domingo, 8 de agosto de 2021

Três sonetos de Ronaldo Cunha Lima

agosto 08, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários
Ronaldo Cunha Lima - Paraíba, 1936/2012


Não maldigo os versos que lhe fiz

Não maldigo os versos que lhe fiz,
embora não devesse tê-los feito.
São versos que nasceram do meu peito,
mas frutos de um amor muito infeliz.

São versos que guardam o que não quis
guardar daquele nosso amor desfeito.
Relendo-os sofro, e sofrendo aceito
o que o destino quis como juiz.

Não os maldigo, não. Não os maldigo.
Vou guardá-los em mim como castigo,
para no amor eu escolher direito.

Só porque nesse amor não fui feliz,
não maldigo os versos que lhe fiz,
embora não devesse tê-los feito.


É bem melhor a gente não se ver…

É bem melhor a gente não se ver!
A distância elimina cicatrizes
Do amor que morre mas que tem raízes
Que com o tempo também irão morrer.

O melhor que se faz é entender
Que separados seremos mais felizes.
Eu nunca saberei o que tu dizes
E o que eu digo jamais irás saber!

E quem sabe um dia, eu já velhinho,
A gente se encontre no caminho…
De todas as lembranças que guardei!

E você possa sem mágoas, sem desgosto,
Presentear-me com um beijo no rosto,
Me dizendo baixinho: já te amei…”


Haverei de te amar a vida inteira

Haverei de te amar a vida inteira.
Mesmo unilateral o bem querer,
é forma diferente de se ter,
sem nada se exigir da companheira.

Haverei de te amar a vida inteira,
(não precisa aceitar, basta saber),
pois amor que faz bem e dá prazer
a gente vive de qualquer maneira.

Eu viverei de sonhos e utopias,
realizando as minhas fantasias,
tornando cada qual mais verdadeira.

         Eu te farei presente em meus instantes.
         Supondo que seremos sempre amantes,
         Haverei de te amar a vida inteira.

0 comentários:

Postar um comentário