Por Cleide Alves
Na
próxima quinta-feira, dia 30, a Cepe Editora lançará no município de Itapetim, Sertão de
Pernambuco, três
títulos que evidenciam
a produção poética nordestina. Dois deles saem pela Coleção Pajeú e remetem a
nomes referenciais do repente, cujos centenários de nascimento são comemorados
em 2021: Pedro
Amorim (O Poeta dos Vaqueiros)
e Dimas
Batista (Obras Poéticas). O terceiro
livro,
O Aventureiro
e o Boêmio, tem
coautoria do professor
do Departamento
de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcos Nunes e do escritor e advogado Raimundo
Patriota, filho de Louro do Pajeú. O lançamento acontece às
19h, na Praça Rogaciano
Leite, dentro
das comemorações do aniversário da cidade, que completa 68 anos
dia 29.
O amor, o vaqueiro aboiador, a vida no Sertão, a saudade dos pais falecidos e a tristeza pela morte prematura de uma filha serviram de mote para Pedro Amorim escrever as poesias e os sonetos que compõem O Poeta dos Vaqueiros, agora relançado pela Cepe Editora. Nascido em Desterro (PB), em 18 de setembro de 1921, Pedro Vieira de Amorim migrou para Itapetim (PE) ainda criança, onde faleceu em 2011. Tinha na agricultura sua atividade principal, mas era famoso pelas poesias, cantorias e o bom humor.
Com
116 páginas, o livro está dividido em duas partes: a primeira tem 18 poesias e
a segunda, 12 sonetos. O Poeta dos Vaqueiros,
publicado originalmente em 1988, ganha nova impressão com acréscimos de versos
que Pedro Amorim fez depois, muitos ainda sob o impacto da perda da filha
Cléfira. “Meu pai tinha como sonho a reedição deste livro”, informa Bartira
Amorim, em nota de agradecimento na abertura do título.
“O Poeta dos Vaqueiros é a
revelação criadora do seu mundo sertanejo, vaqueiro e poeta. Seus versos têm a
sonoridade do aboio dos vaqueiros e a virilidade da voz do Sertão”, destaca o
advogado José Rabelo de Vasconcelos, no prefácio.
Obras
Poéticas - Vindo de
uma tradicional família de cantadores, irmão de dois outros nomes estelares da
poética sertaneja (Lourival/Louro do Pajeú e Otacílio), Dimas Batista é
homenageado pela Coleção Pajeú com a coletânea Obras
Poéticas.
Cantador, violeiro e repentista admirado por artistas e intelectuais, como
Alceu Valença e Ariano Suassuna, foi considerado um metrificador de raro
talento e o mais erudito entre os poetas populares.
“Atrevo-me
a reputá-lo como o poeta mais caprichoso que Itapetim ofereceu ao mundo até a
atualidade. Seu verso era lapidado, feito sob uma medida ímpar, farto em rima e
rico em oração, tal era seu capricho na escultura da estrofe”, destaca no
prefácio o advogado,
poeta e pesquisador itapetinense Saulo Passos.
Dimas Batista nasceu no povoado das Umburanas,
hoje Itapetim, em 21 de julho de 1921. Começou na cantoria aos 15 anos de
idade, por mais de 15 anos ganhou o mundo e fez fama com sua arte, sendo
vencedor em todas as contendas que participou. Conviveu, fazendo duplas, com
nomes fundamentais da chamada “Era de Ouro” da poesia popular nordestina.
Grande mestre, tinha predileção por alguns gêneros poéticos, como o martelo, o
galope à beira-mar e o quadrão trocado, considerado um dos mais difíceis, além de grande
glosador.
Aos 50 anos de idade, formou-se em Letras,
cursou ainda Direito e Pedagogia. Falava com fluência inglês, francês e
espanhol. Abandonou a viola e se tornou professor de literatura e língua
portuguesa. Com 265
páginas, o livro Obras Poéticas, Dimas Batista reúne mais
de 40 textos, entre poesias, sonetos, versos e trechos de livros publicados
ainda em vida. Dimas Batista faleceu aos 65 anos, em Fortaleza, vítima de um
acidente vascular cerebral, e foi sepultado em Tabuleiro do Norte (CE), onde
residia com
a família.
Pinto
Velho do Monteiro nasceu em 1895, a 21 de novembro, na então Vila do Monteiro,
na Paraíba. Exerceu várias profissões, em diversas regiões. Foi vaqueiro,
soldado de Polícia, guarda do serviço contra a malária no Norte do país,
auxiliar de enfermagem e vendedor de cuscuz no Recife, antes de se
fixar na viola.
Já Lourival
Batista Patriota, o Louro do Pajeú, nasceu em 1915, a 6 de janeiro, na Vila de
Umburanas, hoje Itapetim. No prefácio, o poeta Joselito Nunes descreve os companheiros
de tantas pelejas: “Sempre que eu encontrava Louro em São José do
Egito era de sandálias japonesas, camisa aberta ao peito, um cigarro pendente
num canto da boca, uma bengala pendurada num dos braços, um pacote de pão num
sovaco e um livro no outro. Já de Pinto ficou uma imagem que publiquei no livro
e que chama a atenção pelo inusitado. Ele deitado na cama, onde passaria seus
últimos dias, tendo ao lado uma mesinha de cabeceira, sem nenhum frasco ou
caixa de remédio, mas sim com uma bisnaga de óleo singer. Alguma coisa alusiva
a uma possível máquina de fazer versos que ali repousava”.
Os
primeiros títulos da Coleção Pajeú, criada pela Cepe para dar mais visibilidade
à produção poética sertaneja, foram lançados em junho de 2021: Meu Eu
Sertanejo, antologia que reúne 40 poemas do compositor e repentista de Serra
Talhada Henrique
Brandão; Redes
de poesia, primeiro livro do poeta Andrade Lima, com cerca
de 170 poemas de
temáticas diversas; e Mesas da 1ª Feira de Poesia Popular, que
registra as poesias improvisadas por 19 poetas que participaram das três mesas de
glosas realizadas na feira promovida pela Cepe, em São José do Egito, em 2019.
Serviço:
O Poeta dos Vaqueiros (Coleção Pajeú): R$
30,00
Obras Poéticas (Coleção
Pajeú): R$ 45,00
O Aventureiro e o Boêmio: R$ 40,00
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