Alexsandro
Acioly (Pesquisador e Historiador - CPDOC/PAJEÚ)Correção: Larissa Acioly (Acadêmica de Letras - UFPE)
Quem trafega pela rua existente em Afogados da Ingazeira - PE entre o antigo Colégio Normal (atual Escola de Referência em Ensino Médio Ione
de Góes Barros) e a FASP (Faculdade do Sertão do Pajeú), talvez nem saiba o
nome da mesma. Muito menos quem
foi a figura homenageada com o nome daquela via. Estou falando em Luiz Gonzaga
de Campos Góes ou Padre Luiz de Góes, como é denominada tal rua.
Figura 1-Rua Padre Luiz de Góes em destaque - Imagem Google Maps
Mas quem foi ele? Luiz Gonzaga de
Campos Góes era natural de Afogados da Ingazeira. Nascido em 1905 era filho do
casal Luiz Alves de Góes e Mello e Petronilla de Siqueira Campos do Amaral
Góes. Eles eram membros de família bastante importante no município, e em toda
região do Pajeú, já que o seu pai era fazendeiro e tinha bastante influência
política em Afogados da Ingazeira. Dentre os irmãos, gostaria de destacar D.
Letícia Góes, Oscar de Campos Góes e Miguel de Campos Góes - que era fazendeiro,
comerciante e ex-prefeito do município.
Ainda jovem, Luiz Gonzaga segue para
o litoral ingressando no Seminário de Olinda, onde é ordenado padre no ano de
1927. Por amor à terra natal, agora padre Luiz de Góes, segue para Afogados da
Ingazeira onde faz a sua primeira celebração após ser ordenado, ainda no ano de
1927.
Em Rio Branco, atual Arcoverde, o
padre Luiz de Góes permaneceu por três anos. Alguns jornais chegam a citar que
o religioso imprimiu um novo sentido relacionado à fé naquela região, e no ano
de 1933, por meio de transferência, segue para a capital federal - Rio de
Janeiro.
“O Distrito Federal foi uma divisão político-administrativa
do Brasil criada pela Constituição Republicana de 1891. Durante o Império do
Brasil a unidade administrativa que correspondia a seu território denominava-se
Município Neutro. Era uma pessoa jurídica de direito público com jurisdição,
até 1960, no território correspondente à atual área do município do Rio de
Janeiro. Com a transferência da capital para a recém-criada cidade de Brasília,
o novo Distrito Federal foi criado no Planalto Central em 1960. De 1960 a 1975
no mesmo território existiu o estado da Guanabara.”
Além
de religioso era também catedrático em Latim, cargo que exerceu por alguns anos
junto ao Departamento de Educação da Prefeitura na Escola Rivadávia Corrêa,
além de ser correspondente em alguns jornais do sudeste. Era escritor e um
grande orador, inclusive foi um dos oradores em comemoração ao Dia do
Presidente comemorado na Capital Federal em 1938. Alguns cidadãos afogadenses
do final do século XIX até meados do século XXI, eram ótimos oradores.
Inclusive, alguns alcançaram destaques em outras regiões do País, como é o caso
do Padre Góes.
O Santuário de São Judas Tadeu
Figura 2-Padre Luiz de Góes com alguns fiéis. Imagem/Jornal a Noite Ilustrada
de 17 de agosto de 1954
O
Padre Luiz de Góes foi o fundador do Santuário de São Judas Tadeu. O mesmo
localizado na Rua Cosme Velho, no Bairro das Laranjeiras, na capital do País. No
mesmo local, em 30 de Novembro de 1952, aconteceu a solenidade de benção da
pedra fundamental.
Antes
mesmo da construção do santuário, o vigário já fazia trabalhos sociais em
comunidades carentes nas regiões próximas à capela, e ao mais novo santuário
construído. Construção que foi realizada através dele, por meio de doações;
alguns periódicos citam que ele trabalhou sol a sol, colocando tijolo por
tijolo, desde a pedra inicial até o término.
Uma
informação bastante importante em relação à Paróquia de São Judas Tadeu é que
ela nasceu de um decreto feito por Dom Jayme Câmara, em 01 de Janeiro de 1945. Mas logo foi passada para o então padre Luiz de
Góes, que assumiu todo o trabalho de edificação.
Padre Luiz de Góes e o Clube de Regatas Flamengo
É,
minha gente... o pernambucano Padre Luiz Gonzaga de Campos Góes era
flamenguista fanático. O título de cidadão carioca proposto pelo Deputado
Estadual Silbert Sobrinho (Partido Republicano), em 1960, é aceito e aprovado.
Uma das justificações da autoria é por ele ser rubro negro ferrenho, como cita
o jornal “Última Hora”, do dia 26 de Maio de 1960.
Outro
periódico da Capital Federal, a “Tribuna da Imprensa”, datado de 29 de julho de
1955, destaca uma matéria interessantíssima sobre a paixão do vigário pelo
rubro negro carioca. Em uma das falas ele afirma que “o mengo vai ser campeão.
Pedi a São Judas Tadeu e ele disse que sim”.
O
resultado dessa paixão pelo Flamengo fez com que o clube prometesse ao
santuário o altar-mor feito em mármore de carrara. O time afirmou que o Padre
foi o grande responsável pelas duas últimas campanhas vitoriosas do clube
rubro-negro. Também fizeram uma campanha que ficou conhecida como “A Campanha
do Tijolo”. Além do mais, alguns dirigentes do clube convidaram o Padre Luiz de
Góes para participar da concentração dos jogadores aos sábados, com o intuito
de incentivar a equipe. Segundo o mesmo jornal, os resultados foram os
melhores. Desde então, os jogadores do clube iam todos os Domingos à missa,
celebrada na Matriz de São Judas Tadeu.
O
Padre Luiz Gonzaga de Campos Góes faleceu no Rio de Janeiro em 10 de julho de
1975. Foi sepultado no cemitério de São João Batista, como consta na sua
certidão de óbito.
Fonte: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
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