de choque encontra na música de Gonzagão a imagem perfeita.
É isso, apagaram o candeeiro e derramaram o gás. A letra traduz,
no popular, todo o obscurantismo que o gabinete paralelo do Planalto adotou nas
questões da Covid-19. É o Brasil na vanguarda da estupidez mundial, é o Brasil
delirante na borda da terra plana, como tratou a infectologista que passou
apenas dez dias como secretária do ministério da Saúde.
O modo “iluminismo às avessas” não permite sequer um facho de luz,
nem mesmo de vela ou lamparina, sobre a gestão bolsonarista. E não vale apenas
para a emergência da pandemia. Tudo parece apagado.
Repare na encrenca do ministro Ricardo Salles no comando do Meio
Ambiente. No instante em que o Brasil precisa mostrar ao mundo que cuida da
preservação da Amazônia, o titular da pasta é acusado de ajudar os madeireiros
a promover o desmatamento. Para onde a gente se virar no salão federal, é tudo
breu. De meter o dedo no olho mesmo.
Em meio a tanta desgraceira, porém, finalmente a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode aprovar, nesta sexta-feira (4), a
Sputnik, vacina russa comprada pelo consórcio de governadores do Nordeste.
Tomara Deus. Um alívio digno de fogos e rojões para Santo Antonio, São João e
São Pedro.
Publicado no Diário do Nordeste
0 comments:
Postar um comentário