Olho por olho
Todos os olhos olharam. Uns viram luz; outros, apenas uma silhueta sob a penumbra de um abajur encarnado, que teima em acender a única luz lá no fim do túnel. Olho de vidro, olho mágico, olho por olho, olhos de vidente. Um olho cego me viu passar não muito distante de sua bacia; foi aí que eu vi, pela primeira vez, a tal fotografia, que um poeta baiano descreveu quando estava preso em uma cela de cadeia, sem fósforos, sem candeeiro e sem vela.
Me debruço sobre o instante e vejo a banda de uma bacia de queijo Borboleta, desemborcada sobre o chão, e um braço estendido, mendigando algumas migalhas que, por piedade, algum transeunte despeje dentro dela. Parece a miniatura de uma banda da terra; a outra está nos palacetes, servindo os banquetes e alimentando a fartura de quem nunca lhe fartou nada.
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