Ademar Rafael |
CORRIDA DE OBSTÁCULOS
Com leitura do livro “Zilda Arns – Uma biografia”, do jornalista e professor Ernesto Rodrigues é possível identificar com clareza como as ações em favor dos menos favorecidos em nosso país se transformam em provas de “corrida de obstáculos”. No mundo do capital os interesses individuais estarão sempre à frente dos interesses coletivos.
A médica e sanitarista Zilda Arns idealizadora e defensora incansável
da Pastoral de Criança, do “soro caseiro”, da “reidratação oral”, do
aleitamento materno e de tantas outras ações que salvaram vidas
enfrentou muitos obstáculos de setores que deveriam apoiar suas
iniciativas. Superou cada um deles com tenacidade. Morreu defendendo
tais princípios em 12.01.2010 vítima de desmoronamento provocado pelo
terremoto que abalou o Haiti. Desde os primórdios do seu projeto, na
pequena cidade de Florestópolis - PR, surgiram barreiras, vou citar as
três
principais.
A primeira da igreja católica que entendia não haver necessidade de
criar a Pastoral da Criança, correto seria colocar dentro da Pastoral do
Menor. Com muita conversa esta barreira foi removida. A segunda
barreiras veio
da indústria farmacêutica, das farmácias e de alguns pediatras. Viam o
projeto como ameaça para venda maciça de medicamentos para diarreia e
desnutrição as duas causas do grande número da mortalidade infantil no
mundo. Esta barreira contou com a participação da imprensa, movida por
interesses financeiros. A terceira foi a desconfiança da UNICEF – Fundo
das Nações Unidas para Infância. Esta entidade tentou de varais formas impedir o acesso aos recursos da Campanha Criança Esperança, realizada
em conjunto com a Rede Globo, pela Pastoral da Criança. Os resultados
das ações fizeram com que a distribuição de um percentual fixo da volume
arrecadado fosse direcionado para Pastoral por decisão da rede de TV.
Somente uma pessoa movida pela fé, carregando consigo a pragmatismo alemão daria conta de conduzir com êxito um projeto dessa envergadura. A obra de Zilda Arns não é referência no mundo por acaso.
Publicado originalmente no Blog do Finfa
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