terça-feira, 30 de novembro de 2021

Alexandre Morais - A quem interessar possa

novembro 30, 2021 Por Alexandre Morais Sem comentários
 

Arte: Edierck José
Poema: Alexandre Morais

A quem interessar possa
 
Não, não queira me calar
Psiu vá dar pra sua tia
Ou para seus seguidores
Esses da cara de lia
Pois comigo a merda talha
Ninguém vai botar cangalha
No lombo da poesia
 
De quem faz que não enxerga
Quem o que é bom dispensa
E de quem só tem ouvidos
Pra opinião torta, pensa
De quem só joga pro povo
Adorando baba ovo
Eu tô longe, dê licença
 
Vou pro meio dos poetas
Onde vinga a coerência
Onde dá-se o verdadeiro
Grito da independência
Onde a vista não se turva
Que poeta não se curva
Para a falta de decência
 
Eu vou encher os salões
Eu vou gritar pelas ruas
Eu vou tentar preencher
As mentes que vagam nuas
De ti não terei saudades
Porque as minhas verdades
São diferentes das tuas
 
Fique lá com seu poder
Dê sopapo, dê porrada
Quem quiser que baixe as calça
Pra sofrer, levar lapada
Que tem gente que se rende
Que tem gente que se vende
Mas não me entrego por nada

Se rodeie de quem quiser
Aceitar sua ditadura
É fácil achar quem aceite
Ser um filho da censura
Posso perder a disputa
Mas não me rendo na luta
Que eu sou filho é da cultura
 
E isto não é orgulho
Nem tampouco vaidade
É apenas o registro
Da minha identidade
No aperto tem quem se cague
Mas não há nada que pague
Pela minha liberdade
 
Fique lá, que eu fico cá
Pode negar-me os jornais
Negue os rádios e TVs
Revistas e tudo mais
Prossiga no seu fascínio
Mas não verás o domínio
Calando meus ideais
 
E por mais que te mantenhas
Só disposto a encher fossa
Trabalharei na cultura
Como um caboclo na roça
Só combatendo os perversos
E oferecendo estes versos
A quem interessar possa

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