Poema de Zé da Luz, com comentários de Laura Aidar, arte-educadora e artista visual
Do portal Cultura Genial
Ai se sesse
Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nos dois se empareasse
Se juntin nós dois vivesse
Se juntin nós dois morasse
Se juntin nós dois durmisse
Se juntin nós dois morresse
Se pro céu nos assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insistisse pra que eu me aresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Talvez que nos dois ficasse
Talvez que nos dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgem todas fugisse
Em Ai se sesse, o poeta Zé da Luz elabora uma cena fantasiosa e romântica de um casal de enamorados que passa toda uma vida juntos, sendo companheiros na morte também.
O autor imagina que quando chegasse ao céu, o casal teria uma discussão com São Pedro. O homem, com raiva, puxaria uma faca, "furando" o firmamento e libertando os seres fantásticos que lá vivem.
É interessante observar a narrativa desse poema, tão criativo e surpreendente, combinado com a linguagem regional e considerada "errada" em termos gramaticais. Poemas assim são exemplos de como o chamado "preconceito linguístico" não tem razão de existir.
Copiado de: https://www.culturagenial.com/cordel-nordestino-poemas/
Sempre que leio, me arrepio e às vezes até choro um pouco. Lindo!
ResponderExcluirNão se trata de um casal de namorados.
ResponderExcluirO poema omeça dizendo "se um dia nóis se gostasse".
Portanto, eles ainda não se gostam.
"Enamorados" (encantados um com o outro/apaixonados), não "namorados".
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